sábado, 30 de abril de 2022

JOTABÊ CONQUISTANDO O MUNDO!

 
Quem não conhece o programa “O Show de Graham Norton” não sabe o que está perdendo. É um divertidíssimo programa da TV inglesa onde quatro ou cinco convidados de nível internacional são entrevistados quase simultaneamente. Tom Hanks, Tom Cruise, Jim Carey, Lady Gaga são alguns exemplos. A interação entre eles e o apresentador é muito grande e totalmente descontraída.
 
Quem vai ao programa fala de sua mais recente atividade – lançamento de filme, série, livro, show, turnê, música, etc. E o apresentador explora muito bem essas participações, fazendo com que os convidados contem casos hilários sobre si mesmos.
 
É exibido (legendado) várias vezes durante a semana no canal People&Arts (o que causa um pouco de zona, pois acabam repetindo muito cada episódio). No final deixarei um link só para dar uma palinha do programa (o trecho do ator que criou o personagem Mr. Bean é hilário!). Meu filho enviou um micro trecho de algum desses programas, tão ridículo que resolvi compartilhar com minhas doze amizades virtuais.
 
Quem contou foi um ator britânico internacionalmente famoso, ganhador de Oscar, etc. Estava ele fazendo um filme nas Filipinas quando foi convidado para uma festa em uma casa muito, muito luxuosa.  Foi sendo apresentado aos demais convidados e tomando uns drinques, quando notou que a anfitriã (que não devia entender porra nenhuma de cinema) estava olhando para ele de um jeito diferente, desconfiado, meio torto, talvez diferente demais para quem tinha sido convidado. Em determinado momento, chamou-o.
 
- Venha aqui. Você é traficante?
- Não! Por que a pergunta?
- Por que todo mundo está te chamando de “My cocaine”?
 
O nome do ator é Michael Caine. Uma situação tão inusitada, um trocadilho tão jotabélico assim eu não poderia deixar de contar aqui no blog! Acho que estou fazendo escola...




 

 

sexta-feira, 29 de abril de 2022

R.I.P.

O material publicado recentemente aqui no blog está tão sem inspiração e qualidade que estou até pensando em criar mais uma seção ou marcador para reunir essa tralha. Creio que a explicação da queda de qualidade (as quedas são muito comuns em idosos!) é que a minha idade está cada vez mais avançada; estou envelhecendo tão rapidamente que daqui a pouco vou acabar sendo multado por excesso de velocidade, ou melhor, velhicidade.
 
Só um paradoxo me confunde: ossos quebrados em idosos muitas vezes precisam  de parafusos para unir as partes fraturadas. No meu caso, como a queda por enquanto é só de qualidade (e vamos parar por aqui!), esse problema talvez possa ocorrer por eu estar ficando com um parafuso a menos.
 
Depois desta piada idiota, só mesmo criando o novo marcador. Pensei primeiro em "Cesto de Lixo", mas, pela minha idade provecta ("provecta" parece nome de remédio anti-pulgas para cachorro) acho que ficará melhor assim: R.I.P.
 
O leitor ou leitora pode entender como quiser, mas o significado real da sigla sempre será "Refugo Impublicável Publicado”.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

NINE - LA DISPUTE

Uma das coisas que acho mais legais no Blogson são os comentários que algum post provoca. Segundo as estatísticas disponíveis, os quase dois mil e quatrocentos textos ou dezénhos publicados receberam em torno de dois mil comentarios. Em um blog de baixa visualização como é o caso deste (média de 21 visualizações por post), qualquer comentário sempre é motivo de comemoração. Mas alguns se destacam por enriquecer os textos que os provocaram, seja pelo bom humor, seja pela delicadeza ou pertinência do comentário.

Maju é uma moça de grande sensibilidade e dona do blog Latíbulo Inefável, onde publica textos bem legais. Além disso, é uma das amigas virtuais do Blogson Crusoe. Um dia, ao comentar alguma coisa que leu no blog da solidão ampliada, sugeriu que eu ouvisse a música de uma banda da qual nunca tinha ouvido falar (grande novidade!). Não me lembro mais qual post provocou esse comentário. Só sei que por ter gostado tanto do que ela escreveu, guardei um trecho do que disse para aproveitá-lo em novo post. Que por acaso é este. E o trecho que guardei serve para apresentar a música que ela sugeriu. Em tempo: é dela a tradução. Olhaí, Maju:
 
“Eu conheci num momento marcante da minha adolescência, e nunca a esqueci. Ouço somente quando é realmente importante, necessário. Não é aquele tipo de música que se pode ouvir de bobeira - é necessário coragem, muita coragem pra mergulhar em todas as sensações, lembranças (vividas ou imaginárias) e sentimentos que ela traz. Eu me arrepio sempre. Peço que ouça. É verdadeiramente linda”. 

Lembro-me de uma vez nos degraus da igreja,
Quando me movi para beijar seu peito,
Como demos uma atenção tão grande
Para cada respiração doce e gaguejada,
Eu deveria ter parado de pintar a nossa imagem,
Capturado pura e honesta afeição,
Apenas para documentar a diferença
Entre atração e conexão.
 
Eu posso ver todos os meus amigos e
Eu arrombo prédios vazios,
Quando a costa estava limpa,
Com mochilas cheias de cervejas,
Nós jogávamos nossas garrafas de cima dos telhados
Nesta cidade, que parecia interminável.
Acho que eu ainda não vejo a diferença
Entre real propósito e a urgente adolescência.
 
E eu me lembro em um porão, partilhando suor
Com todos esses meninos e meninas estranhos,
"Nós vamos mudar o mundo!" Cantamos,
"Nós vamos mudar o mundo!" Mas,
Nada parece mudar e
Eles dizem que nenhum deles vão ouvir,
Mas ainda vejo muito mais força naquele porão
Do que em políticos sem coração.
 
E se levarmos uma surra deste inverno,
Se formos estrangulados pelo remorso, apenas
Deixe nosso amor pela vida e a tensão
Arfar em respirações doces e gaguejadas, e
Peça-lhes para deitar-nos em um porão,
Estraçalhar algumas garrafas no chão, e
Dizer que não pudemos notar a diferença
Entre o sentimento e o som.
 
Lembre-se não das nossas peças defeituosas,
Lembre-se não das nossas partes enferrujadas,
Não são as muitas imperfeições que nos definem, mas
A forma como guardamos nossos corações,
E a maneira como nós mantemos nossas cabeças,
Espero que eles escrevem seus nomes ao lado do meu
Na minha lápide quando eu estiver morto.
E quando estivermos mortos deixe as nossas vozes continuar
Para encontrar uma melhor canção.
Para encontrar uma melhor canção e cantar junto





terça-feira, 26 de abril de 2022

A FÍSICA EXPLICA QUASE TUDO!

 
Pelo que andei lendo em algum portal de notícias da internet, o ex-presidentiário (aglutinação de ex-presidente com ex-presidiário) Luis Inácio é um urbanista intuitivo e até bastante razoável, pois parece querer acabar com os postes. Porque postes enfeiam ruas, cidades e até candidaturas. Como sabem os gatunos, postes são o lugar ideal para pendurar gatos e fios de todos os tipos e finalidades ilegais, tornando muito difícil o lazer de crianças e desocupados que gostam de soltar pipas, pandorgas ou papagaios que acabam enroscados nos postes e gatos.
 
Mesmo que a pipa de Luis Inácio talvez não suba mais e ele nem precise mais pendurar papagaios, ele parece mesmo querer ficar longe de postes. De alguns, pelo menos, pois descobriu esse equívoco da forma mais dura ao tentar plantar postes a torto e a esquerdo. Numa espécie de urbanismo reverso, escolheu um que lhe traria muito aborrecimento. Refiro-me a Dilma Roscofe (obrigado, Agamenon!), o primeiro poste com que se envolveu.
 
Curiosamente, foi ela que disse que “Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”. Como assim? Nós podemos “fazer” o diabo? Acho que essa foi uma atitude arrogante e imprevidente. Imprevidente por achar que o coisa ruim é feito de massinha de modelar. E arrogante por talvez querer moldar o demo à sua imagem e semelhança. Nesse ponto até concordo um pouco, pois ela é feia como o diabo.
 
Talvez por isso o desejo do Luis Inácio de descartar a descartada, de correr dela como o diabo foge da cruz, ou melhor, do poste, pois imagino que o cramulhão talvez não tenha gostado de ser tratado como massinha de manobra pela Roscofe e resolveu dar o truco (mas sem truculência, pois o nome dele não é Bozo). Para isso, deu uma missão (missa negra de longa duração) para um parente daquele cuja imagem não é refletida nos espelhos de cristal lapidado dos castelos da Transilvania (empresa da família Silva que faz transportes clandestinos de passageiros em vans).
 
O resultado, todo mundo conhece: pé na bunda e eleição de um discípulo disfarçado do tinhoso. E nem adianta discutir ou contestar, pois um sujeito que aplaude e idolatra torturador deve se identificar muito com o capetão (talvez pela sonoridade familiar), um verdadeiro discípulo ou apoiador do mardito, do azucrim, do chifrudo. Por isso, minha hojeriza (ojeriza atual) pelo Luis e pelo Jair, pois minha mãe me ensinou que “antes só que do Mal acompanhado”.
 
Esse conselho até a Física ratifica, pois há uma lei universal que diz que “Maldade atrai maldade na razão direta do tamanho das marvadezas e na razão inversa da distância das bestas quadradas”. Como se vê, a Física explica quase tudo!

segunda-feira, 25 de abril de 2022

GEMININIÑAS 02

Há muitos anos creio ter visto um livro ou artigos de revista escritos pelo pediatra Pedro Bloch, cujo título era “Criança diz cada uma…”. Não me interessei pelo título nem pelo provável assunto, pois já ouvia em minha casa os comentários mais inteligentes, encantadores e surpreendentes ditos por meus filhos. Infelizmente, nunca escrevi nenhuma dessas gracinhas. Por isso, fica a dica aos pais e mães de crianças pequenas: registrem, anotem, escrevam tudo o que os pimpolhos disserem e que os façam ficar de queixo caído, emocionados ou rolando de rir. Tá dada a dica.
 
Hoje recebi de meu filho um combo de pequenos diálogos extremamente saborosos e divertidos envolvendo suas filhas gêmeas de quatro anos. Por isso, resolvi guardá-los no blog. Depois, mandarei o link para ele. Olhaí (os apelidos são fictícios, por motivos óbvios):
 
Cacá vira para a mãe e fala:
- Mamãe, tenho que te contar um segredo.
- Pode contar!
A mãe se curva para ouvir o segredo sussurrado e espera...
- Eu não ouvi nada!
- Eu não falei nada, só fiquei mexendo a boca assim.
E fica movimentando como se estivesse fazendo mímica.
 
A mãe leu para as menininhas livros sobre sentimentos; um deles era sobre ficar zangada e outro sobre medo. Ai, perguntou sobre o que as deixava com medo e elas responderam.
Na hora de perguntar o que a deixava zangada, o pai tentou tirar uma meleca do nariz da filha com um cotonete...
- Cacá, o que te deixa zangada?
- Você ficar enfiando esse negócio no meu nariz!
 
As menininhas têm assistido o desenho animado “Story Bots”. É um desenho educativo, onde crianças fazem uma pergunta e a equipe dos personagens sai para explorar e responder. As perguntas e respostas são bem complexas (falam de células T para explicar sobre gripe, conceitos de física como gravidade e massa para responder de onde vêm planetas, etc.). Segundo o pai, “parece que eles moram num computador". Ai, teve um episódio onde perguntaram como o computador funciona. Uma das menininhas fulminou:
- Engraçado, os Story Bots moram no computador e não sabem como ele funciona!
 
As menininhas são gêmeas e extremamente parecidas uma com a outra. Uma das tias-avós pergunta para a Cacá:
- A sua professora confunde você com a Bia?
- Não. Cada uma tem seu jeitinho...
 
Domingo é dia de almoçar fora, de preferência em restaurantes onde exista um playground para a meninada se divertir. Em um desses existe um bondinho, aonde as menininhas entraram. Pouco depois, apareceram mais algumas crianças. A mãe de uma menininha com idade entre um e dois anos colocou a criança em um dos bancos, fazendo barulho de trem para diverti-la (“piui choc choc”).
- Bia: Isso não é um trenzinho.
- Não é? O que é então?
- É um bondinho. Não faz choc choc.
- Não? Faz o quê?
- Din din
Aí chega o pai do bebê e faz a mesma gracinha; a mãe começa a corrigir o marido dizendo que não era esse o som, que o brinquedo era um bondinho e que o som era...
- (Bia) Din din!
 
De manhã, na hora do café, Bia ficou “palestrinha”, inventando que a Cacá tinha feito algo errado com o pai e que ele tinha feito duas coisas erradas com a Cacá...
- (Bia) Cacá, peça desculpas para o papai.
- (Cacá) Desculpa, papai.
- (Bia) Agora, papai, peça desculpas para a Cacá.
- Desculpa, Cacá.
- (Bia) Duas vezes, papai...
Os pais caíram na gargalhada e ela ficou falando que não era para rir.
 

domingo, 24 de abril de 2022

MUITO TEMPO!

Um dia, durante entrevista de algum empresário de sucesso ou em alguma revista de negócios tipo Exame, eu ouvi ou li uma frase que me marcou muito. É mais ou menos assim:
- “Não comece uma sociedade acreditando que o relacionamento com seu sócio vá melhorar com o tempo". Fiquei meio chapado com o que acreditei na época ser puro sarcasmo ou ironia. Não era, era apenas a mais pura e cristalina verdade. E cheguei a essa conclusão quando transpus esse pensamento para as relações afetivas de longa duração.
 
Hoje, percebo que em um casal, por mais carinhosos e amorosos sejam os parceiros um com o outro, o Tempo vai atuando sobre o relacionamento como a erosão que uma enxurrada provocada por chuva intensa faz com o solo por onde passa: lava a argila e areia soltas e vai deixando expostos os pedregulhos e as partes mais duras do terreno. Em outras palavras, os desentendimentos tendem a ficar mais ásperos, dolorosos e difíceis de anestesiar ou neutralizar.
 
Amanhã minha mulher e eu estaremos completando 47 anos de casamento. Se alguém perguntar se brigamos muito nesse tempo todo, direi que tivemos brigas homéricas, fenomenais. Poderíamos ter evitado algumas? Não sei, talvez sim, talvez não. Só sei que ela continua a ser a mulher da minha vida e que nunca chegamos ao “point of no return” de uma separação. Mas não foi mole, não foi mesmo.
 
Pensando nessas coisas, comecei a escrever frases soltas e curtas, que depois fui empilhando sem maior cuidado. Mas não é nem nunca foi um poema.
 
Somos um casal contratual
Podem chamar assim se quiserem
Pouco importa se fomos abençoados
Por um padre, pastor ou pai de santo
Se estivemos ou não sentados na frente de um juiz
De paz? Não sei. Temos uma desunião estável
E está certo que seja assim
Pois nos torna um casal contratual
 
Se um dia decidirmos nos separar
O código civil determinará que se faça a partilha
Do muito ou pouco que conquistamos juntos
A lei de Deus não contempla essa hipótese
A lei dos homens determina a divisão de bens
Mas quando surgirá uma lei que obrigue, que exija
Que se faça a soma ou multiplicação de sonhos e esperanças
Em um casal contratual?

sábado, 23 de abril de 2022

UMIDADE


A ferrugem invadiu minha casa
Com as chuvas que caíram recentemente
Por onde quer que eu olhe
Há sinais de sua presença
Metais cromados custosamente comprados
Exibem hoje manchas estranhas
Superfícies antes lisas e brilhantes estão
Ásperas como pedras com cracas à beira-mar
 
A umidade invadiu minha casa
Por onde quer que eu olhe
Há sinais de sua presença
Pisos de pedra duramente comprados
Exibem hoje manchas estranhas
Que a memória nunca registrou
 
Na pintura próxima aos rodapés
Bolhas se desfazem ou se soltam
Ao simples toque das mãos
É como se minha casa flutuasse
Sobre um lençol de água remanescente
Das últimas e torrenciais chuvas.
 
A ferrugem invadiu meu corpo
Com a inesperada aparição da pandemia
Por onde quer que eu me olhe
Há sinais de sua presença
As articulações estão duras e emperradas
Os músculos estão agora atrofiados
E a pele hígida da mocidade exibe
Manchas senis que o Tempo só faz aumentar
 
A umidade invadiu minha alma
Mesmo que não consiga vê-la
Há sinais de sua presença
Piso como se estivesse desnorteado
À procura de imagens borradas, manchadas
Que a memória tenta resgatar
 
Nos recônditos do cérebro
Sinapses se rompem e se desfazem
Ao toque do Tempo carrasco
É como se eu afundasse
Em um mar de sentimentos represados
E pensamentos nunca confessados

sexta-feira, 22 de abril de 2022

BOA FÉ

 
Há alguns anos, em BH, alguns canais de TV aberta exibiam uma propaganda de aparelho auditivo, cujo slogan era “para você que escuta, mas não entende bem as palavras”. Creio é mais ou menos isso que aconteceu recentemente com nosso presidente e seu discípulo Daniel Silveira.
 
Por dez votos a um o deputado foi condenado pelo STF “a oito anos e nove meses de prisão, multa, perda do mandato e suspensão dos seus direitos políticos pelos crimes de coação em processo judicial e tentativa de impedir o livre exercício dos poderes da União”.
 
Traduzindo, por ter feito ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao chamado Estado Democrático de Direito, além de defender o AI-5 e a destituição de ministros do STF, Sua Ex-celência foi condenado. Bastou isso para nuestro presidente assinar um decreto concedendo indulto individual ao deputado maçaranduba, extinguindo a pena de prisão à qual foi condenado.
 
Depois de ver muito bate-boca e disse-me-disse na internet, cheguei à conclusão de que o deputado tarja preta (em muay thai) e el presidente sempre agiram de boa fé (evangélica) e sem maldade, pois, tal como na propaganda antiga, podem até já ter ouvido falar, mas nenhum dos dois parece entender bem o significado da palavra democracia.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

USE MÁSCARAS E DIGA NÃO AO ABSURDO - MIGUEL NICOLELIS

 
Recebi pelo whatsapp o texto a seguir, mandado por um amigo por quem tenho a máxima admiração. Fiquei tão impressionado com a argumentação do autor do texto que resolvi postar a mensagem aqui no velho Blogson. E o motivo é este: utilidade pública. Talvez muitos não concordem com o aparente alarmismo da mensagem e eu só poderei lamentar e dizer OK, mas fica o convite: desarme-se (mesmo que isso esteja na direção contrária aos dias atuais) e tente ler até o final. É rapidinho e não é injetável,ou seja, não dói.

 
Acabo de dar um retweete numa sequência de tweets que confirma a seguinte máxima sobre a COVID-19:
Este é um vírus para não se ter! Nunca. Nem de forma assintomática, branda ou leve.
 
Este vírus pode causar múltiplas complicações crônica graves que reduzem a qualidade de vida e podem ser fatais
 
Portanto, remover máscaras e tentar mascarar a verdade, seja sobre o estado real da pandemia no Brasil e no mundo, ou tentar confundir a sociedade com a falsa dicotomia epidemia x endemia é literalmente atentar contra a saúde e bem-estar de dezenas de milhões de brasileiros.
 
Todo o mundo vai ter que lidar nos próximos anos e décadas com milhões de pessoas sofrendo de consequências graves desta pandemia. Como ela não acabou de forma alguma, quanto mais pessoas se infectarem pelo descaso das autoridades, mais casos de COVID crônica ocorrerão no futuro.
 
Com isso, mais vidas serão arruinadas por problemas médicos de todas as variedades, inclusive a possibilidade de uma “pandemia” de demência precoce em todo mundo, como também mais vidas serão encurtadas pelo aumento da mortalidade a longo prazo. Se isso não fosse suficiente
 
A COVID-19 crônica também pode afetar o sistema reprodutor de homens e mulheres com consequências ainda desconhecidas a longo prazo. Ou seja, podemos ter uma redução significativa de nascimentos em decorrência destes efeitos crônicos
 
Resumo da Ópera: não acredite de forma alguma nos arautos do otimismo que pregam aos 4 ventos que a pandemia acabou ou está por acabar. Ninguém pode afirmar isso com certeza. Esta narrativa perversa e irresponsável continua levando a mais mortes e a mais casos crônicos de COVID.
 
Ignore gestores que apenas jogam para a torcida num ano eleitoral. Pelo seu bem e pelo bem dos seus familiares e da sociedade como um todo, mantenha o uso das máscaras, evite ao máximo aglomerações, vacine-se e não ceda à tentação de achar que o normal voltou só porque alguns “experts” apoiados por gestores incompetentes/irresponsáveis e uma mídia que se rendeu ao poder dos “cliques e likes” assim decretaram.
 
O preço desta rendição incondicional é caro demais: a qualidade da sua vida futura – ou a falta dela – está em jogo.
 
Use máscaras e diga não ao absurdo.

CUMPRINDO TABELA

 
CANCELARAM A ONÇA!
Mesmo que todo mundo já tenha ouvido essa notícia nos telejornais, preciso guardá-la aqui no blog para que no futuro eu consiga me lembrar da história (claro, se ainda conseguir ler alguma coisa). Para mim as críticas expressam a quintessência do comportamento equivocadamente correto. Transcrevendo textos:
 
“Uma onça-pintada foi criticada na internet, após uma série de fotos raras, publicadas no Twitter, mostrar um exemplar da espécie comendo uma capivara. O resultado foi uma longa discussão sobre violência na natureza, que terminou com um ‘cancelamento’ do mamífero”.

O estudante de biologia João Pedro Salgado que tirou as fotos “polêmicas” manifestou sua preocupação: "primeiro fica o alerta de que as pessoas precisam de uma formação básica. Hoje as pessoas na internet têm muito juízo de valor, pessoas que não entendem o assunto e criticam o assunto (...) Isso demonstra um comportamento preocupante de visão da natureza que algumas pessoas possuem. Os animais precisam ser animais, a cena não é cruel ou algo do tipo. A cena é simplesmente a vida em seu estado mais puro", finalizou. Olha o print de dois comentários escalafobéticos:
 
 


Ler essa notícia me fez sentir pena dos professores de biologia na vida real. Do jeito que a coisa anda, já, já cancelarão a teoria da Origem das Espécies, detonarão depois o Charles Darwin e chegarão aos professores de biologia. Te cuida, Marreta!


DÍZIMO COM QUEM ANDAS
No recente domingo de Páscoa, durante a missa dominical, fiquei pensando que católico é uma espécie de fiel ou religioso meio bagaceira, bem diferente dos evangélicos. Para começar, uma grande parte, talvez a maioria, só vai à igreja e assiste missa na Semana Santa ou feriado religioso. Por isso, ficam parecendo um sujeito em prisão domiciliar ou usando tornozeleira eletrônica – o cara está “condenado”, mas a “pena” é mais leve, menos restritiva.
 
Outra coisa que chama a atenção é o dízimo. Para começar, embora os padres chamem de espórtula, a maioria dos fieis chama mesmo é de esmola. E a grana colocada nas sacolinhas durante a missa é esmola mesmo, até mais baixa do que os flanelinhas cobram para “tomar conta” do seu carro. Uma vez, durante a missa, presenciei uma cena meio bizarra: na hora da coleta, um sujeito colocou algum valor na sacola e ficou esperando o troco. Mucho loco!
 
Mas o que realmente diferencia os católicos da turma do Edir Mais Cedo (porque Deus ajuda a quem cedo madruga!) é a forma de louvar. O padre diz “Glória, Altíssimo!” e o pastor diz “Glória ao dízimo!”.


ALFABETO
Recentemente, conversando em uma festa com um amigo que é gay super bem resolvido e engraçado, comentei com ele sobre como eu era ignorante na juventude, pois acreditava que gay era apenas o passivo e, ainda por cima, efeminado e cheio de trejeitos - a quem chamávamos de viado ou bicha e suas variantes (bichinha, bichona, etc.).
 
Ele riu e comentou que há muito mais complexidade nessa área, pois a atração sexual por pessoas de mesmo sexo não necessariamente exige comportamentos femininos ou masculinos. E ainda brincou que os gays são mais ou menos como os motores flex dos automóveis: podem funcionar com “álcool”, “gasolina” ou uma mistura dos dois, pois o que importa mesmo é “rodar”. Achei graça da comparação, e respondi: - Mas poupe-me dos detalhes sórdidos!

E aí resolvi fazer outra piadinha. Disse a ele que cada inclusão de nova letra na sigla original LGBT acabaria por esgotar todas as letras disponíveis e propus uma simplificação: em lugar de LGBTQIA+ poderiam se identificar como “a turma do alfabeto”. E ficamos os dois idiotas rindo dessas besteiras.

domingo, 17 de abril de 2022

MOTOPIADAS E MANECICLISTAS

 
É foda! Estava eu gozando as delícias(?) de um fim de semana prolongado, quando ouvi as sirenes alertando para a iminência de mais um ataque aéreo. Como não estamos em guerra com ninguém nem temos sirenes antiaéreas, fiquei sem saber se estava delirando pela overdose de leite com toddy que acabara de beber ou se era só frescura, só um pré-texto idiota (esse trocadilho ficou horrível!) para começar mais um texto também idiota.

Se alguém acha que eu irei "entregar o ouro para os bandidos", vai dançar, pois este é um texto da categoria "Sem noção", só para zoar.
 
A questã é a seguinte: hoje, dando carona para um filho, vi passar na rua uma pessoa muito, muito gorda que me lembrou duma menina que conheço extra superficialmente. Como a vi apenas de relance, tive a impressão de que estava com barba. Barba? Perguntei a meu filho se era sua amiga que tinha passado. Respondeu-me que sim. Comentei que estava gorda pra caralho e fiquei sabendo que um dos motivos é o fato de essa menina estar tomando hormônio masculino para fazer sua transição de gênero.
 
Apesar da surpresa, achei o maior barato essa mudança, pois imagino a imensa determinação e coragem necessárias que alguém deve ter para encarar todo tipo de preconceito que essa decisão pode trazer (e que quase certamente trará).
 
Imagino que nem todo mundo teria essa coragem, mas, tenho que admitir, Herr Präsident tem. É óbvio que não estou insinuando que ele um dia vá se preocupar em “pagar peitinho”. Todos sabemos que Herr Präsident é macho das antigas, mais grosso que tronco de mogno cortado ilegalmente na Amazônia e tão delicado quanto engate de vagão com locomotiva ou trombada de carroça com trator. Resumindo, o homem é bronco mesmo, fala o que quer e tenta fazer o que deseja. E é aí que mora o perigo.
 
Herr Präsident é um poço de contradições (por mais clichê que seja essa expressão), pois adora falar uma coisa e fazer outra. Por exemplo, passar a impressão de que é católico. Ele diz que é (católico), mas aceitou ser batizado no rio Jordão por um pastor evangélico. Isso, para mim, é como um jogador ser revelado em um time e ser contratado por outro: não adianta dizer que o coração é curintiano se está jogando pelo Parmera, entende?
 
Mas isso é o mínimo. Pior mesmo é quando Herr Präsident surpreende, decepciona, irrita ou deixa consternados todos os cidadãos de bem que o ouvem defender o torturador Brilhante Ustra. Isso até daria uma piada gráfica: imagine uma montagem com el señor presidente segurando em uma das mãos um pedaço de sabão em barra da marca Ultra e na outra uma caixa de sabão em pó da marca Brilhante; de sua boca sai um balão com a frase: “só Brilhante e Ultra para sumir com a sujeira”. Acho que ficaria bacana.
 
Voltando à seriedade (este blog tem a mania de fazer piadas de quinta série com notícias de quinta categoria, é uma tristeza!), Herr Präsident adora dizer e tentar fazer as pessoas acreditar que é um defensor da democracia. Será mesmo?
 
- Em algum momento de suas frequentes rusgas com os ministros do STF disse que poderia atuar “fora das quatro linhas da Constituição”;

- Demonstrou total desprezo e desapreço por normas e decretos não criados por ele, como ao circular sem máscara na época mais severa da pandemia;
 
- Decretou sigilo de 100 anos sobre a situação de seu cartão de vacinação(!);
 
- Endossou em 2021 a realização de um desfile de veículos militares, cuja função, segundo assessores da presidência, era intimidar o Judiciário e o Legislativo e “demonstrar” o apoio das Forças Armadas a Herr Präsident;
 
- Decretou sigilo de 100 anos sobre seus recentes encontros com os pastores lobistas do MEC e ainda “cagou na cabeça” de um internauta que lhe perguntou pelo Twitter o motivo de tanto sigilo: “Presidente, o senhor pode me responder porque todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato, você põe sigilo de 100 anos? Existe algo para esconder?”
A resposta foi puro deboche: “Em 100 anos saberá”
 
- A mais recente demonstração de descaso pelo cumprimento de normas veio quando, durante a mais recente de suas motopiadas, Herr Präsident fez um discurso em que criticou o acordo do Whatsapp e TSE (cujo objetivo é combater a desinformação e as informações falsas no período pré-eleitoral). Entre outras coisas, disse ser chefe do Executivo federal “por uma missão de Deus” (se ele não for reeleito, de quem será a culpa? Deus? O Diabo?) e criticou o acordo (que prevê que uma nova funcionalidade do WhatsApp, que permite a criação de comunidades com milhares de pessoas, só seja implementada no Brasil após a conclusão das eleições, em outubro): "Não vai ser cumprido esse acordo que porventura eles tenham feito com o Brasil" (...). "Isso não existe. Ninguém tira o direito de vocês, nem por lei”. Detalhe: pelo que consta, ele não tem poderes para dar pitaco nesse acordo (só ao "jus esperneandi"). Por isso, esse chilique é só mais uma exibição de seu temperamento autoritário, de quem acha que pode mandar em tudo. Não pode.
 
Resumindo, o cara diz ser a favor da democracia - mas só se ela atender todas as suas vontades, todo o seu autoritarismo. Agora estou entendendo por que não consegui chamá-lo de “Senhor Presidente”. Todas as vezes em que tentei, a expressão era traduzida para outra língua. Por isso, acho que todos os maneciclistas que ouviram seu discurso e gritaram slogans e palavras de ordem, deveriam ter dito no encerramento da motopiada alguma coisa parecida com isso: “Sigo o rei, sigo o rei!”  Talvez até combine com o perfil absolutista do orador.


sexta-feira, 15 de abril de 2022

500 ANOS DE ILUSÃO - JOSÉ MURILO DE CARVALHO

 
Meu amigo Pintão era um dos meus fornecedores de cultura inútil durante a década de 1980. Um dia comentou entre risos sobre um de seus livros, justamente por ter um subtítulo bizarro. O livro era “Por Que Me Ufano De Meu País” e este era o subtítulo: “Right Or Wrong, My Country”. Para quem “se ufanava de seu país”, a frase em inglês era uma espécie de piada non sense, pois além de ridícula, denotava a submissão do autor a um idioma estrangeiro. Que mais posso dizer sobre isso? Foda-se.
 
Imaginando algum assunto para alimentar o “tamablogchi” e lembrando-me desse caso, entrei na internet para descobrir o autor dessa idiotice. Entre várias e várias referências, encontrei um artigo supimpíssimo escrito em 1999 pelo historiador José Murilo de Carvalho. Pela estranha semelhança com os tempos atuais, dando a sensação de alguma coisa déjà vu e pela relativa proximidade com as eleições, resolvi publicá-lo na íntegra.


Há cem anos, por ocasião do quarto centenário da chegada dos conquistadores portugueses a Pindorama, o conde de Afonso Celso publicou o "Por Que me Ufano de Meu País". O livro, dedicado aos filhos, visava a despertar neles e, por extensão, em toda a juventude brasileira, um ilimitado amor à pátria. O lema "right or wrong, my country", em inglês mesmo, foi colocado na primeira página, logo abaixo do título. Êxito editorial, o livro e, mais especificamente, a palavra ufanismo passaram a denotar o patriotismo acrítico, ingênuo, incondicional.
 
Por que deveriam os brasileiros ufanar-se de seu país? O conde apresentou 11 motivos para a superioridade de nosso país em relação aos outros. Os cinco primeiros retomavam a tradição edênica inaugurada por Pedro Álvares Cabral, continuada pelo autor dos "Diálogos das Grandezas do Brasil" e mantida até hoje: a grandeza territorial, a beleza da terra (a cachoeira de Paulo Afonso, o Amazonas, a baía do Rio de Janeiro, a floresta virgem), as riquezas naturais, a amenidade do clima e a ausência de calamidades naturais.
 
Os outros tinham a ver com o caráter do povo (bom, pacífico, caridoso, ordeiro, sensível, sem preconceitos), as relações cavalheirescas e generosas com os outros países e a história do país. O brasileiro, segundo o conde, devia ufanar-se por morar em um país privilegiado, dom da providência, superior a todos os outros. O que ainda não tínhamos, poderíamos conquistar, transformando-nos eventualmente na primeira potência do orbe.
 
Cem anos depois do livro do conde, às vésperas do quinto centenário do evento que entre nós muitos ainda chamam de descoberta, já pululam os novos ufanistas, oficiais ou semi-oficiais, ingênuos ou espertos, beneficiados todos pela eficiência dos modernos meios de comunicação. A onda do oba-oba ufano-turístico só fará aumentar nos próximos meses. Convém, por isso, retomar os motivos de ufanismo do conde e examinar sua pertinência cem anos depois.
 
Alguns deles continham inverdades, como a afirmação de termos sido o primeiro país autônomo da América Latina ou de nunca termos sido derrotados (o conde esqueceu-se da derrota de Ituzaingó, que acabou com a pretensão de incorporar o Uruguai a nosso território). Outros continham tolices, como dizer que desfrutávamos liberdades desconhecidas em outras nações (não fosse o conde muito católico, poder-se-ia talvez pensar que se referia à liberdade de pecar). Ou afirmar que os ex-escravos se incorporaram à população em perfeito pé de igualdade.
 
Quanto a considerar a natureza como motivo de orgulho, poderíamos responder com Machado de Assis que ela não é obra nossa e que, portanto, não nos cabe dela nos orgulharmos. Mas temos que acrescentar que, se não fizemos a natureza, muito a desfizemos.
 
Nossa grandeza física continua intacta, apesar do receio de alguns do que chamam de cobiça internacional sobre a Amazônia. Também ainda não temos terremotos, vulcões e furacões. Mas as belezas naturais, o paraíso em que Deus nos colocou, já foram quase todas destruídas: as florestas foram e continuam a ser queimadas, as praias, as baías (a da Guanabara à frente), as suaves brisas e os céus foram poluídos. Só mesmo os milagreiros autores do hino encomendado pelo ministro do Esporte e Turismo para o quinto centenário conseguem beber água fresca nas cacimbas do sertão.
 
As riquezas naturais, por sua vez, foram vítimas de predação incansável e ininterrupta.
 
A bondade, caridade e doçura de nosso caráter não impediram que construíssemos uma das sociedades mais desiguais e injustas do globo, na qual os descendentes dos escravos, contradizendo a afirmação do conde sobre as condições de igualdade de sua incorporação, são discriminados e ocupam os estratos mais baixos da hierarquia social. Não impediram também que nos tornássemos campeões de violência na casa e na rua, que os massacres se generalizassem nas grandes cidades, que a tortura - depois de ser rotina no tratamento de escravos - se integrasse à prática policial e, por 20 anos, tivesse a cobertura das próprias Forças Armadas.
 
Primeira potência do orbe? Talvez no futebol e no Carnaval. Mas é preciso perguntar se um gol de Pelé ou uma Copa do Mundo valem a Copa que também ganhamos da desigualdade social e da pobreza; se um carnaval de Joãosinho Trinta ou um desfile da Mangueira valem os 15% de brasileiros analfabetos, os 35% com menos de quatro anos de de educação, os 36% infectados por parasitas. Nossa história nos últimos cem anos? Deles, 41 foram de governo oligárquico sem participação popular. Mais 15 foram de ditadura civil. Outros 21 de ditadura militar. Sobram apenas 23 de democracia assustada e tímida, que tem sido muito lenta e pouco eficaz na solução do problema da desigualdade.
 
Ao final do quinto século, é preciso admitir que nossos melhores sonhos têm sido sistematicamente frustrados por nossa incapacidade de torná-los realidade. A retórica do ufanismo só serve para encobrir nossa frustração como povo e como nação.
 
Povo e nação que, como disse Renan, só existem devido à realização de grandes obras comuns no passado e da vontade de fazer outras tantas no presente.
 
Os brasileiros que julgam não ser este o país de seus sonhos, que acham não haver nada a celebrar no quinto centenário, enfrentarão a agitação ruidosa do oba-oba ufanista e aproveitarão a data para uma profunda autocrítica e para a busca de novos rumos que nos dêem no futuro melhores razões para nos orgulharmos de nós mesmos. Nesse distante futuro talvez deixemos de ser o país do futuro que hoje desapontaria Stefan Zweig.

 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

SABE DE UMA COISA?

Preciso confessar uma coisa: eu interrompi o texto do post "Antenado" não só pela dor no pescoço (real!), mas também por não estar imaginando como terminá-lo (continuo sem saber), pois aquilo que o motivou é parecido com o desconforto causado por gases justamente quando se está prestes a ser condecorado com o título de "Sir" - afinal, não dá para peidar na frente da rainha!

Falando sério, o motivo talvez seja uma implicância boba, rabugice ou que nome queiram dar. Como já disse várias vezes, sou contra o radicalismo e o fundamentalismo, sejam eles de cunho religioso, comportamental ou ideológico. Por isso, desprezo os “donos da verdade”, desconfio das certezas absolutas, duvido das verdades eternas e abomino quem diz coisas do tipo “quem não está comigo está contra mim”.
 
Por isso, já vou começar matando o pau e mostrando a cobra (ou será o inverso?). Vocês, caros leitores e caras leitoras, conseguem identificar as imagens abaixo e perceber o que elas têm em comum? Eu sei que quem acessa esta bagaça é o suprassumo da cultura, mas, mesmo assim farei a identificação (acho que estou bajulando mais que devia!). Bora lá.



  
- primeira imagem: local no Paquistão onde existia a maior estátua de Buda do mundo, com 55 metros de altura e esculpida no século VI. Foi destruída com uso de explosivos pelo Talibã (havia mais uma estátua de menor tamanho, que foi também destruída). Só sobraram os nichos;
- segunda imagem: estátua vandalizada do Rei Leopoldo II, da Bélgica;
- estátua de Edward Colston, traficante de escravos, sendo jogada no rio, em Bristol, Inglaterra;
- estátua vandalizada de Winston Churchill, ex-primeiro-ministro da Inglaterra, eleito como "o maior britânico de todos os tempos em uma enquete feita pela BBC em 2002".
 
Motivos e alegações para o vandalismo:
- primeira imagem: segundo o Talibã, estaria havendo uma suposta “idolatria” às imagens;
- segunda imagem: o monarca belga "é conhecido pelo genocídio de centenas de congoleses no período em que o país africano era uma colônia da Bélgica".
- terceira imagem: acho que nem precisaria explicar, não é mesmo? "Colston foi um traficante de escravos que foi membro do Parlamento Britânico e responsável pela morte de mais de 19 mil negros nas Américas e Caribes" (a estátua de Colston foi retirada da água e será levada para um museu);
- quarta imagem: "Churchill nunca escondeu sua crença na 'supremacia branca' e considerava os indianos uma 'raça inferior'. Ele também defendeu o uso de 'gás venenoso' contra curdos, afegãos e 'tribos não civilizadas'".
 
Independente de concordar ou não com as motivações alegadas, acho que está claro que essas atitudes têm uma raiz comum. Meu amigo Pintão dizia que não devemos julgar com nossos olhos de século XX (no caso dele) ações e comportamentos de séculos anteriores, especialmente em se tratando de crença religiosa ou mudança nos costumes. E eu nunca deixei de concordar com esse pensamento.
 
Para mim, o maior veneno social é formado por preconceitos de todos os matizes e origens e as atitudes radicais inspiradas nesses preconceitos. O que aconteceu com as estátuas do Buda é um caso especialíssimo onde a ignorância, o radicalismo e o preconceito religiosos agiram para destruir um patrimônio cultural da humanidade. Quanto aos outros exemplos, acho razoabilíssimo e justo que toda forma de racismo seja combatida com firmeza, mas discordo quando alguém resolve destruir, vandalizar ou mesmo remover bustos e estátuas de pessoas que tiveram comportamentos condenáveis aos olhos de hoje.
 
Para mim, monumentos contam histórias, cronometram, balizam e explicam as épocas em que surgiram. Por isso, não dá, em nome de um revisionismo exacerbado, tentar reescrever o passado e corrigir injustiças antigas simplesmente "cancelando" estátuas e bustos de quem as cometeu. Sinceramente, acho até infantil essa sanha de passar a limpo as tragédias de épocas passadas.
 
Fiquei assustado ao saber que uma estátua de Cristovão Colombo foi retirada pela prefeitura de São Francisco, Califórnia, do local onde estava instalada. Motivo? O colonizador espanhol teria sido "responsável pelo extermínio de milhares de indígenas nas Américas". Juro que eu não sabia que o Colombo estava com essa bola toda! Se ainda fosse o Cortez ou o Pizarro, eu até entenderia, mas, Colombo? Acho que preciso estudar um pouco mais de História. Parece que há também uma bronca em São Paulo com a estátua do bandeirante Borba Gato. Enfim...
 
Para mim, a atitude mais razoável e didática seria manter as estátuas onde e como estão, apenas acrescentando no pedestal uma placa indicando os crimes e injustiças cometidos por quem elas homenageiam. Mais que isso é revanchismo tolo e rancor represado. 
 
Para finalizar este post mal alinhavado, queria comentar uma (re)descoberta que fiz. Outro dia, em um programa de um canal a cabo, (re)descobri as sete maravilhas do mundo moderno e fiquei novamente surpreso com a inclusão nessa lista do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Para mim, As outras “maravilhas” são muito mais maravilhosas (devo ter complexo de vira-lata). Por isso, fiz até um ranking das sete escolhidas:
 
1- Ruínas de Petra – Jordânia
2- Machu Picchu – Peru
3- Coliseu – Itália
4- Grande Muralha da China – China.
5- Chichén Itzá – México
6- Cristo Redentor – Brasil
7- Taj Mahal – Índia
 
O lugar onde a estátua do Cristo foi instalada tem uma paisagem deslumbrante, característica comum a vários lugares da cidade, pois o que o Rio mais esbanja são suas paisagens espetaculares. (mas nunca é demais lembrar a frase de Elizabeth Bishop, poeta inglesa que viveu por mais de vinte anos no Rio: “O Rio de Janeiro não é uma cidade maravilhosa, é uma paisagem maravilhosa para uma cidade”). Por isso, apesar da imponência do Cristo Redentor, acredito que o “combo” estátua-paisagem pode ter influenciado em sua escolha.

Independente disso, se um dia este país virasse uma teocracia não cristã, você acharia razoável que alguém pichasse a estátua, pedisse a sua retirada ou, em último caso, tentasse explodi-la? Imagino que a resposta é um categórico "Não!" Pois é, guardadas as devidas proporções, é esse sentimento que eu tenho ao ver ações de vandalismo de cunho ideológico-comportamental contra monumentos que, afinal, são patrimônio cultural de toda uma cidade, estado ou país, não apenas de quem resolveu fazer um ajuste tardio de contas. E agora chega, pois o pescoço está doendo de novo.

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

GEMININIÑAS 01

 
Recebi esta história por whatsapp e achei tão deliciosa que não poderia deixar de guardá-la aqui nesta blogoteca:


Naquele domingo, o pai já estava uma fera, pois já passava das nove e ainda não tinha conseguido tomar café da manhã.  Para quem já estava de pé desde antes das seis, isso é um problema sério.
 
- Chega, Lelê. Já estou estressado, dá licença, agora vou tomar meu café . 
Falou em tom ríspido para a menininha de três anos de idade..
 
Ela tinha nas mãos uma haste de papelão com um coração de e.v.a na ponta (detalhe de uma embalagem que virou brinquedo). Daí falou:
 
- Papai olha minha varinha mágica! Fez o gestual de quem estava regendo uma orquestra, apontou a varinha para o pai e falou:
 
- Fica feliz!!!

O feitiço pegou de jeito! O pai começou a gargalhar na hora ! Juro, gente, essa varinha é das boas!

CUNEIFORME

  Você já parou para pensar qual foi a maior conquista da humanidade? Talvez você diga “não”, por ter mais o que fazer, por estar focado no ...