quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TRILOGIA DA MEDIOCRIDADE

Este post é o final da "trilogia da mediocridade" iniciada com o título "Ingente Necessidade". É também um verdadeiro anticlímax e fruto de um delírio pessoal, surgido às cinco da matina. Explicando mais um pouquinho, o que aconteceu recentemente foi ter dormido com a sensação ruim de não conseguir escrever mais nada e acordado às cinco da manhã com a ideia de transformar essa incapacidade (provavelmente definitiva) em imagem (olha o spoiler aí!).

Enquanto ia despertando, comecei a pensar em cores e formatos diversos (e eu não uso drogas!), nos seis tamboretes que minha mulher pintou com cores diferentes, bandeirinhas do Volpi e na criação de um texto como se fosse a feitura de um artesanato, pintura, colagem, madeira entalhada. Já completamente desperto, comecei a planejar o que faria: primeiro um texto que falasse - na terceira pessoa! - da mediocridade e falta de inspiração da maioria dos posts do Blogson.

A etapa seguinte seria deformar o texto através de traduções sucessivas com o auxílio do Google Tradutor (ferramenta, diga-se, que eu acho fantástica). Pensando em usar uma língua de cada continente, cheguei a fazer uma experiência com um texto qualquer, mas o resultado assim obtido foi uma massa de palavras sem nexo nenhum. Por isso, decidi utilizar só duas línguas além do português. As escolhidas foram o basco e o finlandês, justamente por não pertencerem (descoberta recente) à família de línguas indo-europeias.

A parte final do plano seria despedaçar (literalmente) o texto assim obtido, usar cores, fontes e tamanhos diferentes em cada pedaço e remontar fora de ordem. Por isso eu falei no início deste post em anticlímax e spoiler, pois tudo isso já tinha sido contado na segunda parte desta trilogia da mediocridade e da falta de inspiração.

Só mais uma curiosidade: depois de imaginar esse cenário, surgiu a ideia de fazer no texto a ser ainda escrito um contraponto ao conceito de “arte”. E aí veio à mente a palavra “artesanato”, que chegou “acompanhada” de arteirice, artifício e artesania. Para não pagar mico, consultei um dicionário do Aurélio que temos em casa, mas não encontrei referência a “artesania”, evidência de que seria um neologismo ou talvez pelo fato de nossa edição ser muito antiga (é a primeira). Fiquei ali de bobeira, folheando o dicionário, até ter a atenção voltada para o trecho de um poema do Drummond citado no prefácio, que se encaixa bem neste post:

Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.

Interessado em ler o poema completo recorri ao Google, mas descobri “trocentas” transcrições apenas desses versos, sinal de que a “cultura de orelha de livro” (a minha) é praxe na internet. Como estava de bobeira mesmo, resolvi pesquisar na internet a palavra “artesania”. Achei duas definições que transcrevo a seguir:

Segundo o Dicionário Informal, artesania é uma palavra “de uso recorrente no Brasil, embora ainda considerada, em termos linguísticos, um 'estrangeirismo'. Aqui, a palavra é tomada do espanhol e pensada como sendo os processos que implicam na experimentação, investigação, espaços produtivos e produto final, pelos quais o artesão transita para ter um resultado adequado, o que inclui, ainda, a inventividade e a necessidade de métodos apropriados, mesmo em se tratando de um trabalho informal, sem compromisso com a seriação. Artesania sugere, deste modo, o ato de fazer o artesanato e não meramente o produto final".

Na definição do DICIO - Dicionário On Line de Português, artesania significa "Obra de artesão; artesanato. Aquilo que diz respeito às técnicas artesanais".

Os dois leitores (eu disse “dois”!) deste blog já conhecem meu estado de espírito oscilante, mas para o caso de um “surfista prateado”, ET ou alguém de outra galáxia acessar por engano o Blogson e ficar sem entender (normal!) o motivo de tantas explicações para um produto tão ruim (idem), talvez a letra da música “Aviso aos Navegantes”, do Lulu Santos, seja um bom começo para esse entendimento.

Bom, depois de tanta enrolação, só me resta apresentar o produto final deste delírio, lembrando que foi extremamente divertida a sua confecção, mesmo que seja apenas uma brincadeira sem nenhum valor (nem mesmo estético).

O texto a ser "despedaçado" foi este:

Um de seus sonhos mais caros que acalentava era o de ser um escritor. Não um escritor qualquer. O que queria mesmo, o que sonhava era ser um bom, um grande escritor. Por isso, escrevia sempre, escrevia muito. Mas não dominava os fundamentos teóricos da língua. Por isso mesmo, agredia a concordância e a regência, atropelava a gramática e todas as demais regras e normas necessárias a uma linguagem culta, conhecimentos que se exigiriam de um escritor de verdade, sabedor do seu ofício.
Mostrava seus textos capengas, inexpressivos e sem inspiração, suas frases desconexas e mal formuladas, seus assuntos banais e vulgares a qualquer um que conseguisse encurralar, sempre esperando receber elogios e cumprimentos. Nunca publicou nada e o máximo que conseguia era ser discretamente ignorado e evitado pelos conhecidos e parentes, que se esquivavam de ficar sozinhos com ele em festas caseiras e eventos familiares.
A mudança só aconteceu quando - finalmente! - deu-se conta de que não era o escritor que imaginava e queria ser. Demorou, mas um dia percebeu que era apenas um escrevinhador medíocre, um vândalo da palavra escrita. A partir daí, primeiro ressabiadamente, meio constrangido, começou a abusar de clichês. Depois, desassombrada e desafiadoramente, passou a inventar palavras, a criar neologismos que nem ele sabia para que serviriam.
Começou também a fazer experiências bizarras utilizando o Google Tradutor. Para isso, pegava um texto de sua autoria e traduzia para uma língua qualquer. Repetia a operação para uma nova língua, usando texto já traduzido. E assim, fazia até voltar ao português, depois de duas, três ou mais traduções sucessivas. O resultado assim obtido era um amontoado de frases sem sentido e quase sem nenhuma relação com o texto original, fato que o divertia muito.
Sempre vandalizando a língua, a estética e a lucidez, passou a abusar de cores, fontes e tamanhos variados, despreocupado com a ordem lógica, como se o texto original fosse apenas um jogo de montar, um brinquedo de encaixe, como se quisesse criar uma nova linguagem ou forma de expressão - que só para ele teria sentido e valor. Os textos assim obtidos passaram a ser apenas imagens, grafismos, sem necessidade de revisão.
Acreditava estar criando uma nova forma de arte, quando era apenas vandalismo contra o idioma, contra as palavras e frases. Longe de ser arte, era só artesania, artesanato, arteirice, artifício para esconder sua permanente falta de criatividade e valor literário. Inconsciente disso, seguiu vandalizando a língua, para ver até onde seu delírio poderia chegar.


Depois das sucessivas traduções (a ordem adotada foi português >> basco >> finlandês >> português), ficou assim:

Um dos seu sonho mais acalentado era para ser um escritor. Não é um escritor. O que eu quero, e que sonha ser um grande escritor. Então, sempre escrevendo, escrevendo muito.
Ele mostrou seus textos coxos, inexpressivos e sem inspiração, suas frases fragmentada e mal projetado, pode-se começar a assuntos diários e vulgar, é esperado para louvar e elogios. Ele nunca publicou nada, tanto quanto eu podia e não podia ser ignorado e conhecidos e parentes, que o tinha contornadas apenas uma casa ou reuniões familiares.
A única mudança ocorreu - finalmente! - para a conta, e que não seria um escritor que imaginado. Ele pegou, mas um dia eu percebi que era apenas um medíocre Scribbler, vandalismo palavra escrita. A partir daí, o primeiro ressabiadamente, trepidação, ela começou muitos clichês. Então, ele estava com medo de ir para o desafio e veio com palavras que não sabem o que é bom para eles para criar neologismos.
Ele também começou a fazer experimentos estranhos usando o Google Translate. Para fazer isso, eu vou levá-la ao texto e traduzido em todas as línguas. Repita a operação de uma nova linguagem, o uso de texto já traduzido. E assim, regressar a Portugal, dois, três ou mais dos seguintes traduções. O resultado obtido desta forma é amontoado sem sentido da frase e quase nada a ver com o texto original, é o fato de que era muito divertido.
Toda linguagem, estética e clareza de vandalizando, cores, fontes e um versátil, tamanhos despreocupados direito em uma ordem lógica do texto original, como se o jogo tinha acabado de ligar brinquedo montado, como alguém começou a criar uma nova linguagem ou expressão - é o único significado e seu valor seria. Tais textos apenas nas imagens de teste, gráficos, sem novamente.
Os crentes devem criar uma nova forma de arte, quando era apenas contra palavras vandalismo e frases da língua. Longe de arte, apenas ofícios, artes e ofícios, arteirice, engano para esconder a falta de criatividade e valor literário permanente. eles não sabem disso, a linguagem continuou vandalizar seu delírio para ver até onde ele poderia conseguir.

Como a qualidade deste blog - que já era ruim - está em queda livre, a "trilogia de três" acabou virando uma "trilogia de quatro", pois resolvi deixar a imagem em um post isolado (mau gosto pega!). Mas não demora, pois já está pronta. Isso me fez lembrar de uma piadinha que meu amigo Pintão gostava de repetir:

Os quatro cavaleiros do Apocalipse são três, Esaú e Jacó.


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