quarta-feira, 30 de março de 2016

O GRITO DA TORCIDA

Moro perto de dois caras fanáticos por futebol. Não sei quem são, apenas os escuto. Um deles é cruzeirense e o outro torce pelo Atlético Mineiro. Já percebi que gostam de gritar seus gritos de guerra nos dias em que seus times jogam. O cruzeirense entoa seu -"Zêêrô!" e o atleticano esgoela o manjado -"Gaaalô!

O que me deixa meio espantado é que isso acontece mesmo que os jogos nem tenham começado ainda ou mesmo que seus times estejam perdendo ou já tenham perdido. Parece uma coisa meio catártica, só para aliviar a tensão. Para mim, isso sugere também a troca de uma ideia, sentimento ou afinidade por um símbolo, tornando essa verbalização uma coisa automática, emocional, pouco racional.


Hoje eu estava assistido no canal Globo News as falas (ou depoimentos ou o que quer que seja) do jurista Miguel Reale Júnior e da advogada Janaína Paschoal perante a comissão especial que analisa o pedido de afastamento da Dilma assinado por eles. Fiquei impressionado com a fluência e embasamento legal das considerações feitas pelos dois, pela defesa super articulada e bem feita do impeachment. Falam tão bem que se estivessem em um tribunal de júri comoveriam até o criminoso que estivessem tentando condenar.

Pois bem, lá pelas tantas, um deputado petista ironiza alguma coisa dita pela advogada e exclama o mantra - "não vai ter golpe!", como se tivesse acionado o modo automático de manifestação e pouco se lixando para a citação dos artigos e leis que deixam clara a inexistência de um golpe no pedido de impeachment.

Foi aí que eu me dei conta da semelhança entre essa frase e o grito de guerra de uma torcida de futebol. Não importa se o "time" está jogando bem ou mal, se está na primeira ou oitava divisão nem se corre o risco de ser rebaixado ou eliminado da "competição". De repente, assim do nada, o "torcedor" fanático e alienado tem um espasmo e lança no ar seu grito automático de amor e devoção. Sinceramente, não consigo entender esse "fogo da paixão" standard e fora de qualquer contexto mais lógico.

DEMORÔ!

- Cara, eu não aguento ver petista chamando quem é contra a Dilma de "coxinha"!

-Coxinha?

- É, pô. Vai dizer que não sabe o que é...

- Claro que sei! É a prima da empada, vizinha do quibe e tia do risole.

- Não é disso que eu estou falando, idiota!

- Eu sei, jumento, só estou brincando.

- Normal. É que eu fiquei puto quando eu ouvi a gravação do Lulinha conversando com um tal de Maradona e escutei a referência aos "coxinhas".

- Eu sempre achei o Maradona um babaca.

- Não é o argentino não, mané!

-Ah, bom!

- Mas foi aí que eu percebi uma coisa: se o pessoal do PT - que fez tanta merda depois de assumir o governo - odeia os coxinhas, então eles, os coxinhas, devem ser gente boa. 

- Se for por isso, eu sou coxinha!

- Eu também! Até pensei em propor a criação de um troféu "Coxinha de Ouro".

- Não vai rolar. Já fizeram um troféu para premiar a melhor prima da empada, vizinha do ...

- Nem precisa repetir essa piada horrível. Mas seria bacana criar um troféu com esse nome para homenagear toda pessoa pública íntegra, honesta e que se destacasse na defesa disso.

- Cara, você até me fez chorar agora!

- Isso deve ser conjuntivite, animal.

- E quem você imagina que seria o primeiro homenageado? O Sérgio Moro?

- Claro que poderia ser, mas acho que ele ficaria melhor ainda como patrono. Só seria preciso criar tipo uma ONG para cuidar disso. 

- Bacana! Nesse caso, já tenho até um nome legal para essa ONG: "DEMORÔ"

Eu sabia que vinha merda!

segunda-feira, 28 de março de 2016

KARATÊ

- Já pensou se houvesse um campeonato de artes marciais patrocinado ou promovido pelo PT?

- Não, nunca pensei, e daí?

- Daí que seria o maior porre, pois todas as lutas terminariam empatadas!

- Você bebeu, cheirou ou fumou alguma coisa antes de falar esta maluquice?

- Tá me estranhando, brother?

- É que eu sei que você vai falar merda. Como sempre, aliás.

- Ah, é? Escuta só: imagino que antes de cada luta todo mundo ficaria gritando – “NÃO VAI TER GOLPÊ! NÃO VAI TER GOLPÊ!” Aí todas as lutas terminariam empatadas, sacou?

- Você se superou desta vez! Esta é a pior piada de todos os tempos!!!!!

PARALY

Que bom que é (e foi)

Sentir-me amado por você

Pois sempre foi (e é)

Muito fácil te amar

E te amar e te amar e...

domingo, 27 de março de 2016

COMENTANDO AS PENÚLTIMAS - 22

Há mais ou menos uma semana, precisei passar perto da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e pude ver três faixas "contra o golpe", colocadas próximas ao prédio, que diziam mais ou menos assim:

Pela manutenção do FIES e PROUNI
# NÃO VAI TER GOLPE!

Pela manutenção do Bolsa-Família
# NÃO VAI TER GOLPE!

Pela manutenção do MINHA CASA MINHA VIDA
# NÃO VAI TER GOLPE!

De cara (usando uma linguagem que o Pedalinho entenderia), pensei o que tem o cu a ver com as calças. Numa boa, eu sempre me impressiono com o estilo raivoso, alarmista e ameaçador (para não dizer tipo "nazista") da propaganda do PT, sempre leviana, parcial e tendenciosa, sempre na base do “nós contra eles”. Basta lembrar o que rolou nas últimas eleições presidenciais.

Sinceramente, fico ofendido com a má-fé dessa mistura. Quem protesta contra o Lula e a Dilma está automaticamente contra esses programas? Só idiotas pensam assim. Até porque os protestos que pedem o impeachment ou renúncia da Dilma acontecem por conta das pedaladas e outros tipos de burradas cometidas em seu (des)governo. E claro, são também motivados pelas maracutaias do Lula e contra a corrupção patrocinada e/ ou abençoada pelo PT. Ninguém está pedindo a extinção de programas sociais! Aliás, só para lembrar, o FIES foi criado no governo do FHC.

Por outro lado, desconfio de passeatas a favor do governo em que os participantes são levados de ônibus especialmente fretados para isso, como aconteceu nas recentes manifestações pró-Dilma, com direito a ajuda de custo e sanduíches, etc. “Vida de gado, povo marcado, povo feliz”? Porra nenhuma!

Quando os petistas e assemelhados zurram que “não vai ter golpe!, fico pensando que são eles que estão tentando dar golpe, um golpe tipo "joão-sem-braço". Ou "luiz-sem-dedo

JOTABÊ & SONS

Quando tinha uns sete ou oito anos, meu cunhado mais novo sumiu por uma hora, pouco mais, pouco menos. Minha sogra, mãe de nove filhos, provavelmente se tocou do sumiço do caçula só pouco antes de ele reaparecer. Tardiamente preocupada (assim imagino), perguntou onde ele tinha ido ou estado. Com a tranquilidade despreocupada das crianças, respondeu que estava em cima do telhado ou coisa parecida. Perguntado sobre o motivo, esclareceu:

- Eu estava conversando comigo mesmo.

Lembrei-me disso depois de concluir mais um post da seção "Diálogos de Spamtar", ao constatar (mais uma vez) que texto do Blogson é sempre uma conversa comigo mesmo. Nada de errado nisso, pois cada vez mais tenho a certeza de ser egocêntrico e voltado basicamente para mim mesmo. Mesmo assim, imagino que ao tornar públicas as minhas inquietações, idiotices, crenças, rabugices e preconceitos estou falando de sentimentos que a maioria das pessoas normalmente tem mas busca ocultar ou não deixar à mostra

Ou seja, estaria sendo "universal", no sentido de ser igual a todo mundo; ou ainda, estaria de alguma forma criando algum tipo de sintonia com os escassos leitores desta bagaça. Essa associação de ideias surgiu depois de perceber que os personagens ocultos que sempre aparecem nos diálogos que crio são espelhados em mim e em meus filhos.

Ao contrário do pai, meus filhos são ponderados, centrados e equilibrados (acho que puxaram minha mulher). Mesmo sendo super bem-humorados e muito engraçados, são um pouco severos e até impacientes quando começo a falar muita asneira ou a exercer minha faceta politicamente incorreta da forma mais radical possível. Um deles gosta de dizer que "menino criado em casa de vó é problema". Outro já diz, batendo a mão no meu ombro: - "Menos, menos"!

Foi isso que percebi depois de me lembrar que em quase todos os diálogos que crio um dos participantes é mais sério, ponderado e impaciente com a falta de bom senso ou alheamento do amigo, que é sempre idiotizado ou descompensado. Assim, os diálogos seriam uma versão caricata dos ótimos papos que sempre tenho com nossos filhos. Nem preciso dizer quem é o sem noção nesta história, não é?

sábado, 26 de março de 2016

MANTRA


Quando os fatos mudam, eu mudo de opinião. E o senhor, o que faz?” 

Ao ler esta frase, atribuída a John Maynard Keynes, economista britânico, pensei na hora em mim mesmo e em alguns petistas que conheço pessoalmente.

Sempre votei no Aécio Neves e continuaria sempre votando, por entender que ele e o PSDB têm uma posição política não extremada (que os críticos chamariam de “ficar em cima do muro”) que me agrada mais, pois abomino todo tipo de extremismo, de fundamentalismo, seja ele de direita, de esquerda, religioso ou de qualquer outro tipo.

Entretanto, com a delação do senador Delcídio, estou sendo obrigado a rever e cancelar ou suspender sine die meu apoio irrestrito ao senador tucano, até que tudo fique esclarecido e julgado. Paciência. Se os fatos mudaram, eu preciso mudar de opinião.

Só não consigo entender o comportamento dos que nunca mudam, daqueles que apoiam, defendem e endeusam pessoas que os fatos já indicaram serem bem menos nobres, honestas e impolutas do que tentaram e tentam parecer ser. Ninguém muda de opinião, ninguém revê suas crenças. E olha que eu só estava pensando nos já condenados do Mensalão e Petrolão, heim?

Para mim, as mesmas pessoas que se recusam a rever suas crenças equivocadas enquanto gritam histericamente o slogan “não vai ter golpe” - como se houvesse mesmo um golpe que afrontasse a Constituição em andamento! - lembram os fanáticos que ficam eternamente recitando um mantra hipnótico e hipnotizante, o mantra - neste caso - dos idiotas, dos levianos, dos inocentes e dos insensatos.

sexta-feira, 25 de março de 2016

VOCÊ É AUTORAL?

Repetindo o título deste post (só para encher linguiça): você é autoral? Essa pergunta surgiu na minha mente depois de alguém comentar que estava meio sem inspiração, não conseguindo escrever coisas autorais, etc. Fiquei pensando neste "Almanaque do Biotônico Fontoura" que é o Blogson. Tirando os textos e desenhos primorosos, elegantes, inteligentes e engraçados da seção "Reverência", todos eles produzidos por craques do desenho e do texto, tirando esses, repito (tem gente que não entende períodos longos), todo o resto é autoral.

Cada idiotice, cada piada sem graça, cada imagem associada a alguma coisa que escrevi está "autografada", "rubricada" por mim. Toda sílaba, todo uso inadequado de vírgulas e outros sinais gráficos, todos os vícios de linguagem e falta explícita de senso de ridículo têm meu DNA.

Literatos, poetas, jornalistas e críticos literários são necessariamente autorais. O mesmo se aplica aos blogueiros que registram seus pensamentos, não importando se o que publicam são frutos de uma criação intelectual mais elaborada, o registro de uma angústia, um espasmo de irritação ou um comentário sobre o atual momento. Para mim, tudo isso é autoral. 

E, quer saber? Este post mesmo, ainda que seja uma bosta e cheio de platitudes (só para ficar chique), é autoral. Mesmo que eu nem saiba como terminá-lo. Talvez se eu... 

CURIOSIDADES GASTRONÔMICAS



Outro dia, ouvi de uma comentarista de televisão referências ao antagonismo entre "coxinhas" e "mortadelas". Achei tão boa a expressão que logo imaginei uma tira de quadrinhos que tivesse como personagens um "Coxinha" e seu amigo mal-humorado "Mortadela". Algo assim como "Tom e Jerry" ou "o Gordo e o Magro". Se o espírito politicamente correto não baixar, talvez possam ser feitas boas histórias com isso. Estava nessa viagem quando me lembrei de minha juventude.

Quando eu era adolescente e tinha a sorte de ser convidado a alguma festinha de aniversário ou hora-dançante em casa de família, era comum ver um salgadinho ou tira-gosto, conhecido por "sacanagem". Como era exponencialmente mais bobo que hoje, ficava meio sem graça e constrangido quando alguma menina passava com a bandeja e perguntava se eu queria uma sacanagem

Pois bem, não sei como é no resto do país, mas esse salgadinho (ou tira-gosto) das festinhas de minha juventude era feito com uma tira de pimentão ou cenoura cozida, enrolada em uma fatia de mortadela, tudo preso com um palito e mergulhado em uma "solução" de vinagre, se não me engano (essa combinação tinha um sabor meio ácido), até o momento de servir.

"Harmonizando" tudo isso em minha mente, fiquei pensando na predestinação daquele "arranjo" preso no palito: naquela época como agora, mortadelas sempre foram utilizadas para quem quer fazer uma boa sacanagem!


O Ó TEM SOM DE U?


O Ó TEM SOM DE U?
Fiquei sabendo que as crianças alemãs só começam a estudar inglês depois de alfabetizadas. Antes disso, não. Deve ser pelo mesmo motivo que no Brasil (nas escolas públicas, pelo menos) só se ensina "the book is on the table" a partir da 5ª série.


FRANKENSTEIN
Às vezes acho que sou meio "pobemático", como dizia um retardado que existia por aqui, se não me engano. Por conta de alguma notícia revoltante, resolvo registrar meu pensamento sobre o assunto. Começo enfurecido, mas não resisto e acabo fazendo alguma piadinha imbecil. Aí fica uma coisa meio Frankenstein (acho que meu cérebro deve ser assim também. Como disse o Gil: "uma metade cheia, uma metade vazia, uma metade tristeza, uma metade alegria"). Vai ver, eu sou bipolar (metade Polo Norte, metade Polo Sul).


VENTO A FAVOR
Quando duas ou mais pessoas geniosas, antagônicas e beligerantes se dispõem a fazer alguma atividade juntas, até o chamado vento a favor sopra contra.


RATINHOOO!!!
De vez em quando eu vejo alguma bobagem ser completada pela expressão “da laje” (“concurso da garota da laje”, por exemplo). Pensando nisso, fiz uma associação meio louca com as emissoras de TV de sinal aberto. E deu nisso: a Globo seria a TV da capital; a Record seria a TV do interior, que almeja ser como a da capital. A Band poderia ser a TV da região metropolitana, sem outra pretensão que não seja a sobrevivência. Pelo nível de vulgaridade, mau gosto e apelação de alguns programas ("Ratinhooo!!!"), o SBT seria a TV “da laje".

Ah, quase ia me esquecendo da Rede TV! Bom, essa poderia ser a TV Balcão dos canais de sinal aberto.



ORAÇÃO

Meu Senhor e meu Deus, Vós sabeis que sou pecador, que sempre pequei contra Vós e Vossos mandamentos. Ainda assim, apesar disso, enchestes minha vida de bênçãos e de graças, mesmo que nunca as tenha merecido. E se isso aconteceu, acredito que Vós fostes tocado pelas orações e bons pensamentos das pessoas que me amam e que me amaram, que gostam de mim e que gostaram. Por isso, Senhor, é para essas pessoas que eu peço Vossa benção mais carinhosa e Vossa proteção mais profunda.

Peço, Senhor, Vossa benção para todas as pessoas falecidas a quem amei ou tive a honra e a alegria de conhecer: meus pais, meus avós, tios e primos; meu sogro e seus parentes, amigos, colegas e demais pessoas com quem convivi. Que todos possam estar junto a Vós, iluminados pela luz que emana de Vossa sagrada face.

Peço, Senhor, Vossa benção e Vossa proteção para toda a minha família: minha sogra, meus irmãos, sobrinhos, cunhados e cunhadas, concunhado e concunhadas. Mas especialmente peço, Senhor, Vossa benção e Vossa proteção mais amorosa para minha mulher, para nossos filhos e suas amadas - nossas filhas do coração, para que nunca mal algum lhes aconteça, para que nunca passem por privações de espécie alguma, para que nunca venham a sofrer de doença grave ou fatal nem sequelas graves de doenças já existentes.

Peço-Vos ainda, Senhor, para que nunca sejam atingidos por qualquer das formas de violência que se encontram nos dias de hoje. Especialmente, peço Vossa bênção e proteção para aqueles cuja profissão é justamente o combate à criminalidade.

Finalmente, Senhor, peço-Vos para que jamais se envolvam ou sejam envolvidos em acidentes de qualquer natureza, para que sempre possam ir e retornar íntegros, alegres e felizes, para sempre possamos revê-los e abraçá-los e dizer-lhes o quanto os amamos, o quanto são importantes para nós.

Abençoai-nos, Senhor Deus, perdoai os nossos pecados e não nos abandoneis. Amém.

quarta-feira, 23 de março de 2016

COMENTANDO AS RECENTES - 08

Se existe uma coisa que eu admiro é a sem-cerimônia com que os petistas e assemelhados se apoderam de palavras de uso irrestrito e sem contraindicação, usando-as como se só pudessem ser aplicadas às suas ideias. "Democracia", por exemplo. 

É ridículo ouvir o pessoal do PC do B e demais coleguinhas falar em democracia! E têm falado muito ultimamente. Será que temos o mesmo entendimento de seu significado? Para mim, a resposta é "não". Quem, como os petistas, já tentou limitar e cercear a liberdade de imprensa, não poderia jamais usar essa palavra. O mesmo ocorre coma palavra "golpe". Cara, estou de saco cheio de ouvir essa merda! Se todas as instâncias jurídicas estão funcionando (apesar do "jus esperneandi" dos petistas), que maluquice demagógica, enganosa e cheia de má fé essa de chamar de "golpe" um procedimento previsto na Constituição!

Mas há uma coisa em que eu concordo em parte com os vermelhinhos. Hoje eu ouvi uma gravação de algum comício em que alguém esbravejava essa pérola de equilíbrio e serenidade:
- "Eu odeio a burguesia!"
Fiquei pensando a qual classe social os deputados, senadores, ministros e presidentes pertencem. Trabalhadores, proletariado? Com as mordomias e a baba de dinheiro que ganham? Meio estranho.
Burguesia? Nesse caso, deveriam estar sendo odiados por todos os "mortadelas". Sobrou então a aristocracia. E devem mesmo pertencer a ela, pois têm até "rei"! 

Para falar a verdade, mesmo que me considere pertencente à burguesia, tenho também algumas restrições a essa classe (embora não chegue a odiá-la). E o motivo é simples: o que eu queria mesmo é fazer parte da aristocracia! 

Porque, como disse o filósofo Joãozinho Trinta, "pobre gosta é de luxo, quem gosta de miséria é intelectual". Talvez assim eu conseguisse ser amigo do Marcelinho Odebrecht e até do rei (o "B" de JB não é de "bobo"). 

SELFIE SERVICE DE MIM MESMO

Impressiona-me a força da internet! Bastou divulgar uma foto minha um pouco desfocada (só um pouquinho) para cem mil leitores desta bagaça reclamarem. Tudo bem que são cem mil elevados a zero, mas isso é só um pequeno detalhe, pois cem mil sempre são cem mil. Se a Datafolha pesquisasse blogs, tenho certeza que confirmaria um número assim, como direi?, tão exponencial.

Para atender essa multidão, resolvi fazer um strip tease de mim mesmo. Mas já adianto que não pretendo mostrar a bunda. Aliás, isso me fez lembrar de um caso. Estava um político tentando tirar um fiapo de frango agarrado nos dentes. Para isso, ficava chupando os dentes, fazendo aqueles barulhos que todo mundo faz quando ninguém está vendo: -  sssshhhhh, tsk, tsk, xxsshh. Aí entra no gabinete um aspone. O político, meio sem graça, explica:
- É frango...
- Por que o senhor não usa fio dental?
- Ahn? Ah, sei não, minha bunda não é tão bonita assim...

Então, voltando, à reclamação, resolvi debruçar-me sobre o assunto (assunto é o apelido que dei ao teclado do computador onde às vezes bato a testa durante alguma cochilada). E creio ter chegado a uma solução lúdico-nutricional que atenderá às massas (e também às frituras): vou oferecer aos leitores do Blogson um selfie service de mim mesmo

- "Mas, como?", dirão encantados os mais afoitos. Eu serei obrigado a responder educadamente:
- Come porra nenhuma, pois eu sou é espada!
Ou então, como dizia meu finado amigo Pintão (buscando na mitologia grega a inspiração):
- Meus calcanhares estão bem defendidos!

Continuemos. Para cumprir essa missão, resolvi fazer uma lista das características que realçam minha beleza helênica:
- Orelhas grandes (cada vez maiores, por conta da idade provecta) e ligeiramente desniveladas;
- queixinho esquisito, na definição de meu cunhado (sem queixo, mas longe de um Noel Rosa);
- boca pequena e lábios quase inexistentes (adequados para falar pouco);
- nariz grande e meio torto (mas muito sessual);
- testa imensa devida ao avanço da calvície (não há motivo para me preocupar com isso, pois a calvície nunca vai pra frente, só pra trás);
- cabeça própria dos muito inteligentes (cabeção, entendeu?);
- bolsas imensas sob os olhos (charme puro);
- olhar arregalado de doido, segundo meus filhos (não consegui entender).

Pronto! Criado o perfil, faltava encontrar um livro de rostos, ou melhor, um "face book" que atendesse à maioria desses quesitos, o que foi relativamente fácil (duro foi encontrar as imagens). Já me disseram que eu lembrava o Gene Wilder, mas sem os olhos azuis.

Teve alguém que me comparou a um ator que fez o filme "FX - Assassinato sem morte". Claro, depois de um atropelamento e de terem extraído seus olhos (também azuis).

O personagem Mister Bean foi a escolha óbvia para os olhos arregalados e, para encerrar, um ex-político mineiro cujo nome é João Pinto Ribeiro. Esse Pinto não significa que somos parentes (não somos), pois metade da população tem pinto.

E aí foi só montar o self service lúdico, para cada um criar o rosto que imagina parecer mais com o verdadeiro (Jotabê é marqueteiro por natureza, mas só tem conta no armazém da esquina).

Olhaí algumas das combinações possíveis. A primeira das quatro últimas imagens (à esquerda) é uma combinação das características dos três "sósias", mais o olhar do Mr. Bean ( e não aceito reclamações, pois deu um trabalhão do cacete):



terça-feira, 22 de março de 2016

SELFIE DE MIM MESMO

Outro dia, depois de postar algumas fotos de família, alguém perguntou quem era eu em um dos retratos. Como essa fotografia foi tirada antes de 1918, fiquei sem saber o que responder.

Por conhecer um sujeito que é fotógrafo lambe-lambe (só no horário de trabalho) aposentado, resolvi pedir emprestado seu equipamento para tirar uma selfie de mim mesmo. Dito e feito.

Meu conhecido tem um equipamento moderno, uma câmera tipo caixote, que é instalada em um tripé de madeira. Tem também um pano para cobrir a cabeça (imagino que o motivo é o fato de ser ele um cara retraído e tímido).

Por ser a primeira vez, acho que não acertei bem o foco do aparelho e a fotografia não me pegou direito. Mesmo assim, resolvi postar a foto. Pode não ser uma selfie muito boa, mas é uma boa céufie. Vê aí.



domingo, 20 de março de 2016

ERA UMA CASA MUITO ENGRAÇADA

Outro dia, ouvindo o Ricardo Boechat no rádio do carro, escutei um caso bem engraçado. Segundo ele, o Chico Buarque teria sugerido à Dilma ou ao Lula a criação ou nomeação de um “Ministro do Vai dar Merda”, Esse "ministro" seria uma espécie de “Grilo Falante” palaciano, ao alertar o/a presidente em situações especiais, tipo:

- “É melhor não fazer ‘isso assim assim’ pois vai dar merda!” ou
- “É melhor providenciar logo ‘aquilo assim assado’ ou vai dar merda!”


Com a nomeação do Lula para a Casa Civil, fiquei pensando em um diálogo parecido, que pode ter acontecido:
- “É melhor colocar o Lula na Casa Civil para manter o Moro longe dele.”
- “É, mas se der Lula na Casa Civil ‘os coxinha vai protestar’”.


Foi aí que eu percebi a “parecença” das duas expressões. E achei bacana, pois o ex-presidente, tão preocupado com sua biografia, seu legado, poderia ficar definitivamente na boca do povo, lembrado a todo instante, por qualquer classe social. Olha só:

- “Minino! Não faz isso não pois vai dar lula”. Ou então
- “Estou te falando: isso ainda vai dar lula”....



sábado, 19 de março de 2016

COMENTANDO AS RECENTES - 07

Essa notícia do Portal R7 é tão bizarra que até me inibe, pois não consigo pensar nada mais engraçado que isso. Sibá...

(Depois de ler a notícia do R7, dê uma olhadinha nesse link. Você rirá mais ainda.
http://www.publikador.com/politica/frederico-yamada/motivos-para-voce-nao-se-esquecer-de-siba-machado)

  


sexta-feira, 18 de março de 2016

ESPERANDO SENTADO

Como sabem os 2,3 malucos (ou ma.lu.cos) que o acessam de vez em quando, este é um blog de inutilidade pública. Pensando bem, dizer "pública" é querer ofender a inteligência dos leitores, pois não há nada mais "criptografado", mais invisível que o Blogson. Ampliando um pouco mais a definição, diria que sua "inutilidade" é total e absoluta.

Pois bem, tenho pensado que este blog é muito fragmentado e inconstante, feito de "pedaços" mal costurados, uma coisa assim meio Frankenstein. Os estados de espírito alternam-se demais, criando talvez uma estranheza em quem o acesse. Mas, antes de continuar nessa linha, preciso voltar um pouco no tempo.

Já comentei neste blog que meu pai gostava de escrever, o que fazia “catando milho” com os dedos indicadores em uma máquina de escrever Remington comprada em um leilão. Aparentemente, ele tinha a mesma necessidade que eu. Ou, para adotar a ordem correta, acredito que tenho a mesma necessidade que ele tinha, a necessidade de aprovação, de demonstrar uma cultura que talvez nem fosse tão extensa assim (no meu caso, pelo menos). Não importa.

O fato é que depois de escrever seus textos, primeiro os submetia à minha apreciação. Acredito que meu irmão também era exposto a essa tortura. Parece maldade e sacanagem falar dessa forma sobre meu pai e sua produção literária, mas é assim mesmo que eu me sentia. E o motivo é simples.

Ele trabalhava como químico em uma fábrica de cimento situada em cidade próxima a Beagá. Tinha boa fluência e os textos que escrevia eram descrições detalhadas sobre a fabricação de cimento e sobre seus componentes. Algum problema nisso? Nenhum, não fosse o fato de inserir nesse material puramente técnico, comentários irônicos sobre personagens e acontecimentos históricos de alguma forma relacionados a uma das matérias primas usadas, o calcário. E tome comentários sobre fósseis, Dr. Lund, Gruta da Lapinha, Cleópatra e sei lá mais o que.

Eu achava um saco a parte técnica e me divertia com as ironias, mas é indiscutível que se essa mistura era terrivelmente indigesta para mim, provavelmente também o era para as pessoas que desejava impressionar - os diretores da fábrica onde trabalhava. Chego mesmo a pensar que isso pode ter servido para queimar seu filme com a direção da empresa.

Eu herdei esse mesmo vício, pois até nos textos mais sérios que escrevo não deixo de inserir piadinhas(?). Além disso, o velho Blogson é uma autêntica colcha de retalhos, pois mistura "remendos" de estilos variados, de acordo com meu esgarçamento emocional do momento. A meu favor existe o fato de que estou aposentado e, mesmo desejando ardentemente, não preciso causar boa impressão a ninguém nem dependo do blog para sobreviver financeiramente.

Mesmo assim, depois de quase dois anos de existência e mais de seiscentos textos e desenhos produzidos (sessenta ainda inéditos), cada vez mais me convenço de que essa não é a melhor forma de buscar leitores para meu “lixo acidental”, pois quem curte humor navega na web em busca de sites e blogs que surfam nesse mar. E quem gosta de, por exemplo, literatura, provavelmente achará um porre um blog cheio de piadinhas e desenhos amadorísticos.

Acredito que o foco bem definido em determinado tipo de assunto poderia explicar o sucesso de alguns sites e blogs que acompanho (além da qualidade que têm, claro). Exemplificando: o Kibe Loco é dedicado exclusivamente ao humor; No Um Sábado Qualquer, a praia são as tirinhas (excelentes) de humor; no Mixidão o negócio são as receitas culinárias magnificamente desenhadas e explicadas. E vai por aí afora.

Quando os blogs têm enfoque ou visão generalista (e o Blogson é um desses), a coisa se complica ou se embaralha. E se os donos ainda não são ociólogos (aposentados) como eu, correm (essa é minha opinião) o risco de detonar a própria imagem profissional, ao alternar posts sérios e bem transados com textos e imagens que ficariam melhor aninhados em conversas com amigos, na mesa de um bar. 

Já li que algumas empresas acessam o Facebook para avaliar o perfil de um candidato a emprego, só para sacar qual é a dele fora do ambiente profissional. Se isso for verdade, mais complicado ainda será se o sujeito for dono de blog. Basta ver o meu caso: tenho quase certeza de já ter causado constrangimentos e vergonha em algum parente mais próximo, por conta de algum post particularmente tosco e vulgar publicado no Blogson. Imagine-se então o efeito daninho que essas barbaridades provocariam no meu currículo, se eu ainda estivesse na batalha.  

Certamente existem autores que conseguiram resolver esse conflito entre seriedade e esculhambação; um deles é o jornalista carioca Sérgio Porto (de quem nunca li nada) e seu alter ego Stanislaw Ponte Preta (de quem li alguns livros). Com a persona de Stanislaw, é considerado o patrono e inspirador do jornal O Pasquim. Nesse caso, curiosamente, a criatura acabou ficando mais conhecida que seu criador.

Matutando sobre essa tralha toda, tenho pensado em segmentar minha criação literária(?). Para isso, imaginei criar mais um blog, para o qual transferiria os desenhos, diálogos idiotas e posts sem noção. Deixaria no velho Blogson só os textos mais sérios e reflexivos. Até cheguei a criar esse novo endereço, ao qual dei o “criativo” título de “Espaço Jotabê”. Entretanto, depois de descobrir que existem vários jotabês na web, excluí o blog ainda virgem de posts.

Por conta desta nova maluquice, gostaria muito que os 1,3 leitores (o outro está de férias), especialmente aqueles que são donos de blog, opinassem sobre essa ideia.

E então, quem vai encarar esta provação, ou melhor, esta provocação?

Quem se animar a responder e quiser comentar alguma coisa, criticar e até ofender, fique à vontade. Aliás, eu vou gostar demais. Mas se quiser que o comentário não seja publicado, é só falar. Dependendo das respostas e comentários o Blogson ficará como está ou passará por um processo de "meiose"(?).

Cartas urgentes para a redação! (mas acho melhor esperar sentado)

TAMO JUNTO!

Essa piada não é minha, é de um dos meus filhos. Mas, como é um “produto” autenticamente “Jotabê” (prova de que o mal pode ser transmitido geneticamente), resolvi divulgar, pois é mais um motivo para um falar para o outro: -"Tamo junto!"

“A Dilma foi questionada pelas pedaladas e o Lula pelo pedalinhos”. Issa!

ORA QUE MELHORA

Dia desses, fuçando a internet atrás de assunto para o velho Blogson, fiz ao Google a seguinte pergunta: "o que é religião?" Entre quinze milhões de opções identificadas, escolhi dois trechos e grifei algumas partes que achei mais significativas:

"Religião é uma , uma devoção a tudo que é considerado sagrado. É um culto que aproxima o homem das entidades a quem são atribuídas poderes sobrenaturais. É uma crença em que as pessoas buscam a satisfação nas práticas religiosas ou na fé, para superar o sofrimento e alcançar a felicidade".

"Religião é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais. 

Matutando sobre isso, comecei a ficar desconfiado de que o petismo é uma  forma de religião. E que o lulismo é sua vertente fundamentalista. Imagino que alguém já pensou ou falou isso antes, mas como só agora caiu essa ficha, faço o convite para acompanhar o raciocínio (capenga) - sigam-me me os bons! 

Acompanhando as reações apaixonadas, barulhentas e entusiasmadas dos últimos dias, observei um detalhe intrigante: quem protesta contra a Dilma e contra o Lula (a maioria da população) repudia, na verdade, a corrupção e a roubalheira observadas e ocorridas nos principais níveis hierárquicos dos governos petistas. Como um cartaz extremamente feliz definiu: "não temos bandido de estimação".

Já quem se manifesta a favor da Dilma e, principalmente, do Lula, não está nem aí se houve corrupção já arqui-provada, tentativas de melar a Lava Jato, nem se o motivo da nomeação do Triplex serve apenas para livrá-lo das garras do juiz Moro. Estão pouco se lixando se o Pedalinho mentiu e escarneceu de políticos e da justiça. Para esses manifestantes (a minoria, felizmente), a única coisa que importa mesmo é o Lula, a defesa do Lula, a "blindagem" desse infeliz, independente de todas as evidências já coletadas contra ele e pouco importando se ele é sitiante em Atibaia ou dono de apartamento com elevador privativo.

Por tudo isso é que eu acredito que o lulismo é uma religião, pois uma religião fundamenta-se em crença, em fé, independente de evidências reais indicarem que o deificado pode ser apenas um mito ou um engano.

E o Lulex (mistura de Lula com Triplex), o santo dos santos, o “mais honesto” é exatamente isso: sagrado para os petistas, “imexível”, exatamente por simbolizar o Messias ("Bessias" é só o mensageiro da Dilma).

E é na na Bíblia que se encontra o primeiro mandamento do fiel lulista, do crente petista, aquele que diz:

"Amar a Deus sobre todas as coisas". Porque ele é Deus. Pelo menos, assim ele pensa.



quinta-feira, 17 de março de 2016

COMENTANDO AS RECENTES - 06

Podem tirar o cavalinho da chuva todos os bobinhos, os idiotas e paus-mandados que ficaram gritando “NÃO VAI TER GOLPE!” em apoio à Dilma e ao Pedalinho. Não precisam mais vomitar isso, pois o golpe já foi dado.

E isso aconteceu depois de o Triplex assumir, na prática, seu terceiro mandato presidencial (sem ter sido eleito para isso), ao ser nomeado (primeiro) ministro-chefe da Casa Civil.

E ainda vem o mané de seu advogado dizer que se pretende uma “convulsão social”. Da parte de quem, cara-pálida?

COMENTANDO AS RECENTES - 05

ATO FALHO
Vendo a Dilma falar na televisão, percebi que ela cometeu o velho "ato falho", aquele em que a pessoa diz o que não queria dizer ou cala-se quando queria falar alguma coisa.

Dona Dilma entregou o que lhe vai no coração ao se referir ao Lula como "presidente Lula", em vez de dizer "ex-presidente Lula". Mas, pensando bem, isso faz o maior sentido.

quarta-feira, 16 de março de 2016

COMENTANDO AS RECENTES - 04

Já que a Dilma nomeou o Lula para primeiro-ministro, ela agora está que nem a rainha da Inglaterra:

Reina mas não (des)governa. Só não tem a mesma nobreza de gestos e atitudes.

terça-feira, 15 de março de 2016

COMENTANDO AS RECENTES - 03

Se o Lula for realmente nomeado ministro da Dilma e começar a dar palpite até na roupa que ela deve usar no dia a dia, ele poderá dizer assim:

- "Eu não sou o presidente! Presidente é a Dilma; ela só me emprestou o cargo".

(Para que a referência não se perca: esta piada é uma paródia da afirmação de que o apartamento triplex e o sítio de Atibaia não são do Lula, foram apenas emprestados a ele)

SEREMOS TODOS TROUXAS? - LYA LUFT

Sou fã da Lya Luft. Para quem não sabe, Lya Luft é escritora e tem 77 anos. Uma escritora já senhora, pode-se dizer. Mas, acima de tudo, uma senhora escritora, autora de mais de vinte livros (que nunca li, para ser sincero) e tradutora de mais de cem livros. Além disso, é cronista da revista VEJA, onde descobri seus textos elegantes, sóbrios e reflexivos.

Pois bem, minha reverência hoje é para ela e para sua crônica mais recente publicada em VEJA. Seus textos (as crônicas, pelo menos) nunca trazem palavras chulas ou vulgares, pois ela parece não precisar se apoiar nesse tipo de recurso. Como disse, seus textos sempre são elegantes e sóbrios – e de leitura agradabilíssima. Uma lady.

Por isso, achei curioso ela dizer que tem “escolhido muito cuidadosamente” suas palavras “nas tantas dezenas, já centenas, de artigos” publicados em VEJA. Mais adiante, comenta que “aos poucos as palavras começam a fugir dos arreios que a prudência lhes tem imposto, e reclamam, e se agitam, e se queixam, exigindo que as deixe brotar naturalmente”. E fiquei pensando quais palavras estariam “fugindo dos arreios”. Seria a palavra “trouxa”, usada no texto como gíria?

Talvez seja isso, pois seus textos são sempre tão limpos, claros e não apelativos que não consigo imaginar suas palavras “fugindo dos arreios”. Talvez por isso eu tenha desejado compartilhar essa crônica tão bem escrita, pois meus textos são sempre mancos, estropiados, mal arreados e com andadura claudicante.

Que mais eu posso falar? Só dizer, à moda dos fãs quando veem seus ídolos: “Lya Luft, eu te amo! Lya Luft, eu te amo!


Tenho escolhido muito cuidadosamente minhas palavras nas tantas dezenas, já centenas, de artigos aqui publicados, para não ser diretamente ofensiva e jamais incorrer em alguma injustiça que poderia ter sido prevenida, pois pobre de quem quiser ser juiz do outro. Mas aos poucos as palavras começam a fugir dos arreios que a prudência lhes tem imposto, e reclamam, e se agitam, e se queixam, exigindo que as deixe brotar naturalmente. Por isso tenho me perguntado, e a algumas pessoas mais chegadas, diante dos absurdos que acontecem: somos mesmo um país de trouxas, para nos tratarem assim? Que falta de noção, de ridículo, que falta de respeito, tanta empulhação feita e dita com cara séria e até frases de retórica, como se fôssemos uma manada de imbecis. Por exemplo, a cantilena cansativa e já patética de que as confusões e desgraceiras no país ocorrem "porque a oposição não aceita ter perdido as eleições" lá nos idos de 2014!

Ou dar a entender que um ex-mandatário brasileiro, embora vivendo com luxo, nada possui de seu, é um pobre, mora, vive, diverte-se "de favor". Amigos cuidam dele e de sua família, até pagando fortunas para armazenar contêineres com ditos presentes que teria recebido em seus importantíssimos mandatos. Momentinho! Nenhuma pessoa em cargo público pode aceitar presentes no valor de mais de 100 reais, e se aceitar terá de deixar TUDO, ao sair, em lugares públicos, como benefício para o público, pois a ele não pertencem, e sim ao cargo ocupado.

Mandantes do mais alto posto desprezam a Justiça, censuram ações legais como se neste país tão esfacelado a Justiça não fosse mais importante do que o mais importante cargo. Nada contra pessoas, partidos, seitas, seja o que for. Sou, sim, contrária à injustiça, à exploração que submete, à hipocrisia que mente e destrói, ao cinismo que abusa da credulidade dos bons e esforçados.

(...)

Não é possível que nós, o povo brasileiro – que, repito, não é constituído só dos operários, sindicalistas, despossuídos, explorados, mas de cada, um dos que, como eu, trabalham para pagar suas contas e seus impostos, labutam, se desgastam, correm, criam sua família, cuidam de seus amigos, e à noite perdem o sono pensando no que será de nós –, aceitemos o que está ocorrendo.

Todos, velhos, doentes, mulheres grávidas, garis, professores, enfermeiras, bancários, empregados do comércio ou indústria, agricultores, estudantes, não somos trouxas: cada um de nós é uma peça do povo brasileiro, e todos (a não ser os idiotizados pela neurose de uma crendice ou ideologia cega) veem, sentem, sofrem o que nos acontece e podem, devem, clamar e reclamar: "Assim não dá mais. Assim não quero mais". (...)

segunda-feira, 14 de março de 2016

PORTUGUÊS CASTIÇO

Por reunir algumas lembranças esparsas que não mereceram um texto exclusivo, o título original deste post seria “Só Para Passar o Tempo (Porque o Tempo Passou)”, pois são só bobagens para passar o tempo (como sempre!).

Mas o título definitivamente adotado levou-me a expandi-lo um pouco mais, pois a parcela "0,3" dos 2,3 leitores mais assíduos do Blogson é formada por gente semianalfabeta - e jovem, ainda por cima - o que me causa grande irritação e inveja.

Irritação por eu ser hoje um velho decrépito e Inveja, pelo semianalfabetismo e pobreza de espírito, o que os torna bem-aventurados(*), pois ficam desobrigados de ler as tristes notícias deste país (só não podem deixar de ler esta bagaça!).
(*) "Bem-aventurados os pobres de espírito (...)” (tá na Bíblia, mano!).

Pois bem, por conta dessa "bem-aventurança" é que decidi recorrer à transcrição de dicionários com o significado simplificado de algumas palavras que aparecem neste post, de uso quase abandonado, de tão antigas. Antigas mas não extintas, pois estão hoje apenas sonolentas e encolhidinhas, exatamente como os velhinhos que as utilizaram (claro, se já não tiverem morrido). Como tenho temperamento de camaleão, acabei incorporando essas expressões no meu vocabulário, pois, além de achá-las engraçadas, não tenho personalidade nenhuma. 


SÓ NO DICIONÁRIO:

- Castiço: Que é correto segundo as normas próprias a uma língua; genuíno, sem barbarismos ou influência estrangeira.
- Garboso: Que tem garbo; distinto; elegante.
- Guapo: Que tem beleza e garbo; airoso; bonito; elegante.
- Infante: Que está na infância;menino.
- Mocetão: Rapaz forte e bonito; rapagão.

Depois de fazer uma introdução tão longa e vigorosa (refiro-me ao texto, certo?), vamos aos casos:

GARBOSO
Conheço um sujeito que gostava de beber cerveja e jogar conversa fora com os amigos em um botequim fuleiro perto da minha casa. O bar tinha um ibope danado, estava sempre cheio de velhos barrigudos e desocupados e barrigudos nem tão velhos nem tão desocupados assim. Mas todos amantes de uma estupidamente gelada e de futebol.

Pois bem, um dia alguém sugeriu a criação de um time de futebol. A frequência do boteco permitia a criação de até mais de uma equipe. E realmente criaram. Ótimo foi o nome escolhido para aquele time de velhos peladeiros: "Onde Vais, Garboso Infante?". 

O nome pegou tanto, que o bar ("sede social" da agremiação) ganhou o apelido de "Garboso". "Garboso" também foi o nome informal utilizado para identificar um condomínio fechado, criado pelos bebuns em torno do campo de futebol onde alternavam a correria atrás da bola com paradas estratégicas para serem reanimados ou para se "rehidratar" com uma cerva (ou breja) no ponto.


MEU JOVEM!
Em uma das empresas onde trabalhei, existia um engenheiro que chamava todo mundo de "meu jovem", independente da idade. Esse tratamento sempre continha uma ironia interna, que às vezes ficava explícita quando dizia "Meu Jóóvem!” 

E uma das variações que ele usava é particularmente engraçada, mas uso com parcimônia, pois ninguém entende. Alguns meio surdos ou distraídos, pensam até que acabei de falar um palavrão. Fazer o que, não é mesmo?

Divaguei tanto que quase me esqueço de reproduzir a frase, dita sempre de modo efusivo: - "Meu jóóvem e guapo mocetão!


SACER LOCUS
Esse caso é mais uma das lembranças twitter do meu amigo Pintão. Mesmo sendo extremamente católico, não era carola; mas, às vezes, diante das tijoladas pornográficas que alguém dizia, reagia com um ar de fingida seriedade, dizendo uma frase em "latim", que traduzia em seguida:
- "Sacer locus, puer, extra mijit!” ou "O lugar é sagrado, menino, vá mijar lá fora!

Para variar, o Google Tradutor não faz essa equivalência nem entrando com a frase em português nem com a versão "latina". Na Web, encontra-se alguma parecida, com grafias diferentes (“Sacer locus puer extra mingite” ou “Puer, sacer est locus; extra mingito”, etc. etc.). Só um comentário para encerrar este caso e o post: 

MUITO CASTIÇO!




ENDLESS LOVE

  Foi no carnaval de 1969 que se iniciou uma história de amor que eu não quero que acabe nunca – mesmo que eu saiba que um dia acabará. Já p...