quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

BRUMAS EM BRUMADINHO

Bramido da lama que desce, um mar

Lama, lama, lama, lama!

- Corre, Zé!

- Mãe!!!


Corpos na lama, lama nos corpos

Bruma nos olhos, bruma na alma

Brumadinho.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

ESTÁ NA BÍBLIA!

Às vezes vejo algumas pessoas compartilhando orações, mensagens de autoajuda e outras delicadezas do gênero nas redes sociais. O que me espanta é ver essas mesmas pessoas compartilhando fake news e mensagens cheias de ódio, intolerância e preconceito contra quem não se posiciona como elas quando o assunto é política ou comportamento. É assustador!

Para essas pessoas, tão piedosas, tão cheias de fé, tão zelosas da moral e bons costumes  é que eu lembro que quando crucificaram Jesus e mais dois condenados, não o colocaram nem em uma extremidade nem na outra. Os carrascos o colocaram no Centro. À sua esquerda e à sua direita ficaram os outros dois. Que não eram exatamente boa companhia, para dizer o mínimo.

Lembrem-se disso quando ficarem tentados a destilar seu ódio, seu preconceito e seu radicalismo, seja ele de esquerda ou de direita. Quem curtiu ou gostou está desobrigado de dizer “Amém”, pois isso é pura idiotice.



CÁPSULA DO TEMPO

É engraçado pensar que até outro dia eu era um avô sem netos. Por isso mesmo, dizia estar tão carente que acabaria criando uma ONG tipo "Avós de empréstimo" ou "Avós de aluguel" (não sei como será em 2034, mas hoje, “ONG” significa Organização Não Governamental). Para piorar ainda mais a piada, eu me superei ao imaginar a criação de uma ONG-blog, um "BLONG" chamado de "Internetos", cuja vantagem seria não ter de dar papinha nem trocar a fralda do neto (ou, principalmente, do avô). Nem sei por que estou dizendo isto, pois imagino que duas meninas espertas e inteligentes não terão paciência ou vontade de ler estas palavras escritas há tanto tempo.

Mas, voltando ao início, até outro dia, éramos avós sem netos. Aí, em algum momento de 2017 fomos informados de que ganharíamos duas netinhas. Elas nasceram em março do ano seguinte. Mas, para provar que 2018  foi mesmo um ano atípico, recebemos a notícia de que seríamos avós novamente. E de gêmeos, ou melhor, de gêmeas! Claro que estou falando de vocês!

Neste momento em que escrevo estas bobagens, vocês estão prestes a nascer, talvez ainda na primeira semana de fevereiro. Já sei o nome que receberão e quem nascerá primeiro, mas, o mais importante é saber como vocês foram ansiosamente aguardadas e como são super bem vindas.  Não sei quando nem se lerão este texto, pois não é uma carta ou documento guardado em uma "cápsula do tempo" com data prevista para ser aberta.

Por isso, o que quer que eu diga será fútil e desimportante ou inútil. Seria legal que lessem quando tivessem uns quinze anos, pois já teriam melhor compreensão da vida (mas, talvez, não a paciência necessária para aturar palavras antigas escritas por um idoso que talvez já tenha morrido). Mesmo assim, quero dizer a vocês mais ou menos o mesmo que disse às suas primas:

Para começar, espero que tenham sempre muita Felicidade, assim mesmo, com "F" maiúsculo e no singular. Porque alegrias e tristezas podem ser muitas e por vários motivos, mas Felicidade é um sentimento único que vem de dentro, não precisa de plural. Esta é minha opinião, mas sou velho e talvez esteja errado, talvez tenha me enganado a vida toda.

Sinceramente falando, seria bacana poder brincar muito com vocês e com suas primas enquanto ainda forem crianças, inventar histórias malucas e dizer idiotices só para ver vocês rindo. Não sei se conseguirei isso. Afinal, vocês terão cinco anos só em 2024. Até lá, espero não estar usando fraldas! Mas em 2034 estarão com quinze anos. Imagino que ao longo desse tempo sua mãe e seu pai fizeram todo o possível para dar o melhor de tudo para vocês, principalmente demonstrando o imenso amor que sentem (e que  sempre sentirão) por vocês, pois isso é o melhor que os pais podem e devem fazer. 

Eu conheço seus pais há muito tempo e sei que vocês não poderiam ter pais melhores. E isso não é força de expressão. Podem acreditar, vocês têm os melhores pais do mundo, pois eles foram e são os melhores filhos que um pai ou uma mãe poderia desejar ter. Então, não tem erro: filhos bons viram pais sensacionais.

Mas, falemos de vocês mais um pouco. Não tenho dúvida que estudam em um super colégio e que já viajaram para vários países (se não fizeram isso, podem cobrar dos dois, pois uma vez sua mãe disse que gostaria de conhecer sessenta países. Por isso, podem cobrar!).

Espero que convivam bem com suas primas, pois a diferença de idade é muito pequena. Naturalmente, deverão trocar segredinhos sobre "aqueles" garotos boa pinta que conheceram (“boa pinta” é sinônimo de "lindo", entenderam? Lembrando: sou velho, minha linguagem é de velho, não sei como se fala hoje). Mas estou divagando muito. O que eu queria dizer é que desejo a vocês todas as alegrias que a Vida pode reservar, hoje e sempre. E espero que vocês cresçam em um mundo melhor ou, pelo menos, igual ao atual (pior, nem pensar!). 

Como vocês ainda nem nasceram, quando fizerem quinze anos eu estarei com oitenta e quatro (mais velho ainda! Ou, talvez, quem sabe, nem esteja mais vivo...). Mesmo assim, quero já deixar registrado meu desejo e meu sonho de no dia em que comemorarem o aniversário de quinze anos –, eu possa dar o abraço mais carinhoso que um avô poderia dar em suas netas (sem babar nos vestidos!).
Beijão. Seu avô.
Janeiro de 2019

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

GRAFI-TWEETS

Ao longo dos quatro anos de existência desse blog-problema que é o Blogson Crusoe, algumas postagens foram excluídas, outras foram divididas em duas ou três e houve até casos de repostagens - manifestações descaradas de picaretagem. Com a obra-prima de hoje o blog passa a exibir (é um exibicionista) 1.500 postagens (independente da falta de  qualidade explícita). Mil e quinhentas! Que posso dizer para fechar este comentário? Falta do que fazer só poderia dar nisso!


Recentemente, certamente incomodado e talvez estimulado pelo excesso de pichações em um muro de uma escola, resolvi anotar as frases (verdadeiros tweets) em que alguns pichadores expuseram seus insights ou espasmos mentais. E confesso que me diverti muito tentando copiá-las. Que pensamentos passavam por suas cabeças? A quem estariam endereçadas? Olhaí.

- Essa fome é vontade de viver

- Mamãe sou lésbica!

- Ires e devires ♥

- Fique em paz consigo mesmo

- Haverá futuro?

- Ladrão roubou meu ♥

- Não vote, plante!

- Este momento é o único que importa

- O medo elimina o amor

- Quanto vale a liberdade? E a libido?

- O amor elimina o medo

- Calma, já tá chegando (o bus)

- Fora Trump

- Eu te amo

- Esperar o que? Esperança

- Saudosa marmota, marmota querida

- Não tenho paredes, tenho horizontes (grafite feito com stencil)

- Se morar é um direito, ocupar é um dever (pichação na lateral de um prédio de uns quinze andares - ocupado - na Rua dos Caetés, área central de BH!)

- Que mistérios tem Clarisse (verso de Caetano)

- O melhor lugar do mundo é aqui e agora (verso de Gil)

- Aqui Jesus reina (essa merece uma observação, pela ironia involuntária da frase: foi pichada no pilar de um viaduto, debaixo de onde vários moradores de rua dormem e se abrigam).

De todas, minha frase predileta indica a preferência que tenho pelo humor e pela releitura inesperada que muda o sentido das coisas: "Saudosa marmota, marmota querida". Show!

E para finalizar, uma frase escrita em algum momento do início da década de 1970 na parede de um box sanitário da Escola de Engenharia:
- La muraille est le papier des canailles. Abaixo, o autor continuava: 

- tradução para os ignaros: a parede é o papel dos canalhas. Mas, aí, logo abaixo, a réplica de algum aluno filho da puta e gozador:

- "Então, não sou canalha, pois não consigo limpar o cu com a parede".




domingo, 27 de janeiro de 2019

CHUVA NÃO!


Os bolsonaristas mais exaltados – ou bolsominions para seus detratores – têm endeusado tanto o Bolsonaro, têm puxado tanto seu saco que até correm o risco de se confundir e acabar puxando a bolsa de colonoscopia.

E digo isso pelo que tenho visto de endeusamento do nosso presidente no Facebook. Tantas são as maravilhas e prodígios já "realizados" que se chega a pensar que "nunca antes na história deste país" alguém foi tão venerado pelos seus seguidores. E, mesmo que eu esteja torcendo intensamente para que ele faça um bom governo, esse tipo de bajulação delirante sinceramente dá no saco.

Como no caso do rompimento da barragem da Vale. Essa tragédia serviu para algum maluco elencar e postar as providências tomadas pelo “pai do Flávio”, mesmo que metade delas não fosse da sua alçada. Por isso, para o bem dos profissionais que estão trabalhando arduamente em Brumadinho no resgate de corpos ou sobreviventes, só espero que ele também não faça chover.

sábado, 26 de janeiro de 2019

QUE PAÍS É ESTE?

Hoje eu deveria falar alguma coisa sobre o rompimento da barragem em Brumadinho, mas não consegui. É uma tragédia grande demais, superior à minha capacidade de me indignar. Por isso, saiu este texto que já estava pronto para ser postado no Facebook. 

Está todo mundo falando do Jean Wyllys, etc. Até eu me deixei levar. Mas não para atacar ou tripudiar. Não sei se você viu, mas postei logo no início da manhã de hoje (26/01) esta frase:
O brasileiro é cordial! (Que o diga o agora ex-deputado Jean Wyllys)”.

Cheguei a pensar em mudar para “O brasileiro é cada vez mais cordial! (Que o diga a comunidade LGBT)!”, mas resolvi deixar como estava, pois nas duas frases eu criticava a intolerância de um povo que se considera "tão gentil, tão hospitaleiro", só que não.

Mas, vamos voltar ao Jean Wyllys). Depois de postar essa frase (que ninguém “curtiu”, “amou” ou “odiou”), comecei a ler posts extremamente agressivos compartilhados por você e por outros “amigos de facebook”. Eu sempre detestei o Jean Wyllys, sempre o critiquei (especialmente por ser apoiador do Lula e do PT), mas nunca por ser gay. E esse é, na minha opinião, o motivo principal das ameaças: homofobia.

Espumei de ódio quando vi a imagem da cusparada que deu em alguém. Para mim, merecedora de um processo por quebra de decoro. Mas agora ele diz se sentir ameaçado. OK, vamos supor que isso não é paranoia nem delírio dele. Vamos supor que essa afirmação não é uma jogada obscura de marketing e que seja verdadeira, enfim.

Repassando conceitos: eu sou hetero, não sou de esquerda e nunca fui com a cara dele. Mas eu te pergunto: que país é esse em que um de seus habitantes se sente tão ameaçado que chega a abandonar um mandato de deputado federal para viver em outro lugar? Esse é o país que você quer deixar para seus filhos e netos? Um país tão homofóbico que comemora nas redes sociais essa decisão? Por acaso você (meu parente, meu ex-colega, amigo ou amiga de décadas) não conhece nenhum gay? Será possível que você não tenha nem conviva com nenhum parente, amigo, colega de serviço ou vizinho gay? Eu tenho parentes, amigos e vizinhos geniais que são gays. Qual é o problema disso?

Se disser que não tem, imagino que deve viver em uma bolha, isolado de todos, alheio a todos. Talvez até more em algum planeta habitável. Vou te dizer uma coisa: você não é uma pessoa feliz. Sei que você não é idiota, mas comporta-se como se fosse - radical, moralista, preconceituoso(a) e visivelmente homofóbico(a). Foi por causa de pessoas como você que eu saí do Facebook (e fico me perguntando por que voltei!). Mas fica um recado final: agradeço se me excluir de sua rede de "amigos de facebook", pois você não tem nada a ver comigo. A propósito, essa sugestão vale também para os "amigos" radicais à esquerda.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

CAPITÃO GANCHO

Rapaz, como disse o Gil no início da música Irene, gravada pelo Caetano: "eu tava esquecido"! Se você não tivesse perguntado pela continuação do "chocalho prostático", provavelmente eu nem me lembraria mais. Mas, antes, um pedido de desculpas pela minha grosseria desnecessária, uma "ogrosseria". Dito isso, vamos lá.

Depois da cirurgia de ressecção (raspagem) da próstata, voltei algumas vezes ao urologista. Não me lembro mais como surgiu o assunto, só sei que me perguntou como estava o ato de urinar, se estava tipo jato ou "esguicho de jardim". Disse a ele que estava tipo esguicho e sem pressão, pois mijava no pé, no chão, na tampa levantada do vaso, na perna da calça, etc. Só não acertava onde deveria. Ele então me disse que eu deveria fazer a "dilatação da uretra", para que o jato de urina se normalizasse.

Não me lembro se disse isso depois de passar uma sonda ou se nem precisou passá-la. O fato é que me recomendou fazer a tal dilatação. Em algum momento, disse haver um protocolo para esse procedimento, que preconizava a realização de sete sessões, uma por semana (ou quinzena, pois não sei mais qual foi a periodicidade adotada).

Marcada a primeira sessão, lá fui eu, “inocente, puro e besta”, sem nunca sonhar o que iria acontecer naquela clínica especializada em urologia. Depois de vestir uma "camisola" aberta na frente, fui conduzido à sala ao lado, equipada para exames e procedimentos cirúrgicos. Seguindo as orientações do enfermeiro, deitei-me em uma espécie de maca com suportes laterais para as pernas. Talvez pela posição em que estava, talvez pela nudez exposta contra a vontade, estava tão sem graça que o pinto deve ter encolhido até quase sumir. Imagino-o me dizendo "não me deixe aqui sozinho"!

O enfermeiro pediu licença e despreocupadamente fez a assepsia do meu pênis, enquanto comentava com uma auxiliar de enfermagem alguma coisa sobre sua mulher, filhos, etc. Para ele eu era apenas um objeto que precisava ser higienizado, mais nada. Foi aí que eu percebi como é insensata e idiota a carga absurda de preconceito que devotamos aos profissionais da área de urologia e proctologia. Pense bem, na hora dos exames ficamos cheios de dedos, mas o especialista sempre usa apenas um! (Tá bom, a piada foi ruim).

Mas, voltando ao exame, eu já estava na condição de "lavou, tá novo" (o pau!), quando o médico foi acionado. Chegou, cumprimentou, fez alguma piadinha para relaxar (é um baita gozador), deve ter passado algum anestésico na ponta do cacete e o armagedon aconteceu.

De repente, eu senti que meu pênis estava sendo inflado como se fosse um balão - ou explodindo. Por isso foi que eu disse que "exame de toque é para os fracos". A sensação de desconforto era indescritível, tão absurdamente indescritível que eu travei os dentes o máximo que consegui, enquanto murmurava "puta que pariu!". Isso não durou mais que dois ou três minutos, mas foi suficiente para este diálogo sem noção dito entre dentes e risos nervosos com o uro:

- Doutor, o que está acontecendo?????
- Já está acabando!
- Pelamordedeus, me arranje alguma coisa para morder, uma fronha, sei lá!
- Quié quié isso, Botelho! Sabe o que significa morder a fronha?
- Doutor, neste momento, a última coisa em que estou pensando é na minha reputação!

E da mesma forma que começou, a sensação de explosão acabou instantaneamente. O médico disse que me aguardaria em seu consultório para algumas recomendações,  e saiu. O enfermeiro limpou a área atingida pelo tsunami, esperou que eu urinasse (sangue e urina), fez um curativo tipo modess e me liberou. Conversando com o médico, fiquei sabendo que minha uretra estava muito fechada, daí o desconforto, etc.

Nas sessões seguintes eu descobri que o desconforto era o mesmo, com a desvantagem de que eu já sabia o que sentiria. Pois bem, não sei se foi na segunda ou em uma das outras sessões de tortura medieval a que fui submetido, que descobri o artefato utilizado para dilatar minha uretra. Era um gancho de ferro da grossura de um lápis (ou mais), que me fez lembrar daqueles utilizados em açougues para pendurar os quartos de boi que chegam dos frigoríficos.

Após a sexta sessão, o uro disse que a uretra agora estava com diâmetro adequado e que eu poderia - se quisesse - suspender a sétima e última sessão de tortura. Qual você acha que foi minha reação? Só sei que hoje a urina às vezes sai normalmente, em outras sai irrigando o jardim. Mas dilatação de uretra novamente, nem fodendo!

Cheguei a esboçar um cartoon com dois personagens: diante de um Capitão Gancho perplexo, um sujeito vestido de médico e com um gancho na mão. A fala do médico era apenas essa: - "Não, urologista". Mas joguei fora, pois ninguém entenderia nada. Quanto ao gancho (uma série de ganchos com diferentes bitolas, na verdade), olha ele(s) aí. E então, vai encarar?






segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

EU QUERO TER UM MILHÃO DE AMIGOS


Não fui, não sou nem pretendo ser eleitor do Haddad ou do Bolsonaro. Mantidas essas mesmas candidaturas nas próximas eleições, espero continuar votando em outras pessoas (ou anular meu voto). Por isso mesmo, fico de saco cheio com a enxurrada de bobagens, acusações e provocações que enxameiam o Facebook.

Creio que nem precisava o Bolsonaro ter assinado o decreto sobre a posse de armas. E sabem por quê? Porque seus eleitores continuam “armados” até agora, “atirando” em qualquer sombra que acreditam ser ameaça. Parecem-se com Dom Quixote, ou melhor, são quixotescos mesmo. Comportam-se como se ainda estivessem no período pré-eleitoral, agem como se pertencessem a uma torcida organizada de um Atlético (ou Cruzeiro) de Direita, prontos a dar um pau na torcida adversária.

O pior é que a mesma situação ocorre com o pessoal de Esquerda! Ou seja, o Facebook está parecendo uma briga de torcidas, com provocações para lá e para cá. Acontece que eu sou torcedor do América, sou de Centro! E ficar lendo essas idiotices, sinceramente falando, é um pé no saco. Lembram coisa de menino chato, aquele mala que ficava atirando bolinhas de papel nos colegas de sala.

Vejo católicos devotos que se comportam como se tivessem o Diabo no corpo, ateus convictos que agem como devotos fanáticos de alguma igreja. Pessoas que aparentam ser gentis e equilibradas, que solicitam sua “amizade”, que utilizam emojis de beijinhos, piscadinhas, que têm 500, 1.000, 4.000 “amigos” mas que são, na verdade, fake friends.

Por isso, o Facebook não pode ser considerado uma rede de amigos; é apenas uma reunião de inimigos que sentem prazer em se ofender nas entrelinhas de seus posts sem graça. Pelamordedeus, querem encher o saco de todo mundo? Então escolham posts divertidos e bem-humorados. Alguma dúvida?

PAPEL DE TORNASOL


Depois de publicar o post "Resposta grande vira post", fiquei pensando que a "régua ideológica" proposta lembra um pouco a escala de cores que define a acidez ou alcalinidade de uma solução. Acho pouco provável (sem querer desmerecer!) que alguém ainda se lembre ou saiba o que é “papel tornassol” (ou tornasol). Afinal, a maioria das pessoas (novamente, sem querer desmerecer!) possui uma incultura inútil vastíssima. Humildemente enquadro-me nessa turma.

Maaas, lembrando-me das aulas de laboratório de química, esclareço que o papel de tornasol era uma tirinha (de papel, obviamente) utilizada para avaliar de forma expedita o pH de uma determinada solução. Esse "pH" (também conhecido nas rodas de samba como "potencial hidrogeniônico") mede o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução. A propósito, meu filho conhece como “fita de pH”. Fim da revisão de química.



E como o Carnaval se aproxima e o Brasil é mesmo uma zona, fiquei pensando em uma nova utilidade para essa escala cromática que define a acidez ou alcalinidade de uma substância. Ela é tão multicolorida que poderia muito bem ser utilizada em um grupo mais alegre ou em um bloco de carnaval "temático" - ou em parada gay.

Por exemplo, "Bloco do pH". Já pensou no sucesso de um grupo assim? Só que, neste caso, "pH" poderia significar "preferência Homoafetiva" ou "potencial Homoerótico". Ou até mesmo (dito com a língua presa, no estilo do finado Clovis Bornay) “preciso de Homem”.

Como diria meu amigo virtual Marreta (um macho das antigas, segundo ele próprio): 

- "PÃÃÃÃÃÃTA QUE O PARIU!!!"


RESPOSTA GRANDE VIRA POST


Você fez uma boa análise do que sou ou aparento ser. Realmente, eu sou “o” cortês, o atencioso (mesmo que falsamente), o gente fina, o inofensivo. Por isso mesmo, o predileto de dez entre dez velhinhas e velhinhos (já fui mais). Hoje, quando visito minha sogra (96 anos, surda como uma porta, presa a uma cama, mas espantosamente lúcida), ela beija minha mão, manda beijos quando me despeço, etc. Eu fui educado para ser isso, para ser assim. E me treinei para ser mais ainda! Uma hiena sempre sorridente e gentil. Então, sou mesmo contido, pois mantenho acorrentado e sedado o ogro que vive em mim.

Para compensar, tento manter minha cabeça livre, sempre acreditando em tudo e em nada, sempre disposto a repensar o que pensava antes. Mas sou um especialista em sobrevivência, pois não entro em bola dividida nem em briga de torcidas. Quando quero perguntar alguma coisa para alguém, começo perguntando se posso perguntar. Já quase fui chamado de gênio por esse comportamento. Mas não sei brigar, não sei defender meu ponto de vista. Na prática, ajo como o Galileu Galilei, que teria murmurado “Eppur si muove” ao ser obrigado a renegar a teoria de que a Terra gira em torno do Sol e não o contrário.

Esse estilo e temperamento manifestam-se em qualquer área e a qualquer momento Isso explica o fato de odiar os petistas e desprezar os bolsonaristas mais inflamados (creio que quase todos são), pois, para mim não há certezas absolutas em nada e deploro o fato de existirem pessoas pensando o contrário.

No primeiro turno das eleições votei no Meirelles, mesmo sabendo que iria dançar. No segundo turno, instalou-se uma verdadeira “Escolha de Sofia”. Para mim, a materialização do ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. E fiquei muito inquieto por ter de escolher entre duas pessoas que nada representavam para mim. Ou melhor, representavam o que mais critico e deploro.

Mas não tenho paranoia sobre o que podem ou poderiam fazer, não tenho medo que instalem uma venezuela de direita no Brasil. Acho esse tipo de alarmismo uma coisa muito doentia, seja ele de direita ou de esquerda. Por isso, respeitados os critérios "competência" e "honestidade", por mim o Bolsonaro pode indicar quem quiser. Apenas percebo que ele é um sujeito muito limitado quando se trata de fazer essas escolhas.

Veja bem, a população brasileira com idade entre 25 e 64 anos representa um universo de mais de cem milhões de pessoas. O efetivo das Forças Armadas não ultrapassa 500.000 integrantes. Por isso, as nomeações feitas até agora dizem mais do presidente que dos escolhidos. É como se ele só conhecesse a rua onde mora, sem nem sonhar com o que existe em sua cidade.

Mas isso não me faz temer um retorno aos "anos de chumbo". Você pode estranhar meus comentários por ser um sujeito visivelmente de direita. E eu não sou. Também não sou de esquerda (lembra do "triângulo isósceles"?). O que eu realmente sou é de centro - talvez centro-direita. Por isso, não votei no Bozo, deploro, critico e ironizo as sandices que faz ou diz. Da mesma forma que fazia com o Lula ou a "Dirma". Ou seja, eu tenho aversão a toupeiras e antas. Mas torço sinceramente para que ele faça um bom governo, sem muitos recuos, sem muitas burradas, sem muita intransigência, sem radicalismos e falsos moralismos. Enfim, que seja bom para a população.

Para mim, alguns assuntos funcionam como cometas, volta e meia retornam à minha mente. E um deles é “régua ideológica. Por isso, os seus e os meus comentários fizeram com que eu resolvesse desenhar um novo modelo, só para indicar graficamente minha posição nessa história.

Mas, antes da imagem, preciso passar a régua em um assunto: o jornalista Sérgio Cabral foi um dos fundadores do Pasquim e biógrafo de várias personalidades da MPB. Creio que nunca surgiu nada contra ele, sempre me pareceu um sujeito decente, honesto, probo. Tem também a sorte de estar com Alzheimer, pois, infelizmente (para ele), é pai do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho. E sua sorte é acreditar que o filho morreu.

Agora, vejamos o caso do Flávio, filhão do presidente: se eu fosse o Bolsonaro, tentava me descolar desse pimpolho, mandava escarafunchar a história do assessor e metia o ferro se houvesse culpa no cartório (tudo indica que há), mesmo que fosse o meu filhão do coração. E ele precisa fazer isso, pois a esquerda inteira está com vontade de morder sua garganta, comer seu fígado (para não baixar o nível), de ver sua desgraça. Ou seja, ele está como a história da mulher de César: não basta a ele ser honesto, ele precisa parecer ser. Mas ele poderá objetar, dizendo "Eu sou macho, pô! Não sou a mulher de César, eu sou é  espada"! E, no caso dele, isso é verdade. Só não pode querer usar.

E agora, a régua:



sábado, 19 de janeiro de 2019

FAROESTE JOTABÊ


Incoerência é isso: justamente depois da assinatura do decreto que flexibiliza a posse de armas, filho do presidente tenta impedir o MP/RJ de revolver as contas de ex-assessor.


É na Bíblia que está registrado o primeiro caso de uso responsável de armamento:
- “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.


Muitos analistas políticos consideram que Flávio Bolsonaro deu um tiro no pé quando solicitou ao STF a suspensão da investigação sobre a (invejável!) movimentação financeira de seu ex-assessor. Isso só demonstra que é um perigo lascado pessoas inexperientes ter porte de arma!


Os ateus – ao contrário daqueles que professam algum tipo de crença ou religião – não possuem porte de alma


quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

DANDO BANDEIRA


Creio que ninguém – ou quase ninguém – sabe o que significa “Pavilhão presidencial”. Até recentemente, eu também não sabia. E olha que eu sou o rei das palavras cruzadas, dos documentários que passam nos canais a cabo e de qualquer tipo de cultura inútil! Pois bem, segundo descobri, “Pavilhão presidencial é o símbolo que representa o Presidente da República do Brasil. Configura-se de um campo verde onde, ao centro, se situam as Armas da República brasileira”.Resumindo, é uma “flâmula” bacana que faz companhia à bandeira brasileira no gabinete presidencial. Muito bem.

Ontem, talvez devido à desidratação provocada pelo calor dos infernos que tem feito em BH, tive um sono super inquieto, várias vezes interrompido pela boca seca, os lábios colados um no outro. Parecia que eu delirava, tantos foram os pesadelos e sonhos que se alternavam. Um desses sonhos foi bastante esquisito (qual sonho não é?).

Talvez impressionado com a quantidade de militares indicados para os primeiros escalões do novo governo (em princípio, nada contra!), sonhei que havia outro “pavilhão presidencial” dentro do gabinete da presidência. Em lugar do original, havia uma cópia da bandeira brasileira, mas confeccionada com a paleta de cores dos uniformes das Forças Armadas. O verde vivo do retângulo e o amarelo ovo do losango haviam sido substituídos respectivamente pelo verde oliva e pelo cáqui dos uniformes do Exército. O azul brilhante do círculo estrelado tinha agora a cor azul acinzentado da Aeronáutica. Só a faixa branca continuava branca, mas sem nada escrito. Resumindo, era um "Pavilhão presidencial" totalmente militarizado. 

Foi realmente um sonho estranho. Hoje, lembrando-me disso, resolvi reproduzir a imagem do “pavilhão alternativo”. Ainda bem que foi só um sonho. Também, quem manda o cara ficar dando bandeira ao indicar tantos "não civis" assim? Vai acabar provocando esse tipo de pesadelo em todo mundo que não votou nele. Eu, heim? Olhaí.


bandeira brasileira (lindona!) 

pavilhão presidencial

puro delírio


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ATTENZIONE, PREGO!


Logo após o movimento de 1964, comecei a ter minha atenção despertada para a quantidade de militares que aos poucos ocuparam cargos de chefia em todos os níveis hierárquicos da máquina pública e em todo tipo de situação. Eu tinha apenas quatorze anos e não via nenhum problema nisso, apenas achava curioso o fato novo.

Hoje, com a posse do novo presidente, vira e mexe a mídia divulga mais um indicado para o segundo ou terceiro escalões do governo federal. Mesmo que não veja nenhum problema nisso, acho curioso o fato de muitos desses indicados serem militares. Imagino que foram escolhidos por sua honestidade, “notório saber” e competência - que são, para mim, os únicos critérios que devem ser observados.

Mas essas escolhas, em minha opinião, dizem mais do presidente que dos indicados. É como se ele desconhecesse o mundo fora da caserna (ou dele desconfiasse). Pensando nisso, lembrei-me de duas frases clichê para definir as preferências do novo presidente:

O hábito do cachimbo faz a boca torta”. Ou, talvez mais adequada a essa situação observada, a frase do psicólogo americano Abraham Maslow: "Para quem só sabe usar martelo, todo problema é um prego”.


PRÉ-NATAL

Hoje, depois de observar um casal de rolinhas construindo seu ninho, fiquei pensando no “sofrimento” que deve ser o ato de botar um ovo tão grande se comparado ao tamanho da ave. Obviamente, esse “sofrimento” não deve acontecer na vida real. Mesmo assim, resolvi pesquisar um pouco mais o assunto. E descobri esta informação: “Do tamanho de uma galinha comum, o kiwi bota um ovo seis vezes maior do que o normal, para uma ave do seu porte. É tão grande, que chega a se tornar 20% do peso corporal da mãe durante a gestação”. Imediatamente pensei na piada abaixo, adaptada a um casal de rolinhas. Vê aí.



sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

SEM JUÍZO, SEM CARÁTER OU SEM NOÇÃO? ESCOLHA!

Li esta manchete no site da BBC News: "Após um primeiro mandato catastrófico, Maduro é tido como o mais malsucedido dos presidentes", segundo a revista britânica “The Economist”. O cara é um Einstein da má gestão e autoritarismo! Pode-se dizer que se fosse uma fruta ou um fruto, já tinha caído de maduro (essa foi podre!).

E a Gleisi foi à posse do venezuelano para, segundo ela, marcar posição “contra grosseira relação de Bolsonaro” com a Venezuela!. A Gleisi foi lá aplaudir a posse do Maduro! Não estou conseguindo pensar em nada que seja um pouco espirituoso para comentar essas notícias. Que posso dizer? Só isso: Puta que pariu!

AQUECIMENTO DISTRITAL


Todos os dias, geralmente mais de uma vez por dia, eu entro nos portais de notícias G1, Veja, BBC News, Metro, O Tempo, Época, Isto É, UOL, R7 e Carta Capital. Obviamente para ler as últimas notícias e, se possível, ver abordagens diferentes sobre o mesmo assunto. Afinal, eu sou um cara de centro (embora abomine o tal “Centrão” do Congresso). Graças a essa multiplicidade de meios de comunicação, descobri na Carta Capital a seguinte manchete:
 “Chefe do BB coleciona posts machistas e não crê em aquecimento global”

Pouco me importa que ele divulgue posts machistas ou não. Deixem o sujeito ser politicamente incorreto, pô! É direito dele e fim. Estava divagando sobre isso quando pensei que a nomeação do filho do Mourão para ser seu assessor certamente deve ter aumentado bastante a temperatura política em Brasília. Mas, para quem não crê em aquecimento global um aquecimentozinho distrital é fichinha, não é mesmo?




quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

FOGO AMIGO



Tenho certeza que 87% dos leitores desta bagaça sabem o que é “fogo amigo”. Porque 87%? Isto é fácil: corresponde a 2 (dois) dos 2,3 leitores do Blogson. Pensando na possibilidade de os 13% restantes (0,3 leitores) não saberem do que se trata, farei uma explicação breve. Quem não gostar dessa explicação que vá procurar na internet, que eu tenho mais o que fazer, pois o blog não é nem nunca foi uma Khan Academy. Que foi? Também não sabe de que se trata? Internet, por favor.

Voltando ao “fogo amigo”, esta expressão é uma metáfora da ajuda desastrada ou de má fé que alguém resolve prestar a um amigo. A origem verdadeira seria decorrente de situações reais de combates, onde soldados são alvejados ou bombardeados por engano, ao ser confundidos com tropas inimigas. Pronto, acabei dando uma dica da origem da expressão!

Mas é a metáfora que me interessa. E digo isso pelos acontecimentos recentes envolvendo filhos do presidente e de seu vice. Refiro-me aos episódios pouco edificantes envolvendo um ex-assessor de um dos filhos do Bolsonaro e da indicação do filho do Mourão para “assessor especial da presidência do Banco do Brasil” (com direito a salário estratosférico).

Pode parecer má vontade de minha parte, mas deixo claro que mesmo não sendo um eleitor do “Mito” (votei no Meirelles), torço sinceramente para que seu governo coloque novamente o país nos trilhos do desenvolvimento e progresso, descarrilado que foi no (des)governo Dilma.

E por torcer pelo seu sucesso é que fico lamentando esses dois episódios de “fogo amigo”, ou melhor, de “fogo filial”. Só atrapalha que um dos “filhões” fique com cara de paisagem e não se empenhe em ver esclarecido um episódio obscuro de muita grana depositada na conta de seu ex-assessor. Também pega mal um filho do vice aceitar uma nomeação tão, tão digamos, “polêmica”. Esse tipo de coisa é munição para quem odeia o novo goverrno, pois acaba criando a sensação de se estar diante de “mais do mesmo”, de dèja vu com novas cores. Para não concluir com o clichê sobre a mulher de Cesar, termino esta gororoba com uma frase dita pelo apóstolo (São) Paulo:

“Tudo posso, mas nem tudo me convém”

CASA NOVA


Mudança para uma casa nova é sempre uma zona – você ainda não sabe onde estão todas as coisas, onde ficam os disjuntores, ainda há móveis para colocar no lugar mais adequado, etc. Imagino que início de governo deve ter alguma semelhança com isso. Tenho observado alguns movimentos e decisões conflitantes entre os novos gestores e até mesmo entre o próprio presidente e seus ministros. É um pode não pode lascado, talvez em nível acima do razoável. Pensando nisso, acho que uma frase bem adequada para definir esses momentos iniciais do novo governo é:
- “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, digam ao povo que desminto”.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

SEPARADOS POR UM DEPOIMENTO


Pelo menos por enquanto está assim...

NAUSEANTE

Esta é uma piada verdadeiramente nau seante!



TRANS?


UM CASO DE ADOÇÃO


Eu ainda era criança quando um dos meus tios mudou-se para Uberaba para estudar odontologia. Deixou para trás sua coleção de revistas "Seleções do Reader’s Digest". Acabei por tomar posse delas, pois ninguém mais se interessava por aquilo. E eram muitas, abrangendo um período de mais de dez anos. Os primeiros números eram de 1941 ou 1942, se não me engano. E esse foi o motivo do meu interesse em folheá-las: além de publicidade sobre eletrodomésticos, alimentos e vestuário, trazia também como propaganda (inclusive de guerra), várias páginas com desenhos incríveis reproduzindo aviões militares, tanques, barcaças, soldados sorridentes e coisas assim. Tentei desenhar os aviões, devo ter recortado algumas páginas e rasgado outras. Depois, aos poucos, passei a ler uma por uma, acabando por ler tudo de todas (exceto a seção "Enriqueça seu vocabulário", assinada pelo dicionarista Aurélio Buarque de Holanda). O texto a seguir foi retirado do post "A Praxe dos Imbecis", por condensar meu pensamento sobre essa "herança".

Tentar viver a partir de experiências relatadas e vividas por outras pessoas é como “aprender japonês em Braille” (Djavan). Mas era isso que eu tentava. Enquanto a vida, esse “grande oceano da verdade” permanecia à minha frente pronta para ser explorada, eu tentava desbastá-la a golpes de “Seleções”. Quem conhece, sabe que essa revista é cheia de “ensinamentos” e lições de vida. Agora, imagine um pré-adolescente lendo essas “lições”. Haja intoxicação! E o pior é que eu queria aprender a viver apenas lendo aquela merda (por exemplo, como beijar uma menina na boca)!!!

Mesmo assim, retiradas as "lições de vida", a revista era boa diversão para um jovem introvertido e sem amigos, pois trazia anedotas, resumos de best sellers, casos pitorescos, etc. Um desses casos que chamou minha atenção foi narrado pelo comediante americano Harpo Marx, irmão menos badalado de Groucho Marx. Mas, antes de tentar reproduzir o caso - uma história de adoção -, preciso "contextualizá-lo".

Nas festas de fim de ano, conversando com uma de minhas noras, o assunto "adoção" entrou na roda. Ela comentou sobre uma amiga que está em dúvida entre adotar ou não uma criança, pois tem endometriose ou coisa assim. Lembrando os vários casos de adoção (cinco, pelo menos) que existem na família de minha sogra, disse a ela que educar uma criança, seja ela adotada ou não, é como jogar na loteria. A única coisa que muda é que as chances a seu favor são infinitamente maiores que ganhar na mega-sena, por exemplo. Porque cada criança é um universo, cabendo aos pais dar a ela atenção e muito amor - mas muito mesmo! Se ela será bem-humorada ou geniosa só o tempo, o ambiente e um pouco de DNA dirão. Foi aí que contei o caso lido décadas atrás. O curioso é que ela emocionou-se e me pediu o texto para enviar para sua amiga indecisa. Tentei encontrar na internet, mas acabei escrevendo o que lembrava e que tão boa impressão me causou (é, "talvez eu seja o último romântico"). Porque postá-lo no Blogson? É a memória, estúpido! E o texto que mandei para ela é este: 

Provavelmente eu teria uns vinte anos ou menos quando li a história sobre a adoção dos quatro filhos do comediante Harpo Marx em uma revista “Seleções do Reader’s Digest”, narrada pelo próprio comediante. Tentei encontrá-la na internet, mas não consegui (pelo menos, não de forma rápida). Mas encontrei algumas coisas legais que passo a transcrever, antes de tentar reproduzir o que li há tantos anos. Vamos lá:

Em 1948, quando alguém lhe perguntou quantas crianças planejava adotar, ele respondeu: "Eu gostaria de adotar tantas crianças quanto tenho de janelas em minha casa. Então, quando eu sair para o trabalho, eu quero uma criança em cada janela, acenando adeus”. Mesmo assim, adotaram apenas quatro (Billy, Alex, Jimmy e Minnie), sendo o primeiro quando o comediante já tinha uns cinquenta anos.
Agora, vamos à história. Ele nunca escondeu de nenhum dos filhos que haviam sido adotados. Pelo contrário, sempre contava de forma fantasiosa como cada um havia sido “escolhido”.

- “Um dia a mamãe e eu decidimos que queríamos ter um filho. Mas não poderia ser qualquer um. Tinha de ser um especial. Deveria ter as bochechas rosadas, um sorriso lindo, cabelos louros, ser alegre, brincalhão e, principalmente, chamar-se Billy”. Nesse ponto, o filho escolhido de forma tão detalhada explodia de entusiasmo. E ele continuava.

- “Um dia, achamos que o Billy precisava de uma irmãzinha. Mas não poderia ser qualquer menininha. Tinha de ser tão especial quanto ele. Ela teria de ter cabelos pretos suavemente ondulados, ser doce e delicada, com olhinhos muito brilhantes. Mas, principalmente, deveria chamar-se Minnie”. Segundo Harpo Marx, essa era a história predileta das crianças, que entravam em frenesi à medida que ia chegando a sua vez de entrar para a família.

Anos depois, já adultos, os filhos reuniram-se e pediram para falar com ele sobre a adoção. O ator disse ter sentido um aperto no coração, por acreditar que eles o recriminariam por não ter escondido que eram adotados. Mas o contrário aconteceu, pois eles o abraçaram e agradeceram por terem tido tanto carinho e cuidado para falar desse assunto com eles, que sempre se sentiram como se fossem filhos biológicos do casal, tal o amor recebido. É isso.
Obviamente, há uma série de “liberdades poéticas” que adotei, mas o espírito do texto original era esse mesmo. Espero ter atendido o pedido.



terça-feira, 8 de janeiro de 2019

DRY JOTABÊ

Depois de ler um divertido post do Marreta sobre o “Dry January”, resolvi comentar o assunto. Como ficou grande, virou post do Blogson (a picaretagem é a alma do negócio). Mas o link é este:

Não sou a pessoa mais abalizada para falar sobre isso, pois fiz a opção de parar de beber qualquer tipo de bebida alcoólica no final de 2014. Poderia ser esse o motivo de ter criado o blog em junho de 2014, mas parei depois disso. O motivo resumido é o seguinte: o álcool nunca foi meu amigo, pois nunca alterou meu humor. Alegre antes de beber? Continuava alegre. Triste, tímido ou deprimido? Lamento dizer que permanecia assim. Na juventude, a  única coisa que me divertia era passar do limite e começar a cambalear. Detonava todos os sentidos, mas a consciência estava lá, firme, vigilante, irritante. Por isso mesmo o álcool nunca foi para mim uma rede de segurança, muleta ou antídoto contra a chatice de festas e comemorações. Happy hour para mim sempre foi a hora de vazar do trabalho e ir feliz da vida para casa.

Na minha avaliação, a maioria das pessoas fica um porre quando está de porre. Pessoas gentis, divertidas tornam-se ogros insuportáveis à medida que vão enchendo o latão, que vão entornando mais e mais a bebida predileta, inclusive na mesa, na toalha, na roupa do infeliz que estiver mais próximo. Difícil de aguentar.

E o que mais entristece é ver o alcoolismo ir aos poucos dominando e deformando pessoas outrora simpaticíssimas. Conheço um sujeito que sempre gostou de beber cerveja. E reclamava de um amigo que misturava cachaça com cerveja. Segundo ele, esse amigo ficava transtornado, rosnando para a parede, olhar fixo, caçando briga com qualquer um, como se estivesse possuído por uma entidade maligna. Hoje, esse meu amigo bebe diariamente, ingere meia garrafa de destilado e umas nove cervejas, mas, paradoxalmente, está cada vez mais antissocial. Curiosamente, durante a quaresma, sempre conseguia ficar sem beber nada. Creio que hoje faz uma trapaçazinha, pois bebe cerveja sem álcool.

E é por tudo isso que eu sempre digo que parei de beber, porque mesmo que o primeiro copo descesse maravilhosamente, o segundo copo tinha gosto de cerveja. E eu detestava gosto de cerveja! Até me aventurei a compor uma marchinha carnavalesca sobre isso, que acabou virando parte do post "Não me leve a mal"

“Cachaça tem gosto de cachaça
Isso não muda jamais.
Cerveja tem gosto de cerveja
E o gosto é ruim demais (pararará...)”

Realmente, a picaretagem é mesmo a alma do negócio!


ALELUIA, ALELUIA!

  Há muito tempo, deixei de comentar as notícias que lia nos grandes portais da internet. Esses comentários recebiam títulos como "Come...