segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

RESPOSTA GRANDE VIRA POST


Você fez uma boa análise do que sou ou aparento ser. Realmente, eu sou “o” cortês, o atencioso (mesmo que falsamente), o gente fina, o inofensivo. Por isso mesmo, o predileto de dez entre dez velhinhas e velhinhos (já fui mais). Hoje, quando visito minha sogra (96 anos, surda como uma porta, presa a uma cama, mas espantosamente lúcida), ela beija minha mão, manda beijos quando me despeço, etc. Eu fui educado para ser isso, para ser assim. E me treinei para ser mais ainda! Uma hiena sempre sorridente e gentil. Então, sou mesmo contido, pois mantenho acorrentado e sedado o ogro que vive em mim.

Para compensar, tento manter minha cabeça livre, sempre acreditando em tudo e em nada, sempre disposto a repensar o que pensava antes. Mas sou um especialista em sobrevivência, pois não entro em bola dividida nem em briga de torcidas. Quando quero perguntar alguma coisa para alguém, começo perguntando se posso perguntar. Já quase fui chamado de gênio por esse comportamento. Mas não sei brigar, não sei defender meu ponto de vista. Na prática, ajo como o Galileu Galilei, que teria murmurado “Eppur si muove” ao ser obrigado a renegar a teoria de que a Terra gira em torno do Sol e não o contrário.

Esse estilo e temperamento manifestam-se em qualquer área e a qualquer momento Isso explica o fato de odiar os petistas e desprezar os bolsonaristas mais inflamados (creio que quase todos são), pois, para mim não há certezas absolutas em nada e deploro o fato de existirem pessoas pensando o contrário.

No primeiro turno das eleições votei no Meirelles, mesmo sabendo que iria dançar. No segundo turno, instalou-se uma verdadeira “Escolha de Sofia”. Para mim, a materialização do ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. E fiquei muito inquieto por ter de escolher entre duas pessoas que nada representavam para mim. Ou melhor, representavam o que mais critico e deploro.

Mas não tenho paranoia sobre o que podem ou poderiam fazer, não tenho medo que instalem uma venezuela de direita no Brasil. Acho esse tipo de alarmismo uma coisa muito doentia, seja ele de direita ou de esquerda. Por isso, respeitados os critérios "competência" e "honestidade", por mim o Bolsonaro pode indicar quem quiser. Apenas percebo que ele é um sujeito muito limitado quando se trata de fazer essas escolhas.

Veja bem, a população brasileira com idade entre 25 e 64 anos representa um universo de mais de cem milhões de pessoas. O efetivo das Forças Armadas não ultrapassa 500.000 integrantes. Por isso, as nomeações feitas até agora dizem mais do presidente que dos escolhidos. É como se ele só conhecesse a rua onde mora, sem nem sonhar com o que existe em sua cidade.

Mas isso não me faz temer um retorno aos "anos de chumbo". Você pode estranhar meus comentários por ser um sujeito visivelmente de direita. E eu não sou. Também não sou de esquerda (lembra do "triângulo isósceles"?). O que eu realmente sou é de centro - talvez centro-direita. Por isso, não votei no Bozo, deploro, critico e ironizo as sandices que faz ou diz. Da mesma forma que fazia com o Lula ou a "Dirma". Ou seja, eu tenho aversão a toupeiras e antas. Mas torço sinceramente para que ele faça um bom governo, sem muitos recuos, sem muitas burradas, sem muita intransigência, sem radicalismos e falsos moralismos. Enfim, que seja bom para a população.

Para mim, alguns assuntos funcionam como cometas, volta e meia retornam à minha mente. E um deles é “régua ideológica. Por isso, os seus e os meus comentários fizeram com que eu resolvesse desenhar um novo modelo, só para indicar graficamente minha posição nessa história.

Mas, antes da imagem, preciso passar a régua em um assunto: o jornalista Sérgio Cabral foi um dos fundadores do Pasquim e biógrafo de várias personalidades da MPB. Creio que nunca surgiu nada contra ele, sempre me pareceu um sujeito decente, honesto, probo. Tem também a sorte de estar com Alzheimer, pois, infelizmente (para ele), é pai do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho. E sua sorte é acreditar que o filho morreu.

Agora, vejamos o caso do Flávio, filhão do presidente: se eu fosse o Bolsonaro, tentava me descolar desse pimpolho, mandava escarafunchar a história do assessor e metia o ferro se houvesse culpa no cartório (tudo indica que há), mesmo que fosse o meu filhão do coração. E ele precisa fazer isso, pois a esquerda inteira está com vontade de morder sua garganta, comer seu fígado (para não baixar o nível), de ver sua desgraça. Ou seja, ele está como a história da mulher de César: não basta a ele ser honesto, ele precisa parecer ser. Mas ele poderá objetar, dizendo "Eu sou macho, pô! Não sou a mulher de César, eu sou é  espada"! E, no caso dele, isso é verdade. Só não pode querer usar.

E agora, a régua:



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