Por reunir algumas lembranças esparsas que
não mereceram um texto exclusivo, o título original deste post
seria “Só Para Passar o Tempo
(Porque o Tempo Passou)”, pois são só bobagens para passar o
tempo (como sempre!).
Mas o título definitivamente adotado levou-me
a expandi-lo um pouco mais, pois a parcela "0,3" dos 2,3
leitores mais assíduos do Blogson é formada por gente semianalfabeta - e jovem,
ainda por cima - o que me causa grande irritação e inveja.
Irritação por eu ser hoje um velho
decrépito e Inveja, pelo semianalfabetismo e pobreza de espírito, o que os
torna bem-aventurados(*), pois ficam desobrigados de ler as tristes
notícias deste país (só não podem deixar de ler esta bagaça!).
(*) "Bem-aventurados os pobres de
espírito (...)” (tá na Bíblia, mano!).
Pois bem, por conta dessa
"bem-aventurança" é que decidi recorrer à transcrição de dicionários
com o significado simplificado de algumas palavras que aparecem neste post, de
uso quase abandonado, de tão antigas. Antigas mas não extintas, pois estão hoje
apenas sonolentas e encolhidinhas, exatamente como os velhinhos que as
utilizaram (claro, se já não tiverem morrido). Como tenho temperamento de
camaleão, acabei incorporando essas expressões no meu vocabulário, pois, além
de achá-las engraçadas, não tenho personalidade nenhuma.
SÓ NO DICIONÁRIO:
- Castiço: Que é correto segundo as
normas próprias a uma língua; genuíno, sem barbarismos ou influência
estrangeira.
- Garboso: Que tem garbo; distinto; elegante.
- Guapo: Que tem beleza e garbo; airoso;
bonito; elegante.
- Infante: Que está na infância;menino.
- Mocetão: Rapaz forte e bonito;
rapagão.
Depois de fazer
uma introdução tão longa e vigorosa (refiro-me ao
texto, certo?), vamos aos casos:
GARBOSO
Conheço um sujeito que gostava de beber
cerveja e jogar conversa fora com os amigos em um botequim fuleiro perto da
minha casa. O bar tinha um ibope danado, estava sempre cheio de velhos
barrigudos e desocupados e barrigudos nem tão velhos nem tão desocupados assim.
Mas todos amantes de uma estupidamente gelada e de futebol.
Pois bem, um dia alguém sugeriu a criação de
um time de futebol. A frequência do boteco permitia a criação de até mais de
uma equipe. E realmente criaram. Ótimo foi o nome escolhido para aquele time de
velhos peladeiros: "Onde Vais,
Garboso Infante?".
O nome pegou tanto, que o bar ("sede
social" da agremiação) ganhou o apelido de "Garboso". "Garboso" também foi o nome informal
utilizado para identificar um condomínio fechado, criado pelos bebuns em torno
do campo de futebol onde alternavam a correria atrás da bola com paradas
estratégicas para serem reanimados ou para se "rehidratar" com
uma cerva (ou breja) no ponto.
MEU JOVEM!
Em uma das empresas onde trabalhei, existia
um engenheiro que chamava todo mundo de "meu jovem", independente da
idade. Esse tratamento sempre continha uma ironia interna, que às vezes ficava
explícita quando dizia "Meu
Jóóvem!”
E uma das variações que ele usava é
particularmente engraçada, mas uso com parcimônia, pois ninguém entende. Alguns
meio surdos ou distraídos, pensam até que acabei de falar um palavrão. Fazer o
que, não é mesmo?
Divaguei tanto que quase me esqueço de
reproduzir a frase, dita sempre de modo efusivo: - "Meu jóóvem e guapo mocetão!”
SACER LOCUS
Esse caso é mais uma das lembranças twitter do meu amigo Pintão. Mesmo
sendo extremamente católico, não era carola; mas, às vezes, diante das
tijoladas pornográficas que alguém dizia, reagia com um ar de fingida
seriedade, dizendo uma frase em "latim", que traduzia em seguida:
- "Sacer locus, puer, extra mijit!” ou "O lugar é sagrado, menino, vá mijar lá fora!”
Para variar, o Google Tradutor não
faz essa equivalência nem entrando com a frase em português nem com a versão
"latina". Na Web, encontra-se alguma parecida, com
grafias diferentes (“Sacer locus
puer extra mingite” ou “Puer, sacer est locus; extra mingito”,
etc. etc.). Só um comentário para encerrar este caso e o post:
MUITO CASTIÇO!
Como sempre bem legal, JB. Gosto pra caramba dessa sua série Memória e desse seu latim de cachorro de bodega (muito melhor que o meu). Esse conhecimento todo só fez lembrar que preciso estudar mais, passei o domingo todo fazendo prova e a única coisa que trouxe de lá foi minha bunda mais quadrada rsrs.
ResponderExcluir"J"
Mas eu não tenho conhecimento nenhum! O que acontece é que eu tenho boa memória para coisas absolutamente inúteis e irrelevantes (e zero para o que realmente importa). A partir daí eu corro atrás, entro na web, Wikipédia, Google Tradutor, corretor de ortografia do Word, reviso umas trezentas vezes, altero a ordem das frases outras quinhentas e vamos nessa. Atividade de óciólogo, sacou?
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