sexta-feira, 5 de setembro de 2014

TÁ LIGADO?

Sou fã de poesia, como sabem os 1,7 malucos que acessam este blog. Pentelhando sem destino pela internet, achei um poema do Fernando Pessoa de onde tirei esses versos:

“Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido”.

Na hora, pensei “queria ter escrito isso!”. Esse texto fez também com que eu me lembrasse de uma música composta pelo Milton Nascimento e Tunai, que traz esses versos:

“Certas canções que ouço
cabem tão dentro de mim
que perguntar carece
‘como não fui eu que fiz?’”

O que quero dizer é que às vezes me pego surpreso por ouvir ou ler coisas que batem intensamente com o que penso e sinto, como se o autor tivesse me radiografado.

Em um violão, a segunda corda mais grossa corresponde à nota . É por esse som que se afina o instrumento.  Ao apertar-se essa corda no quinto intervalo (traste) do braço do instrumento, o som emitido corresponde à nota . Quando fazemos isso, se o violão já estiver afinado, a corda vibra sem precisar ser tocada. Esse fenômeno é conhecido como “ressonância”. Não vou me estender nesse papo idiota que não interessa a ninguém. Apenas, para dar sequência, lembro que dizemos “estar em ressonância” ou “na mesma sintonia” com alguém quando pensamos de modo semelhante sobre alguma coisa.

Toda essa patacoada serve para falar de um pensamento que me ocorreu outro dia: nós só gostamos ou prestamos atenção nas ideias ou palavras lidas ou ouvidas, se elas entrarem em ressonância com o que já sentimos ou pensamos de forma desordenada, inconsciente ou adormecida. É como se nosso cérebro – por estar previamente afinado com o assunto – “vibrasse” com essas ideias ou palavras. Ou, então, como se os pensamentos de terceiros agissem como substâncias neurotransmissoras, ao “conectar-se” através dos nossos olhos e ouvidos a nossos receptores cerebrais. Será que isso tem fundamento?

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