quarta-feira, 30 de março de 2016

O GRITO DA TORCIDA

Moro perto de dois caras fanáticos por futebol. Não sei quem são, apenas os escuto. Um deles é cruzeirense e o outro torce pelo Atlético Mineiro. Já percebi que gostam de gritar seus gritos de guerra nos dias em que seus times jogam. O cruzeirense entoa seu -"Zêêrô!" e o atleticano esgoela o manjado -"Gaaalô!

O que me deixa meio espantado é que isso acontece mesmo que os jogos nem tenham começado ainda ou mesmo que seus times estejam perdendo ou já tenham perdido. Parece uma coisa meio catártica, só para aliviar a tensão. Para mim, isso sugere também a troca de uma ideia, sentimento ou afinidade por um símbolo, tornando essa verbalização uma coisa automática, emocional, pouco racional.


Hoje eu estava assistido no canal Globo News as falas (ou depoimentos ou o que quer que seja) do jurista Miguel Reale Júnior e da advogada Janaína Paschoal perante a comissão especial que analisa o pedido de afastamento da Dilma assinado por eles. Fiquei impressionado com a fluência e embasamento legal das considerações feitas pelos dois, pela defesa super articulada e bem feita do impeachment. Falam tão bem que se estivessem em um tribunal de júri comoveriam até o criminoso que estivessem tentando condenar.

Pois bem, lá pelas tantas, um deputado petista ironiza alguma coisa dita pela advogada e exclama o mantra - "não vai ter golpe!", como se tivesse acionado o modo automático de manifestação e pouco se lixando para a citação dos artigos e leis que deixam clara a inexistência de um golpe no pedido de impeachment.

Foi aí que eu me dei conta da semelhança entre essa frase e o grito de guerra de uma torcida de futebol. Não importa se o "time" está jogando bem ou mal, se está na primeira ou oitava divisão nem se corre o risco de ser rebaixado ou eliminado da "competição". De repente, assim do nada, o "torcedor" fanático e alienado tem um espasmo e lança no ar seu grito automático de amor e devoção. Sinceramente, não consigo entender esse "fogo da paixão" standard e fora de qualquer contexto mais lógico.

3 comentários:

  1. Sou uma torcedora fajuta, mas como o mestre Nelson Rodrigues e outros interesso-me por esse fascínio. Recomendo o documentário 40 minutos antes do nada,mesmo pra quem não gosta de futebol, é bem divertido. Ainda ontem fui conhecer as Laranjeiras, o prédio é bem legal, mas vale mais ir ao Jardim Botânico rsrs.
    https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://m.youtube.com/watch%3Fv%3DG9rWMBkoSCA&ved=0ahUKEwjd2POxi-vLAhXEIpAKHVvaCd0QtwIIGzAA&usg=AFQjCNFCojXrbKA-UT0W9pryPw9nX4CYZA&sig2=NkJrc0MGOtLlGNs9_WLKjg

    "J"

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sou torcedor do América mineiro e fico feliz quando ele ganha, mas nunca fui a nenhum jogo nem sei quando vai jogar. Essa é minha ligação com o futebol. Mas torço muito pelo "Esporte Clube Vergonha na Cara" e pelo "Capitalismo Futebol Clube".

      Excluir
  2. O problema desses dois é que estão pior que o Ibis, quando não estão sem série, tão perdendo de goleada ou por WO mesmo. Só pra constar, minha opinião sobre estádios é que a ideia de inferno foi inspirada ali.
    "J"

    ResponderExcluir

ESTRELA, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...