Às vezes sinto-me tentado a aprender alguma
coisa nova, mais erudita, que me tire da mediocridade e lave um pouco a lama da
ignorância em que estou mergulhado. Mas percebo que alguns temas são tão
distantes do meu dia a dia, da minha origem e educação, que a linguagem é tão
culta, o palavreado (ou vocabulário) utilizado tão sofisticado que acabo me
embaralhando todo. Semiótica é um desses assuntos.
Outro dia resolvi aprender que bicho é esse e
– à falta de livros para ler – mergulhei na internet, mais especificamente na
Wikipédia, que é a mãe dos muito burros. Não entendi nada, misturei alhos com
baralhos (esta foi uma tentativa de atualizar o clichê) e fiquei na mesma. Ou
quase, pois achei uma utilidade para a palavra semiótica. Como possuo uma visão parcial, meio distorcida e
fragmentada da Realidade, creio poder dizer que vejo a Vida sob uma semi-ótica particular, pessoal.
Mas alguma coisa guardei. Por exemplo,
descobri (mas não demoro a esquecer) que “semiótica” é o estudo dos signos – mas não sinônimo de astrologia, obviamente.
Segundo a Wikipédia, “é o estudo dos
signos e da semiose, que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem
sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação”.
Bacana, mas não entendi porra
nenhuma. Em compensação encontrei estas duas frases: “A semiótica é um saber muito antigo, que estuda os modos como o homem
percebe o que o rodeia.”
E que é a “Ciência que estuda como o ser humano
interpreta os vários elementos da linguagem utilizando seus sentidos e quais
reações esses elementos provocam”.
Por ser esse um assunto tão
fora da minha realidade e do meu cotidiano, nem tentei entender o significado
de palavras como “significante” e "significado”. Para mim, o significado de significante deve ser o oposto de insignificante. Mas tive minha atenção voltada para três palavras
de sonoridade distantemente familiar: primeiridade,
secundidade e
terceiridade. Aí resolvi fazer minha
leitura pessoal da Dona Semiótica, usando essas três palavrinhas como sinônimo de
infância, fase adulta (ou produtiva) e velhice (acaso pensou que este era um
texto sério? Dançou!)
Assim, resolvi usar
imagens (ou signos ou o que quer que sejam) para identificar as três fases da
vida, de acordo com a simbologia que se queira dar a elas (isso foi profundo!). Feitos os devidos
comentários, bora lá:
semi-óptica, ficou muito bom.
ResponderExcluirLembrou-me, se não na forma, mas em essência, do poema do Drummond abaixo.
VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.