segunda-feira, 14 de março de 2016

PORTUGUÊS CASTIÇO

Por reunir algumas lembranças esparsas que não mereceram um texto exclusivo, o título original deste post seria “Só Para Passar o Tempo (Porque o Tempo Passou)”, pois são só bobagens para passar o tempo (como sempre!).

Mas o título definitivamente adotado levou-me a expandi-lo um pouco mais, pois a parcela "0,3" dos 2,3 leitores mais assíduos do Blogson é formada por gente semianalfabeta - e jovem, ainda por cima - o que me causa grande irritação e inveja.

Irritação por eu ser hoje um velho decrépito e Inveja, pelo semianalfabetismo e pobreza de espírito, o que os torna bem-aventurados(*), pois ficam desobrigados de ler as tristes notícias deste país (só não podem deixar de ler esta bagaça!).
(*) "Bem-aventurados os pobres de espírito (...)” (tá na Bíblia, mano!).

Pois bem, por conta dessa "bem-aventurança" é que decidi recorrer à transcrição de dicionários com o significado simplificado de algumas palavras que aparecem neste post, de uso quase abandonado, de tão antigas. Antigas mas não extintas, pois estão hoje apenas sonolentas e encolhidinhas, exatamente como os velhinhos que as utilizaram (claro, se já não tiverem morrido). Como tenho temperamento de camaleão, acabei incorporando essas expressões no meu vocabulário, pois, além de achá-las engraçadas, não tenho personalidade nenhuma. 


SÓ NO DICIONÁRIO:

- Castiço: Que é correto segundo as normas próprias a uma língua; genuíno, sem barbarismos ou influência estrangeira.
- Garboso: Que tem garbo; distinto; elegante.
- Guapo: Que tem beleza e garbo; airoso; bonito; elegante.
- Infante: Que está na infância;menino.
- Mocetão: Rapaz forte e bonito; rapagão.

Depois de fazer uma introdução tão longa e vigorosa (refiro-me ao texto, certo?), vamos aos casos:

GARBOSO
Conheço um sujeito que gostava de beber cerveja e jogar conversa fora com os amigos em um botequim fuleiro perto da minha casa. O bar tinha um ibope danado, estava sempre cheio de velhos barrigudos e desocupados e barrigudos nem tão velhos nem tão desocupados assim. Mas todos amantes de uma estupidamente gelada e de futebol.

Pois bem, um dia alguém sugeriu a criação de um time de futebol. A frequência do boteco permitia a criação de até mais de uma equipe. E realmente criaram. Ótimo foi o nome escolhido para aquele time de velhos peladeiros: "Onde Vais, Garboso Infante?". 

O nome pegou tanto, que o bar ("sede social" da agremiação) ganhou o apelido de "Garboso". "Garboso" também foi o nome informal utilizado para identificar um condomínio fechado, criado pelos bebuns em torno do campo de futebol onde alternavam a correria atrás da bola com paradas estratégicas para serem reanimados ou para se "rehidratar" com uma cerva (ou breja) no ponto.


MEU JOVEM!
Em uma das empresas onde trabalhei, existia um engenheiro que chamava todo mundo de "meu jovem", independente da idade. Esse tratamento sempre continha uma ironia interna, que às vezes ficava explícita quando dizia "Meu Jóóvem!” 

E uma das variações que ele usava é particularmente engraçada, mas uso com parcimônia, pois ninguém entende. Alguns meio surdos ou distraídos, pensam até que acabei de falar um palavrão. Fazer o que, não é mesmo?

Divaguei tanto que quase me esqueço de reproduzir a frase, dita sempre de modo efusivo: - "Meu jóóvem e guapo mocetão!


SACER LOCUS
Esse caso é mais uma das lembranças twitter do meu amigo Pintão. Mesmo sendo extremamente católico, não era carola; mas, às vezes, diante das tijoladas pornográficas que alguém dizia, reagia com um ar de fingida seriedade, dizendo uma frase em "latim", que traduzia em seguida:
- "Sacer locus, puer, extra mijit!” ou "O lugar é sagrado, menino, vá mijar lá fora!

Para variar, o Google Tradutor não faz essa equivalência nem entrando com a frase em português nem com a versão "latina". Na Web, encontra-se alguma parecida, com grafias diferentes (“Sacer locus puer extra mingite” ou “Puer, sacer est locus; extra mingito”, etc. etc.). Só um comentário para encerrar este caso e o post: 

MUITO CASTIÇO!




2 comentários:

  1. Como sempre bem legal, JB. Gosto pra caramba dessa sua série Memória e desse seu latim de cachorro de bodega (muito melhor que o meu). Esse conhecimento todo só fez lembrar que preciso estudar mais, passei o domingo todo fazendo prova e a única coisa que trouxe de lá foi minha bunda mais quadrada rsrs.
    "J"

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    Respostas
    1. Mas eu não tenho conhecimento nenhum! O que acontece é que eu tenho boa memória para coisas absolutamente inúteis e irrelevantes (e zero para o que realmente importa). A partir daí eu corro atrás, entro na web, Wikipédia, Google Tradutor, corretor de ortografia do Word, reviso umas trezentas vezes, altero a ordem das frases outras quinhentas e vamos nessa. Atividade de óciólogo, sacou?

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