quinta-feira, 30 de abril de 2020

MANINFESTAÇÃO A FAVOR

Esta fase em que estamos, de isolamento social recomendado pelas autoridades de saúde que tenham um mínimo de seriedade, fez com que eu me lembrasse de um caso do meu amigo Pintão. Ele era um dos engenheiros responsáveis pelas obras de um dos lotes da Via Expressa de BH. Segundo ele, em um dos trechos desse contrato havia uma curva tão fechada (defeito corrigido posteriormente) que ele disse ao fiscal da obra estar pensando em montar uma funerária nas proximidades, pois era um negócio com ótimas perspectivas de sucesso. Ironia de filho da puta, claro.

A mesma ideia deve estar animando os agentes funerários quando vêem carreatas pedindo o fim do isolamento. Mas o que me deixa impressionado mesmo não é o grande número de imbecis que existe por aí. O que causa perplexidade é que basta ter alguma manifestação que o presidente não apoiou para alguns malucos começarem a pedir intervenção militar. 

Isso sempre me deixa confuso. Intervenção contra quem? A favor de quê? De que forma? Alguém dará um pé na bunda do Jair? Ou será o Bolsonaro que dará um pé na bunda da democracia?

Fiquei ainda mais confuso ao saber que o Plano Marshall caboclo (ou Plano Marcha, para ficar mais condizente com seu coordenador) não ficará sob a batuta do Ministério da Economia, mas da Casa Civil – que é chefiada por um... militar!

Fui dar uma conferida na internet e descobri que oito ministérios do atual governo são chefiados por militares de alta patente (alguns nem tanto assim). É muito militar! E aí eu fico pensando que não tem nenhum sentido algumas pessoas pedir intervenção militar. Para que, se toda hora tem um militar intervindo em algum assunto no país? Eu, heim?!



quarta-feira, 29 de abril de 2020

ORGANIZANDO A QUARENTENA

Meu novo amigo virtual Scant parece ser um sujeito super organizado, pois faz várias listas disso e daquilo, o que me deixa até com uma pitada de inveja, pois eu sou o rei da zona (deixando claro que não me refiro à região onde os bordéis estão instalados). Mas os bons exemplos devem ser seguidos. Por isso, depois de postar um link de uma música do velho e bom Jimi Hendrix, cismei de revisitar os vinis que temos guardados. Separei e contei os do Jimi (tenho quatorze álbuns e dois CDs), procurei as capas na internet e fiz uma espécie de poster (efeito colateral da quarentena).

Os quatro primeiros são meus prediletos e os cinco últimos pura picaretagem, pois tenho dúvida se há neles o registro de pelo menos uma afinação de guitarra feita pelo músico. E só estão guardados por eu ser um acumulador de discos. Aliás, essa é a explicação dos quinhentos e tantos LPs que temos: sempre que alguém resolvia jogar fora os vinis fora de moda (a moda era o CD!), perguntava se eu os queria. "Lógico!", sempre foi a resposta, pouco importando o gênero musical, o estado do disco ou intérprete. Olha o poster aí.


E já que falei de capas de disco, por que não ouvir uma boa música? A primeira vez que ouvi essa música, eu era jovem, bobo e sonhador, e fiquei chapado com o solo passando de uma caixa de som para a outra. Hoje eu continuo bobo e sonhador, mas não jovem, pois isso aconteceu há muito tempo! Escuta aí.



sábado, 25 de abril de 2020

EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - 09


QUARENTA E CINCO ANOS

Hoje, dia 25 de abril, eu e minha mulher comemoramos 45 anos de casamento. É isso mesmo que você leu. 45 anos! Por isso, o nono episódio da série "Eu vivo sempre no mundo da lua" sairá mais tarde, às 14h50min, pois resolvi postar um poema que fiz para comemorar esta data. São versos talvez excessivamente piegas, mancos e de rima simplória, eu sei, mas foi bom  tê-los escrito e, melhor ainda, tê-los vivido. A poesia pode ser ruim, mas a vida ao lado dela sempre foi magnífica. E continua a ser, pois ela é a mulher da minha vida.

Se alguém viesse e me dissesse
Que eu até conseguiria
Encontrar com quem quisesse
Viver todos os meus dias
“Isso não acontece!”,
Era tudo o que eu diria

Mas isso aconteceu
Comigo e, que ironia!
Fez minha vida ter mais cor
Significado e alegria
Que pouco fiz para merecer
(Se quer saber, não merecia)
Acordar com ela ao lado
Meu a cada dia

E é por isso que agradeço
A Deus tanta honraria
De tornar minha existência
Ao lado dela em poesia

Talvez por isso,
Por tão boa companhia
Na minha mente
Anos passados viram dias
E isso é realidade
Nem de longe uma utopia.

Ventos fortes, ventos fracos
Longa foi a travessia
Sem contar com ela ao lado
Hoje eu sei, sucumbiria
Felicidade assim é para poucos
Só uma rara minoria
E se pudesse viver tudo de novo
Nem um pouco hesitaria

Quarenta e cinco anos...
É só motivo de euforia
Pois te amar é o que faço
Há tanto tempo, a cada dia.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - 08


PLANO REDONDO

- Segundo notícias que li na internet, o governo começa a traçar um plano para retomada da economia do país quando o tsunami Covid-19 for apenas uma marolinha.

- O bizarro é que a coordenação desse plano tão necessário ao país não ficará sob a responsabilidade do Ministério da Economia, mas da Casa Civil.

- Você esqueceu a parte mais bizarra: o ministro chefe da Casa CIVIL é um militar!

- Cara, como tem general nesse governo! Mas, independente de quem for o gestor e para o bem do povo brasileiro, é justo esperar que esse plano saia redondinho.

- Você e seus joguinhos de palavras!

- O que eu achei legal é que esse pacote de medidas está sendo apelidado informalmente de "Plano Marshall" brasileiro.

- Plano Marshall?

- Quase ninguém sabe - e eu também estava nessa - que o Plano Marshall original (conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia) foi concebido para auxiliar a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial.

- Valei-nos Santa Wikipédia!

- Qual o problema? Se eu não sei, eu corro atrás!

- Tá bom, mas, já que o gestor das medidas de recuperação da economia é general da reserva, acho que poderiam chamar o novo plano de “Plano Marcha”.

- Eita!

quarta-feira, 22 de abril de 2020

THIRD STONE FROM THE SUN - JIMI HENDRIX


Recebi de meu filho esta piada de humor negro:

- Qual o primeiro show que você pretende assistir depois do fim da quarentena?
- Se tudo der certo, Iron Maiden! Se der errado, Jimi Hendrix.
Achei graça mas percebi que nunca postei nada sobre o bom e velho Jimi, um de meus artistas prediletos.

Em 1969 estava fazendo cursinho pré-vestibular. Um dia, após o termino da aula, um colega me chamou para ir com ele a uma loja de departamentos perto do cursinho. Fomos à seção de discos e ele me mostrou (ou aplicou) um disco do Jimi Hendrix, uma versão brasileira do disco “Electric Ladyland”. O original americano era álbum duplo e cheio de mulheres nuas na capa. O brasileiro, coitadinho, em plena censura, saiu com apenas um disco e uma capa bem comportada. Mas a música era muito louca. E eu, um tilelê, um bicho-grilo sem drogas embarquei nessa viagem.



Comprei a versão brasileira e comecei a procurar e comprar outros álbuns, cada vez mais difíceis de achar depois que morreu. O maior problema era a picaretagem das gravadoras. Creio que graças às disputas sobre o espólio e direitos autorais do músico, começaram a surgir discos atribuídos a ele, mas nem de longe parecidos com o som distorcido de sua guitarra. Só para se ter uma ideia, tenho dois discos com capas e nomes diferentes mas de conteúdo igual. Conteúdo, diga-se, que,talvez até eu mesmo conseguisse tocar, pois era mais um “esquenta” quase sem solo nenhum e um ritmo repetido em oito faixas diferentes. Nem preciso dizer mais, não é mesmo?

A música que escolhi para abrilhantar esta bagaça é uma das faixas do disco “Are You Experienced?”, disco de estreia do power trio The Jimi Hendrix Experience. A título de curiosidade (mórbida, diga-se), não há mais ninguém vivo. O baixista Noel Redding tinha 57 anos quando morreu em 2003. O baterista Mitch Michell morreu com 62 anos, em 2008. Por essas e outras, devo dizer que a mim bastam as gravações antigas que tenho. Por isso, dispenso lives desse artista, shows ao vivo. Ou melhor, shows ao morto. Eu, heim?






EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - 06


terça-feira, 21 de abril de 2020

HIGIENIZADO


- Tive um pesadelo horroroso!

- Sonhou que tinha virado hetero...

- Sua mamãe não pensa assim, mané!

- Conta aí o que te deu tanto medinho.

- Não foi “medinho”, foi horror. Eu sonhei que só tinha poucos dias de vida e...

- Tava morrendo!

- Não interrompe, pô! Eu tinha acabado de nascer e estavam me lavando.

- E que tem isso de pesadelo?

- Depois de me enxugar, me puseram perto de um espelho.

- Entendi. Aí você viu que era feio pra caralho.

- Não, cacete! Eu era um mamão que tinha acabado de ser higienizado!

- É, pelo visto o isolamento social está te afetando um pouco. Um pesadelo kafkiano vegano!

- Pois é... Acho que estou pirando...

- Mas uma coisa não muda: frutinha você sempre foi!

- Vá à puta que pariu!


EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - 05


segunda-feira, 20 de abril de 2020

EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - 04


A MODA DO FIM DO MUNDO - ROLANDO BOLDRIN E TOM ZÉ


Uma das parcerias mais inesperadas aconteceu quando Rolando Boldrin e Tom Zé (o mais tropicalista do Tropicalismo) compuseram uma engraçadíssima “moda de viola” chamada de “A Moda do Fim do Mundo”. Para quem não conhece, olhai o vídeo e a letra


Cumpadi em Brasília, espaiaram
Um boato muito chato
Que o mundo vai se acabar
Vancê fique de oreia no rádio
Vancê fique de oio no jorná
Porque, vou te contar,
No dia que o mundo se acabá
Nesse dia a gente tem que resolver
Que nós temo que esconder
Aquele galo bolinha
Prá dispois do fim do mundo a gente ter
Um macho prás galinha,
Um macho prás galinha
Cumpadi também temo que esconder
Aquele touro garanhão,
Grandão e arruaceiro
Prá dispois no fim do mundo a gente ter
O bicho que sabe fazer bezerro,
O bicho que sabe fazer bezerro
Vancê fique de oreia no rádio...
Cumpadi pense bem no dia d
Que porva vai garrá fedê
E tudo nóis vira mingau
Prá dispois do fim do mundo a gente ter
Um casal do bicho que faz miau,
Um casal do bicho que faz miau
Cumpadi também temo que alembrar
E a sete chave nós guardar
O cachorro e a cachorra
Prá dispois do fim do mundo a gente ter
Que evitar que a raça morra
Vancê fique de oreia no rádio...
Cumpadi acabei de me alembrar,
Que o jegue irará
Também temo que esconder
Prá dispois do fim do mundo a jega ter
Um jegue prá lhe comer,
Um jegue prá lhe comer
Cumpadi sabe que na afobação
A gente quase se esqueceu
De guardar uma comadre
Prá dispois do fim do mundo a gente ter
Um pecadinho prá confessar com o padre
Um pecadinho prá confessar com o padre

domingo, 19 de abril de 2020

ESPERANDO A SÉRIE PASSAR

Enquanto a galera não tem acesso ao próximo episódio da emocionante série “Eu vivo sempre no mundo da lua” (melhora um pouco a partir do quarto episódio), resolvi combater sua ansiedade postando mais duas provocações que às vezes faço aos meus “amigos de facebook”. E resolvi compartilhar com os 4,3 leitores desta bagaça um imagem inspirada na pintura de Michelangelo que me fez até babar de inveja(*)  de quem a criou, pois essa pessoa é gênio (ou gênia).

(*) como todo mundo sabe, inveja é um sentimento de segunda linha, adequado apenas aos pobres de espírito. Que é como tenho me sentido ultimamente. Por isso – e só por isso – é que resolvi publicar essa imagem, cujo autor desconheço. 




EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - 03


quinta-feira, 16 de abril de 2020

APOCALIPSE

Explodidas as pontes, rompidas as barragens
Destruídas as estradas, derrubados os aviões
Afundados os navios, esmagados os automóveis
Descarrilados os vagões, desmontadas as indústrias

Descobertos os esconderijos
Queimadas as plantações
Envenenados os animais
Incendiadas as florestas
Arrasadas as cidades
Salgada a terra.

Antes de se retirar,
Os quatro cavaleiros olharam à sua volta
Deram-se por satisfeitos e mijaram
Na flor da esperança(*) que teimava em brotar.



(*) Rosa 'Growing Hope'

terça-feira, 14 de abril de 2020

TABELA PERIÓDICA


Recentemente, meu amigo virtual Marreta deixou-me atônito ao postar um poema “atômico”, ou melhor, “protônico”. Ele sempre usa palavras muito chiques em seus poemas e me dá um trabalhão dos diabos procurar no dicionário o que significam. Mas nesse poema atômico ele extrapolou um pouco, pois listou vários nomes que tinham cheiro de elemento químico. E nem estou falando de enxofre ou sulfur (número atômico 16), pois são os compostos desse não-metal que fazem sua má fama. Ele mesmo, coitado nem cheiro tem.

Depois de divagar um pouco, vamos voltar à pilantragem... Não, isso é coisa do Simonal. O fato é que os nomes eram muito estranhos e, principalmente, desconhecidos para mim. Pedi sua assessoria e ele encaminhou um link que esclarecia um pouco esse assunto.

Voltando ao passado (muito, muito remoto) preciso dizer que gostava de tentar memorizar a Tabela Periódica – mais uma prova de que eu nunca fui muito normal. Sinceramente, nunca consegui memorizar tudo, mas me lembro de achar chiquérrimos os nomes de alguns elementos que traiam sua origem latina. Argentum, Aurum, Cuprum, Kalium, Natrium e Plumbum são alguns desses nomes (que não precisei consultar a internet para traduzir para Prata, Ouro, Cobre, Potássio, Sódio e Chumbo). Acho que divaguei de novo. Vamos continuar.

O que sei é que o último elemento da Tabela que tentava memorizar era o Laurêncio ou Lawrencium, número atômico 103, da turma dos actinídeos. Aqui cabe um comentário ou parêntese: fala sério, actinídeo lembra nome de micro organismo, concorda? “Ele é um actinídeo ciliado...” Fecha o parêntese.

Então, disposto a descobrir os novos elementos surgidos depois do 103, encarei a internet e laboriosamente copiei o nome em latim dessa gangue. Por que copiar? Porque latim? Ora, porque não sou de dar intimidade a elementos desconhecidos. Além disso, Blogson também é cultura!

E aí (está acabando!) cheguei à seguinte lista:
104 Rutherfordium
105 Dubnium
106 Seaborgium
107 Bohrium
108 Hassium
109 Meitnerium
110 Darmstadtium
111 Roentgenium
112 Copernicium
113 Nihonium
114 Flerovium
115 Moscovium
116 Livermorium
117 Tennessine
118 Oganesson

Falando sério, o tempo gasto para pronunciar o nome do elemento 110 (Darmstadtium) é maior que a meia-vida desses novos elementos. Segundo o Marreta, meu preceptor nessa tese de mestrado (de obra), a meia-vida dessa turma é medida em cagalhésimos de segundos, unidade de tempo nova para mim, pois só conhecia até o culhonésimo de segundo.

Agora, relendo esses nomes, percebo se alguns homenageiam grandes cientistas (Rutherford, Niels Bohr, Roentgen, Copérnico) outros há que poderiam ser melhor escolhidos. Onde já se viu um elemento químico com nome de Oganesson? Mesmo que seja uma homenagem ao físico nuclear russo Yuri Oganessian. Sinceramente,  se era para homenagear, desconhecido por desconhecido, preferia muito mais que tivessem escolhido Jotabelium. Até porque Jotabê é um ociólogo extremamente famoso, pois tem quatro (!!!) seguidores.

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FROM US, FOR YOU - ROTTERDAMS PHILHARMONISCH ORKEST

Eu sou um “abraçador” juramentado, que considera o melhor presente do mundo um abraço de minha mulher e de nossos filhos. Estou sempre abraçando e beijando meu Amor e os meninos. Até já escrevi sobre isto nessa bagaceira que é o Blogson (“Aquele abraço” e “Que abraço aquele”). Mesmo tentando não sucumbir no mar da depressão, ocorre de me sentir muito triste ou muito emocionado ao pensar nos filhos, filhas e netas distantes.

Como disse o Vinícius de Moraes, “são demais os perigos desta vida pra quem tem paixão”. E eu sou despudoradamente, descontroladamente apaixonado pela família que constituímos. Por isso, às vezes alguma coisa que leio, ouço ou vejo destrava a porteira de onde tenho tentado manter guardados esses sentimentos. Hoje aconteceu um desses momentos. De repente, apareceu um nó em minha garganta... Escuta aí.


SE ESSA RUA, SE ESSA RUA FOSSE MINHA...


segunda-feira, 13 de abril de 2020

UM NINHO DE MAFAGAFOS


O astrólogo e guru do presidente Bolsonaro e de seu ninho de bolsonarinhos fez em vídeo divulgado no final de março o seguinte comentário: “O número de mortes dessa suposta epidemia não aumentou, em nenhum único caso, o número habitual de mortes por gripe no mundo (...) “Isso é o mesmo caso de dizer: essa epidemia, ela simplesmente não existe. Na verdade, você não tem um único caso confirmado de morte por coronavírus. Porque, para confirmar, você precisaria fazer o exame de cada órgão do falecido. Onde fizeram isso? Nunca fizeram nenhum.” Além disso, considerou que a pandemia é a “mais vasta manipulação de opinião pública que já aconteceu na história humana”.

Esse vídeo “infelizmente” foi removido da plataforma onde foi divulgado “por violar as diretrizes da comunidade do YouTube”.

Essas declarações são tão inacreditáveis que me fazem lembrar duas situações distintas. A primeira delas é o comentário manjado do escritor Umberto Eco quando disse: “As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade”.

Já o segundo caso é uma situação vivida por mim quando tinha uns quinze, dezesseis anos. Minha avó morreu de Alzheimer ou outro tipo de demência qualquer. Ao morrer lembrava um bebê recém-nascido Mas quando ainda estava na “fase adolescente” deixava seus irmãos e demais parentes confusos e constrangidos quando iam visitá-la. Ela ainda conversava, mas não dizia coisa com coisa. Um dia, seu irmão Oscar, um sujeito rico, chato e pedante, perguntou a ela quem eu era. Imediatamente, ela respondeu:
- É meu.
- É seu filho?
E ela, virando-se sorridente para mim:
- É... Não é?
Eu respondi na lata:
- É claro que sou, !

O que quero dizer? Isso: para mim, esse “guru” sempre fez parte da “legião de imbecis” que inferniza a vida das pessoas desde que o mundo é mundo com suas crendices e intolerâncias, com seu radicalismo, suas falsas certezas e arrogância. Mas agora, tal como minha avó, aparentemente elevou suas sandices e disparates a um nível bem mais alto, o patamar do non sense absoluto e da insanidade que só os portadores de demência incurável são capazes de alcançar e exibir. E ele já tem idade para isso!


domingo, 12 de abril de 2020

O HUMOR NOS TEMPOS DO CORONA

Todos os 4,3 leitores desta bagaça sabem que eu sou um reciclador desavergonhado. Justamente por isso  resolvi postar no Blogson um texto que publiquei no Facebook (meu caderno de rascunho). Mas precisava de um título. Para não fazer feio, recorri ao Prêmio Nobel Gabriel Garcia Marquez, que escreveu "O amor nos tempos do cólera".  E o título ficou o que embeleza este post. E tudo começou depois de ler críticas de algumas pessoas (talvez mais moralistas ou com baixo senso de humor) à postagem de cartuns e piadas sobre o Covid-19. Para apaziguar os ânimos (mesmo não sendo o autor das postagens criticadas), escrevi esta gororoba. Olhaí.


Eu entendo que algumas pessoas se escandalizem com piadas sobre o Coronavírus. Mas há piadas bem-humoradas ou apenas de mau gosto. E creio sinceramente que o humor pode nos ajudar a superar esta fase assustadora.

Quando os EUA enfrentaram a “Grande Depressão” no início do século XX, as pessoas iam ao cinema como forma de “desanuviar” a mente e esquecer os problemas.  Escapismo, fuga da realidade? Claro que sim, mas nem por isso menos benéfica, já que não podiam fazer muita coisa a mais que isso. Olhem este texto:

“Durante a Crise de 1929, Hollywood desempenhou um fundamental papel psicológico e ideológico nos Estados Unidos, garantindo segurança e esperança para uma nação despedaçada economicamente. Imagine que mesmo durante os momentos mais negros da Depressão, algo entre 60 e 80 milhões de americanos iam ao cinema toda semana, enquanto os filmes sustentavam os ânimos dos cidadãos desesperados com o desemprego e a miséria”.

Por isso, não fiquem tão bravos se alguém posta algum desenho ou piada em blogs ou nas redes sociais. A intenção pode ser boa.





sábado, 11 de abril de 2020

YOU GO TO MY HEAD - ROD STEWART

Mesmo que eu seja quase uma múmia, continuo tentando manter-me ligado em tudo o que é novidade cultural, em todas as novas tendências, etc. Isso só não acontece na música. Pelo menos, não aparentemente. Eu fui (ainda sou um pouco) beatlemaníaco de primeira hora, tão logo seus primeiros discos foram lançados no Brasil, ouvi Jimi Hendrix quando ele ainda estava vivo e aspirei os vapores emanados de Woodstock (estamos falando de música, OK?).

Mas, à medida que fui “crescendo”, caminhei no sentido inverso da modernidade, ao tentar ouvir os ídolos de meus ídolos. E acabei seduzido pelos chamados “Standards”, pela música americana dos anos 30 a 50. Curiosamente, meu filho mais novo fez o mesmo caminho: ouvia funk proibidão na adolescência e hoje curte chorinho, André Abujamra e Funk Como Le Gusta (eu também). Claro está que a velha e boa MPB mora também no meu coração, mas o assunto hoje é música de gringo

Depois dessa enrolação toda, só me resta apresentar uma melodia composta em 1938 e interpretada pelo Rod Stewart (que fez o favor de gravar cinco CDs com o melhor da música americana do período citado). Esse vídeo é uma apresentação ao vivo e tem “nuances” muito interessantes do meio para o final. Escuta aí.


A KICK IN THE BALLS - 17 (O RETORNO)


quinta-feira, 9 de abril de 2020

RELÓGIO DE XADREZ

NAÇÃO
Quando vejo a notícia de que um jovem com suspeita de Covid-19 promoveu uma festa, infectando com isso 20 pessoas, quando fico sabendo que realizaram um torneio de futebol em algum lugar de São Paulo (se não me engano) e outras irresponsabilidades do gênero, percebo que precisaremos de mais 300 anos para começar a pensar (como disse alguém no Facebook) em "ser nação". No momento, somos apenas "sem noção".


RELÓGIO
O problema que esse isolamento me causa é que eu não sou uma partida de xadrez em que o cronômetro pode ser desligado entre jogadas. O meu continua andando!


JB FASHIONISTA


Às vezes a falta do que fazer permite que o cérebro viaje mais que o normal. A sabedoria popular estabelece que “mente vazia é a morada do capeta”, mas não creio que seja esse o meu caso. E digo isso porque aflorou em mim um desejo de criar uma linha de roupas unissex super direcionada a estes tempos de Coronavírus. E já tenho quatro modelitos prontos! Dureza será sua confecção. Estou urrando para encontrar quem os fabrique rapidamente. Talvez na China... Olha eles aí.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

A POESIA NASCE DO ESPANTO

"Poesia não nasce pela vontade da gente, ela nasce do espanto, alguma coisa da vida que eu vejo e que não sabia". (Ferreira Gullar)


SÓ NA QUARENTENA - 2


EU E O PRESIDENTE


O Bolsonaro teve uma evolução mais rápida na minha mente que a disseminação do Coronavírus pelo mundo afora. Até o início da campanha para as eleições de 2018 eu nem sonhava com sua existência. Depois, com a facada que levou (que gente rancorosa e de má vontade teima em chamar de “fakeada”), fiquei totalmente solidário a ele, condenando o radicalismo que estava surgindo.

Votei nele no segundo turno e passei a torcer muito para que fizesse um bom governo. Mas, parece que ele não pensava nisso ou nem sabia direito o que fazer. E aí começou a fritar ministros, a dizer sandices cada vez mais estarrecedoras, a agredir sistematicamente a imprensa e qualquer um que o critique. Cada frase destemperada aumentava minha tristeza e irritação.

Aos poucos a tristeza foi sendo substituída por desprezo. E quanto mais eu sentia desprezo por ele e me irritava com sua falta de educação, de compostura e equilíbrio, mais eu me indispunha no Facebook com seus apoiadores mais míopes, mais intransigentes, mais radicais. Ao ponto de um de meus cunhados ter cancelado nossa “amizade de facebook” (creio que na vida real também) e de ser chamado por um desses idiotas de “comunista”. Logo eu que odeio o comunismo e tudo o que se assemelhe a ele (PT, por exemplo – que não é um partido comunista), logo eu, um moderado de centro-direita!

Os textos a seguir são comentários e respostas extraídas do Facebook.


TESTE
Tava aqui pensando com meus “borbotões”: parece que se um motorista recusa-se a fazer o teste do bafômetro ele praticamente assume que bebeu mais que podia. Quando uma pessoa pública recusa-se a mostrar seu resultado do teste de Coronavírus ela não estaria também implicitamente assumindo que foi contaminada?


LOBO
Se for verdade que “o homem é o lobo do homem”, um caso particular disso seria: “O maior inimigo do Bolsonaro é o próprio Bolsonaro”.


JORNALIXO
Jornalista no Brasil deve sofrer muito! Olha as manchetes que encontrei na internet:
- Globo e Veja pregam o ódio e perseguem Lula, com vazamentos da República do Paraná
- Bolsonaro ofende a TV Globo em transmissão nas redes sociais
- TV do clã Marinho vive há vários anos sob ataque pesado das principais lideranças políticas do Brasil
Também, quem manda a filhadaputa da Globo fazer jornalismo? Se fizesse só “assessoria de imprensa” ninguém nunca reclamaria. Que mania de falar mal dos mandachuvas de plantão!


BUZINAÇO
Os bolsonaristas são adeptos de buzinaços e manifestações em praça pública – mesmo se condenadas pelo Ministério da Saúde. Já os anti-bolsonaristas gostam mesmo é de um panelaço. Eu tenho um sonho, o sonho de que um dia bolsonaristas e anti-bolsonaristas realizem uma manifestação conjunta – um buzinaço apanelado, um panelaço buzinado – contra as fake news. Mesmo quando divulgadas pelo próprio presidente.


ROBÔ
Com a ajuda de um software que identifica robôs, a UFRJ e FespSP realizaram um estudo que chegou à seguinte conclusão: 55% de publicações pró-Bolsonaro são feitas por robôs. Para chegar a essa conclusão foram analisados 1,2 milhões de tuites a favor do presidente.

Isso não me surpreende nem um pouco, pois eu sempre achei que os bolsonaristas radicais – aqueles de carne e osso – agem como se fossem autômatos. Então, para mim, tanto faz se são robôs ou autômatos, o endeusamento de um boçal é sempre o mesmo.


CHAMA O SÍNDICO!
Sabe o que o Álvaro Dias, o Daciolo, o Ciro Gomes, o Eymael, o Haddad, o Alckmin, o Boulos, o Meirelles, o Amoêdo, o João Goulart Filho. a Marina e a Vera Lúcia têm em comum? Todos foram derrotados pelo Jair Bolsonaro na última eleição.

Sabe o que mais eles têm em comum? Não precisam administrar as ações de combate à pandemia de Coronavírus no país. Aparentemente, pelo que diz ou faz, talvez o Bolsonaro pense o mesmo de si próprio.


ENRIQUEÇA SEU VOCABULÁRIO
Sabe o que é “Antolho”? Segundo o dicionário, é aquela “parte do bridão que protege os olhos do cavalo e o impede de ver lateralmente”. O coitado só consegue olhar para frente (mas não é por sua livre escolha).
Ainda segundo o dicionário, ter antolhos é “ter uma visão muito estreita das coisas que o cercam; desejar ver apenas um lado das coisas”.
Para mim, o presidente, o astrólogo, alguns de seus ministros, todos os assessores do "Gabinete do Ódio" e boa parte de seus apoiadores mais radicais usam antolhos mentais.


HASHTAG
Acho um absurdo que ainda existam pessoas a falar e pensar na hashtag #elenao. Pô, o Messias foi eleito democraticamente! Mesmo que por autômatos e pessoas equivocadas (como eu!). Por isso, proponho algumas atualizações para essa antiga hashtag:

- #elenaoparecenormal
- #elenaoebomparasetercomoamigo
- #eleaparentanaobaterbemdacabeca
- #eledivulgafakenews
- #elenaomereciasereleito

domingo, 5 de abril de 2020

AVISOS PAROQUIAIS


Hoje é domingo, dia apropriado para avisos paroquiais, avisos aos quatro fiéis desta igrejinha que é o Blogson. Vamos lá.

Talvez por estar mais isolado que astronauta na Estação Espacial, mais confinado que marinheiro embarcado em submarino, mais recluso que monge em clausura ou pesquisador na Estação Antártica Comandante Ferraz, tenho produzido besteiras em uma velocidade maior que de costume (ia dizer “merda” no lugar de “besteiras”, mas pega mal dizer isso em um aviso paroquial.).

Por isso, já tenho mais de vinte posts fresquinhos (mas hetero), prontos para publicação no blog. Claro está que a qualidade é a de sempre, o que significa “nenhuma”.

Curiosamente, a maioria é resultado de ideias antigas, continuações além do previsto inicialmente ou inspiradas em duas pragas: o Coronavírus e o Jair. Então, vamos aos posts:

- A KICK IN THE BALLS: dois episódios coronarianos da antiga série
- DIÁLOGO DO SAPO: inspirado na letra da música “Cantiga de Sapo”, de Jackson do Pandeiro
- EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA: doze episódios de uma série em que dois personagens dialogam. Um deles é o Sol.
- JB FASHIONISTA
- LUCA: os dois últimos (últimos mesmo) da série
- O HUMOR NOS TEMPOS DO CORONA
- Dois posts ainda sem título, surgidos de comentários e debates com meus “amigos de facebook” (bate-boca não, pois o contato físico deve ser evitado. Além disso, bate boca só vale a pena fazer se for com mulher).
- RAGNAROK. Esse é o post do juízo final, do Apocalipse, do Armagedom. Mas lamento dizer que meus amigos só o lerão se me matarem primeiro. Por garantia, ele sempre estará programado para sair um ou dois meses após o mais recente.

Faltou dizer que a ordem de postagem não é igual à ordenação alfabética.

E o aviso final: CUIDEM-SE, FIQUEM EM CASA!


TEM ROBOI NA LINHA!

  Você já ouviu alguém usar a expressão “tem boi na linha” ? Embora pareça uma exclamação advinda do nosso pujante agronegócio, está mais pa...