terça-feira, 21 de maio de 2024

MARIA FUMAÇA - KLEITON E KLEDIR

 
Na noite de sábado passado, dia 18 de maio, o programa “Altas Horas”, apresentado pelo Serginho Groisman, foi dedicado a homenagear e prestar apoio ao Rio Grande do Sul, vítima da maior enchente já acontecida no Brasil. Por isso, só artistas gaúchos se apresentaram no programa.
 
Não consegui identificar todos, mas ali estiveram o Humberto Gessinger, o ex-marido da Sandy, os vocalistas das bandas Fresno, Cachorro Grande e Nenhum de Nós, a Adriana Calcanhoto, o chatinho Vitor Kley e um envelhecido Kleiton Ramil, da antiga dupla Kleiton e Kledir.
 
Depois do sucesso alcançado no sudeste na década de 1980, a dupla dos irmãos Kleiton e Kledir, apesar de suas ótimas músicas, acabou sumindo da mídia nacional. Se continuam juntos ou não, eu não faço a menor ideia. Mas, como homenagem ao sofrido povo gaucho resolvi compartilhar aqui no Blogson a primeira música que conheci da dupla. Tem uma letra ótima e um final super bem sacado, em que a repetição das iniciais da antiga Rede Ferroviária Nacional imita o “tchec tchec tchec” do trem. Espero que se divirtam com a letra e o clipe da música. Escutaí:
 


 
Essa maria fumaça é devagar quase parada
Ô seu foguista, bota fogo na fogueira
Que essa chaleira tem que tá até sexta feira
Na estação de Pedro Osório, sim senhor
 
Se esse trem não chega a tempo vou perder meu casamento
Atraca, atraca-lhe carvão nessa lareira
Esse fogão é que acelera essa banheira
O padre é louco e bota em meu lugar
 
Se chego tarde não vou casar
Eu perco a noiva e o jantar
A moça não é nenhuma miss
Mas é prendada e me faz feliz
 
Seu pai é um próspero fazendeiro
Não é que eu seja interesseiro
Mas sempre é bom e aconselhável
Unir o útil ao agradável
 
Esse trem não sai do chão
Urinaram no carvão
Entupiram a lotação
E eu nem sou desse vagão
Mas que baita confusão
Tem crioulo e alemão
Empregado com patrão
Opa, opa me passaram a mão
Ora vá lamber sabão
 
Tagarap, tagarap, tagarap, tagarap, tagarap
Togorop, togorop, togorop, togorop, togorop
 
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter que indenizar
 
Esse expresso vai a trote, mais parece um pangaré
Essa carroça é um jabuti com chaminé
Eu tenho pena é de quem segue pra Bagé
Seu cobrador cadê meu troco, por favor?
 
E dá-lhe apito e manivela, passa sebo nas canelas
Seu maquinista eu vou tirar meu pai da forca
Porque não joga esse museu no ferro velho
E compra logo um trem moderno japonês?
 
No dia alegre do meu noivado
Pedi a mão todo emocionado
A mãe da moça me garantiu
É virgem, só que morou no Rio!
 
O pai falou é carne de primeira
Mas se abre a boca só sai besteira
Eu disse fico com essa guria
Só quero mesmo pra tirar cria
 
Esse trem não era o teu
Esvaziaram o pneu
Mas cadê esse guri?
Tá na fila do xixi
Tem chiclete com tatoo
Foi alguém de Canguçu (barbaridade)
Me roubaram meu chapéu
Chama o hômi do quartel
Deu enjôo na mulher
E fez porquinho no meu pé
 
Tagarap, tagarap, tagarap, tagarap, tagarap
Togorop, togorop, togorop, togorop, togorop
Tagarap, tagarap, tagarap
Togorop, togorop
 
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter que indenizar
E é o presidente dessa tal
RFFSA
RFFSA
RFFSA
RFFSA
RFFSA
RFFSA
RFFSA
RFFSA

 

 

domingo, 19 de maio de 2024

MILAGRES ACONTECEM!"

 
Alguém manifestou seu desagrado com o conteúdo do post anterior, que achou muito vulgar. Concordo com ele ou ela, mas permito-me parafrasear o que disse o Galileo Galilei quando foi obrigado a renegar sua  descoberta de que era a Terra que se movia ao redor do Sol, e não o contrário. Segundo a lenda (e só pode mesmo ser lenda) ele teria murmurado "Eppur se muove", que em língua de gente significa "E, no entanto, ela se move”.
 
Com relação ao post anterior, só posso dizer: "E, no entanto, é engraçado". Mas, para deixar a vida ainda mais leve uma piadinha que os leitores adorarão (retratos tirados há 55 anos). Olhaí.





 

ACHEI MEU PAU NO LIXO - AUTOR NÃO IDENTIFICADO


Como a inspiração tem estado igual a sinal de trânsito (semáforo) em dia de chuva, na base do acende-apaga, resolvi alimentar o blog com a inspiração de terceiros. E uma coisa que eu realmente gosto de fazer é compartilhar com os leitores clipes e vídeos de apresentações ao vivo de músicas que eu curto.

Mas nem sempre isso é verdade. Hoje, por exemplo, resolvi republicar um post que havia excluído, de tão bagaceira que é a música. Só que a letra é divertida, o autor é mesmo aloprado e meu desejo é que os leitores se divirtam. Por isso, segue o baile.
 
Quando terminei os quatro primeiros anos do ensino fundamental, fui matriculado em um ginásio que dividia os sexos por turno: sexo masculino de manhã, sexo feminino à tarde. Só o turno da noite era misto (o que devia facilitar um pouco a "saliência").
 
Fiz o segundo grau em outra escola, um excelente colégio que tinha turmas mistas. Mas nada (assim imagino) comparado a uma história acontecida em outro colégio uns sete anos depois (os costumes continuavam a evoluir). Segundo me disse uma conhecida, sua turma era mista também e a sala não tinha carteiras individuais. A meninada mais descontraída ocupava as últimas carteiras. Assim, (pelo menos) uma delas ficava pegando no pau do colega com quem dividia a carteira. Sempre fico revoltado quando me lembro disso, pois nunca tive essa facilidade!
 
O tempo passou, os costumes ficaram cada vez mais liberais, pessoas urinam nas ruas e me entristeço muito com isso - não só pela falta de educação das pessoas, mas por eu estar naquela idade em que poder mostrar o pinto, ainda que seja apenas um sobrenome na carteira de identidade, já seria lucro. E mesmo que as pessoas rachem de rir.
 
Aliás, tenho até pensado em criar um artefato para homens idosos, a ser vendido em sex-shop: um espelho retrovisor para a cabeça do pau. Para quê? Elementar, meu caro Watson! Para que ele possa ver o céu de vez em quando!
Mesmo que os 2,3 leitores desta bagaça se espantem com essa linguagem chula e vulgar, devo esclarecer que hoje o assunto é pau, pinto, pênis. Como bem sabem aqueles que acessam este blog, sou um perfeito gentleman, um blogueiro de hábitos refinados e linguagem rebuscada, contrário ao uso abusivo de palavras vulgares e pornografia. Por isso, jamais falaria gratuitamente de uma bosta dessas.
 
Mas este é um blog da diversidade de assuntos, um almanaque biotônico digital. Por isso - e só por isso – o tema de hoje é, como direi?, tão..., tão latejante e tão distante da temática tradicional do blog. Aliás, é um assunto de que o blogueiro foge a léguas, pois é espada convicto (mesmo que a “lâmina” apresente sinais de ferrugem, perda de corte e outros indicadores da implacável passagem do tempo).
 
E tudo começa com uma música que um filho me mostrou há um bom tempo. É um rap composto por um de seus ex-patrões, um publicitário aloprado de BH. O vídeo tinha sido retirado do Youtube, mas descobri que está disponível novamente. Para não perder a caminhada, copiei a letra e o link. Meu filho acha tudo uma merda, mas é engraçado. Aliás. só mesmo um publicitário para pensar uma tosqueira desse naipe.
 
O título é "Eu achei meu pau no lixo". Para não correr o risco do vídeo ser excluído pelo Blogger ou Youtube, optei por disponibilizar só o link, seguido pela letra tosquíssima. Olha ele aí:


E agora, a letra:
Topou para mim tá bom, não sou lá muito exigente,
Traço tudo que aparece, como o que vier na frente,
Branca, preta, cor de rosa, marrom ou amarela,
Gorda, feia, pouco importa, qualquer coisa que me rela.
Entro em tudo que é buraco, até quando eu tô de cara.
Se ficar doidão ai velho, huuum! Nem se fala.
 
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
 
Eu sei que queima o filme ser do jeito que eu sou.
Mas pior é quem fica na seca só no cinco contra um.
Tem que ter mulher no meio desse jeito não dá não,
O que eu posso fazer, não quero ter cabelo na mão.
Esqueci de te dizer que se eu traço o que aparece,
No meio tem muita gata antes que você se apresse.
 
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
 
 Outro dia alguém falou que me viu com uma velha,
Será que foi sua avó? não faço a menor ideia.
Ontem até que tava bom, mas de repente eu disse: eco!
Descobri que na verdade eu mandava era um traveco.
Como vai ser amanhã, quem será que eu vou comer?
Será que vai ser sua irmã? Será que vai ser você?
 
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo!
Qualquer hora eu como um bicho!
Achei meu pau no lixo!
Achei meu pau no lixo! 

sábado, 18 de maio de 2024

PENA DE GANSO

 
Minha mulher tem qualidades que eu nunca tive nem terei. Para começar, ela é linda, uma beleza digna de modelo das agências internacionais Ford ou Elite. Além disso é extremamente criativa, entusiasmada, proativa, generosa e solidária. Já foi capaz de pedir para parar o carro só para consolar uma criança de uniforme,  que aparentemente não tinha conseguido pegar o ônibus escolar que a levaria de  volta para casa. Ou seja, em tudo diferente de mim.
 
E sem falar no TOC bastante acentuado que tem, o que a faz guardar as suas e as nossas roupas separadas por tamanho, estilo, modelo e cor, deixando-me louco quando reclama que guardei uma de minhas roupas fora do lugar correto.
 
Esse preciosismo aliado à criatividade e a um entusiasmo pela celebração da vida fizeram com que ela tivesse um comportamento muito interessante nos aniversários de 50, 60 e 80 anos de suas irmãs e da mãe. Como presente a ser guardado com muito carinho, ela resolveu criar cadernos de recordações para a pessoa que estivesse aniversariando.
 
A primeira coisa foi encomendar capas duras, forradas com imitação de couro e personalizadas com o nome da homenageada escrito em letras douradas. As folhas do caderno, de várias cores, deveriam ser utilizadas para que parentes, amigos e convidados presentes à festança escrevessem o que quisessem sobre e para a aniversariante - sentimentos, lembranças, mensagens, desenhos, o escambau. Além disso, saía à cata de fotos antigas em casas de parentes e amigos, que mandava copiar e ampliar para depois espalhar em ordem cronológica pelas paredes do local da festa. Obviamente, todas impressas em papel couchê no formato A4, para que a aniversariante as guardasse (se quisesse).
 
Então, em 2002, no aniversário de 50 anos de uma de suas irmãs, ela fez um desses cadernos, a que deu o título de “A Festa de Bebeth”, numa divertida referência ao filme “A Festa de Babette”.
 
Para encurtar a conversa, ela resolveu escrever sua mensagem à irmã contando as lembranças de sua infância e juventude, tempo compartilhado e vivido com a aniversariante e com o restante da família e amigos.
 
Graças à sua prodigiosa memória escreveu dezessete páginas em papel ofício onde recordou pessoas falecidas, brincadeiras de infância, roupas utilizadas, lugares visitados, amigos, guloseimas prediletas e desaparecidas, antigos vizinhos e casos engraçados.
 
No recente Dia das Mães essa irmã fez um almoço para irmãos, sobrinhos e cunhado. Papo vai, papo vem, lembrei-me do caderno e o pedi emprestado, pois queria digitar a mensagem escrita por minha mulher em 2002.
 
Na verdade, depois de ter descoberto uma ferramenta existente nos celulares, que transforma uma mensagem de voz em texto escrito – e esta é a dica que me fez escrever este texto – o que eu queria mesmo era testar esse aplicativo. Se funcionasse, bastaria copiar a mensagem recebida, colar no Word, acrescentar vírgulas e outros sinais gráficos, corrigir e formatar o texto. Trabalhinho mamão com açúcar, muito melhor que digitar 17 páginas manuscritas em papel ofício.
 
E funcionou! Com minha voz de locutor de rádio de zona, durante três dias ditei o texto de 2002 calma e pausadamente. Foi emocionante perceber que muitas dessas lembranças eram como flashes que iam se sucedendo e iluminando uma época e uma história de vida. Adorei a experiência, que resultou em seis páginas em formato A4, fonte Arial 12. Gostei tanto que repeti a experiência com este post, pois fiquem sabendo que 80% do que vocês estão lendo é uma mensagem de voz convertida para texto.
 
O caminho das pedras é o seguinte:
Você acessa o whatsapp e escolhe alguém para enviar uma mensagem. Ao clicar em "Mensagem" aparecem as opções de mandar por escrito ou gravar um áudio. Mas o caminho das pedras é logo abaixo (ou do lado): aparece um pequeno microfone, menor que o ícone do microfone normal que está na tela. Ou seja, na mesma tela ficam visíveis dois microfones. Clique no menor e aparecerá uma mensagem tipo: "comece a ditar". E o texto começará a surgir na tela à medida que for falando. Clique de novo no microfoninho para encerrar a gravação. O passo seguinte é enviar a mensagem para alguém. Eu fiz isso, usando para ditar o celular da minha mulher, e o meu, para receber o texto escrito. Olha imagem do meu celular aí.



Ficamos assim então: eu sei que isso não deve ser novidade para os jovens, mas para gente que talvez ainda use pena de ganso para escrever os textos que transcreve para o computador e depois publica em seu blog, esta é uma dica de ouro. Se você pegar o celular de sua mulher (por exemplo), e mandar através dele uma mensagem para o seu celular utilizando essa técnica, acabou! Você terá um texto escrito, pronto para ser revisto e corrigido, obtido numa rapidez absurda. Ou seja, você vai sair da Idade da Pedra para a modernidade. Mas não se esqueça de apagar as putarias transformadas em texto no celular da patroa, pois essa ferramenta não é o caretão ChatGPT. Se não tem ponto nem vírgula, também não tem censura. “Dale, Marreta!”

sexta-feira, 17 de maio de 2024

NÓIS É JECA MAIS É JÓIA - XANGAI

 
Desde que o Blogson Crusoe foi criado eu tentei compartlhar com os internautas que esbarrassem por aqui os links de músicas que fizeram e fazem minha cabeça. E nunca me prendi a estilos fixos. Tango, bolero, música erudita, rock de vários estilos, samba, bossa nova, MPB, jazz, música pop internacional, já rolou de (quase) tudo nos mais de 150 posts dedicados ao prazer de ouvir uma música deitado em uma rede, sentado em um sofá ao entardecer ou com o som no talo.
 
Pode ser pretensão da minha parte, mas eu realmente gostaria que os dois ou três leitores deste blog acessassem o marcador "Música Maestro!" e dessem uma olhadinha no seu conteúdo. Por exemplo, no post da música "Lígia", veriam a letra original escrita apenas pelo Tom Jobim e a que foi gravada, alterada pelo Chico Buarque.
 
Infelizmente, alguns links foram removidos, mas essas músicas são fáceis de ser encontradas no Youtube. E hoje mais um estilo é incorporado ao blog, graças a uma música divertida que um dos filhos me apresentou.
 
Sugestão: escutar a música lendo a letra.




 
Se farinha fosse americana
mandioca importada
banquete de bacana
era farinhada
 
Andam falando qui nóis é caipira
qui a nossa onda é montar a cavalo
qui a nossa calça é amarrada com imbira
qui a nossa valsa é briga de galo
 
Andam falando que nóis é butina
mais nóis num gosta de tramóia
nóis gosta é das menina
nóis é jéca mais é jóia
 
mais nóis num gosta de jibóia
nóis gosta é das menina
nóis é jéca mais é jóia
 
Se farinha fosse...
 
Andam falando qui nóis é caipira
qui nóis tem cara de milho de pipoca
qui o nosso roque é dançar catira
qui nossa flauta é feita de tabóca
 
nóis gosta de pescar traíra
ver as bichinha gemendo na vara
nóis num gosta de mentira
nóis tem vergonha na cara
 
ver as bichinha chorando na vara
nóis num gosta de mentira
nóis tem vergonha na cara
 
Se farinha fosse...
 
Andam falando que nóis é caipora
qui nóis tem qui aprender ingrês
qui nóis tem qui fazê xuxéxu fóra
deixe de bestáge
nóis nem sabe o portuguêis
 
nóis somo é caipira pop
nóis entra na chuva e nem móia
meu ailóviú
nóis é jéca mais é jóia
 

REALMENTE ESTÁ DIFÍCIL MESMO!

 
Há muito tempo perdi a vontade de comentar o que leio nos portais de notícias, mas não consegui resistir ao conteúdo de uma reportagem publicada no site UOL. Gostaria de ainda conseguir fazer um comentários irônico e engraçado, só para divertir quem lê as publicações deste blog, mas está difícil.

Mais difícil ainda - e o que realmente me deixa triste e perplexo - não é ver e ouvir as sandices ditas ao microfone da câmara municipal de Caxias do Sul por um ignorante que se julga possuidor de um  conhecimento técnico que nunca teve, o que me assusta é pensar naqueles que o elegeram. Sinceramente, eu acredito que a espécie humana teve muita sorte de conseguir chegar até aqui. Olhaí.
 
Vereador do RS propõe derrubar árvores para evitar deslizamentos
 
Essa reportagem traz também um vídeo, talvez para que ninguém pense que tudo é invenção de jornalista. O autor da matéria publicada é Thiago Bomfim. E agora, o texto que me deixou pasmo e me fez rir. Na verdade, nem foi riso, foi um ricto nervoso provocado pelas declarações inacreditáveis de um vereador do Rio Grande do Sul. Leia a matéria publicada:
 
O vereador Sandro Fantinel (PL-RS) disse na terça-feira (14), em sessão na Câmara de Caxias do Sul, que vai propor uma lei que visa derrubar árvores e mata nativa no município para "evitar desastres".
O que aconteceu
Vereador diz que "peso das árvores" causa deslizamento. Sandro Fantinel afirmou que vai propor uma lei para retirada da vegetação "cinco metros para cada lado" das estradas principais de Caxias do Sul. "Não interessa se é mata nativa, não interessa se é pinheiro. O que é que vale? A vida humana", disse.
RS estaria sofrendo com desastre por "ter muito verde", diz vereador. Ele diz também que as leis ambientais são "extremas" no estado e atualmente impedem o desenvolvimento do estado.
 
O que se pode dizer de tanta ignorância? Talvez reproduzir as palavras do vereador Rafael Bueno (formado em geografia): o colega estaria "vendo muito vídeo de WhatsApp" e espalhando mentiras. "Como é que o senhor faz incentivo ao desmatamento?"
 

quinta-feira, 16 de maio de 2024

FALA, "GAROTO"!

 
Minha mulher diz que eu falo demais, que tenho uma língua nervosa que não consegue ficar quieta na boca. Um dos meus filhos disse uma vez  que meu superego estava soltinho, soltinho. Disse também que eu estava naquela fase "Não gostou, me processa". Outro filho disse rindo que não vai demorar para que eles me interditem. Veja você!
 
E eu cheguei à conclusão de que realmente falo demais. Mas não com parentes e amigos. Quando os encontro, geralmente fico mais calado, meio sem saber "o que dizer, o que calar", como cantou o Gilberto Gil.
 
Hoje eu sei que falo demais, mas meu alvo são os médicos e dentistas a quem procuro e, principalmente, pessoas desconhecidas - caixas de supermercado, balconistas de farmácia, motoristas de taxi ou uber, pessoas que esperam atendimento em uma clínica ou hospital, manobristas de estacionamento e até mesmo pessoas "em situação de rua" que  pedem alguma ajuda ou que tentam encontrar algum material reciclável no lixo que acabei de por do lado de fora para ser recolhido.
 
Nesses momentos eu conto histórias, anedotas, arregalo os olhos, faço trejeitos e expressões faciais caricatas, falo mal de mim mesmo, reclamo das mudanças climáticas provocadas pelo homem, falo de livros que li ou estou lendo e despejo todo tipo de cultura inútil em cima de minha "presa".
 
Pior que isso são as frases que inadvertidamente vou soltando. Como aconteceu recentemente na padaria onde compro o pão matinal. Sem perceber que estava sendo atendido por uma moça de cabelo curtíssimo semi-escondido por um boné, vestida com uma blusa larga que disfarçava os quase inexistentes seios, já mandei um "Fala, garoto!". Mesmo que a moça seja lésbica, pegou mal, por parecer que eu a estava ironizando.
 
Em outra ocasião (já narrada aqui), subi em uma balança ao lado do caixa da farmácia onde tinha ido comprar algum medicamento e saiu este diálogo com a esposa do proprietário. Ao ver os mais de cem quilos que o visor denunciava, reclamei:
 
- Esta balança só me dá tristeza!
 
E a moça, ligeiramente acima do peso ideal, comentou:
 
- Pois hoje eu fiquei muito feliz com ela.
 
Comentário do idiota aqui:
 
- Por que, estava desligada? 
 
Antes de sair, percebi na proprietária um sorrisinho de quem estava se segurando para não morder minha carótida.
 
Então é isso, eu realmente falo demais. Mas percebi que não estou interessado em ouvir o que me dizem. Meu desejo é só escutar o que minha voz está dizendo para pessoas que na maioria das vezes não estão interessadas na minha tagarelice.

 

terça-feira, 14 de maio de 2024

UM MARKETING INFERNAL!

  
Em sua crônica “Eu e Bebu na Hora Neutra da Madrugada” meu ídolo Rubem Braga escreveu que “Muitos homens, e até senhoras, já receberam a visita do Diabo, e conversaram com ele de um modo elegante e paradoxal. Centenas de escritores sem assunto inventaram uma palestra com o Diabo. Quanto a mim, o caso é diferente".
 
Ora, caramba, se até ele – mesmo dizendo que não – resolveu escrever uma crônica sobre o diabo, por que eu, que não sou escritor, mas eternamente sem assunto não poderia?
 
E há um motivo prático para isso: depois de ler que políticos filiados ao PL - Partido dos Lorpas – se desculparam com os eleitores por terem assistido ao show da "satanista" Madonna, eu cheguei à conclusão de que o Diabo precisa urgentemente modernizar o inferno e atualizar as condenações e penas aplicadas a seus atuais e futuros inquilinos.
 
Estava refletindo sobre isso quando ele surgiu à minha frente, Não sei como apareceu e talvez nem seja importante saber. O que sei é que de repente estávamos conversando na antessala do dentista, onde fui para tratar de mais um dente quebrado por torresmo.
 
Ele não parecia ser o que era. Tinha uma cara de idade indefinida, estava bem vestido, discretamente vestido, nada de vermelho, nada muito colorido, tampouco muito preto ou muito branco. Cumprimentou-me educadamente, e começamos a conversar.
 
Começou queixando-se de que tem muito pouco prestígio atualmente, sendo até motivo de risos e piadas, culpa dos idiotas e dos ignorantes que creem em falsos guias espirituais, mais interessados no próprio enriquecimento.
 
- Sabe, Jotabê, esse povo me quebra, pois transforma em milagre uma simples dor de cabeça.
 
Fiquei incomodado por saber quem eu era e.perguntei como sabia meu apelido.
 
- Ora, Jotabê, eu sei tudo, eu sou a imagem espelhada “dEle”.
- Se sabe tudo, porque não age para recuperar o prestígio antigo?, retruquei.
- Tem razão. Acho que preciso de alguém para me ajudar a modernizar o inferno. E pago bem, pois tenho muitas aplicações em alguns infernos fiscais.
- Infernos fiscais?
- Na verdade, são paraísos fiscais, mas não pega bem sair dizendo que aplico criptamoedas em paraísos fiscais, entendeu?
 
Espantado com a existência de uma versão infernal das criptomoedas disse-lhe que seria fundamental contratar uma consultoria de planejamento estratégico e marketing, dessas com capacidade para limpar a barra de políticos enrolados com a justiça, e de um bom escritório de arquitetura.
 
- Explique isso melhor.
- Em minha opinião, a empresa de consultoria preocupar-se-ia em atualizar e modernizar um formato de negócio surgido há mais de mais de quatro mil anos, já desgastado e de pouco apelo emocional.
- Ainda não me convenceu.
- Veja bem, as mudanças propostas deveriam contemplar a revisão da lista de condenações e as penas correspondentes. Além disso, deveria ser criado um novo projeto gráfico e visual, com propostas de modernização do vestuário e adereços, e até a criação de uma visita guiada pelo Céu e pelos diversos setores do complexo satânico, uma espécie de safári infernal, um passeio guiado como se fosse um safári africano, em que você passa no meio dos leões, mas sem poder chegar perto deles. Seria bom criar também uma campanha publicitária eficiente, pois “a propaganda é a alma do negócio”, como diz quem entende do assunto. Uma ideia boa seria abandonar a cor vermelha, pois isso evitaria que o diabo e seus auxiliares fossem chamados de comunistas.
 
Ele pareceu empolgar-se com as sugestões e perguntou:
 
- Como seria essa revisão de penas e condenações?
- Bem, para isso acontecer você precisaria fazer uma reunião de cúpula com seu "Espelho". Hoje, graças às redes sociais, a maldade mudou de dimensão e de estilo, hoje não se trata apenas de matar ou roubar, hoje o maior mal, o maior dano é provocado pela mentira maldosa, pela mentira que mata, pela mentira que diminui e nega as ações positivas dos governos.
 
Respirei um pouco e continuei:
 
-Hoje o ódio mudou de dimensão e de forma, a maldade adquiriu formas inexistentes na época em que os Dez Mandamentos foram penosamente gravados em pedra durante 40 dias por Moisés. Hoje, as notícias falsas e as mentiras criminosas espalham-se mais rápido que fogo no capim seco em dias de ventania. Reputações são destruídas e até suicídios são cometidos, graças às famigeradas fake news criadas por canalhas ou psicopatas, gente insensível, sem empatia com a população, mais empenhados em dar vazão a seu ódio e rancor e a defender seus pontos de vista à custa de mentiras, por mais equivocados que sejam.
- E o que você sugeriria para corrigir isso? 
- A lista de condenações utilizadas por Ele precisaria incluir a disseminação de fake-news e o ódio ideológico, mais inextinguível que o fogo do inferno.
 
Como estava empolgado, continuei falando:
- As antigas condenações eram destinadas a gente simples e analfabeta, gente que matava por “dá cá uma palha”. Era um povo rude, mas de coração mais brando que o dos políticos e religiosos ultra-radicais que se abrigam nos esgotos de alguns partidos políticos ou igrejas. Se fossem escritos hoje a lista dos dez mandamentos precisaria ser acrescida de no mínimo mais dois. A vantagem é que poderiam ser impressos e distribuídos aos milhares, aos milhões.
 
Pedi um copo de água à secretária do dentista e continuei, não sem notar que ela estava pálida e com uma mal disfarçada expressão de terror no rosto.
 
- Os enunciados desses novos mandamentos poderiam ser assim:
11 - Não criarás nem divulgarás fake news
12 - Terás humildade para aceitar que não comete crime ou pecado quem tem uma visão ideológica diferente da tua.
 
Nesse ponto o Diabo perguntou sobre o escritório de arquitetura.
 
- Que ele poderia fazer para melhorar nossas instalações?
- Bom, minha formação é de engenheiro relapso, não de arquiteto fodão, mas eu começaria pensando em acabar com os fornos, caldeiras e fogueiras, pois além de gastarem muito combustível fóssil, ainda contribuem para aumentar o aquecimento global. Só aí você já ganharia milhões de pontos com os ambientalistas.
- Boa!
- Além disso, você poderia criar setores de acordo com as penas que seus inquilinos devem cumprir. Aliás, se me permite um comentário, você está sempre em uma posição de inferioridade, pois se Ele condena, cabe a você apenas execução da pena, algo como a relação de um juiz e de um policial.
-Eu sempre reclamei disso com ele, mas Ele nunca aceitou mudar essa situação!
- Pois é, por isso eu acho que você precisa colocar mais cores e mais luz nos seus domínios. E acabar com essa história de cheiro de enxofre - ou ainda vão acabar te chamando de peidorreiro. Assim, o novo habitante já saberia o que o espera. “Ele” pode até ter criado a luz, mas por que você tem que ficar com a escuridão?
- Tem razão! Saindo daqui vou agendar uma reunião para tratar disso com Ele!
- Agora, a grande jogada arquitetônica seria a criação de celas individuais iguais às do corredor da morte das prisões americanas, mas com a projeção de vídeos em todas as paredes e teto das delícias existentes no Paraíso. E as imagens criadas por Inteligência Artificial induziriam o condenado a acreditar que realmente está vendo o Céu e que ali existe tudo o que ele mais amou e desejou na vida e que nunca mais poderá obter ou entrar em contato: poder, riqueza, familiares, pais, filhos, esposas, amantes, belas mulheres (para quem gosta) e homens sarados (idem), carrões, cloroquina, pizzas, cerveja barata mas boa, churrasco, tequila, torresmo, leite com toddy, piscina aquecida, praias paradisíacas, paisagens de perder o fôlego. E ele lá, solitário, sem controle remoto para mudar de canal e sem antidepressivos ou remédios para dormir.
- Rapaz, você é bem criativo, heim?
- Sou nada, eu só deliro um pouco. Esse novo projeto transformaria a dor física em dor psicológica, muito mais insuportável que o desconforto que um foguinho no rabo pode causar.
 
Aí, com uma expressão estranha no rosto, ele me disse:
 
- Estou achando que você é um marqueteiro de nascença, ideal para me ajudar a implantar todas essas modificações. Quer trabalhar para mim?
- Não, obrigado! Espero demorar um pouco mais por aqui. Além do mais, você sabe que hoje eu sou um ateu-católico ou um católico-ateu. Por isso, não acredito em muita coisa que dizem existir por aí.
 
Ele deu um sorrisinho irônico, perguntou se eu gostava de gratinados e saiu, deixando-me sem entender o que quis me dizer.

sábado, 11 de maio de 2024

INDIGNAÇÃO NATURAL

 
Estou me sentindo extremamente triste, deprimido e sem esperança no futuro em que as crianças que nascem hoje viverão. Prestes a completar 74 anos eu me pergunto o que tenho a comemorar, e a resposta é “nada”.
 
As notícias e imagens da catástrofe provocada pelo dilúvio de proporções bíblicas que atingiu o Rio Grande do Sul me deixaram atordoado e com a certeza de que não será a última, pois fizemos muitos esforços para provocar a Natureza – que está reagindo à altura.
 
Contudo, nada se iguala à tristeza e à indignação ao constatar as mentiras propagadas por indivíduos radicais e sem escrúpulos, saídos dos esgotos da extrema direita, visando diminuir e desacreditar os esforços do governo atual em todas as esferas.  Que ódio é esse? Que ganham com isso? Que pretendem ganhar com isso?
 
A mudança climática chegou para ficar, mas existem pessoas que não acreditam nisso e continuam a aceitar agressões de todo tipo ao meio ambiente. E isso parece valer não só para o Brasil, mas para o mundo todo. A pouca preocupação de políticos, empresários e de boa parte da população com a adaptação às mudanças climáticas não é um fenômeno isolado. Esse descaso e descrença na ciência se acentuaram e pioraram no governo anterior, mas, como disse uma pesquisadora, “a subvalorização das mudanças preventivas necessárias parece ser a regra, independente do governo”. Afinal, como adotar providências impopulares mesmo que necessárias, quando se está sempre de olho nas próximas eleições?
 
Para piorar, a crendice e a ignorância parecem andar de mãos dadas com a intolerância política e religiosa. Que mundo é esse, meu Deus? Que mundo ameaçador nossas crianças receberão de nós? Inundações, calor infernal, fome, pragas urbanas, violência descontrolada. É só isso que podemos deixar para elas? Essa tristeza e desesperança me derrubaram. Por isso, resolvi pedir ajuda à Inteligência Artificial para organizar em um texto minimamente elegante minha esperança tão destroçada.
 
 
ChatGPT
Compreendo a profundidade da sua angústia e estou aqui para ajudar a expressar seus sentimentos da melhor maneira possível. Aqui está uma versão organizada e refinada do seu texto:
 
Às vésperas de completar 74 anos, encontro-me mergulhado em uma tristeza profunda, permeada por uma sensação de desesperança em relação ao futuro que aguarda as gerações vindouras. Neste momento, é difícil encontrar motivos para celebrar, pois a resposta à pergunta sobre o que há para comemorar ecoa em um vazio sombrio - nada.
 
O recente desastre que assolou o Rio Grande do Sul deixou-me atordoado, consciente de que não será o último, pois, de alguma forma, provocamos a Natureza, que agora revida com toda sua força. Contudo, nada se iguala à tristeza e à indignação ao tomar conhecimento das mentiras propagadas por indivíduos radicais e sem escrúpulos, saídos dos esgotos da extrema direita, visando diminuir e desacreditar os esforços do governo atual em todas as esferas.Que ódio é esse? Que ganham com isso? Que pretendem ganhar com isso?
 
A mudança climática é uma realidade inegável, mas ainda há quem a refute, aceitando agressões contínuas ao meio ambiente. Este descaso não é exclusivo do Brasil; é uma triste constatação global. A falta de interesse dos líderes políticos e empresariais, assim como de parte da população, em adaptar-se às mudanças climáticas não é um fenômeno isolado. Esse desinteresse parece ser a norma, independentemente do governo vigente, pois medidas impopulares são evitadas a todo custo, visando apenas o próximo pleito eleitoral.
 
Para agravar a situação, a ignorância e a superstição estão aliadas à polarização política e religiosa, criando um caldo tóxico de intolerância e desinformação. Que tipo de mundo estamos deixando para as futuras gerações? Inundações, ondas de calor extremo, escassez alimentar, pragas urbanas, violência descontrolada - será este o legado que deixaremos para nossos descendentes?
 
Esta tristeza e desesperança me abatem profundamente. Por isso, recorri à Inteligência Artificial na esperança de organizar meus pensamentos de forma mais eloquente.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

A MÃO DE DEUS

Há muito tempo não tenho uma boa história ou um caso para contar, mas ontem aconteceu uma situação tão improvável, tão inesperada que achei que deveria contá-la aqui no blog, mas, primeiro, preciso definir o cenário.
 
Muitos dos bairros mais antigos de BH surgiram a partir das antigas colônias agrícolas previstas no plano diretor original, áreas destinadas a abastecer de produtos hortifruti-granjeiros a nova capital do estado. Esses terrenos foram progressivamente transformados em bairros fora da área delimitada pela Avenida do Contorno. Isso significa que as moradias originais eram mais simples e de arquitetura menos rebuscada do que as casas da “elite” descritas por Pedro Nava em seu livro “Beira Mar” (que ele chamou de “sinfonia mineira”). Os moradores desses bairros tinham a simplicidade de suas casas. E é aqui que começa este passeio pelo inesperado, pelo inusitado.
 

Santa Tereza, o bairro mais boêmio de BH é também um dos mais antigos. Mesmo já tendo sido mordido pelo avanço da exploração imobiliária ainda tem muitas casas antigas habitadas por sucessivas gerações de moradores. Com o falecimento dos antigos moradores e a venda dos imóveis por seus descendentes, várias dessas casas têm sido demolidas para dar lugar a modernos, luxuosos - e caros - prédios de apartamentos.
 
Pois bem, o caso que quero contar aconteceu com um desses imóveis e com a família que nele morou por mais de cinquenta anos. Em uma casa vizinha à nossa morava uma família de cinco pessoas. No terreno enorme existiam também algumas edículas, construídas par aumentar a renda da família com seu aluguel. Com o falecimento do proprietário e o avanço do Alzheimer sobre sua esposa os filhos resolveram vender o imóvel, rapidamente adquirido por uma construtora, atraída por seu lote de 600 m². Pouco tempo se passou para que todas as edificações existentes fossem demolidas e a construção de um novo prédio fosse iniciada.
 
Mesmo não morando mais conosco, nosso filho mais novo utiliza nossa casa para trabalhar no regime “home office”. Ontem, na parte da tarde, avisou que iria à sua casa, mas voltaria. Ao voltar, falou conosco que a antiga vizinha estava lá fora, na rua. Como assim? Já sofrendo de Alzheimer, ela  tinha sido levada para um asilo por seus filhos, depois da venda do imóvel. Minha mulher, muito mais proativa que eu, disse para ligar para o filho da idosa e para trazê-la para dentro de nossa casa.
 
O filho entre apavorado e aliviado pediu para que eu “a segurasse”, que não a deixasse sumir. Fui até a rua e encontrei a antiga vizinha com uma moça ao lado, conversando com o encarregado da obra. Chamei-a pelo nome, ela sorriu e eu a convidei para esperar pelo filho em nossa casa.
 
Ela estava com ótima aparência, bem vestida, mas visivelmente confusa, misturando a realidade com antigas lembranças. Comecei a perguntar para a moça que a acompanhava o que tinha acontecido e o novelo que se desenrolou era de deixar qualquer um de queixo caído.
 
Para começar, a moça não a conhecia. Disse ser cozinheira diarista e que estava a caminho da casa de alguém para preparar sua alimentação. Estava no Buritis, bairro do outro lado da cidade e chegou a pensar em pegar um Uber, mas surgiu um ônibus que a deixaria perto do endereço para onde estava indo. E essa foi a primeira coincidência.
 
Logo que entrou no ônibus notou que alguma situação anormal estava acontecendo: uma idosa com visível confusão mental dizia que tinha esquecido a bolsa na casa do filho e que precisava voltar para lá. Motorista e passageiros chegaram a pedir ajuda à Polícia Militar, mas um policial informou nada poder fazer por esse ou aquele motivo.
 
Foi aí que essa moça – um anjo real que não tinha nada a ver com a história, que estava indo para o trabalho, que tinha deixado de pegar um Uber para pegar aquele ônibus – disse que cuidaria da idosa desconhecida e que tentaria resolver seu problema, pois o endereço informado pela idosa ficava em Santa Tereza, bairro vizinho àquele para onde estava indo.
 
Dito isso, desceu do ônibus com a idosa, chamou um carro de aplicativo e deu o endereço informado pela idosa que encontrou no ônibus. Para sorte de todos, a nossa antiga vizinha informou corretamente o endereço, mas não o da casa de onde tinha saído. Ela queria voltar para a casa onde tinha vivido durante mais de cinquenta anos e que nem desconfiava ter sido demolida.
 
Com a chegada do filho, ficamos sabendo o resto da história. Ele tinha acabado de voltar para BH há poucos dias e resolveu tirar a mãe do asilo e levá-la para morar com ele. Por ela já não estar reconhecendo sua esposa, dizia que queria voltar para casa. Por precaução, a nora tirou a chave da porta da rua e a deixou em cima de algum móvel. A Aparecida descobriu a chave, abriu a porta e saiu. Na portaria do prédio encontrou um morador, que não sabendo de sua demência, a deixou sair. Ficamos sabendo também que ela poderia ter entrado em outros ônibus, com destino a outros bairros, nenhum deles perto do bairro onde moramos.
 
E terminamos este caso voltando agora ao nosso filho. Ele nunca sai à tarde para ir aonde mora, mas ontem saiu e na volta encontrou nossa vizinha praticamente em frente à nossa casa. Diante de tantas coincidências os ateus poderão dizer que são apenas isso – coincidências. Mas para aqueles que têm alguma fé essa senhora certamente foi amparada pela mão de Deus.
  

domingo, 5 de maio de 2024

A FIGURAÇA SE TRANSFIGURA

 
Li na mídia que recentemente aconteceu a transfiguração de Cristo. Mas não se ofendam nem se assustem os cristãos tradicionais, pois não estou cometendo uma heresia ao dizer isso. Na verdade, nem estou falando do Messias bíblico, de Jesus Cristo. Refiro-me à transfiguração – porque ele é uma figuraça! – ocorrida com o Inri Cristo, que conseguiu mudar o seu nome nos documentos emitidos pelo governo federal.
 
Aquele que se proclama a reencarnação de Jesus agora está devidamente transfigurado para Inri Cristo, pois deixou de ser o Álvaro Thais, nascido há 76 anos. E o nome que consta no novo documento inclui também o sobrenome Thaís, prova de que milagres existem, mesmo que isso constranja e incomode os ateus incrédulos.
 
Thaís a prova (piada ruim é foda!):



 

 

MARIA FUMAÇA - KLEITON E KLEDIR

  Na noite de sábado passado, dia 18 de maio, o programa  “Altas Horas” , apresentado pelo Serginho Groisman , foi dedicado a  homenagear e ...