De vez em quando eu penso em alguma ideia
maluca que logo transformo em “teoria”, sem me preocupar em analisar se está ou
não correta (deixo isso para meus 2,4 leitores). Ainda bem que eu não penso em
teoremas...
Pois bem, recentemente, li uma notícia que me
deixou meio perplexo – pelas implicações culturais ou sociológicas, sei lá – e
meio puto – pelo oportunismo e falta de vergonha na cara de muita gente. A
notícia trata de um show da antiga banda de apoio do Elvis Presley, onde seriam
tocados os antigos sucessos do rei brega do rock.
Numa boa, alguém aí reconheceria um, apenas
um músico que tocou com o Elvis? Acredito que nem o falecido reconheceria. O
problema do show é que seriam utilizados recursos de holografia para “materializar”
o morto no palco (fiquei pensando o sucesso disso em terreiros de umbanda ou em cultos evangélicos televisivos).
Há muitos exemplos de cantores e antigas
bandas que excursionam pelo mundo em turnês caça-níqueis, mas não vem ao caso
citar nenhuma e nem vale a pena pensar na versão geriátrica de seus antigos
sucessos. O que mexeu comigo é a sensação de, cada vez mais, mergulharmos em um
mundo virtual, bem ao estilo “Matrix”, onde nunca – ou quase nunca – saberemos
se o que recebemos pelos mais diferentes tipos de mídia vem de uma experiência
real.
Com tanta tecnologia, tanta informação
veiculada em quantidades e velocidade cada vez mais alucinantes, fica difícil
ou virtualmente (perdão pelo trocadilho) impossível separar o que é REAL da
mistificação, da impostura, da má-fé e, por que não?, da molecagem, da
brincadeira e da sacanagem.
Por conta dessa sensação, fiquei matutando
que não somos mais tão diferentes dos homens das cavernas. Pelo contrário. O
mundo, para eles, era do tamanho de sua percepção, obtida apenas com o uso dos
sentidos; todo o resto era apenas interpretação e fantasia.
E aí surgiu a ideia do poliedro. Depois de
milhares de conquistas culturais e tecnológicas que nos tiraram definitivamente
das cavernas e outros abrigos naturais, tenho a sensação de que estamos (talvez já
tenhamos chegado lá) voltando à situação em que só podemos ter certeza do que
está no raio de alcance de nossos sentidos.
Viveríamos dentro de uma bolha de realidade, cercada de incertezas por
todos os lados.
Mas onde entra o tal poliedro? Bom, por sua forma esférica a tal
bolha só poderia interagir com outras tantas ao tangenciá-las, ao "quicá-las" igual em um jogo de sinuca. Só um ponto de contato? A imagem não era boa nem prática. Pensei em um cubo.
Já dava uma interação legal, mas ainda estava meio limitado. Aí me ocorreu a ideia
do poliedro, com muitas faces para seu ocupante interagir com os ocupantes de outros poliedros, cada face
servindo para transmitir a realidade de cada um. A tal bolha seria um poliedro de realidade. Meio louca essa "teoria", não?
Mas, por conta da picaretagem musical citada anteriormente, lembrei-me de
uma banda muito louca das décadas de 60/70, cujo nome era “The Mothers of Invention”. Depois que os Beatles lançaram o álbum “Seargent Pepper’s" com sua capa
cheia de colagens, os Mothers lançaram um disco cuja capa parodiava o dos
Beatles. O nome era “We’re only in It for
the Money”. O resultado foi, se não me engano, um processo por plágio. Só que a
coisa era apenas uma piada, uma gozação, uma paródia.
Hoje (sempre?), ao contrário, o que
mais rola são bandas e cantores que deveriam abrir seus shows com essa frase,
toda iluminada e piscando: “Só estamos nisso pelo dinheiro”. E, no caso do
Elvis, os promotores do show holográfico poderiam ter a decência de usar uma chamada assim: “venha
matar a saudade do Rei do Rock! Grande show ao morto!” (o oposto de apresentação ao vivo, entendeu? Duh!).
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