quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O QUINTO DO VALDEMIRO - A MARRETA DO AZARÃO

Quando criei o blog, uma das ideias que tive foi postar em uma "seção" apropriadamente intitulada de "REVERÊNCIA" textos de "autores consagrados" que admiro e venero, o que acabou se revelando pura idiotice e elitismo. Para exemplificar a idiotice, lembro um escritor de mega sucesso comercial, o Paulo Coelho; esta é a única vez em que o consagrado parceiro de Raul Seixas será lembrado aqui, pois não li e não gostei. Ou melhor, acho até que ele deve ser um sujeito legal, tranquilo, mas nunca quis ler nenhum livro dele. Coisas no estilo do que escreve eu li na juventude. Hoje, não tenho mais saco para encarar esse tipo de literatura. Talvez eu é que esteja errado, mas...

Agora, se o texto é bom, inspirado, engraçado ou qualquer outra coisa bacana, qual o problema de o autor receber minha sincera reverência, mesmo que talvez nem tenha livro publicado? 

E vamos combinar que, ainda que eu goste muito de ler livros à moda antiga (impressos em papel mesmo), essa "mídia" (faltou uma palavra melhor) pode estar com os dias contados, assim como aconteceu com os papiros, tabuinhas sumérias, hieróglifos, pergaminhos, e todo tipo de manuscritos já surgidos. E a explicação está "na nuvem", na internet.

Por que tudo isso? Porque a minha reverência hoje vai para uma pessoa que desconheço totalmente. Só sei que é o dono do blog “A Marreta do Azarão”, um blog bastante hardcore, o que significa que ninguém deve acessá-lo esperando encontrar "oncinha pintada, zebrinha listrada", como cantaram os Titãs.  Pode achar muita coisa peluda ou cabeluda, mas "coelhinho peludo", não.

Pelos textos que li, é paulista e professor. Nas primeiras leituras, eu achava que talvez fosse engenheiro (percebeu o corporativismo?). Afinal, ninguém menciona impunemente que precisava tirar 8,5 em Cálculo II. Mas, se não é engenheiro, deve ser da área de exatas. E parece ser bastante culto. Sendo da área de exatas, surpreende por escrever muito bem. E é só tijolão.

Eu descobri esse blog por puro acaso, quando procurava alguma crônica do João Ubaldo para fazer uma justa homenagem ao baiano, logo após a notícia de sua morte. O dono do Marreta já tinha colocado no seu blog alguma coisa do João e o Google fez o resto. 

De cara, logo que comecei a ler a apresentação do blog, identifiquei-me com a finíssima ironia presente no texto, indicadora, para mim, que há vida inteligente na sua gênese (não confundir com o livro bíblico). E o autor é mais que irônico, é sarcástico.

Por isso, em vez de colocar uma crônica do baiano, transcrevo alguns trechos de um texto muito engraçado do Marreta. Quem quiser ler o post na íntegra, terá que acessar o blog. Olhaí o link (vale a pena conhecer!):
 http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2014/07/valdemiro-santiago-passa-cobrar-o.html

Quanto ao texto do João Ubaldo que eu queria postar, fica para outra oportunidade. Imagino que ele nem liga mais para essa troca...

Por isso, segura aí:

“No Brasil Colônia, durante o período chamado de o Ciclo do Ouro, todos os metais preciosos, para obterem seus registros junto ao governo e terem autorizadas suas circulações, deviam passar pelas Casas de Fundição da Coroa Portuguesa, as encarregadas de cobrar os tributos sobre a mineração, de cujas instalações saíam sangrados em 20% de seu montante. Era ‘o quinto’, a parte do leão da época.(...)

(...)Homem de vasta cultura e saber, o apóstolo Valdemiro Santiago se vale agora de todo o seu conhecimento da História para tentar sair do calvário financeiro em que se encalacrou: ao invés dos tradicionais 10% dos salários dos fiéis, o bíblico dízimo, Valdemiro passou a exigir 20% dos rendimentos de seu rebanho.(...)

(...) Dos tempos bíblicos para cá, convenhamos, a inflação corroeu em muito as ofertas dos fiéis, a parte de Deus há mesmo de ser reajustada, o Todo-Poderoso também tem lá suas contas a pagar, mais de 2000 anos sem reajuste nem Deus aguenta. Imaginem o quanto não fica só o IPTU do Universo.(...) O negócio agora é cobrar 'o quinto' da crentaiada.(...)

(...)É que a arca da providência de Valdemiro Santiago anda no vermelho nos últimos tempos, mais no vermelho que as águas tingidas de sangue do rio Nilo da época dos faraós.(...)"


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