Rapaz, como disse o Gil no início da música Irene, gravada pelo Caetano: "eu tava esquecido"! Se você não
tivesse perguntado pela continuação do "chocalho prostático", provavelmente eu nem me lembraria mais.
Mas, antes, um pedido de desculpas pela minha grosseria desnecessária, uma
"ogrosseria". Dito isso,
vamos lá.
Depois da cirurgia de ressecção (raspagem) da
próstata, voltei algumas vezes ao urologista. Não me lembro mais como surgiu o
assunto, só sei que me perguntou como estava o ato de urinar, se estava tipo jato ou "esguicho de jardim". Disse a ele que estava tipo esguicho e
sem pressão, pois mijava no pé, no chão, na tampa levantada do vaso, na perna
da calça, etc. Só não acertava onde deveria. Ele então me disse que eu deveria
fazer a "dilatação da uretra",
para que o jato de urina se normalizasse.
Não me lembro se disse isso depois de passar
uma sonda ou se nem precisou passá-la. O fato é que me recomendou fazer a tal
dilatação. Em algum momento, disse haver um protocolo para esse procedimento,
que preconizava a realização de sete sessões, uma por semana (ou quinzena, pois
não sei mais qual foi a periodicidade adotada).
Marcada a primeira sessão, lá fui eu, “inocente, puro e besta”, sem nunca
sonhar o que iria acontecer naquela clínica especializada em urologia. Depois
de vestir uma "camisola" aberta na frente, fui conduzido à sala ao
lado, equipada para exames e procedimentos cirúrgicos. Seguindo as orientações
do enfermeiro, deitei-me em uma espécie de maca com suportes laterais para as
pernas. Talvez pela posição em que estava, talvez pela nudez exposta contra a vontade, estava
tão sem graça que o pinto deve ter encolhido até quase sumir. Imagino-o me
dizendo "não me deixe aqui sozinho"!
O enfermeiro pediu licença e despreocupadamente fez a assepsia do meu pênis, enquanto comentava com uma auxiliar de enfermagem alguma coisa sobre sua mulher, filhos, etc. Para ele eu era apenas um objeto que precisava ser higienizado, mais nada. Foi aí que eu percebi como é insensata e idiota a carga absurda de preconceito que devotamos aos profissionais da área de urologia e proctologia. Pense bem, na hora dos exames ficamos cheios de dedos, mas o especialista sempre usa apenas um! (Tá bom, a piada foi ruim).
Mas, voltando ao exame, eu já estava na condição de "lavou, tá novo" (o pau!), quando o médico foi acionado. Chegou, cumprimentou, fez alguma piadinha para relaxar (é um baita gozador), deve ter passado algum anestésico na ponta do cacete e o armagedon aconteceu.
O enfermeiro pediu licença e despreocupadamente fez a assepsia do meu pênis, enquanto comentava com uma auxiliar de enfermagem alguma coisa sobre sua mulher, filhos, etc. Para ele eu era apenas um objeto que precisava ser higienizado, mais nada. Foi aí que eu percebi como é insensata e idiota a carga absurda de preconceito que devotamos aos profissionais da área de urologia e proctologia. Pense bem, na hora dos exames ficamos cheios de dedos, mas o especialista sempre usa apenas um! (Tá bom, a piada foi ruim).
Mas, voltando ao exame, eu já estava na condição de "lavou, tá novo" (o pau!), quando o médico foi acionado. Chegou, cumprimentou, fez alguma piadinha para relaxar (é um baita gozador), deve ter passado algum anestésico na ponta do cacete e o armagedon aconteceu.
De repente, eu senti que meu pênis estava
sendo inflado como se fosse um balão - ou explodindo. Por isso foi que eu disse
que "exame de toque é para os fracos".
A sensação de desconforto era indescritível, tão absurdamente indescritível que
eu travei os dentes o máximo que consegui, enquanto murmurava "puta que pariu!". Isso não durou
mais que dois ou três minutos, mas foi suficiente para este diálogo sem noção
dito entre dentes e risos nervosos com o uro:
-
Doutor, o que está acontecendo?????
- Já
está acabando!
- Pelamordedeus, me
arranje alguma coisa para morder, uma fronha, sei lá!
- Quié
quié isso, Botelho! Sabe o que significa morder a fronha?
-
Doutor, neste momento, a última coisa em que estou pensando é na minha
reputação!
E da mesma forma que começou, a sensação de
explosão acabou instantaneamente. O médico disse que me aguardaria em seu
consultório para algumas recomendações, e saiu. O enfermeiro limpou a
área atingida pelo tsunami, esperou
que eu urinasse (sangue e urina), fez um curativo tipo modess e me liberou. Conversando com o médico, fiquei sabendo que
minha uretra estava muito fechada, daí o desconforto, etc.
Nas sessões seguintes eu descobri que o
desconforto era o mesmo, com a desvantagem de que eu já sabia o que sentiria.
Pois bem, não sei se foi na segunda ou em uma das outras sessões de tortura
medieval a que fui submetido, que descobri o artefato utilizado para dilatar
minha uretra. Era um gancho de ferro da grossura de um lápis (ou mais), que me
fez lembrar daqueles utilizados em açougues para pendurar os quartos de boi que
chegam dos frigoríficos.
Após a sexta sessão, o uro disse que a uretra
agora estava com diâmetro adequado e que eu poderia - se quisesse - suspender a
sétima e última sessão de tortura. Qual você acha que foi minha reação? Só sei
que hoje a urina às vezes sai normalmente, em outras sai irrigando o jardim. Mas dilatação de uretra novamente, nem fodendo!
Cheguei a esboçar um cartoon com dois personagens: diante de um Capitão Gancho perplexo, um sujeito vestido de médico e com um gancho na mão. A fala do médico era apenas essa: - "Não, urologista". Mas joguei fora, pois ninguém entenderia
nada. Quanto ao gancho (uma série de ganchos com diferentes bitolas, na
verdade), olha ele(s) aí. E então, vai encarar?
Pããããããta que o pariu!!!! E eu reclamando da dilatação do toba via dedo!!!!
ResponderExcluirÉ uma sensação verdadeiramente indescritível, pois não há dor localizada (até onde me lembro), mas a sensação é mesmo de estar prestes a explodir. E a "válvula da câmara de ar" é o pau.
ResponderExcluirÉ tipo de coisa que precisaria ser feita com o sujeito apagado. O defeito é que é muito rápido o procedimento. Talvez isso contraindique a sedação.
ResponderExcluirLendo o texto senti nada mais nada menos do que agonia e aflição. E então, te pergunto, o que faz o sujeito (o uro) estudar tanto para trabalhar com esse procedimentos e desgraças da medicina? Sadismo? Só pode ser sadismo. (Obrigado pela indicação de leitura).
ResponderExcluirCurioso você dizer isso! Meu pai, atendendo um desejo de minha avó, formou-se em medicina mas nunca qui exercer a profissão. Sempre nos dizia para não estudar medicina, pois era uma profissão sempre ligada à dor e à tragédia. Dizia também que cada especialidade mostrava um pouco da personalidade inconsciente do profissional. Mas, só de sacanagem, se quiser, dê uma olhada no texto anterior a este que leu (é bem mais leve). E obrigado pela visita! https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2018/12/chocalho.html
Excluir