sexta-feira, 18 de agosto de 2017

SEMI-ÓTICA

Às vezes sinto-me tentado a aprender alguma coisa nova, mais erudita, que me tire da mediocridade e lave um pouco a lama da ignorância em que estou mergulhado. Mas percebo que alguns temas são tão distantes do meu dia a dia, da minha origem e educação, que a linguagem é tão culta, o palavreado (ou vocabulário) utilizado tão sofisticado que acabo me embaralhando todo. Semiótica é um desses assuntos.

Outro dia resolvi aprender que bicho é esse e – à falta de livros para ler – mergulhei na internet, mais especificamente na Wikipédia, que é a mãe dos muito burros. Não entendi nada, misturei alhos com baralhos (esta foi uma tentativa de atualizar o clichê) e fiquei na mesma. Ou quase, pois achei uma utilidade para a palavra semiótica. Como possuo uma visão parcial, meio distorcida e fragmentada da Realidade, creio poder dizer que vejo a Vida sob uma semi-ótica particular, pessoal.

Mas alguma coisa guardei. Por exemplo, descobri (mas não demoro a esquecer) que “semiótica” é o estudo dos signos – mas não sinônimo de astrologia, obviamente. Segundo a Wikipédia, “é o estudo dos signos e da semiose, que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação”.

Bacana, mas não entendi porra nenhuma. Em compensação encontrei estas duas frases: “A semiótica é um saber muito antigo, que estuda os modos como o homem percebe o que o rodeia.
E que é a “Ciência que estuda como o ser humano interpreta os vários elementos da linguagem utilizando seus sentidos e quais reações esses elementos provocam”.

Por ser esse um assunto tão fora da minha realidade e do meu cotidiano, nem tentei entender o significado de palavras como “significante” e "significado”. Para mim, o significado de significante deve ser o oposto de insignificante. Mas tive minha atenção voltada para três palavras de sonoridade distantemente familiar: primeiridade, secundidade e terceiridade. Aí resolvi fazer minha leitura pessoal da Dona Semiótica, usando essas três palavrinhas como sinônimo de infância, fase adulta (ou produtiva) e velhice (acaso pensou que este era um texto sério? Dançou!)

Assim, resolvi usar imagens (ou signos ou o que quer que sejam) para identificar as três fases da vida, de acordo com a simbologia que se queira dar a elas (isso foi profundo!). Feitos os devidos comentários, bora lá:

Ah, você vê a vida como um rio que segue seu curso até o mar? Isso é poético!
 Para você a vida lembra um caminho, uma estrada? Então, tá!
A vida seria como uma árvore cujo destino é dar muitos frutos? Bacanérrimo!
Você enxerga a vida como uma casa que aos poucos vai sendo construída? Ahã...
E aí, gostaram?

Um comentário:

  1. semi-óptica, ficou muito bom.
    Lembrou-me, se não na forma, mas em essência, do poema do Drummond abaixo.

    VERDADE

    A porta da verdade estava aberta,
    mas só deixava passar
    meia pessoa de cada vez.

    Assim não era possível atingir toda a verdade,
    porque a meia pessoa que entrava
    só trazia o perfil de meia verdade.

    E sua segunda metade
    voltava igualmente com meio perfil.
    E os dois meios perfis não coincidiam.

    Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
    Chegaram a um lugar luminoso
    onde a verdade esplendia seus fogos.
    Era dividida em duas metades,
    diferentes uma da outra.

    Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
    As duas eram totalmente belas.
    Mas carecia optar. Cada um optou conforme
    seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

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