Este texto tem motivações anteriores e posteriores ao post "Divisor" recentemente publicado (uma prova de que o Blogson é a materialização da Teoria da Relatividade. Não entendeu? Relaxe, não é mesmo para entender, é só uma piadinha sem nexo).
Nos últimos tempos (fiquei tentado a escrever “nos penúltimos tempos”) tem aumentado a minha percepção de ser uma pessoa cada vez mais marginal. Mas não no sentido de ser alguém alternativo, diferenciado. Nem como sinônimo de criminoso, bandido ou malfeitor.
Nos últimos tempos (fiquei tentado a escrever “nos penúltimos tempos”) tem aumentado a minha percepção de ser uma pessoa cada vez mais marginal. Mas não no sentido de ser alguém alternativo, diferenciado. Nem como sinônimo de criminoso, bandido ou malfeitor.
Não me sinto marginalizado nem esquecido por ninguém. A sensação que tenho agora é de estar à margem da Vida, como alguém que está na arquibancada de algum estádio em dia de jogo ou como se fosse uma espécie de Observador, personagem de quadrinhos criados pelo Stan Lee.
Talvez a melhor imagem para definir esse sentimento seja o que acontece com as águas de um rio. Em seu leito, o fluxo das águas não acontece de forma homogênea nem na mesma velocidade; "(...) este fato é devido à morfologia do rio, em que o atrito da água nas margens e no leito causa um efeito de retardamento da velocidade".
Assim, esse “marginal” está associado à imagem que me veio à mente, a sensação de ser algo flutuando em um rio, sendo levado pelo curso natural das águas. O que me diferencia é o fato de estar próximo da barranca, da beira, movimentando-me lentamente e sujeito a ser barrado ou ter o deslocamento impedido por algum galho caído n’água, pedra ou vegetação ao longo das margens.
Ou seja, eu vejo as pessoas como se estivessem movendo-se em diferentes velocidades, o fluxo principal mais veloz e de maior volume acontecendo no meio desse rio existencial. Foi assim divagando que acabei pensando na imagem do "vidro espesso do Tempo", que acabou sendo o ponto de partida para mais um falso poema, baseado em uma situação rigorosamente verdadeira.
E agora, engato na resposta que dei a um comentário gentilíssimo de um dos dois leitores reais do Blogson, a gente fina "J". Nos últimos tempos tenho me dado conta de que as pessoas com quem mais me identifico intelectualmente são jovens mai cultos, mais antenados, na faixa dos trinta aos (estourando) cinquenta. Porque são pessoas que ainda tem sonhos, que criam, que viajam na maionese (ou em algum "vapor barato"), que não conversam apenas sobre futebol e cerveja ou coisa do gênero.
Aqui cabe um adendo: defini essa faixa etária pois é nela que estão situados meus filhos, com idade variando de trinta a quarenta anos. Na prática, dependendo da cabeça (inteligência, formação, cultura, sensibilidade) de cada um, esse intervalo pode ser mais ampliado.
Voltando à ideia da identificação, infelizmente, de nada adianta sua existência, pois há a porra do vidro blindado do Tempo a impedir o contato, uma barreira, quase um "choque de gerações". Ou seria como se eu ficasse olhando através do vidro os bebês de um berçário; ou ainda, mais adequado, como se eu estivesse preso e só pudesse ter contato com as pessoas através de um vidro blindado, falando ao telefone, como vejo em alguns filmes estrangeiros (nem sei se existe isso no Brasil).
Isto não é - nem nunca pretendi que fosse - um lamento, é só o registro de mais uma das auto-análises que conto ao meu "psicanalista digital" que é o Blogson Crusoe. Pensando bem, talvez eu sempre tenha estado à margem, talvez eu sempre tenha pertencido apenas a um "corguinho", a um insignificante e tortuoso afluente do rio da Vida. Sempre marginal, cumprindo a sina estabelecida no próprio Blogson - o blog da solidão ampliada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário