Eu gosto quando alguém comenta alguma coisa
no Blogson. Mais que a satisfação de ver uma quantidade expressiva de
visualizações e acessos (padrão blogsoniano, é claro), o que eu curto mesmo são
os comentários. Não por serem elogiosos, mas por terem sido feitos. Alguns nem contém elogio explícito,
mesmo que eu os classifique assim, talvez por culpa de minha miopia emocional.
Para ser sincero, eu até gostaria que alguém esculhambasse um post qualquer, pois
isso me faria pensar mais um pouco.
O que os comentários me sugerem é que "existe alguém na linha", são como conversas entre
colegas de empresa ou amigos em uma mesa de bar. Usando os vetores como imagem dessas pessoas, não importa se têm o mesmo sentido ou
direção (certamente, não tem mesmo), o módulo é semelhante, parecido. As pessoas que
comentam, mesmo que radicalmente diferentes de mim, são como meus pares, assim
como são (ou foram) meus ex-colegas citados nos três últimos posts.
Canalhas talvez, mas
mais no sentido de relaxados, gozadores, irreverentes, divertidos e "descompensados". Nesse grupo de dez engenheiros alguns gostavam de futebol, mas não ficavam só nisso; uns dois, mais
acanalhados, gostavam de orgias, putarias e surubas e de trair suas esposas, mas
não se limitavam a isso. Alguns gostavam de jazz, outros nem se lixavam para
música; alguns eram glutões enquanto outros eram esportistas dedicados. Só um
era filho de um dos sócios da empresa, só dois atingiram o nível de diretor adjunto e só uns dois gostavam de "happy hour". Não éramos iguais nem semelhantes. Éramos apenas a equipe
que elaborava as propostas para participação em licitações. O Pintão gostava de dizer que -"a gente ganha pouco mas se diverte muito". Nem ganhávamos tão pouco assim, mas trabalhávamos pra caramba (eles mais do que eu, para ser sincero).
Mesmo torcendo para
enfiar o pé na jaca em alguma concorrência mais "suspeita", éramos quase invariavelmente atropelados pelas grandonas e seu lobby gigantesco ou
espancados pelas pequenas com seus preços irrisórios, tão baixos que um colega
sempre dizia das pequenas construtoras:
- Esses caras estão
ralando o cu nas ostras! Assim não dá!
Apesar disso, o
presidente da empresa sempre nos perguntava, cheio de circunspecção, se tínhamos
"afinado bem a ponta do lápis". E ouvia a mesma resposta, sempre
afirmativa e respeitosa; mas só tomávamos ferro.
O que mantinha esse
pessoal irmanado, o que os agregava eram a competência técnica e uma
incansável dedicação ao trabalho, com incontáveis viradas de noite e muito trabalho
em feriados e fins de semana (que me deixavam maluco). E o que nos unia era muita irreverência e um sentimento de
companheirismo, e cordialidade que faziam o trabalho parecer menos cansativo e estressante do que
realmente era. Talvez por isso,
mesmo que eu tenha perdido total contato com essa gangue, guardo por eles um
sentimento sincero de amizade e admiração. E a certeza de terem sido a minha
turma, a última turma de que fiz parte.
Eu era o segundo mais novo dessa equipe, não tinha a experiência e o conhecimento técnico que tinham, "desci de paraquedas" no meio deles (expressão usada por um colega bêbado em uma viagem que fizemos juntos, logo após eu ter sido contratado direto para o setor), mas tinha algumas qualidades que valorizavam. Não éramos iguais nem semelhantes, éramos pares. Depois disso, só consegui sentir medo ou desprezo por algumas pessoas e chefias de outras empresas onde trabalhei até me aposentar.
Eu era o segundo mais novo dessa equipe, não tinha a experiência e o conhecimento técnico que tinham, "desci de paraquedas" no meio deles (expressão usada por um colega bêbado em uma viagem que fizemos juntos, logo após eu ter sido contratado direto para o setor), mas tinha algumas qualidades que valorizavam. Não éramos iguais nem semelhantes, éramos pares. Depois disso, só consegui sentir medo ou desprezo por algumas pessoas e chefias de outras empresas onde trabalhei até me aposentar.
Talvez por isso eu
seja tão confessional nos meus textos, sempre escrevendo em linguagem coloquial
cheia de erros gramaticais (involuntários, bem entendido), salpicada aqui e ali
de algum palavrão. Agindo assim, eu penso que estou conversando novamente com alguém fora do meu círculo familiar, alguém do "outer space" que
tenha pelo menos um ponto de contato comigo (mesmo que totalmente diferente).
E esse ponto de contato que "procuro no dial" e vejo "no radar" - independente dos gostos e escolhas de cada um, independente de credo religioso, idade ou posição social - são a inteligência, cultura, ironia, irreverência e senso de humor que percebo nos comentários recebidos e nos textos bem escritos dos que possuem blog. É isso.
E esse ponto de contato que "procuro no dial" e vejo "no radar" - independente dos gostos e escolhas de cada um, independente de credo religioso, idade ou posição social - são a inteligência, cultura, ironia, irreverência e senso de humor que percebo nos comentários recebidos e nos textos bem escritos dos que possuem blog. É isso.
Às vezes sentimos vontade de responder a um comentário inexistente, pois este post não recebeu nenhum comentário. Nem deveria, necessariamente. E este é o comentário que faço como resposta a mim mesmo e ao "outer space". Ninguém deverá jamais sentir-se impelido a responder ou comentar qualquer coisa neste blog, da mesma forma que nem sempre tenho paciência de comentar alguma coisa nos blogs que normalmente acesso e acompanho - leio tudo! Às vezes tenho alguma crítica ao conteúdo, mas fico na minha, pois sei que pessoa é uma galáxia diferente. Então é isso. Ficou parecendo que eu estava implorando que as pessoas passassem a comentar cada bobagem que escrevo. Não é verdade, pois eu correria o risco de perder um dos 2,3 leitores desta bagaça. Fui.
ResponderExcluirEu sempre me esqueço de corrigir comentários e respostas que escrevo. Algumas palavras foram engolidas mas o sentido foi preservado. Fui, de novo.
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