domingo, 21 de abril de 2024

FAZENDO ECO

 
É fato notório que os mais velhos reclamem e critiquem os mais novos por seu comportamento livre e aparentemente transgressor com comentários do tipo “No meu tempo...” ou “Quando eu tinha a sua idade...”. Esta é a essência do chamado “choque de gerações”, pois os idosos ficam chocados com a alegria e descontração da meninada (piada ruim!).
 
Mas hoje – e posso estar errado ao dizer isso -, graças a programas populares exibidos nos canais abertos de TV e “reality shows” tipo Big Brother eu percebo e lamento o que me parece ser um empobrecimento cultural e comportamental da maioria da população.
 
Hoje, parece que a sociedade está sendo gradualmente moldada pela vulgaridade, pela boçalidade e por todas as suas manifestações correlatas. Aparentemente valoriza-se mais a ignorância, a falta de cultura e de educação. O culto ao bruto, ao rude, ao grosseiro, ao inculto e ao ignorante parece definir o perfil predominante da juventude atual.
 
Talvez a explicação para esse fenômeno esteja nestas palavras do escritor Humberto Eco: 
“I social media danno diritto di parola a legioni di imbecilli che prima parlavano solo al bar dopo un bicchiere di vino, senza danneggiare la collettività. Venivano subito messi a tacere, mentre ora hanno lo stesso diritto di parola di un Premio Nobel. È l’invasione degli imbecilli”.(deu trabalho encontrar o original, transcrito aqui só pela beleza das palavras em italiano).
  
Traduzindo, 
“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”
 
Mesmo fazendo eco ao que disse o escritor italiano (piada ruim!), fico me perguntando se esse não terá sido sempre o comportamento da maioria da população em qualquer época, se esses traços não estiveram presentes de maneira recorrente ao longo da história da civilização. Qual a sua opinião, robô?

 

2 comentários:

  1. Eco e você estão certos. A internet deu voz aos imbecil, aos boçais. E, sim, a maioria da população sempre foi assim, pura ralé. Mas, atendendo sabe-se lá a que fins escusos (nenhuma falência moral dessas ocorre naturalmente), hoje ela é valorizada e incentivada, glamourizada.
    Você ainda tem a opção de mudar se canal ou desligar a TV e abster -se dessa ruína moral. Eu não tenho. Vivo no meio dela.

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    1. Um dia eu vi um filme que me fez pensar nas antigas lutas de gladiadores, nas atraçõesoferecidas no Coliseu Romano. Chamava-se "A noite dos desesperados" (They shoot horses, don't they?"), um filme sombrio, denso, angustiante e de final trágico. Hoje eu vejo os reality Shows com suas provas humilhantes e me lembro desse filme. A diferença é que eu não consigo mudar de canal e, menos ainda, desligar a TV. Infelizmente a necessidade de pão e circo parecem fazer parte de nosso DNA, desde que o mundo é mundo.

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