terça-feira, 19 de março de 2024

ME CANSEI DE LERO LERO

 
Cansei. Literalmente, cansei. Ao ser criado, o Blogson era um refúgio alegre, bem-humorado e despreocupado, onde eu desovava meu humor de quinta série, meus desenhos de jardim de infância e todo tipo de besteirol que surgia em minha mente. Infelizmente, não é mais.
 
Hoje, cada vez mais decepcionado com as pessoas, com os políticos, com a política, fui ficando amargo, rançoso, velho, envelhecido. E isso fez meus comentários e textos estacionarem em um nível que não me agrada. O que eu tinha para dizer de interessante ou engraçado está contido nos posts mais antigos, não nos mais recentes (esta é uma dica de leitura).
 
Dizem que política é a arte do possível, mas, se isso for verdade, o Brasil está ferrado, porque os políticos e homens públicos brasileiros são uma fonte inesgotável de decepções, tristeza e desânimo para os eleitores que não estão chumbados no concreto das ideologias. Pelo menos no Brasil, a política e os políticos são o buraco negro das ilusões perdidas.
 
Até agora, eu ainda me dispunha a comentar em outros blogs visões diferentes das minhas, mas a não divulgação de alguns desses comentários mostrou que pouco importa o que eu penso e digo; o que realmente importa é o que digo em sintonia com o autor do texto que me dispus a comentar. Ora, se isso é verdade, para que comentar alguma coisa? Não quero aplaudir de graça qualquer idiotice publicada. Melhor é tomar sorvete, ler um livro, dormir à tarde. Ou, como disse Torquato Neto, o bom é “desafinar o coro dos contentes”.
 
Por isso, decidi que a partir de hoje não comentarei mais nada em nenhum dos blogs que ainda tenho paciência de acessar. E vou fazer uma confissão: muitas vezes eu fiz comentários sem nenhuma vontade, só para provocar uma reação igual nos posts qye publiquei. Em outras palavras, eu me prostitui emocional e intelectualmente ao fazer comentários que não tinha a mínima vontade de fazer, só para conseguir maior acesso ao Blogson. Por isso, a partir de hoje, os 2,3 leitores desta bagaça ficam desobrigados de fazer qualquer tipo de comentário no blog da solidão renovada (ou ampliada).
 
Outras mudanças ainda acontecerão, mas, por enquanto, isso já basta.
 

segunda-feira, 18 de março de 2024

RESPOSTA GRANDE...

 
Que o mundo, apesar de lindo, sempre foi um lugar ameaçador para se viver, talvez pouca gente ignore. Oculta em suas paisagens estonteantes sempre existiu uma ameaça natural à espreita. Lindo com um tigre e, como ele, extremamente perigoso. E foi nesses ambientes que a espécie humana desenvolveu suas técnicas de sobrevivência, sua esperteza, oportunismo e violência.
 
Infelizmente a seleção natural errou a mão e o acaso fez também surgir a crueldade, a ambição, a intolerância, a crendice, a maldade e o sadismo, transformando-nos na espécie animal mais desprezível e perigosa já criada.
 
Um dos dois leitores desta bagaça pode estar se perguntando por que eu me intoxico tanto com overdoses de leite com toddy (gelado, por favor), mas eu explico. O Blogson tem uma "cláusula pétrea" que estabelece que “resposta grande vira post”.E já disse que não mais queria falar de política neste blog, mas vou usá-la só para fazer onda.

Tudo começou com minhas ironias, críticas e comentários às duas mais recentes publicações que li no blog “A Marreta do Azarão”. A mais fresquinha trata do lançamento (é isso mesmo, não é fake news?) do perfume “Jair Bolsonaro” (que mau gosto!).
 
Para quem não sabe, o titular desse blog é o que mais se aproxima do que entendo por “amigo virtual”. Não somos, claro, pois ele já me “cancelou” em seu blog por divergência de pensamento ideológico (vejam vocês!), enquanto eu nunca o excluí - talvez porque a sina dos moderados é tentar entender os radicais. E ele é. Mas tive também o azarão de admirar seus dotes literários, sua ironia e seu sarcasmo.
 
Por isso e só por isso, mesmo não tendo nenhuma simpatia pelo PT, às vezes comento seus libelos inflamados contra o atual presidente (já está no trigésimo) ou faço provocações que o deixam enfurecido. O problema é que às vezes ele erra a mão e sai um PraTo mal cozido ou mal temperado, como o mais recente. E é nessas ocasiões que eu cutuco a vara com onça curta, tentando avacalhar seu raciocínio intoxicado. E foi o que aconteceu com o post do “perfume” a ser lançado.  Transcrevendo o comentário e a réplica:
 
Não consigo deixar de achar graça do ato falho (ou fálico) do perfumista ao dizer "Eu dei tudo de mim". Mas, para mim, a "identidade olfativa" correta seria cheiro de pólvora e de golpe. Sem nenhuma elegância.
 
Vejo que a idade não lhe roubou o olfato, ele continua aguçadíssimo, tanto quanto delirante, afinal, consegue sentir o cheiro de um golpe que não aconteceu e o da pólvora de tiros que nunca foram dados.
Curioso que esse seu faro de sabujo não tenha captado o cheiro de morte e de sangue nas mãos do PT nos casos Celso Daniel, Eduardo Campos, Teori Zavascki e, mais recentemente, Mariele Franco etc, quando votou no "moderado", no mafioso que reocupa o Planalto.
 
O divertido nessa história é perceber que o comentário do Marreta valida uma “lei comportamental” que eu criei e que chamei primeiro de “Lei de Smurf” (para brincar com a sonoridade da “Lei de Murphy” e renomeada depois para “Primeira Lei de Jotabê) e cujo enunciado é este:
 
Se você criticar a atitude de alguém, sempre encontrará quem tente amenizar ou justificar o comportamento da pessoa criticada com fatos e argumentos que nada tem a ver com o objeto da crítica.
 
Eu estava ironizando o perfume do odioso Bozonaro e você vem com acusações ao PT! Mas fique tranquilo, meu caro Marreta, vou dizer o que penso do seu comentário. Os assassinatos de Celso Daniel e de Mariele Franco são duas tragédias nacionais que exigem punição exemplar para os mandantes e os executores. Já supor que os desastres aéreos com o juiz Teori Zavascki e o pré-canditato Eduardo Campos atenderam aos planos de poder do PT é (até agora) viajar em mais uma teoria da conspiração.
 
O que penso e creio disso tudo é que o mundo com seu desfile eterno de putins, trumps, maduros, netanyahus, e todo tipo de  idiotas e tiranos de várias nacionalidades e ideologias é uma miséria. A ambição dos homens é uma miséria, a crueldade dos homens é uma miséria, este país é uma miséria, a espécie humana é uma miséria. E essa miserabilidade sempre acabará transformando a vida dos povos do mundo em tragédia, independente de quem estiver no poder.
 

domingo, 17 de março de 2024

VIAGEM

 
Já vejo meus setenta e quatro anos se aproximando, prontos para substituir ou aniquilar os desgastantes setenta e três, vividos com dor, perplexidade e medo. Espero que a nova idade seja mais gentil comigo.
 
Mas não preciso dela para perceber que o tempo passou. E nem me iludo que ele volte apoiado em plásticas que não farei e em cabelos que não tingirei. Amores passados, amigos falecidos, oportunidades desprezadas, nada disso retornará. Não adianta nem é saudável sentir saudade do que passou.
 
Hoje eu me vejo como se estivesse dentro de um veículo em movimento, um avião, um carro, um metrô. O veículo se move, mas eu estou imóvel dentro dele. Não estático, mas parado, quieto. Ele se move, mas eu não. Para mim o tempo que vivo é o que está dentro do veículo e o nome desse veículo é Presente.

sexta-feira, 15 de março de 2024

SENHA

 
Estou sentado em uma ala do hospital dedicada à ortopedia. Já retirei a senha para atendimento e mantenho os olhos fixos no painel, esperando que meu número seja logo chamado, pois a consulta foi agendada para as 8h e já são 8h07. Não gosto de me atrasar para nada e sou super ansioso. A título de brincadeira, digo que deveria ter nascido prematuro, pois minha ansiedade parece ter surgido antes de mim.
 
Os desconhecidos que também esperam ser chamados sorriem condescendentes. Acordei às 4h, rolei na cama até as 5h, levantei-me, fiz o café e esperei chegar as 6h para ir à padaria comprar o pão nosso de cada manhã. Por isso, a espera para que minha senha surja no painel torna-se um pouco enervante.
 
À minha frente acontece um desfile constante de braços na tipoia, botas ortopédicas, joelhos enfaixados, cadeiras de rodas de vários tipos e tamanhos, pés e pernas engessadas, muletas, bengalas e todo tipo de artefato que minore o sofrimento e desconforto de quem nunca antes tinha precisado desse suporte.
 
Minha senha finalmente é chamada. Apresento a carteira do convênio, assino alguns papeis e espero, espero. Um raio X é pedido, nova senha é tirada e eu espero, espero. Volto ao médico que diz estar tudo bem. pede para já agendar a retirada de pontos “para a próxima semana”. Mais uma senha é emitida e eu espero, espero, espero. A espera é tão longa que muitos desistem de esperar e vão-se embora. Saio do hospital às 11h45. O que imaginava ser apenas uma consulta transformou-se em exercício de resignação e paciência. Gostaria que existisse também uma senha para refazer a vida!

quinta-feira, 14 de março de 2024

FARMÁCIA

Três vezes por dia, duas vezes, uma vez por dia
Em jejum, de manhã, à tarde, ou à noite
Durante sete dias ou em todos os dias
Todos os dias, todos os dias, todos os dias.

Formatos, cores e tamanhos variados 
Pomadas, cremes, cápsulas, pílulas, sprays, ampolas, adesivos
Para dor leve ou moderada, intensa ou neuropática
Náuseas, diabetes, hipertensão, depressão, ansiedade, esofagite
 
Algodão, Allegra, Aradois, Betrat, Colecalciferol
Clorexidina, Deller, Diamicron, Divena, Durogesic, Eliquis
Forxiga, Furosemida, Glifage, Hidratante, Lenço umedecido
Loratadina, Massageol, Metadona, Micropore
 
Milgamma, Miosan, Morfina, Mud, Nesina, Novalgina
 Nutren, Pamelor, Pepsamar, Polaramine, Prednisona
Pregabalina, Qtern, Quetiapina, Restiva, Sanador, Targin
Tramadol, Transtec, Trok G, Tylex e Vonau
 
Fortificantes, vitaminas, complementos, suplementos
Diuréticos, analgésicos, antiinflamatórios, antihistamínicos
Anticonvulsivantes, antialérgicos, antipiréticos, anticoagulante
Anticonstitucionalissimamente. Tirando isso, estamos bem.

terça-feira, 12 de março de 2024

O BESTEIROL VOLTOU!

 
Sabe quantas palavras você precisa conhecer para ser fluente em uma língua estrangeira? De duas mil a três mil. Mas se quiser manter um lero com um escritor, um intelectual, precisa de um vocabulário de até 50.000 palavras.
 
Eu nunca tive essa pretensão, principalmente por tropeçar na minha própria língua. E para passar vergonha no crédito ou no débito é melhor ser monoglota. Estou dizendo isso na esperança que você conheça a fábula da raposa e as uvas.
 
Mas uma situação de que não posso fugir é o fato de estar perdendo vocabulário, justamente aquele adquirido através das leituras que fiz e dos livros que li. Se essa perda continuar a acontecer talvez eu tenha de tomar aulas com minhas netas de cinco e seis anos, que sempre me encantam e surpreendem ao empregar palavras que muitos adultos nem conhecem, como quando uma delas disse para a mãe estar “abismada” com alguma coisa.
 
Ter um bom vocabulário é sinal, portanto de boas leituras e convivência com gente culta e com boa instrução formal. Dito de outra forma, a linguagem que você utiliza é fruto ou influência do meio em que vive.
 
Lá no início do blog eu escrevi um texto brincando com as palavras utilizadas por alguns grupos evangélicos. E disse “brincando” por ter apenas a intenção de fazer rir os “2,3 leitores” do blog. A introdução do post já indicava a motivação: Já notei que os evangélicos da linha neopentecostal apropriam-se de algumas palavras de uso comum e dão a elas uma conotação puramente religiosa. Para acabar com essa mesmice, imaginei uma releitura de algumas palavras “eleitas”. Vê aí:
 
Se alguém se interessar em conhecer esse besteirol o link é este:
https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2014/11/glossario-evangelico.html

Como talvez saibam os cinco ou seis leitores que ainda acessam esta bagaça, fiquei quatro dias confinado dentro de um hospital por conta de uma cirurgia a que minha mulher se submeteu. Nesse meio tempo, já cansado de ler os livros que levei, deixei a mente “devagar” (divagar com lentidão) e pensar besteiras, aproveitando enquanto o cérebro não vira geleia (até já arrumei um apelido para meu cérebro deteriorado: “zéleia”). E aí saíram mais algumas releituras (muito fraquinhas!) de palavras que ouço ou leio nas redes sociais (nestes tempos politicamente corretos preciso deixar claro que não critico a fé de ninguém que as utiliza). Olhaí
 
Apóstolo: Lembra o aviso de um juiz de prova de atletismo ou natação aos competidores – “Todos a póstolos!”
Bispo: Peça de jogo de tabuleiro que só anda na diagonal. Alguns têm comportamentos tão condenáveis que bem mereceriam um xadrez para chamar de seu. Com cadeado pelo lado de fora.
Glória: nome de atriz da TV. Mas também pode ser de cantora: Glória Groove
Livramento: Como todo mundo sabe, é um glorioso município mineiro com população de 43 mil pessoas
Milagres: sobrenome da atriz Gorete, criadora da hilária personagem Filó
Varoa: Imagino que seja a pronúncia lusitana para baroa; batata baroa ou mandioquinha
Varão: Sei não, não curto. Por via das dúvidas vire o varão para outro lado. Eu, heim?
Ungido: Ungido? Eu não sei o que é, só sei que parece com “mugido”. Deve ter alguma coisa em comum, pois tem sempre um pastor “berrante” perto de um mugido (ops, errei, pois o certo é ungido)
 
Pensando bem, talvez tivesse sido melhor continuar sem publicar nada, E, sinceramente, é o que pretendo tentar fazer a partir de agora. 2.820 posts publicados, um tanto excluído, acho que está bom.

 

segunda-feira, 4 de março de 2024

ATÉ O DIA QUE DER

 
Acho que a “aglomerada solidão” em que vivo (usando o verso de Tom Zé) leva-me a querer conversar com alguém que não seja parente. Talvez seja esta a explicação dos posts do Blogson sempre lembrarem uma conversa de doido manso, de quem fala sozinho, com as paredes. Este início já comprova minha suspeita.
 
Não tenho nada para publicar no blog nem sei quando voltarei a publicar alguma coisa, pois esta semana mexerá com minha cabeça e com minha rotina. Precisarei me organizar para arrumar a casa (literalmente) e tomar algumas providências antes de uma cirurgia que está para acontecer (e depois também).

Talvez possa imitar os grandes jornais que ao ter artigos e reportagens censurados durante os governos militares, publicavam receitas de bolo na primeira página. Mas acho que não dará certo, pois já estou meio bolado (jogo de palavras vagabundo!).
 
Gostaria muito que cinco dos seis leitores que ainda acessam este blog em processo acelerado de erosão curtissem as postagens mais antigas do Blogson (o sexto já conhece tudo). As “safras” de 2014 a 2020 são as melhores e mais criativas.
 
Aos que gostam de poesia eu sugiro que acessem o marcador Literatices – versos. Se quiserem rir um pouco (pode ser de pena de mim) sugiro os marcadores Sem noção, Diálogos de spamtar e Produção terceirizada (onde encontrarão mais de dez posts dedicados ao genial Millôr Fernandes).
 
Se quiserem conhecer um pouco da minha história e de meus amigos e parentes o marcador Memória é porto seguro para isso.
 
E se quiserem conhecer minhas experiências com humor gráfico é só acessar o marcador Eu não sei desenhar (
uma das minhas HQs prediletas é Fiat Lux!", uma releitura que fiz da lenda bíblica de Adão e Eva).
 
Então é isso. Até qualquer dia, até o dia que der. See you later, aligator!

ME CANSEI DE LERO LERO

  Cansei. Literalmente, cansei. Ao ser criado, o Blogson era um refúgio alegre, bem-humorado e despreocupado, onde eu desovava meu humor de ...