terça-feira, 30 de setembro de 2014

CURTA ESSA TAMBÉM

VOCÊ SABIA?
Eu só não sou 100% politicamente incorreto, porque detesto radicalismo.

ARQUEOLOGIA
Depois de uma ida ao dentista, descobri que minha boca mais parece um sítio arqueológico: só tem ruína.

CADEIA
Para os dentistas, dente é "elemento" (elemento 41, etc.). Nesse caso, minha boca está mais para cadeia de delegacia, pois só tem mau elemento.

PROPAGANDA ELEITORAL
O que se pode dizer daqueles para quem "os fins justificam os meios"? Que não têm princípios, lógico.

BEST SELLER
Os livros, a Literatura, sempre fizeram minha cabeça. Agora, falar que minha cabeça tem "50 tons de cinza" é sacanagem!
(Bloguição também é cultura)

ALFORJE
Às vezes penso que em boa parte do tempo (99%) eu posso ser visto como um mala sem alça. Mas, por coerência com minha idade, talvez eu seja mesmo é um alforje sem alça.

DIFERENÇAS IRRECONCILIÁVEIS
Uma vez eu li que o Stephen Hawking – ao se divorciar da esposa – disse que o fez "por diferenças irreconciliáveis de pensamento" (ele é ateu e ela não). Para mim, ele bem que poderia ter dito a verdade, ou seja:
"pertencemos a mundos diferentes, ela ao reino animal e eu, ao vegetal”.
(Gu, reserva pra mim também um lugar no inferno!).

FACEBOOK
Hoje aconteceu uma coisa que me fez lembrar uma propaganda da NET ("não é NET, mas é tipo NET") que passou recentemente na TV. É que recebemos um exemplar da revista CARAS, de cortesia.
Pois bem, agora eu posso dizer  que, mesmo não tendo Facebook, eu tenho alguma coisa tipo Face_book: eu tenho Caras_magazine!



domingo, 28 de setembro de 2014

CITIUS, ALTIUS, FORTIUS

Antes de começar a divagar, preciso deixar bem claro que sou contra qualquer tipo de segregação ou exclusão. Eu desejo exatamente o contrário! Meu sonho e desejo é que as crianças e os jovens brasileiros tenham acesso a um ensino de qualidade,  a uma educação de morador de Cingapura. Meu sonho é que toda a população tenha acesso a uma saúde de sueco, que não tenha que ficar deitado em macas deixadas nos corredores de hospitais e unidades de saúde. Esse é o meu sonho. Mas, fora disso, é cada um por si, de acordo com suas próprias ambições, limitações, inteligência e capacidade. Paternalismo estatal, nem pensar.

Repetindo o que já disse antes em outro post (perdoem-me pela auto-citação), “Somos pessoas singulares, não somos iguais (embora devamos ter oportunidades básicas iguais). (...) É lógico que devemos tentar corrigir as injustiças, mas devemos sempre nos lembrar de que os resultados não serão iguais para pessoas que são diferentes entre si". Dito isso, vamos ao assunto deste post.

Sou um ignorante, um caipira. Eu ignoro tantas coisas, tantos assuntos, que me atrevo a dizer que sou um ignorante completo, pleno, uma verdadeira toupeira. Apesar disso, tenho a mania de dar palpite em tudo, com especial ênfase nos assuntos de que não entendo porra nenhuma. Por isso, hoje eu vou fazer uma viagem que irritará todos os tipos de cristãos, os ateus e, principalmente simpatizantes do socialismo e/ ou comunismo. Se este blog fosse conhecido, eu receberia um caminhão de críticas e xingamentos. Como – desde sua criação – recebeu pouco mais de mil acessos, é provável que ninguém chie. Vamos lá.

Alguém já parou para pensar que Jesus provavelmente desaprovaria o socialismo? (relaxe, não atire a primeira pedra!) Basta reler algumas de suas belíssimas parábolas. Para exemplificar o que acabei de dizer, transcrevo a “Parábola dos talentos” (Mateus 25: 14-30):

Pois é assim como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos, foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só, foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu senhor. Chegou também o que recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito, entra no gozo do teu senhor. Chegou por fim o que havia recebido um só talento, dizendo: Senhor, eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem, ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, porém, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes”.

Que eu posso dizer? Meritocracia pura, para Jorge Lehmann nenhum botar defeito (sou fã desse cara!). Afinal, Jesus conhecia a humanidade e sabia que as pessoas são singulares, não são iguais, razão pela qual não devem ser tratadas de forma igual (“a cada qual segundo a sua capacidade”). Mesmo que a esquerda insista em não aceitar essa verdade e reaja com "choro e ranger de dentes", para dizer o mínimo.

Em entrevista à revista Veja, o poeta Ferreira Gullar disse isso: “O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor. O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível.
A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento”.

Que posso eu fazer senão concordar com essa afirmação, feita por um ex-militante do PCB?
Alguém já disse que a resistência de uma corrente é determinada pelo elo mais fraco. Corretíssimo. Por isso, não dá para acorrentar toda uma sociedade à crença de uma igualdade que não existe nem na natureza. 

Quando eu vejo partidos políticos e pessoas defendendo o socialismo, a “social democracia”, é fácil eu me lembrar de minha infância pobre. Mas não me identifico de forma nenhuma com essas ideias. Desde que nasci, mesmo trabalhando a vida toda como assalariado, sempre fui a favor da democracia, da democracia capitalista. Mas abomino o “capitalismo selvagem”. Para mim, as conquistas pessoais devem ser coerentes com a capacidade, jamais com a rapacidade (boa essa!). 

Continuando nessa linha, que tal lembrar os Jogos Olímpicos? Quer coisa mais “meritocrática”? Com aquele papo de “citius, altius, fortius”, só “os” fodões ganham medalha. A prova de 100 metros rasos para homens é a mais badalada de todas as disputas; devem participar mais de cinquenta atletas de altíssimo nível. O que significa isso? Que todos tiveram a mesma oportunidade, o mesmo ponto de partida (a participação na prova), mas os resultados foram alcançados de acordo com a competência individual. O mesmo acontece nos concursos públicos, em entrevistas de empregos, em desempenho escolar. As pessoas não são iguais, os filhos de um mesmo casal não são iguais; nem os gêmeos univitelinos têm comportamentos iguais.

Finalizando esse lero-lero, só mais um comentário: para um não ateu, Deus está na origem da Natureza (relaxe, continue a ler!). Como sou darwinista, acredito piamente na evolução das espécies e, lógico na evolução da espécie humana. Acontece que essa evolução aconteceu pela seleção natural, processo onde os melhor adaptados, os mais fortes, os mais inteligentes tiveram êxito em deixar descendentes igualmente aptos. E assim, sucessivamente. Por um motivo ou por outro, até as espécies menos adaptadas ou incapazes de se adaptar rapidamente, dançaram, foram extintas (caso dos Neandertais, por exemplo).

Então, na Natureza, pode-se dizer que cada um recebe de acordo com sua capacidade, não tem essa de “irmãozinho”, de "companheiro", não existe igualdade boazinha. Pelo contrário, o pau come o tempo todo.

Assim, se Deus está na origem da Natureza, se na Natureza o que rola é a seleção natural e o sucesso do mais capacitado, então Deus não é a favor do socialismo nem do comunismo (bom sofisma esse!), mesmo que o Leonardo Boff bufe.


sábado, 27 de setembro de 2014

MINDÁ

   -     Ô tia, entrega aí o celular!

   -     Ai, meu Deus! Para que essa faca?

   -     Hoje eu tô muito doido, então, mindá a bolsa tamém!

   -     Mas isso está erradíssimo!

   -     Não quero nem saber. Passa logo!

   -     Sabe, é que eu ensino português, sou professora de língua po...

   -     Olha, Dona, eu sou é bandido, tarado não, num tô pedindo boquete.

   -     Não é isso! Está totalmente errado você falar “mindá”!

   -     Ah, é? Então passa logo a bolsa, que eu já tou sem paciência!

   -   Isso é que dá não terminar o ensino básico! Você deveria falar “dê-me sua bolsa” ou, pelo menos, “me dá a bolsa”, entende?

   -     Que saco!

   -     Vamos, repita comigo para aprender: “me dá a sua bolsa”!

   -     Vou não!

   -     Porque, está com vergonha?

   -     Passou a vontade...



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

POLÍTI RIRICA

Já que estamos em época de eleição, achei que seria pertinente abordar o assunto "política" em algum post específico. Para isso, pensei em fazer comentários curtos no estilo Blogson, porque a seco, não desce. Para não escrever muito, aproveitei alguns comentários que já tinha feito em outros blogs (sou um sujeito econômico). 
Então, vamos lá (com preâmbulo de uma pessoa genial):

Ninguém que ambiciona o poder deixa de ser um filho da puta! Pode ser um pouco mais ou um pouco menos. Mas o homem de bem, no sentido genérico e universal da palavra ‘bem’, não ambiciona o poder”. (Millor Fernandes)

FAMILIAR
Política é um assunto que preciso abordar com muito cuidado no Blogson. Afinal, este é um blog de família. E não se deve falar de pornografia quando há crianças na sala.

MAIS DO MESMO?
Por conta de um trágico acidente, duas candidatas à presidência disputam a liderança e a preferência dos eleitores (e o pior é que nem dá para falar que é uma disputa pau a pau). Só lamento, porque as duas pertenceram ao mesmo partido, um partido intolerante que vira e mexe tenta cercear a liberdade de expressão. Como imaginar então que são diferentes, que farão governos diferentes, se têm mais semelhanças ideológicas que diferenças?

REFLUXO
Talvez devesse, mas nunca me interessei muito por política. Quando compro jornal, o primeiro caderno que leio é justamente o segundo, o caderno “B”, que trata de artes, música, espetáculos, shows e todo tipo de cultura inútil. O mesmo acontece com as revistas semanais. Só quando não sobrou mais nada de interessante é que eu leio o primeiro caderno, as páginas iniciais das revistas (que sempre lembram as páginas policiais). Então, política não é uma coisa que me atraia, até porque ou dá azia ou provoca refluxo gástrico.

DIGA 32
Outro dia, ao ver a propaganda eleitoral, deu vontade de saber um pouco mais dos partidos existentes. O que descobri me deixou meio chapado. Olha só: segundo o TSE, existem 32 (!) partidos regularizados. A Wikipédia cita mais 20 (!!!) em fase de coleta de assinaturas para sua regularização. É mole ou quer mais? Ah, quer mais, né? Com trinta e dois partidos regulares era de se esperar que todo o espectro político fosse contemplado, desde a extrema esquerda até a extrema direita. Pois não é isso que acontece. Pela classificação ideológica que consta na Wiki, quatro são de extrema-esquerda, quatro são de esquerda, sete são de centro-esquerda, doze são de centro e cinco são de centro-direita. Deve existir explicação para isso, mas sabe quantos são de direita ou extrema-direita? Zeeeero.

RE PARTIDO
No duro, no duro, eu acredito que o número ideal de partidos deveria ser algo em torno de sete, assim distribuídos: extrema-esquerda, esquerda, centro, direita e extrema-direita. A lista seria completada por um ligado às causas ambientalistas e outro para abrigar os fissurados em expor sua visão religiosa da vida. As várias coligações formadas para as eleições que se aproximam demonstram que essa ideia não é desprovida de sentido. Mas, vendo a profusão atual de siglas e legendas atuais, eu pergunto delicadamente: 
POR QUE TRINTA E DOIS, CARAMBA???

MUDA BRASIL!
Nunca me filiei a nenhum partido (nem jamais farei isso), mas, depois de votar uma vez no Lula, virei eleitor “perpétuo” do PSDB. Por isso, sinto-me à vontade para perguntar por que não existe um partido de extrema direita no Brasil. Se existem quatro de extrema esquerda, qual o problema de existir um na outra ponta do espectro? Outro dia, li uma expressão que me deixou curioso: “direita envergonhada” Seria esse o motivo? Vergonha? De que, caramba? Para mim, seria o contrário: o que está faltando é vergonha na cara desse pessoal. Parafraseando o mala sem alça Cazuza, eu diria “mostra a tua cara!” Já o PT & associados não padecem desse mal, pois não tiveram nenhuma vergonha na cara que os impedisse de se afundar em escândalos variados.

TÁ ME GOZANDO!
As eleições se aproximam e eu me enfureço ao pressentir que a maioria dos brasileiros ainda vota na base da emoção ou, o que é pior, na base da gozação. Em eleições passadas (muito passadas!) vários “candidatos” tiveram votação mais do que expressiva, caso do rinoceronte Cacareco (100.000 votos em 1959) e do macaco Tião (estimados 400.000 votos em 1988). O Cacareco ganhou até marchinha de carnaval (quando ainda se gravavam marchinhas de carnaval). Com a urna eletrônica, essa farra acabou. Mas há candidatos reais que também me deixaram espantado, principalmente por terem sido eleitos (!), caso do cacique Mário Juruna e do “alfabetizado” Tiririca. Quem vota nesse tipo de candidato realmente se sente representado por ele?

URNA NÃO É LIXEIRA
Como dizia um antigo personagem do Jô Soares, “eu não sou palhaço, mas estão me fazendo de palhaço”. Apesar de todas as sacanagens recentes, apesar de todas as sacanagens futuras, mesmo que alguém sempre tente fazer o povo de palhaço, eu acredito que devemos votar, votar, votar até o saco encher e depois continuar votando. Jogar voto fora pode ser um protesto ou brincadeira (de péssimo gosto), mas não resolve porra nenhuma. Votar no menos pior é que é a saída. E torcer para ainda estarmos vivos quando um governo moderado e de centro conseguir ser eleito (claro, se não venezuelarem antes este país, se continuarem permitindo que existam eleições livres).

SINCRETISMO RELIGIOSO
Político é um bicho estranho, parece invertebrado. Adapta-se a qualquer situação, por mais constrangedora e estranha que seja (se for do PMDB então...): come buchada de bode, beija menino com meleca saindo do nariz e vai a qualquer templo religioso que possa render voto. É capaz até de, sendo ateu, cantar um ponto de candomblé em algum evento. Ou então, sendo católico ligado ao movimento carismático (prova de sincretismo religioso), candidatar-se a um cargo executivo tendo como vice um evangélico. Eu disse vice? O certo é vice-versa.

QUEM É VOCÊ?
Até onde sei, ao tomar posse como deputado da atual legislatura, o alfabetizado Tiririca apresentou-se de terno e sem aquela peruca manjada. Com isso, criou uma excelente metáfora para explicar o provável impulso que leva gente de todas as classes sociais e de todo tipo de ideologia a desejar um cargo de deputado ou senador (muito, mas muito bem remunerado mesmo): a maioria absoluta daqueles que se candidatam está pouco se lixando para a população que jura irá defender e representar. No duro, no duro, está todo mundo a fim mesmo é de “descabelar o palhaço”. Mas só o Tiririca tem autoridade moral para fazer isso.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

GALO DAS TREVAS - PEDRO NAVA

A minha ideia para esta seção era transcrever trechos de obras que me marcaram, de autores que admiro. Deu tudo certo com os cronistas, com os poetas, com os articulistas e com os letristas de música. Foda foi enquadrar nessa homenagem os biógrafos, os romancistas e os memorialistas. Como escolher um trecho impactante de um romance, biografia ou memória que se desenrola em um livro de mais de quinhentas páginas? Muito difícil.

Dei sorte com o reverenciado desta semana, pois encontrei um texto incrível extraído do livro "Galo das Trevas", quarto livro de memórias de Pedro Nava.  Infelizmente, só tive oportunidade de ler os dois primeiros. Talvez um dia consiga ler o resto. 


Depois de aposentar-se como médico, Pedro Nava publicou seis livros de memórias e deixou o sétimo incompleto (publicado postumamente), pois suicidou-se antes de terminá-lo, com oitenta anos.


Uma frase de sua autoria talvez dê uma ideia da personalidade de quem resolveu se matar, já velho: "não é que eu não perdoe, o problema é que eu não esqueço". 


O texto encontrado é  como toda a sua obra  literatura da melhor qualidade. Olhaí.

“Passo então à inspeção. O vidro me manda a cara espessa dum velho onde já não descubro o longo pescoço do adolescente e do moço que fui, nem seus cabelos tão densos que pareciam dois fios nascidos de cada bulbo. (...)

Hoje o pescoço encurtou, como se a massa dos ombros tivesse subido por ele, como cheia em torno de pilastra de ponte. Cabelos brancos tão rarefeitos que o crânio aparece dentro da transparência que eles fazem. (...)

Olhos avermelhados, escleróticas sujas. Sua expressão dentro do empapuçamento e sob o cenho fechado é de tristeza e tem um que da máscara de choro do teatro. (...)

Par de sulcos fundos saem dos lados das ventas arreganhadas e seguem com as bochechas caídas até o contorno da cara. (...)

Dolorosamente encaro o velho que tomou conta de mim e vejo que ele foi configurado à custa de uma espécie de desbarrancamento, avalanche, desmonte – queda dos traços das partes moles deslizando sobre o esqueleto permanente. Erosão.”



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O PROBLEMA DO “X”

Quando o Eike Batista começou a ser badalado pela mídia, fiquei um pouco sem entender. Mas eu sou um ignorante em grandes e pequenos negócios (em negociatas também). O que me causava perplexidade é que ele estava, no dizer de um antigo colega, "vendendo vento". Era o autêntico Ventania (depois eu conto essa história, muito boa). De repente, o sujeito era o homem mais rico do Brasil e tinha a pretensão de ser o mais rico do mundo. Bom, hoje ele é uma sombra da sombra que projetou um dia.

Sem sacanagem, eu sinto uma grande compaixão pelas pessoas que tiveram perdas definitivas, sejam elas financeiras, de status ou o que for (já senti isso também). Porque, no duro, aparentemente, o Eike nunca mais será nem mesmo bilionário. Ainda assim terá mais dinheiro do que eu jamais teria se tivesse umas dez vidas para viver. Mas perdeu aquela felicidade que é fruto de conquistas profissionais. 

Por conta disso, das perdas do Eike, fiz um cartum em "homenagem" a ele, que está abaixo. Espero que gostem. Se não gostarem, ainda assim será patético o fato de ele crer que o "X" seria um talismã para a multiplicação de riqueza, quando, na verdade era apenas uma incógnita.
(Jotabê é pura matemática, mas não conta, só faz de conta).




 

domingo, 21 de setembro de 2014

JURAMENTO

Até onde me lembro, os mais recentes presidentes dos EUA terminaram seus juramentos de posse com a expressão "So help me God", com a mão esquerda apoiada em uma Bíblia (ou o que parece ser uma). 

Na Wikipédia ("Seleções do Readers Digest" dos tempos modernos), consta que essa expressão não é obrigatória (assim entendi). Mas sempre achei esse protocolo curioso, sinal de grande respeito por alguma religião e também uma grande caretice.

Mas aí fica a pergunta "que não quer calar": e se o presidente fosse ateu, se ele fosse muçulmano, se ele fosse umbandista? Como ficaria? E no caso de ateísmo do presidente, poderia ser pedido o impeachment dele, por mentir sob juramento? Ahá!!!

Deixando essa viadagem de lado, lembro-me de uma piada sobre a frase que existia (ainda existe?) na nota de 1 dólar, que era "In God we trust". Aí, de sacanagem,  alguém escreveu "In gold we trust

Então, no caso de presidentes ateus, repaginando a piada, eles poderiam jurar assim:

"So help me gold".


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O QUERERES – CAETANO VELOSO

Minha reverência de hoje, extremamente respeitosa, é para o Caetano Veloso. Embora já tenha pisado em algumas bolas (não é o que vocês estão pensando!) ao longo da vida, como no caso da associação “Procure saber” (que tentou impedir a divulgação não autorizada de biografias), é um sujeito indiscutivelmente genial.

Nem tudo o que ele já fez eu gosto, pois é muito complexo, culto e sofisticado. O seu domínio vocabular é absoluto! Por isso, não tenho ferramental adequado para entender sua obra (aliás, mesmo que tivesse, nem sei se teria interesse nisso). Apenas gosto ou desgosto. Simples assim. Mas a letra dessa música é absurdamente bonita e sofisticada. Pega aí:

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

BOTTON PIN NA LAPELA!

Estamos em época de eleição presidencial, época onde a selvageria e o vale-tudo político para alcançar ou permanecer no poder parecem ficar mais nítidos, mais intensos. Bem disse o genial Millor Fernandes, quando afirmou em entrevista que "Ninguém que ambiciona o poder deixa de ser um filho da puta! Pode ser um pouco mais ou um pouco menos. Mas o homem de bem, no sentido genérico e universal da palavra 'bem', não ambiciona o poder" (e ainda existem pessoas para quem o humor não é coisa de gente séria!).

Mas o assunto de hoje vem de outra época, de outra eleição presidencial. Trata-se de uma pequena curiosidade quase esquecida, quase encoberta pela poeira da história do século XX, ocorrida mais precisamente em 1960, quando Jânio Quadros e Henrique Teixeira Lott eram candidatos à presidência do Brasil. Em Minas Gerais, um dos candidatos ao governo era o Magalhães Pinto.

Antes de continuar – e mesmo que nunca se deva explicar uma piada – preciso traduzir o título deste post: Para isso, preciso deixar claro o significado de cada palavra do título escxolhido. Vamos lá:
 
- Botton ou bóton: espécie de broche, ger. redondo, de metal, plástico etc., com mensagens políticas, frases espirituosas, desenhos, símbolos etc., que se usa por modismo ou para indicar a adesão a algum movimento, causa, ideia etc. Jamais confundir com bottom!
- Pin: em inglês significa alfinete
- Lapela: Lapela é lapela mesmo, pô! Em outras palavras, “Num casaco, a parte anterior ou superior que se encontra virada para o lado de fora”.
 
Por isso, o título “Botton pin na lapela!” é só um trocadilho jotabélico para “Bota um broche (ou pin) na lapela!” Dito isso, continuemos a falar das eleições de 1960.

Não vou ficar bancando o entendido nessa merda, pois, naquele tempo, eu tinha apenas 10 anos. O fato é que próximo à casa da minha avó, onde eu morava, havia um comitê do Jânio Quadros: uma loja vazia com as paredes inteiramente coladas com propaganda eleitoral e... um televisor. Como não tínhamos televisão em casa naquela época, meu programa (de índio) era chegar da escola, almoçar e me dirigir ao tal comitê, na esperança que passasse algum desenho animado. Eu ficava ali todos os dias, de uma às seis da tarde, mais ou menos, sempre esperando, sempre desejando ver desenhos (que nunca passavam). Acabei até ficando amigo da velha que era dona da loja. Provavelmente ela devia pensar que eu era meio retardado ou coisa parecida (e talvez tivesse razão).

Pois bem, uma das formas de propaganda utilizadas naquela eleição eram “pins” com alguma referência explícita ao candidato. Talvez por serem bonitinhos, minha mãe guardou um de cada. Outro dia, indo à casa de minha irmã, ela perguntou se eu não queria ficar com esses "broches" guardados por nossa mãe. A resposta foi “lógico!”, pois preservação da memória e das lembranças de pequenas coisas é a minha praia. Aí resolvi partilhar com vocês a imagem desses pequenos objetos, que eu mesmo já tinha esquecido. 

A vassoura é do Jânio, o pinto (filho da galinha, pô!) é do Magalhães Pinto e a espada é do Marechal Lott. A moeda é só para servir de referência de tamanho. É isso.






domingo, 14 de setembro de 2014

HOJE EU QUERO FALAR SÉRIO

Minha mente determina que eu não creia;
Meu coração, entretanto, pede que eu acredite.

Minha mente já me causou muitos aborrecimentos
Por tomar decisões racionais que se mostraram equivocadas,
Causando ansiedade e sofrimento em mim e às pessoas a quem amo.

Meu coração, ao contrário, sempre foi o responsável
Pelas maiores alegrias e emoções que já vivi.

E assim, por esse caminho sinuoso e áspero segue minha fé,
Tão oscilante quanto a chama de uma vela
Que bruxuleia perto de uma janela aberta.

Mas que teima em não se apagar.


sábado, 13 de setembro de 2014

SAÚDE ! ! !

PONTO ATENDIMENTO
Outro dia vi um número especial da revista “Encontro”, cujo tema era “Os médicos que os médicos indicam”. Só tem medalhão, claro. Mas o que mais chamou minha atenção foi o preço das consultas. Tem um geriatra que recebe a mixaria de R$640,00 por consulta (tem gente que cobra mais)!

Fico tentando imaginar que tipo de tratamento ele oferece, para cobrar esse valor. Ressurreição?

Aí, fiquei pensando em um diálogo médico-paciente:

-   Pô, doutor! A consulta agora custa R$640,00? Vai apertar meu orçamento...

-   Preocupa não, Seu Geraldo, o senhor nem vai mais consultar tantas vezes assim!...



DE BOCA ABERTA E DE QUEIXO CAÍDO
E já que estou nessa vibe (moderno, né?) vou dar uma espraiada na área odontológica, movido por um fato recente. Torresmo é uma coisa que me tira do sério. Por conta disso, já quebrei uns três dentes e tive que fazer tratamento de canal em todos. Aí surgiu esse diálogo:

-   Então, doutor, como está a minha boca?

- Rapaz, olhando essas suas radiografias, me lembrei da minha última viagem a Pernambuco.

-   Por que, doutor?

-   Sua boca está que nem Recife: o que tem de canal não é brincadeira.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

POLIEDRO


De vez em quando eu penso em alguma ideia maluca que logo transformo em “teoria”, sem me preocupar em analisar se está ou não correta (deixo isso para meus 2,4 leitores). Ainda bem que eu não penso em teoremas...

Pois bem, recentemente, li uma notícia que me deixou meio perplexo – pelas implicações culturais ou sociológicas, sei lá – e meio puto – pelo oportunismo e falta de vergonha na cara de muita gente. A notícia trata de um show da antiga banda de apoio do Elvis Presley, onde seriam tocados os antigos sucessos do rei brega do rock.

Numa boa, alguém aí reconheceria um, apenas um músico que tocou com o Elvis? Acredito que nem o falecido reconheceria. O problema do show é que seriam utilizados recursos de holografia para “materializar” o morto no palco (fiquei pensando o sucesso disso em terreiros de umbanda ou em cultos evangélicos televisivos). 

Há muitos exemplos de cantores e antigas bandas que excursionam pelo mundo em turnês caça-níqueis, mas não vem ao caso citar nenhuma e nem vale a pena pensar na versão geriátrica de seus antigos sucessos. O que mexeu comigo é a sensação de, cada vez mais, mergulharmos em um mundo virtual, bem ao estilo “Matrix”, onde nunca – ou quase nunca – saberemos se o que recebemos pelos mais diferentes tipos de mídia vem de uma experiência real.

Com tanta tecnologia, tanta informação veiculada em quantidades e velocidade cada vez mais alucinantes, fica difícil ou virtualmente (perdão pelo trocadilho) impossível separar o que é REAL da mistificação, da impostura, da má-fé e, por que não?, da molecagem, da brincadeira e da sacanagem.

Por conta dessa sensação, fiquei matutando que não somos mais tão diferentes dos homens das cavernas. Pelo contrário. O mundo, para eles, era do tamanho de sua percepção, obtida apenas com o uso dos sentidos; todo o resto era apenas interpretação e fantasia.

E aí surgiu a ideia do poliedro. Depois de milhares de conquistas culturais e tecnológicas que nos tiraram definitivamente das cavernas e outros abrigos naturais, tenho a sensação de que estamos (talvez já tenhamos chegado lá) voltando à situação em que só podemos ter certeza do que está no raio de alcance de nossos sentidos.  Viveríamos dentro de uma bolha de realidade, cercada de incertezas por todos os lados.

Mas onde entra o tal poliedro? Bom, por sua forma esférica a tal bolha só poderia interagir com outras tantas ao tangenciá-las, ao "quicá-las" igual em um jogo de sinuca. Só um ponto de contato? A imagem não era boa nem prática. Pensei em um cubo. Já dava uma interação legal, mas ainda estava meio limitado. Aí me ocorreu a ideia do poliedro, com muitas faces para seu ocupante interagir com os ocupantes de outros poliedros, cada face servindo para transmitir a realidade de cada um. A tal bolha seria um poliedro de realidade. Meio louca essa "teoria", não?

Mas, por conta da picaretagem musical citada anteriormente, lembrei-me de uma banda muito louca das décadas de 60/70, cujo nome era “The Mothers of Invention”. Depois que os Beatles lançaram o álbum “Seargent Pepper’s" com sua capa cheia de colagens, os Mothers lançaram um disco cuja capa parodiava o dos Beatles. O nome era “We’re only in It for the Money”. O resultado foi, se não me engano, um processo por plágio. Só que a coisa era apenas uma piada, uma gozação, uma paródia. 

Hoje (sempre?), ao contrário, o que mais rola são bandas e cantores que deveriam abrir seus shows com essa frase, toda iluminada e piscando: “Só estamos nisso pelo dinheiro”. E, no caso do Elvis, os promotores do show holográfico poderiam ter a decência de usar uma chamada assim: “venha matar a saudade do Rei do Rock! Grande show ao morto!” (o oposto de apresentação ao vivo, entendeu? Duh!).

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O QUINTO DO VALDEMIRO - A MARRETA DO AZARÃO

Quando criei o blog, uma das ideias que tive foi postar em uma "seção" apropriadamente intitulada de "REVERÊNCIA" textos de "autores consagrados" que admiro e venero, o que acabou se revelando pura idiotice e elitismo. Para exemplificar a idiotice, lembro um escritor de mega sucesso comercial, o Paulo Coelho; esta é a única vez em que o consagrado parceiro de Raul Seixas será lembrado aqui, pois não li e não gostei. Ou melhor, acho até que ele deve ser um sujeito legal, tranquilo, mas nunca quis ler nenhum livro dele. Coisas no estilo do que escreve eu li na juventude. Hoje, não tenho mais saco para encarar esse tipo de literatura. Talvez eu é que esteja errado, mas...

Agora, se o texto é bom, inspirado, engraçado ou qualquer outra coisa bacana, qual o problema de o autor receber minha sincera reverência, mesmo que talvez nem tenha livro publicado? 

E vamos combinar que, ainda que eu goste muito de ler livros à moda antiga (impressos em papel mesmo), essa "mídia" (faltou uma palavra melhor) pode estar com os dias contados, assim como aconteceu com os papiros, tabuinhas sumérias, hieróglifos, pergaminhos, e todo tipo de manuscritos já surgidos. E a explicação está "na nuvem", na internet.

Por que tudo isso? Porque a minha reverência hoje vai para uma pessoa que desconheço totalmente. Só sei que é o dono do blog “A Marreta do Azarão”, um blog bastante hardcore, o que significa que ninguém deve acessá-lo esperando encontrar "oncinha pintada, zebrinha listrada", como cantaram os Titãs.  Pode achar muita coisa peluda ou cabeluda, mas "coelhinho peludo", não.

Pelos textos que li, é paulista e professor. Nas primeiras leituras, eu achava que talvez fosse engenheiro (percebeu o corporativismo?). Afinal, ninguém menciona impunemente que precisava tirar 8,5 em Cálculo II. Mas, se não é engenheiro, deve ser da área de exatas. E parece ser bastante culto. Sendo da área de exatas, surpreende por escrever muito bem. E é só tijolão.

Eu descobri esse blog por puro acaso, quando procurava alguma crônica do João Ubaldo para fazer uma justa homenagem ao baiano, logo após a notícia de sua morte. O dono do Marreta já tinha colocado no seu blog alguma coisa do João e o Google fez o resto. 

De cara, logo que comecei a ler a apresentação do blog, identifiquei-me com a finíssima ironia presente no texto, indicadora, para mim, que há vida inteligente na sua gênese (não confundir com o livro bíblico). E o autor é mais que irônico, é sarcástico.

Por isso, em vez de colocar uma crônica do baiano, transcrevo alguns trechos de um texto muito engraçado do Marreta. Quem quiser ler o post na íntegra, terá que acessar o blog. Olhaí o link (vale a pena conhecer!):
 http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2014/07/valdemiro-santiago-passa-cobrar-o.html

Quanto ao texto do João Ubaldo que eu queria postar, fica para outra oportunidade. Imagino que ele nem liga mais para essa troca...

Por isso, segura aí:

“No Brasil Colônia, durante o período chamado de o Ciclo do Ouro, todos os metais preciosos, para obterem seus registros junto ao governo e terem autorizadas suas circulações, deviam passar pelas Casas de Fundição da Coroa Portuguesa, as encarregadas de cobrar os tributos sobre a mineração, de cujas instalações saíam sangrados em 20% de seu montante. Era ‘o quinto’, a parte do leão da época.(...)

(...)Homem de vasta cultura e saber, o apóstolo Valdemiro Santiago se vale agora de todo o seu conhecimento da História para tentar sair do calvário financeiro em que se encalacrou: ao invés dos tradicionais 10% dos salários dos fiéis, o bíblico dízimo, Valdemiro passou a exigir 20% dos rendimentos de seu rebanho.(...)

(...) Dos tempos bíblicos para cá, convenhamos, a inflação corroeu em muito as ofertas dos fiéis, a parte de Deus há mesmo de ser reajustada, o Todo-Poderoso também tem lá suas contas a pagar, mais de 2000 anos sem reajuste nem Deus aguenta. Imaginem o quanto não fica só o IPTU do Universo.(...) O negócio agora é cobrar 'o quinto' da crentaiada.(...)

(...)É que a arca da providência de Valdemiro Santiago anda no vermelho nos últimos tempos, mais no vermelho que as águas tingidas de sangue do rio Nilo da época dos faraós.(...)"


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

LULA DO BEM

Estava lembrando o julgamento do mensalão e a recente transferência de dois condenados para um tal de "Centro de Progressão Penitenciária", quando surgiu uma expressão na minha mente:

O Joaquim Barbosa é o Lula do Bem! Pode parecer (ou, até mesmo, ser) idiotice, mas, olha só:

Semelhanças:
  • Ambos tiveram infância pobre e privações, mas o "Fritz" – apelido de infância (ou Quincas, mais brasileiro) – ainda por cima é negro (com todo o potencial de racismo – implícito ou não – que isso carrega). Um a zero para o Joaquim.
  • O Luiz Inácio, como presidente da república, foi o líder máximo do Poder Executivo; o Joaquim Barbosa, como presidente do STF, foi o líder máximo do Poder Judiciário. Zero a zero.
  • Os dois aparentam ser muito inteligentes. Zero a zero.

Diferenças:
  • O Luiz Inácio cursou apenas as séries iniciais do ensino básico; O Joaquim Barbosa formou-se em Direito (sem nunca precisar de cotas raciais para entrar na faculdade). Um a zero para o Joaquim;
  • O Joaquim é fluente em quatro línguas além do português; o Luiz é monoglota (e batateiro). Dois a zero para o Fritz;
  • O Lula foi assombrado pelo mensalão; O Joaquim julgou o mensalão. Três a zero para o Quincas!
Resumindo, com esse placar de três pontos a favor do "Quincas", pode-se dizer que o Joaquim é o Lula que deu certo.

domingo, 7 de setembro de 2014

DIO È MORTO

De vez em quando, sou assaltado por alguma ideia tola relacionada ao envelhecimento, à passagem do tempo. Uma das mais recentes foi identificar a  “trilha sonora” da minha vida. Alguém poderá se perguntar por que esse interesse recorrente  e egocêntrico, mas a resposta é simples: eu sou a pessoa mais íntima de mim mesmo (falou, Walter Ego!) e, se eu falar mal, não poderei reclamar nem me processar.

No duro, no duro, a partir de certa idade os efeitos da passagem do tempo foram ficando mais e mais visíveis, mais e mais sentidos. Segundo o Stephen Hawking – até onde entendi – só existe passagem de tempo se existir um observador (Se não for isso, por favor, iluminem minha ignorância). Então, o fato é que tenho cada vez mais observado a passagem – e, principalmente, suas manifestações em mim – desse filho da puta (o tempo, lógico).

Mas voltando à "trilha sonora", quando eu tinha uns 16, 17 anos, surgiu em minha sala (Colégio de Aplicação) um padre sem batina, italiano, boa pinta pra caramba (fazendo as meninas ficar alvoroçadas), que começou a dar aula de cultura religiosa. A presença não era obrigatória e depois de umas três aulas, eu pulei fora, incentivado por um colega de outra religião (na época, chamado de "protestante").

Antes de deixar de assistir essas aulas, eu ouvi uma música trazida por ele, em um disquinho de 45 rpm, que me deixou chapado, nem tanto pela letra, mas por ser um rock de cunho religioso. Aquilo pra mim foi surpreendente, inesperado, eu que estava acostumado com os cânticos lentos utilizados naquela época, nas missas e outras celebrações. O curioso é que uma conhecida roubou esse disco para mim, mas ele ficou exposto ao sol e se deformou todo (deve ter sido castigo divino...).

Bom, mas eu fiquei com aquela música na cabeça, porque a batida era muito legal e a letra, embora em italiano e quase toda incompreensível para mim, bem interessante, (independente de se ter fé ou não). A banda que gravou chamava-se "I Nomadi" e era mais cabeluda que os Beatles, cujos discos tinham acabado de aportar no Brasil.

Aí é que entram os ateus de minha predileção. De sacanagem, mas também como uma forma de arqueologia musical, encaminho o link da gravação original (obrigado, Youtube!)

E, se alguém se interessar em conhecer a letra em tradução livre, ela está transcrita no final deste post.

Volto a lembrar que isso é apenas uma brincadeira, sem nenhum proselitismo nem seriedade (de minha parte). Se eu tivesse Facebook, eu diria que a opção seria apenas "curtir" – ou não.

DIO È MORTO
                                                                       
Ho visto,
Tenho visto,
la gente della mia età andare via,
pessoas da minha idade ir-se embora,
lungo le strade che non portano mai a niente,
ao longo de estradas que nunca levam a nada,
cercare un sogno che conduce alla pazzia,
buscando um sonho que conduz à loucura,
nella ricerca di qualcosa che non trovano,
na procura de alguma coisa que não encontram,
nel mondo che hanno gia.
no mundo em que vivem.
Lungo le notti che dal vino son bagnate,
Em muitas noites regadas a vinho,
dentro le stanze da pastiglie trasformate,
dentro de remédios em droga transformados,
lungo le nuvole di fumo, nel mondo, fatto di città,
por entre as nuvens de fumaça de um mundo urbanizado,
essere contro od ingoiare, la nostra stanca civiltà
ser contra engolir a nossa exausta civilidade
un Dio che è morto,
e um Deus que está morto,
ai bordi delle strade, Dio è morto,
à beira das estradas, Deus está morto,
nelle auto prese a rate, Dio è morto,
nos automóveis despedaçados, Deus está morto,
nei miti dell' estate... Dio è morto.
nos mitos de verão... Deus está morto.


Mi han detto


Foi-me dito
che questa mia generazione ormai non crede,
que esta minha geração já não acredita
in ci che spesso ha mascherato con la fede,
naquilo que muitas vezes mascararam com a fé,
nei miti eterni della patria o dell'eroe,
nos mitos eternos de pátria ou de heróis,
perche è venuto ormai il momento di negare,
porque agora chegou o momento de negar,
tutto ci che falsità.
tudo o que é falsidade.
Le fedi fatte di abitudini e paura,
Crenças feitas de hábito e de medo,
una politica che solo far carriera,
uma política que é apenas uma carreira,
il perbenismo interessato, la dignità fatta di vuoto,
o conformismo interesseiro, a dignidade feita de vazio,
l'ipocrisia di chi sta sempre, con la ragione e mai col torto.
a hipocrisia de quem está sempre com a razão e nunca com a culpa.
Un Dio che è morto,
E um Deus que está morto,
nei campi di sterminio, Dio è morto,
nos campos de extermínio, Deus está morto,
coi miti della razza, Dio è morto,
com os mitos do racismo, Deus está morto,
con gli odi di partito... Dio è morto.
com os ódios partidários... Deus está morto.


Ma penso


Mas creio
che questa mia generazione è preparata,
que esta minha geração está preparada,
ad un mondo nuovo e a una speranza appena nata,
para um mundo novo e para uma esperança recém-nascida,
ad un futuro che ha gia in mano, a una rivolta senza armi,
para um futuro que já tem nas mãos, para uma revolução sem armas,
perch noi tutti ormai sappiamo, che se Dio muore è per tre giorni,
porque todos nós já sabemos que se Deus morre é por três dias,
poi risorge.
e depois ressuscita.
in cielo che noi crediamo, Dio risorto,
no céu que acreditamos, Deus renasce,
in cielo che noi vogliamo, Dio risorto,
no céu que desejamos, Deus renasceu,
nel mondo che faremo... Dio risorto,
no mundo que faremos... Deus renasceu,
Dio risorto!
Deus renasceu!



TEM ROBOI NA LINHA!

  Você já ouviu alguém usar a expressão “tem boi na linha” ? Embora pareça uma exclamação advinda do nosso pujante agronegócio, está mais pa...