terça-feira, 29 de agosto de 2017

SAIU NO FEICIBUQUE - 042 (JUCÁ)

Não sei como é no resto do país, mas em BH  "chamar o juca" é sinônimo de vomitar; diga-se de passagem, uma gíria vulgar e de péssimo gosto. Como as notícias vindas de Brasília sempre me deixam nauseado, saiu esta idiotice.


segunda-feira, 28 de agosto de 2017

SAIU NO FEICIBUQUE - 041 (BANCADA)


MOAGEM

Entre quatro e cinco da manhã eu acordo. A televisão está ligada (ela está sempre ligada) e um telepastor vocifera ameaçadoramente uma oração ou exibe os milagres operados em sua igreja (numa prova de que o diabo existe e é um gozador). Apesar do som baixo do aparelho, não consigo mais dormir. O controle remoto está debaixo do travesseiro de minha mulher. Sento-me na beirada da cama por alguns instantes (como ensinou o cardiologista). Estou definitivamente desperto. Levanto-me meio trôpego e vou ao banheiro. Olho com inveja para minha mulher, que dorme tranquilamente. Minha boca está seca. Arrasto-me até a cozinha e bebo um gole de água. Mais um gole para tomar os remédios de hipotireoidismo e hipertensão. Entro no quarto onde o computador está sempre ligado. Sem acender a luz, ligo o monitor e acesso o Blogson ou o Facebook. Fico por ali até dar seis horas, quando o despertador toca e acorda minha mulher. Volto à cozinha, faço um sanduíche de pão de forma com queijo cottage e preparo para mim um café com leite, com leite gelado, adoçante e o café que sobrou do dia anterior. Preparo também um capuccino para minha mulher . Tomo meu café enquanto leio a revista Veja ou algum livro. Coloco comida e água para o Zulu, que já está meio enlouquecido de fome. Aproveito para dar a ele o comprimido que toma duas vezes por dia. Vou ao banheiro levando um sudoku para fazer. Lavo minhas mãos e volto ao computador. Nenhuma alteração. Começo a preparar um café novinho. Enquanto a água vai esquentando, lavo a garrafa, moo os grãos de café, coloco no coador de papel e espero a fervura. Coado o café, tomo o primeiro do dia, adoçado com dez gotas de sucralose (meus filhos condenam isso, mas não ligo). Levo um café quentinho para minha mulher e volto ao computador. Nada de novo. Resolvo lavar algumas vasilhas sujas na noite anterior. Às vezes molho as plantas, às vezes não. Se há roupas para lavar, limpo a poeira de asfalto depositada nos varais enquanto minha mulher separa as peças sujas, dividindo-as por categorias (“roupas escuras”, “de ficar em casa”, de "de sair", “toalhas de banho”, “lençóis, fronhas e toalhas de mesa”, etc.). Começo a colocá-las na máquina de lavar. À medida que os ciclos de lavagem se sucedem, tomo mais um café e olho o computador outra vez enquanto a máquina não para. Ao fim de cada ciclo estendo algumas roupas no varal e coloco outras na secadora. Essa rotina ocupa praticamente toda a primeira parte do dia. Depois, enquanto minha mulher vai preparando o almoço, tento ajudá-la cortando ou picando algum alimento. Às vezes dou uma olhada no computador e tomo mais um café. Como uma fruta e a ansiedade começa a se manifestar. no desejo de comer alguma coisa Chegada a hora do almoço, tento me alimentar de forma regrada e com calma. Acesso novamente o blog e o Facebook. Tento escrever alguma coisa ou ler algum livro, mas começo a cochilar. Levanto-me, tomo mais um café e às vezes saímos para fazer compras no supermercado. No meio da tarde começo a fazer novo café. Enquanto vê televisão, minha mulher fica absorta com costuras e outros de seus quefazeres. Leio algum livro ou mexo no computador. Ultimamente, para cumprir uma promessa que fiz em 1997, temos ido à missa diariamente, às vezes pela manhã, outras à noite. Curiosamente, essa é uma atividade calmante e prazerosa graças às orações padronizadas da celebração, verdadeiros mantras católicos. Com exceção dos domingos e dos dias com missas de sétimo dia mais concorridas, a igreja fica extremamente vazia e silenciosa, com não mais que trinta pessoas presentes às celebrações. Durante a missa, meu olhar às vezes se volta para as velas acesas, atraído por seu brilho hipnótico e repousante. Vou à padaria todas as noites pois nunca comemos pão dormido. Vejo um pouco de jornal na televisão ou algum programa da TV a cabo, mas começo quase imediatamente a cochilar. Dou o segundo comprimido para o cachorro, tomo a segunda dose do remédio para hipertensão e faço um lanche. Tento ler mais um pouco mas começo a cochilar sem controle. levanto-me, escovo os dentes, tomo banho e deito-me para ver televisão, mas adormeço imediatamente. Assim, sem que eu preste atenção, mais um dia se passou.

Entre quatro e cinco da manhã eu acordo sento-me na beirada da cama por alguns instantes levanto-me meio trôpego e vou ao banheiro olho com inveja para minha mulher que dorme tranquilamente minha boca está seca vou até a cozinha e bebo um gole de água mais um gole para tomar os remédios de hipotireoidismo e hipertensão vou para o quarto onde o computador está sempre ligado sem acender a luz ligo o monitor e acesso o blog ou o Facebook fico por ali até dar seis horas quando o despertador toca e acorda minha mulher volto à cozinha faço um sanduíche de pão de forma com queijo cottage preparo para mim um café com leite com leite gelado adoçante e o café que sobrou do dia anterior preparo também um capuccino para minha mulher tomo meu café enquanto leio a revista veja ou algum livro coloco comida e água para o Zulu que já está meio enlouquecido de fome aproveito para dar a ele o comprimido que toma duas vezes por dia vou ao banheiro levando um sudoku para fazer lavo minhas mãos e volto ao computador nenhuma alteração começo a preparar um café novinho: enquanto a água vai esquentando lavo a garrafa moo os grãos de café coloco no coador de café e espero a fervura coado o café tomo o primeiro do dia adoçado com dez gotas de sucralose levo um café quentinho para minha mulher e volto ao computador nada de novo resolvo lavar algumas vasilhas sujas na noite anterior enquanto minha mulher vai preparando o almoço tento ajudá-la cortando ou picando algum alimento às vezes dou uma olhada no computador e tomo mais um café como uma fruta e a ansiedade começa a se manifestar chegada a hora do almoço tento me alimentar de forma regrada e com calma acesso novamente o Blogson e o Facebook tento escrever alguma coisa ou ler algum livro mas começo a cochilar levanto-me tomo mais um café e às vezes saímos para fazer compras no supermercado no meio da tarde começo a fazer novo café enquanto vê televisão minha mulher fica absorta com costuras e outros de seus quefazeres leio algum livro ou mexo no computador temos ido à missa diariamente às vezes pela manhã outras à noite vou à padaria todas as noites pois nunca comemos pão dormido vejo um pouco de jornal na televisão ou algum programa da TV a cabo mas começo quase imediatamente a cochilar dou o segundo comprimido para o cachorro tomo a segunda dose do remédio para hipertensão e faço um lanche escovo os dentes tomo banho e deito-me para ver televisão mas adormeço imediatamente. Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado, a rotina se multiplica. Assim, sem perceber, mais uma semana se passou.

Entre quatro e cinco da manhã eu acordo sento-me na beirada da cama por alguns instantes levanto-me meio trôpego e vou ao banheiro olho com inveja para minha mulher que dorme tranquilamente minha boca está seca vou até a cozinha e bebo um gole de água mais um gole para tomar os remédios de hipotireoidismo e hipertensão vou para o quarto onde o computador está sempre ligado sem acender a luz ligo o monitor e acesso o blog ou o Facebook fico por ali até dar seis horas quando o despertador toca e acorda minha mulher volto à cozinha faço um sanduíche de pão de forma com queijo cottage preparo para mim um café com leite com leite gelado adoçante e o café que sobrou do dia anterior preparo também um capuccino para minha mulher... Passa uma semana, passa mais uma, passam duas, três. Assim, sem que eu me dê conta disso, mais um mês se passou.

Entre quatro e cinco da manhã eu acordo sento-me na beirada da cama por alguns instantes levanto-me meio trôpego e vou ao banheiro olho com inveja para minha mulher que dorme tranquilamente minha boca está seca vou até a cozinha e bebo um gole de água mais um gole para tomar os remédios de hipotireoidismo e hipertensão vou para o quarto onde o computador está sempre ligado sem acender a luz ligo o monitor e acesso o blog ou o Facebook... Os meses se sucedem: janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro. E assim, sem que eu perceba, mais um ano se passou.

Entre quatro e cinco da manhã eu acordo sento-me na beirada da cama por alguns instantes levanto-me meio trôpego e vou ao banheiro olho com inveja para minha mulher que dorme tranquilamente minha boca está seca vou até a cozinha e bebo um gole de água... A rotina diária é opressiva, asfixiante e tem a lentidão de um veículo enguiçado que está sendo empurrado, mas os anos passam velozes como carros em estradas sem radar. Em nenhum desses casos ninguém nunca se dá conta de nada. E assim, sem que se perceba, a vida vai se aproximando silenciosamente de seu final.












domingo, 27 de agosto de 2017

MARGINAL

Este texto tem motivações anteriores e posteriores ao post "Divisor" recentemente publicado (uma prova de que o Blogson é a materialização da Teoria da Relatividade. Não entendeu? Relaxe, não é mesmo para entender, é só uma piadinha sem nexo).

Nos últimos tempos (fiquei tentado a escrever “nos penúltimos tempos”) tem aumentado a minha percepção de ser uma pessoa cada vez mais marginal. Mas não no sentido de ser alguém alternativo, diferenciado. Nem como sinônimo de criminoso, bandido ou malfeitor. 

Não me sinto marginalizado nem esquecido por ninguém. A sensação que tenho agora é de estar à margem da Vida, como alguém que está na arquibancada de algum estádio em dia de jogo ou como se fosse uma espécie de Observador, personagem de quadrinhos criados pelo Stan Lee.

Talvez a melhor imagem para definir esse sentimento seja o que acontece com as águas de um rio. Em seu leito, o fluxo das águas não acontece de forma homogênea nem na mesma velocidade; "(...) 
este fato é devido à morfologia do rio, em que o atrito da água nas margens e no leito causa um efeito de retardamento da velocidade".

Assim, esse marginal” está associado à imagem que me veio à mente, a sensação de ser algo flutuando em um rio, sendo levado pelo curso natural das águas. O que me diferencia é o fato de estar próximo da barranca, da beira, movimentando-me lentamente e sujeito a ser barrado ou ter o deslocamento impedido por algum galho caído n’água, pedra ou vegetação ao longo das margens.

Ou seja, eu vejo as pessoas como se estivessem movendo-se em diferentes velocidades, o fluxo principal mais veloz e de maior volume acontecendo no meio desse rio existencial. Foi assim divagando que acabei pensando na imagem do "vidro espesso do Tempo", que acabou sendo o ponto de partida para mais um falso poema, baseado em uma situação rigorosamente verdadeira.

E agora, engato na resposta que dei a um comentário gentilíssimo de um dos dois leitores reais  do Blogson, a gente fina "J". Nos últimos tempos tenho me dado conta de que as pessoas com quem mais me identifico intelectualmente são jovens mai cultos, mais antenados, na faixa dos trinta aos (estourando) cinquenta. Porque são pessoas que ainda tem sonhos, que criam, que viajam na maionese (ou em algum "vapor barato"), que não conversam apenas sobre futebol e cerveja ou coisa do gênero.

Aqui cabe um adendo: defini essa faixa etária pois é nela que estão situados meus filhos, com idade variando de trinta a quarenta anos. Na prática, dependendo da cabeça (inteligência, formação, cultura, sensibilidade) de cada um, esse intervalo pode ser mais ampliado.


Voltando à ideia da identificação, infelizmente, de nada adianta sua existência, pois há a porra do vidro blindado do Tempo a impedir o contato, uma barreira, quase um "choque de gerações". Ou seria como se eu ficasse olhando através do vidro os bebês de um berçário; ou ainda, mais adequado, como se eu estivesse preso e só pudesse ter contato com as pessoas através de um vidro blindado, falando ao telefone, como vejo em alguns filmes estrangeiros (nem sei se existe isso no Brasil).

Isto não é - nem nunca pretendi que fosse - um lamento, é só o registro de mais uma das auto-análises que conto ao meu "psicanalista digital" que é o Blogson Crusoe. Pensando bem, talvez eu sempre tenha estado à margem, talvez eu sempre tenha pertencido apenas a um "corguinho", a um insignificante e tortuoso afluente do rio da Vida. Sempre marginal, cumprindo a sina estabelecida no próprio Blogson - o blog da solidão ampliada.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

PORQUE ME AFANAM NESTE PAIZ



São tantas e tão desanimadoras as notícias que mostram a falta de vergonha na cara existente hoje no Brasil que eu nem sei mais o que pensar. Sinceramente, dá para sentir orgulho hoje em dia de um país de merda como este nosso? Para mim, não dá.

Para todo lado, para qualquer lado, só se vê notícia ruim, cabeluda, daquelas de fazer corar um frade de pedra (definitivamente, esta é uma expressão muito idiota).

Olha esta pequena amostra:
- O número de mortes violentas no Brasil chega a 60.000/ano;
- Só neste ano já morreram 97 policiais militares no Rio de Janeiro;
- Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o 4º país mais corrupto do mundo;
- A Operação Lavajato foi iniciada em março de 2014, mas até hoje nenhum político com mandato foi julgado pelo STF.
- Até para usar tornozeleira eletrônica (e ficar em prisão domiciliar) o sujeito fura fila.
- Malas de dinheiro circulam livremente por aí e não acontece nada (só a furação de fila).
- Alunos agridem fisicamente os professores e não se vê uma reação efetiva para que se corrija um absurdo desses.
- Políticos querem a criação de um fundo de 3,6 bilhões para financiar campanhas.
- Etc., etc., etc.

Em 1900 o Conde de Afonso Celso publicou o livro "PORQUE ME UFANO DE MEU PAIZ". Subtítulo: "RIGHT OR WRONG, MY COUNTRY". Talvez, na época, ele estivesse com a razão... Mas, provavelmente, devia estar se referindo ao Canadá! Melhor seria se tivesse escrito um livro com o título "PORQUE ME AFANAM NESTE PAIZ".

Só para finalizar, um pensamento idiota que me ocorreu (só tenho pensamentos idiotas): o autor desse livro chamava-se Affonso Celso e recebeu o título de "Conde de Affonso Celso". Acho que ele poderia se apresentar assim:

- "Affonso Celso ao seu dispor, o verdadeiro Conde d'Eu, Conde d'Eu mesmo".


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

MINAS SÃO PESSOAS

Minas são muitas”, disse o mineiro Guimarães Rosa.  Bom, mas não só Minas são muitas pois a autoria desta frase é atribuída a mais de um; no caso, Carlos Drummond de Andrade - o que prova que a internet é mesmo a pátria da prostituição literária, lugar onde se atribui a determinado autor frases, textos e poemas que ele nunca cogitou de escrever.

Mas voltemos ao início (revertere ad locum, etc., etc.): Minas são muitas. Ok, mas Fernando Pessoa também era. Muitos. Para desovar sua extensa produção literária o cabra criou mais de setenta heterônimos. Isso, obviamente, é do conhecimento dos dois leitores do Blogson (dois?... Dois!!!). Mesmo assim, movido pela curiosidade (eppur si muove!), resolvi identificar esse povo todo, pois cultura inútil é das poucas coisas que sempre me atraíram (além da força gravitacional). E o que encontrei foi isso:

É importante ressaltar que os '72 heterônimos' não são todos heterônimos propriamente ditos, mas sim heterônimos e personagens fictícios. Em ordem aproximada de criação. 
01. Dr. Pancrácio - jornalista de A PALAVRA e de O PALRADOR, contista, poeta e charadista. 
02. Luís António Congo - colaborador de O PALRADOR, cronista e apresentador de Eduardo Lança. 
03. Eduardo Lança - colaborador de o PALRADOR, poeta luso-brasileiro. 
04. A. Francisco de Paula Angard - colaborador de o PALRADOR, autor de «textos scientificos». 
05. Pedro da Silva Salles (Pad Zé) - colaborador de o PALRADOR, autor e director da secção de anedotas. 
06. José Rodrigues do Valle (Scicio), - colaborador de o PALRADOR, charadista e dito «director literário». 
07. Pip - colaborador de o PALRADOR, poeta humorístico, autor de anedotas e charadas, predecessor neste domínio do Dr. Pancrácio. 
08. Dr. Caloiro - colaborador de o PALRADOR, jornalista-repórter de «A pesca das pérolas». 
09. Morris & Theodor - colaborador de o PALRADOR, charadista. 
10. Diabo Azul - colaborador de o PALRADOR, charadista. 
11. Parry - colaborador de o PALRADOR, charadista. 
12. Gallião Pequeno - colaborador de o PALRADOR, charadista. 
13. Accursio Urbano - colaborador de o PALRADOR, charadista 
14. Cecília - colaborador de o PALRADOR, charadista. 
15. José Rasteiro - colaborador de o PALRADOR, autor de provérbios e adivinhas. 
16. Tagus - colaborador no NATAL MERCURY (Durban). 
17. Adolph Moscow - colaborador de o PALRADOR, romancista, autor de «Os Rapazes de Barrowby». 
18. Marvell Kisch autor de um romance anunciado em O PALRADOR, («A Riqueza de um Doido»). 
19. Gabriel Keene - autor de um romance anunciado em O PALRADOR, («Em Dias de Perigo»). 
20. Sableton-Kay - autor de um romance anunciado em O PALRADOR, («A Lucta Aerea»). 
21.Dr. Gaudêncio Nabos - director de O PALRADOR (3.ª série), jornalista e humorista anglo-português). 
22. Nympha Negra - colaborador de O PALRADOR, charadista. 
23. Professor Trochee - autor de um ensaio humorístico de conselhos aos jovens poetas. 
24. David Merrick - poeta, contista e dramaturgo. 
25. Lucas Merrick - contista (irmão de David?). 
26. Willyam Links Esk - personagem de ficção que assina uma carta num inglês defeituoso (13/4/1905). 
27. Charles Robert Anon - poeta, filósofo e contista. 
28. Horace James Faber - ensaísta e contista. 
29. Navas - tradutor de Horace J. Faber. 
30. Alexander Search - poeta e contista. 
31. Charles James Search - tradutor e ensaísta (irmão de Alexander). 
32. Herr Prosit - tradutor de O Estudante de Salamanca de Espronceda. 
33. Jean Seul de Méluret - poeta e ensaísta em francês. 
34. Pantaleão - poeta e prosador. 
35. Torquato Mendes Fonseca da Cunha Rey - autor (falecido) de um escrito sem título que Pantaleão decide publicar. 
36. Gomes Pipa - anunciado como colaborador de O PHOSPHORO e da Empresa Íbis como autor de «Contos políticos». 
37. Íbis - personagem da infância que acompanha Pessoa até ao fim da vida nas relações com os seus íntimos que sobretudo se exprimiu de viva voz, mas também assinou poemas. 
38. Joaquim Moura Costa - poeta satírico, militante republicano, colaborador de O PHOSPHORO. 
39. Faustino Antunes (A. Moreira) - psicólogo, autor de um «Ensaio sobre a Intuição»). 
40. António Gomes - «licenciado em philosophia pela Universidade dos Inúteis», autor da «Historia Cómica do Çapateiro Affonso». 
41. Vicente Guedes - tradutor, poeta, contista da Íbis, autor de um diário. 
42. Gervásio Guedes - (irmão de Vicente?) autor de um texto anunciado, «A Coroação de Jorge Quinto», em tempos de O PHOSPHORO e da Empresa Íbis. 
43. Carlos Otto - poeta e autor do «Tratado de Lucta Livre». 
44. Miguel Otto - irmão provável de Carlos a quem teria sido passada a incumbência da tradução do «Tratado de Lucta Livre».
45. Frederick Wyatt - poeta e prosador em inglês. 
46. Rev. Walter Wyatt - irmão clérigo de Frederick? 
47. Alfred Wyatt - mais um irmão Wyatt, residente em Paris. 
48. Bernardo Soares - poeta e prosador. 
49. António Mora - filósofo e sociólogo, teórico do Neopaganismo. 
50. Sher Henay - compilador e prefaciador de uma antologia sensacionalista em inglês. 
51. Ricardo Reis - neoclássico, racionalista e semipagão. 
52. Alberto Caeiro - o camponês sábio. 
53. Álvaro de Campos - futurista, neurótico e angustiado. 
54. Barão de Teive - prosador, autor de «Educação do Stoico» e «Daphnis e Chloe». 
55. Maria José - escreve e assina «A Carta da Corcunda para o Serralheiro». 
56. Abílio Quaresma - personagem de Pêro Botelho e autor de contos policiais. 
57. Pero Botelho - contista e autor de cartas. 
58. Efbeedee Pasha - autor de «Stories» humorísticas. 
59. Thomas Crosse - inglês de pendor épico-ocultista, divulgador da cultura portuguesa. 
60. I.I. Crosse - coadjuvante do irmão Thomas na divulgação de Campos e Caeiro. 
61. A.A. Crosse - charadista e cruzadista”

Como deu para perceber, mesmo sendo mais de setenta (aparentemente, setenta e dois), a lista só contém 61. A mim pouco importa o número exato, se são 61, 72 ou 128, como afirma um advogado pernambucano (advogado dá nó em pingo d’água; alguns dão nó e escondem a ponta, mas isto é outra estória).

O que sei é que se ele escreveu poemas e textos absolutamente geniais, era de péssimo gosto, horroroso para escolher nomes decentes para seus “personagens”. Mas ele era o cara, ou melhor, os caras.

domingo, 20 de agosto de 2017

DIVISOR

Ontem, em uma feira independente de artes e produtos gráficos
Reencontrei minha turma
Gente criativa, sonhadora, cheia de projetos
Jovens.
Admirei seus grafismos, livros, fotografias, posters e sonhos

Fiquei feliz em poder revê-los
Tentei interagir, mas desisti.
A separar-nos definitivamente havia
Intransponível
O vidro espesso do Tempo.

sábado, 19 de agosto de 2017

FÓSSEIS - A MARRETA DO AZARÃO (BLOG)

Ah, vontade!
De andar pelos muros,
Divisar horizontes de telhados musguentos,
De braços abertos, pôres do sol agourentos,
Acastanhados.
Trem bala, levitar sobre os muros
Não ter de escolher um lado.
Ser amigo do tombo.

Ah, vontade!
De atravessar o córrego poluído,
Varar o espaço, de margem a margem,
(Ponta dos pés, de tênis novos, alados),
Correndo pelo cano de ferro corroído:
Tubulações de águas e esgotos municipais.
Sentir a queda
Sabendo da impossibilidade de cair.

Ah, saudade!
Das minhas ossadas,
Saudades dos fósseis de mim
Que minha pá já não consegue escavar.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

SEMI-ÓTICA

Às vezes sinto-me tentado a aprender alguma coisa nova, mais erudita, que me tire da mediocridade e lave um pouco a lama da ignorância em que estou mergulhado. Mas percebo que alguns temas são tão distantes do meu dia a dia, da minha origem e educação, que a linguagem é tão culta, o palavreado (ou vocabulário) utilizado tão sofisticado que acabo me embaralhando todo. Semiótica é um desses assuntos.

Outro dia resolvi aprender que bicho é esse e – à falta de livros para ler – mergulhei na internet, mais especificamente na Wikipédia, que é a mãe dos muito burros. Não entendi nada, misturei alhos com baralhos (esta foi uma tentativa de atualizar o clichê) e fiquei na mesma. Ou quase, pois achei uma utilidade para a palavra semiótica. Como possuo uma visão parcial, meio distorcida e fragmentada da Realidade, creio poder dizer que vejo a Vida sob uma semi-ótica particular, pessoal.

Mas alguma coisa guardei. Por exemplo, descobri (mas não demoro a esquecer) que “semiótica” é o estudo dos signos – mas não sinônimo de astrologia, obviamente. Segundo a Wikipédia, “é o estudo dos signos e da semiose, que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação”.

Bacana, mas não entendi porra nenhuma. Em compensação encontrei estas duas frases: “A semiótica é um saber muito antigo, que estuda os modos como o homem percebe o que o rodeia.
E que é a “Ciência que estuda como o ser humano interpreta os vários elementos da linguagem utilizando seus sentidos e quais reações esses elementos provocam”.

Por ser esse um assunto tão fora da minha realidade e do meu cotidiano, nem tentei entender o significado de palavras como “significante” e "significado”. Para mim, o significado de significante deve ser o oposto de insignificante. Mas tive minha atenção voltada para três palavras de sonoridade distantemente familiar: primeiridade, secundidade e terceiridade. Aí resolvi fazer minha leitura pessoal da Dona Semiótica, usando essas três palavrinhas como sinônimo de infância, fase adulta (ou produtiva) e velhice (acaso pensou que este era um texto sério? Dançou!)

Assim, resolvi usar imagens (ou signos ou o que quer que sejam) para identificar as três fases da vida, de acordo com a simbologia que se queira dar a elas (isso foi profundo!). Feitos os devidos comentários, bora lá:

Ah, você vê a vida como um rio que segue seu curso até o mar? Isso é poético!
 Para você a vida lembra um caminho, uma estrada? Então, tá!
A vida seria como uma árvore cujo destino é dar muitos frutos? Bacanérrimo!
Você enxerga a vida como uma casa que aos poucos vai sendo construída? Ahã...
E aí, gostaram?

SAIU NO FEICIBUQUE - 039 (ZELO)


domingo, 13 de agosto de 2017

QUEM VÊ FACE NÃO VÊ CORAÇÃO

Não sei por que nunca consigo expulsar algumas coisas da minha cabeça. Caspa, por exemplo, é uma delas. Sair até que saem, mas sempre estão de volta (ao contrário dos cabelos, que vão para nunca mais voltar). Outra coisa difícil de tirar é pensamento ou preocupação inútil (sou bom nisso!), verdadeira caspa mental. E a mais recente é a quantidade de amigos que algumas pessoas têm no Facebook.

Sei de pessoas com mais de 4.000 amigos. É muito amigo! Se o sujeito for educado e cumprimentar um por um ou mandar mensagem no dia do aniversário, ficará só por conta disso. Talvez precisasse até de um(a) ajudante ou secretário(a). Se fosse político, certamente teria vários aspones para auxiliá-lo. Como nenhum de meus "amigos de Facebook" é político, nenhum deles tem assessor parlamentar.

Mas é nessas horas que precisariam ter pelo menos um assessor paralamentar a trabalheira dos diabos que dá ter muito amigo nas redes sociais (essa eu não podia deixar passar!). Meditando sobre essa emocionante questão, fiquei pensando qual é a quantidade máxima de "amigos" que alguém deveria ter. Imagino que 5.000 é o limite do aceitável. Acho que só o Roberto Chapinha Carlos manifestou o desejo de "ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar", mas acredito que isso foi antes do advento do Facebook.

Cinco mil amigos! Como conhecer ou lembrar-se de cada um? Eu mesmo posso dizer que alguns dos meus 116 amigos são ilustres (ilustríssimos seria mais correto) desconhecidos, pois não os conheço, nunca nos falamos e nunca nos vimos pessoalmente - o que não impede que tenha por eles imensa simpatia. Por tudo isso, imaginei que seria bom existir uma forma de classificar todo mundo, de enquadrá-los quanto ao grau de amizade.

Até onde sei, antes havia só a opção "curtir" para aprovar (ou não) os posts de bichinhos, bebês e orações tão ao gosto dos usuários. Hoje já existem também os ícones de coraçãozinho, carinha raivosa, carinha chorosa, espantada ou sorridente (uma gracinha, como diria a finada Hebe Camargo). Ora, se existem os emojis para sintetizar emoções (servem também para economizar palavras e evitar erros de português), por que não criar alguns para definir a proximidade ou grau de amizade, intimidade ou parentesco com cada "perfilado"? Afinal, como já dizia minha avó, "quem vê Face não vê coração".

Poderia, por exemplo, ser assim:

“Amigos” que são ídolos – Temer, Neymar, Lula, Anitta, Dória, Darth Vader, Bolsonaro, Homer Simpson, e congêneres;
 - “Amigos” que amamos loucamente - pai, mãe, esposa, filhos, amante(s), o dono do bar onde enchemos a cara todo dia e o gerente de banco responsável por aplicar o nosso dinheirinho de caixa dois;
“Amigos” de quem gostamos pra kawaka - amigos verdadeiros, irmãos, cunhados, amigos de infância e parentes próximos;
“Amigos” por quem temos simpatia - vizinhos, colegas e ex-colegas de profissão e parentes distantes;
“Amigos” com quem convivemos apenas socialmente (em casamentos e em velórios principalmente);
“Amigos” que desprezamos solenemente ou por quem sentimos antipatia gratuita (mas não demonstramos);
“Amigos” que odiamos entusiasticamente (idem);
“Amigos” que não conhecemos pessoalmente - ilustres desconhecidos, amigos nem tão ilustres assim e ET de Varginha.

Ficaria ótimo, concordam? E essa classificação não precisaria ser rígida. Poderíamos, por exemplo, classificar um cunhado mala na categoria “odiamos” ou um desconhecido na categoria “pra kawaka”.

Isso abriria possibilidades comerciais fantásticas para o Facebook, talvez até trazendo de volta gente que hoje utiliza muito mais o Twitter, o Whatsapp ou Instagram (Jotabê é marketing puro). Por isso, deixo este recado ao criador do Facebook:

- Zuckinha, meu filho, não precisa agradecer esta proposta de melhoria, pois foi feita de forma desinteressada, de coração (mas eu receberia com carinho um cheque de alguns milhões de dólares a título de retribuição).



TODO MUNDO QUERIA TER UM IGUAL!



quinta-feira, 10 de agosto de 2017

EDEDÊ

Hoje em dia usa-se muito (muito mesmo!) uma expressão que soa meio enigmática para mim, ignorante que sou. Mas tem um som legal: “Estado democrático de direito”. Dita com voz grave e empostada então, fica ainda melhor. Mas tenho dificuldade em traduzi-la, justamente por ser usada indistintamente pela Direita e pela Esquerda, pelos políticos e pelos corruptos (isso ficou meio pleonástico), sinal de que já virou clichê.

Todos usam essa expressão ora defendendo ora atacando (ainda que veladamente) alguma coisa. A Esquerda, por exemplo, a utiliza para atacar o atual governo por desprezar o “Estado democrático de direito”, enquanto apoia explicitamente a progressiva ditadura em que a Venezuela vem se transformando. Aparentemente, a leitura dessa expressão que fazem no íntimo de seus corações e convicções é “Estado Socialista de direito”.

A Direita a utiliza para defender o status quo. Parece, entretanto, que alguns (a minoria, obviamente), ao defender a intervenção militar para resolver qualquer “meu pé me dói”, está pensando na verdade em “Estado democrático de Direita”.

A mim bastaria que o Brasil fosse apenas um Estado Democrático (sempre!). E direito (no sentido de correto, honesto). E eu ficaria feliz pelo resto da vida. Mas creio que isso é pedir muito.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

HEURECA!

Estava eu no meu canto, ensimesmado (acho que ficaria melhor dizer “em mimesmado”), ruminando (aposentado adora esse tipo de coisa), remoendo algumas das várias cabeçadas que dei ao longo da vida, pensando na minha vida profissional. Nas três vezes em que - para ganhar mais -, pedi demissão de empresas onde amava trabalhar, acabei quebrando a cara, acabei me arrependendo amargamente, pois as novas empresas eram um lixo (mesmo que eu estivesse ganhando um pouco mais).

E todas as vezes em que eu penso nisso o efeito é vivenciar novamente a atitude impensada, mal refletida. É como se eu estivesse cometendo o mesmo equívoco, o mesmo erro novamente. Depois da última vez em que isso aconteceu, sonhei inúmeras vezes com a antiga empresa, sempre acordando tristíssimo, puto da vida.

Estava nessa de auto-piedade quando minha mente deu um estalo (não, não quebrou nada, as cabeçadas são apenas metafóricas), pois ficou claro o significado prático de "arrependimento" (ou "remorso"). Não tenho nenhuma dúvida de que esse assunto já foi tratado de forma mais elegante, profunda e técnica pela moçada da Psicologia. Mesmo assim, ainda que seja banal, simplória, é minha visão.

Sentir “arrependimento” é como cometer o mesmo erro duas vezes, a segunda acontecendo apenas na mente. E dói mais que na primeira vez.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

TERCEIRIZAÇÃO

Resolvi demitir alguns desejos antigos 
rever metas não atingidas.

Ofereci a meus sonhos mais caros
um plano de demissão incentivada - e eles aceitaram.

Sabia que as metas, ao contrário dos sonhos
esperavam, exigiam ser cumpridas.

Tentei traçar novas metas, contratar sonhos novos
mas falhei.

Os sonhos nunca podem ser terceirizados.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

CROMO SOMA

Ela tem paixão pela ordem, mas eu flerto com o caos
Ela pede portas e janelas trancadas e eu sonho com espaços abertos
Se Ela ama caixas, arquivos e gavetas, eu nunca sei onde estou

Da goiaba ela come a polpa, eu gosto só da casca.
Do pão ela come a casca e eu banqueteio-me com o miolo
O vermelho vivo é sua cor, eu prefiro preto ou azul

Ela é linda, alegre e falante, eu sou um ogro taciturno
Ela é generosa e solidária; eu, arredio e egoísta
Quase nada temos em comum.

Antagonismo aparente, somos complementares
Ela é a melhor parte de mim
Entranhou-se em meu DNA, em meus genes.

Em meus cromossomos somos soma
Um mais um é igual a um ou pode ser mais que dois
Almas gêmeas, talvez.

TRILOGIA DE QUATRO

Esta maluquice encerra a "trilogia" de quatro posts iniciada com o texto "Ingente Necessidade" (creio ter ouvido dizer "Que bosta, mano!").







TRILOGIA DA MEDIOCRIDADE

Este post é o final da "trilogia da mediocridade" iniciada com o título "Ingente Necessidade". É também um verdadeiro anticlímax e fruto de um delírio pessoal, surgido às cinco da matina. Explicando mais um pouquinho, o que aconteceu recentemente foi ter dormido com a sensação ruim de não conseguir escrever mais nada e acordado às cinco da manhã com a ideia de transformar essa incapacidade (provavelmente definitiva) em imagem (olha o spoiler aí!).

Enquanto ia despertando, comecei a pensar em cores e formatos diversos (e eu não uso drogas!), nos seis tamboretes que minha mulher pintou com cores diferentes, bandeirinhas do Volpi e na criação de um texto como se fosse a feitura de um artesanato, pintura, colagem, madeira entalhada. Já completamente desperto, comecei a planejar o que faria: primeiro um texto que falasse - na terceira pessoa! - da mediocridade e falta de inspiração da maioria dos posts do Blogson.

A etapa seguinte seria deformar o texto através de traduções sucessivas com o auxílio do Google Tradutor (ferramenta, diga-se, que eu acho fantástica). Pensando em usar uma língua de cada continente, cheguei a fazer uma experiência com um texto qualquer, mas o resultado assim obtido foi uma massa de palavras sem nexo nenhum. Por isso, decidi utilizar só duas línguas além do português. As escolhidas foram o basco e o finlandês, justamente por não pertencerem (descoberta recente) à família de línguas indo-europeias.

A parte final do plano seria despedaçar (literalmente) o texto assim obtido, usar cores, fontes e tamanhos diferentes em cada pedaço e remontar fora de ordem. Por isso eu falei no início deste post em anticlímax e spoiler, pois tudo isso já tinha sido contado na segunda parte desta trilogia da mediocridade e da falta de inspiração.

Só mais uma curiosidade: depois de imaginar esse cenário, surgiu a ideia de fazer no texto a ser ainda escrito um contraponto ao conceito de “arte”. E aí veio à mente a palavra “artesanato”, que chegou “acompanhada” de arteirice, artifício e artesania. Para não pagar mico, consultei um dicionário do Aurélio que temos em casa, mas não encontrei referência a “artesania”, evidência de que seria um neologismo ou talvez pelo fato de nossa edição ser muito antiga (é a primeira). Fiquei ali de bobeira, folheando o dicionário, até ter a atenção voltada para o trecho de um poema do Drummond citado no prefácio, que se encaixa bem neste post:

Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.

Interessado em ler o poema completo recorri ao Google, mas descobri “trocentas” transcrições apenas desses versos, sinal de que a “cultura de orelha de livro” (a minha) é praxe na internet. Como estava de bobeira mesmo, resolvi pesquisar na internet a palavra “artesania”. Achei duas definições que transcrevo a seguir:

Segundo o Dicionário Informal, artesania é uma palavra “de uso recorrente no Brasil, embora ainda considerada, em termos linguísticos, um 'estrangeirismo'. Aqui, a palavra é tomada do espanhol e pensada como sendo os processos que implicam na experimentação, investigação, espaços produtivos e produto final, pelos quais o artesão transita para ter um resultado adequado, o que inclui, ainda, a inventividade e a necessidade de métodos apropriados, mesmo em se tratando de um trabalho informal, sem compromisso com a seriação. Artesania sugere, deste modo, o ato de fazer o artesanato e não meramente o produto final".

Na definição do DICIO - Dicionário On Line de Português, artesania significa "Obra de artesão; artesanato. Aquilo que diz respeito às técnicas artesanais".

Os dois leitores (eu disse “dois”!) deste blog já conhecem meu estado de espírito oscilante, mas para o caso de um “surfista prateado”, ET ou alguém de outra galáxia acessar por engano o Blogson e ficar sem entender (normal!) o motivo de tantas explicações para um produto tão ruim (idem), talvez a letra da música “Aviso aos Navegantes”, do Lulu Santos, seja um bom começo para esse entendimento.

Bom, depois de tanta enrolação, só me resta apresentar o produto final deste delírio, lembrando que foi extremamente divertida a sua confecção, mesmo que seja apenas uma brincadeira sem nenhum valor (nem mesmo estético).

O texto a ser "despedaçado" foi este:

Um de seus sonhos mais caros que acalentava era o de ser um escritor. Não um escritor qualquer. O que queria mesmo, o que sonhava era ser um bom, um grande escritor. Por isso, escrevia sempre, escrevia muito. Mas não dominava os fundamentos teóricos da língua. Por isso mesmo, agredia a concordância e a regência, atropelava a gramática e todas as demais regras e normas necessárias a uma linguagem culta, conhecimentos que se exigiriam de um escritor de verdade, sabedor do seu ofício.
Mostrava seus textos capengas, inexpressivos e sem inspiração, suas frases desconexas e mal formuladas, seus assuntos banais e vulgares a qualquer um que conseguisse encurralar, sempre esperando receber elogios e cumprimentos. Nunca publicou nada e o máximo que conseguia era ser discretamente ignorado e evitado pelos conhecidos e parentes, que se esquivavam de ficar sozinhos com ele em festas caseiras e eventos familiares.
A mudança só aconteceu quando - finalmente! - deu-se conta de que não era o escritor que imaginava e queria ser. Demorou, mas um dia percebeu que era apenas um escrevinhador medíocre, um vândalo da palavra escrita. A partir daí, primeiro ressabiadamente, meio constrangido, começou a abusar de clichês. Depois, desassombrada e desafiadoramente, passou a inventar palavras, a criar neologismos que nem ele sabia para que serviriam.
Começou também a fazer experiências bizarras utilizando o Google Tradutor. Para isso, pegava um texto de sua autoria e traduzia para uma língua qualquer. Repetia a operação para uma nova língua, usando texto já traduzido. E assim, fazia até voltar ao português, depois de duas, três ou mais traduções sucessivas. O resultado assim obtido era um amontoado de frases sem sentido e quase sem nenhuma relação com o texto original, fato que o divertia muito.
Sempre vandalizando a língua, a estética e a lucidez, passou a abusar de cores, fontes e tamanhos variados, despreocupado com a ordem lógica, como se o texto original fosse apenas um jogo de montar, um brinquedo de encaixe, como se quisesse criar uma nova linguagem ou forma de expressão - que só para ele teria sentido e valor. Os textos assim obtidos passaram a ser apenas imagens, grafismos, sem necessidade de revisão.
Acreditava estar criando uma nova forma de arte, quando era apenas vandalismo contra o idioma, contra as palavras e frases. Longe de ser arte, era só artesania, artesanato, arteirice, artifício para esconder sua permanente falta de criatividade e valor literário. Inconsciente disso, seguiu vandalizando a língua, para ver até onde seu delírio poderia chegar.


Depois das sucessivas traduções (a ordem adotada foi português >> basco >> finlandês >> português), ficou assim:

Um dos seu sonho mais acalentado era para ser um escritor. Não é um escritor. O que eu quero, e que sonha ser um grande escritor. Então, sempre escrevendo, escrevendo muito.
Ele mostrou seus textos coxos, inexpressivos e sem inspiração, suas frases fragmentada e mal projetado, pode-se começar a assuntos diários e vulgar, é esperado para louvar e elogios. Ele nunca publicou nada, tanto quanto eu podia e não podia ser ignorado e conhecidos e parentes, que o tinha contornadas apenas uma casa ou reuniões familiares.
A única mudança ocorreu - finalmente! - para a conta, e que não seria um escritor que imaginado. Ele pegou, mas um dia eu percebi que era apenas um medíocre Scribbler, vandalismo palavra escrita. A partir daí, o primeiro ressabiadamente, trepidação, ela começou muitos clichês. Então, ele estava com medo de ir para o desafio e veio com palavras que não sabem o que é bom para eles para criar neologismos.
Ele também começou a fazer experimentos estranhos usando o Google Translate. Para fazer isso, eu vou levá-la ao texto e traduzido em todas as línguas. Repita a operação de uma nova linguagem, o uso de texto já traduzido. E assim, regressar a Portugal, dois, três ou mais dos seguintes traduções. O resultado obtido desta forma é amontoado sem sentido da frase e quase nada a ver com o texto original, é o fato de que era muito divertido.
Toda linguagem, estética e clareza de vandalizando, cores, fontes e um versátil, tamanhos despreocupados direito em uma ordem lógica do texto original, como se o jogo tinha acabado de ligar brinquedo montado, como alguém começou a criar uma nova linguagem ou expressão - é o único significado e seu valor seria. Tais textos apenas nas imagens de teste, gráficos, sem novamente.
Os crentes devem criar uma nova forma de arte, quando era apenas contra palavras vandalismo e frases da língua. Longe de arte, apenas ofícios, artes e ofícios, arteirice, engano para esconder a falta de criatividade e valor literário permanente. eles não sabem disso, a linguagem continuou vandalizar seu delírio para ver até onde ele poderia conseguir.

Como a qualidade deste blog - que já era ruim - está em queda livre, a "trilogia de três" acabou virando uma "trilogia de quatro", pois resolvi deixar a imagem em um post isolado (mau gosto pega!). Mas não demora, pois já está pronta. Isso me fez lembrar de uma piadinha que meu amigo Pintão gostava de repetir:

Os quatro cavaleiros do Apocalipse são três, Esaú e Jacó.


VIÚVAS DE MARIDO VIVO

  Talvez por ter achado muita graça do medo de ser preso do nosso ex-pres, que o levou a passar dois dias na embaixada da Turquia, lembrei-m...