terça-feira, 29 de novembro de 2022

TRADUZ AÍ! - A REVANCHE

 
Que me perdoem os religiosos fundamentalistas, mas graças a eles o Brasil está ficando um país muito engraçado. Aliás, talvez o país nem seja alegre, mas triste. Engraçadas mesmo são as pessoas, algumas pessoas.
 
Li na internet uma notícia que me deixou cabreiro, pela dificuldade de execução nela implícita. Saca só: no dia 23 de novembro a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe “alterações, edições ou adições no texto da Bíblia”. Segundo a notícia, “a matéria tramitou em regime de urgência e agora segue para o Senado”.
 
Confesso que fiquei surpreso, pois o Brasil (graças a Deus!) é um país laico. Por isso, ficar legislando a propósito de textos sagrados de uma das várias religiões existentes no país parece-me uma coisa sem propósito, sem sentido.
 
De acordo com a notícia, a autoria do PL 4606/2019 é do deputado Pastor Sargento Isidório (Avante/BA). Segundo ele, “não se pode permitir possibilidades para que nunca esse livro sagrado seja tocado em nenhum momento da nossa existência” (não é minha culpa, é assim que estava escrito).
 
E aí é que está a graça da notícia. Sou um católico meia boca, meio católico, meio ateu e já tentei ler toda a Bíblia, mas desisti. Li os Evangelhos de São Mateus e São Marcos, o Gênesis e parte do Levítico (que foi o causador da desistência). Mas já fui um praticante entusiasmado e fiel, daqueles de ir à missa e comungar todos os domingos - e se angustiar pela perda progressiva da fé.
 
Por isso, sei de orelhada que existem várias versões e traduções da Bíblia. Sem detalhar nada (porque este post não é um curso intensivo de teologia), poderia (de acordo com o Google) citar a existência das versões católica, evangélica, ortodoxa e hebraica, fora as sutilezas decorrentes dessa ou daquela tradução, tipo Vulgata, de Jerusalem, Septuaginta, King James, “Nova Versão Internacional”, “Nova Versão Transformadora”, “ACF - Almeida Corrigida Fiel”, etc.
 
E aqui fica a pergunta (cuja resposta estou pouco me lixando em conhecer):
 
Deputado, a integridade de qual dessas versões Vossa Excelência quer preservar? Respostas para a Redação (e-mail fodase@orkut.com.br)

4 comentários:

  1. Pois é. Justamente o que eu ia perguntar quando comecei a ler a sua postagem. Que Bíblia, cara-pálida? Nenhum outro livro foi tão traduzido, retraduzido, editado, acrescido e suprimido de textos e evangelhos para atender as mais diversas conveniências das mais diversas épocas. A Bíblia tem copyright? Os direitos autorais das vendas vão para Deus? Ou para os descendentes de João, Tiago, Paulo etc.
    Quanto a esse livro sagrado não ser tocado em nenhum momento de nossa existência, eu assino embaixo da deputada. Eu mesmo nunca pus a mão.

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    1. Você deve saber disso (pois ateu entende mais de religião que os carolas e fundamentalistas), mas não faz muito tempo que eu fiquei sabendo que as missas eram celebradas em latim para impedir que os católicos fizessem sua própria interpretação das leituras da Bíblia.

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    2. A única vez que eu entrei numa igreja com a intenção de assistir a uma missa - em todas as outras eram devido a casamentos de parentes - foi numa pequena igreja aqui do centro da cidade que às quarta-feiras, às seis da tarde, tem um padre que celebrava uma missa em latim. Ou tinha um padre, já era um senhor de vetusta idade e eu devo ter ido lá já há uns 10 anos.
      Foi interessante.

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    3. Você deu sorte ou foi (talvez) a uma igreja ortodoxa. As missas católicas em latim foram abolidas no Concílio Vaticano II, quando o papa era o João XXIII e eu era inda pré adolescente, se não me engano. Tinha um cardeal fundamentalista (Lefebvre) que se recusou a deixar de celebrar missa em latim. E tinha um bando de padres que o seguiam e foram ordenados por ele

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