domingo, 13 de agosto de 2017

QUEM VÊ FACE NÃO VÊ CORAÇÃO

Não sei por que nunca consigo expulsar algumas coisas da minha cabeça. Caspa, por exemplo, é uma delas. Sair até que saem, mas sempre estão de volta (ao contrário dos cabelos, que vão para nunca mais voltar). Outra coisa difícil de tirar é pensamento ou preocupação inútil (sou bom nisso!), verdadeira caspa mental. E a mais recente é a quantidade de amigos que algumas pessoas têm no Facebook.

Sei de pessoas com mais de 4.000 amigos. É muito amigo! Se o sujeito for educado e cumprimentar um por um ou mandar mensagem no dia do aniversário, ficará só por conta disso. Talvez precisasse até de um(a) ajudante ou secretário(a). Se fosse político, certamente teria vários aspones para auxiliá-lo. Como nenhum de meus "amigos de Facebook" é político, nenhum deles tem assessor parlamentar.

Mas é nessas horas que precisariam ter pelo menos um assessor paralamentar a trabalheira dos diabos que dá ter muito amigo nas redes sociais (essa eu não podia deixar passar!). Meditando sobre essa emocionante questão, fiquei pensando qual é a quantidade máxima de "amigos" que alguém deveria ter. Imagino que 5.000 é o limite do aceitável. Acho que só o Roberto Chapinha Carlos manifestou o desejo de "ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar", mas acredito que isso foi antes do advento do Facebook.

Cinco mil amigos! Como conhecer ou lembrar-se de cada um? Eu mesmo posso dizer que alguns dos meus 116 amigos são ilustres (ilustríssimos seria mais correto) desconhecidos, pois não os conheço, nunca nos falamos e nunca nos vimos pessoalmente - o que não impede que tenha por eles imensa simpatia. Por tudo isso, imaginei que seria bom existir uma forma de classificar todo mundo, de enquadrá-los quanto ao grau de amizade.

Até onde sei, antes havia só a opção "curtir" para aprovar (ou não) os posts de bichinhos, bebês e orações tão ao gosto dos usuários. Hoje já existem também os ícones de coraçãozinho, carinha raivosa, carinha chorosa, espantada ou sorridente (uma gracinha, como diria a finada Hebe Camargo). Ora, se existem os emojis para sintetizar emoções (servem também para economizar palavras e evitar erros de português), por que não criar alguns para definir a proximidade ou grau de amizade, intimidade ou parentesco com cada "perfilado"? Afinal, como já dizia minha avó, "quem vê Face não vê coração".

Poderia, por exemplo, ser assim:

“Amigos” que são ídolos – Temer, Neymar, Lula, Anitta, Dória, Darth Vader, Bolsonaro, Homer Simpson, e congêneres;
 - “Amigos” que amamos loucamente - pai, mãe, esposa, filhos, amante(s), o dono do bar onde enchemos a cara todo dia e o gerente de banco responsável por aplicar o nosso dinheirinho de caixa dois;
“Amigos” de quem gostamos pra kawaka - amigos verdadeiros, irmãos, cunhados, amigos de infância e parentes próximos;
“Amigos” por quem temos simpatia - vizinhos, colegas e ex-colegas de profissão e parentes distantes;
“Amigos” com quem convivemos apenas socialmente (em casamentos e em velórios principalmente);
“Amigos” que desprezamos solenemente ou por quem sentimos antipatia gratuita (mas não demonstramos);
“Amigos” que odiamos entusiasticamente (idem);
“Amigos” que não conhecemos pessoalmente - ilustres desconhecidos, amigos nem tão ilustres assim e ET de Varginha.

Ficaria ótimo, concordam? E essa classificação não precisaria ser rígida. Poderíamos, por exemplo, classificar um cunhado mala na categoria “odiamos” ou um desconhecido na categoria “pra kawaka”.

Isso abriria possibilidades comerciais fantásticas para o Facebook, talvez até trazendo de volta gente que hoje utiliza muito mais o Twitter, o Whatsapp ou Instagram (Jotabê é marketing puro). Por isso, deixo este recado ao criador do Facebook:

- Zuckinha, meu filho, não precisa agradecer esta proposta de melhoria, pois foi feita de forma desinteressada, de coração (mas eu receberia com carinho um cheque de alguns milhões de dólares a título de retribuição).



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