Perto de minha casa, a pouco mais de uma
quadra de distância, mora o pai de um amigo de meus filhos. Não sei seu nome, às
vezes nos cumprimentamos, outras vezes não. Da minha parte sempre foi o fato de
estar distraído. Da parte dele, só entendi depois. Mas antes, preciso dizer que
esse sujeito tinha um vizinho que ficou mudo depois de sofrer um AVC.
Muito
bem. Em um dia chuvoso, fui de carro à padaria e o encontrei lá. Ofereci carona
e fomos conversando. Perguntei pelo senhor que tinha ficado mudo e ele me disse
já ter morrido. Mesmo não o conhecendo, lamentei o fato (espírito corporativo,
entendeu?). Foi aí que descobri por que às vezes passa por mim e não me
cumprimenta. Tentarei reproduzir o que me disse, pois ri demais com a história.
Referindo-se ao vizinho, disse:
- Nós
estávamos conversando (?) quando veio se aproximando um sujeito todo sorridente.
Como eu tenho problema de visão e não enxergo muito bem, perguntei (ao mudo)
quem era. Gesticulando os braços como se dissesse “Eu sei lá!”, ficou fazendo
uns sons de quem tenta falar alguma coisa, mas está engasgado:
- “ah,
ah uh uh or orrr raaa urr”.
Quando o
“desconhecido” chegou mais perto é que eu vi que era meu irmão. Agora você
imagina, um cego pedindo informação para um mudo!!!
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