sábado, 23 de setembro de 2023

ATA OU COSTURA?



Eu nunca me liguei em moda, mas sei que há três mundos: o mundo das pessoas normais, de carne e osso, o prêt-à-porter e a alta costura (percebeu a associação com o título idiota deste post? Pois é...). Por não entender nada desse assunto sempre achei um porre comprar roupa (pois só compro errado!). Por isso, quando vejo mulheres olhando um sapato, uma bolsa ou uma blusa, sempre tenho a impressão que estão examinando a organização das moléculas da peça ou analisando a estrutura atômica do material usado em sua confecção, tal a concentração diante de um detalhe que nem se me mostrarem eu conseguirei entender.

Se eu tivesse a infelicidade de ser obrigado a trabalhar em uma butique ou loja tipo C&A, eu tava ferrado. Até imagino um ou uma cliente dizendo – “Moço ("moço", no caso,  é só força de expressão, porque eu sou velho, pô!), que você acha dessa roupa?” A tentação seria responder – “Acho que isso é um vestido” ou – “Para mim, isso está parecendo uma calça comprida”. Resumindo, não durava um dia no emprego, pois não entendo chongas dessa área.

Entretanto, depois de assistir na TV a um reality show de estilistas, tipo Big Brother (só que em vez de bundas, silicone e tatuagens o que se vê são plumas, paetês e congêneres), fiquei assustado com a magreza das modelos que desfilam as peças criadas pelos concorrentes. Elas são magras demais! Como dizia minha mãe, “as pernas são dois cambitos, de tão finas” (por favor, não me perguntem o que são “cambitos”, pois não faço a menor ideia). Ao desfilar, algumas moças dão a impressão que vão cruzar as pernas enquanto andam! Fico até na dúvida se é proposital ou sinal de fraqueza e inanição. Observei também que os participantes heterossexuais masculinos representam não mais que 1% do total. O restante é composto de mulheres e gays.

Não me atrevo a explicar o que leva os hetero e as mulheres a escolher modelos esqueléticas. Mas acho que encontrei uma explicação para essa preferência entre os estilistas gays. A questão é que estilistas gays não entendem de mulher. O que eles entendem mesmo é de cabide, ou melhor, de mulheres-cabide para desfilar as roupas que criam. E a explicação mais plausível é bem simples: normalmente cabides ficam em armário. E os "fashionistas" em algum momento de suas vidas, saíram de dentro de um. Daí a identificação.

escrito em 17/06/2014


12 comentários:

  1. Muito bom. A parte da organização molecular e a teoria dos cabides foi hilária. Ri muito por aqui. :)

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    1. Quando o blog foi criado eu era um louco com duzentos arquivos para desovar e zero leitores. Então, os primeiros posts tiveram zero acessos (um ou outro familiar, para ser sincero). Mas eu estava feliz por ter um lugar onde pudesse publicar tudo o que eu já tinha enviado por e-mail , claro, com a esperança de que alguém um dia lesse essa montanha russa de emoções (ironia, depressão, raiva, reflexão, humor, religiosidade, etc.). O Marreta foi o primeiro leitor identificável a acessar com frequência o Blogson. Creio que seu primeiro comentário foi publicado no final de julho de 2014.Eu brinco que (para minha sorte) graças a seu "blogbuster" ele se transformou no atacadista do blog, ao trazer outros leitores. Mesmo assim, muita coisa teve uma ou duas visualizações apenas. Essa a motivaação para selecionar e mover os textos que mais me agradaram para os dias atuais. Eu, se fosse ele, faria a mesma coisa em seu blog, principalmente por ter uma produção de qualidade muito maior e mais antiga que as tranqueiras do velho Blogson.

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    2. É uma boa ideia. Fica como se fosse um guia de leitura. Isso ajuda bastante a "fisgar" novos leitores e por em evidência textos que saíram muito "cedo". Tem razão.

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  2. Fico feliz que tenha gostado. Feliz também por ter tido a ideia de mover alguns posts lá do início do blog para os dias de hoje. Acho que ninguém tem paciência de acessar coisas antigas.

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  3. Bom que gostou, pois essa era a idéia! Repetindo, eu adoro escrever piadas infames, trocadilhos idiotas e besteirol descontrolado.

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  4. Meu caro Fabiano, tenho dois sobrinhos gays, uma parente lésbica e vários amigos gays. Para ser sincero, sempre preferi mais conversar com os gays que com os hetero, pois uma grande parte dos gays são exatamente isso que a palavra originalmente traduzia: "feliz". Como sabe, este texto foi escrito em 2014, quando eu estava preocupado apenas em fazer as pessoas rir. Mas jamais tive sentimentos homofóbicos ou intenção de desmerecer pessoas com uma sexualidade diferente da minha. Eu sou do bem!

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  5. Tem razão, Fabiano, eu tenho notado que aparentemente minha capacidade de discernir está cada vez mais prejudicada. O que antes eu vi com ironia e bom humor hoje eu vejo com preocupação e medo de ser mal interpretado. Estou piorando (muito) com a idade. Mas a expressão "gay não entende de mulher" era uma piada necessária para a continuidade do texto que pretendia ser engraçado. A menção a meus parentes (todos pessoas adoráveis) foi uma tentativa de dizer que eu não ligo a mínima se alguém é gay ou não, pois não sou nem nunca quis ser um "macho das antigas".

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  6. Só para completar, quando digo estar sem inspiração isso significa exatamente minha atual incapacidade de escrever textos bem humorados, que é o que sempre quis fazer. hoje talvez não conseguisse escrever um texto como esse, pois talvez ficasse bloqueado pela ditadura do politicamente correto (que eu abomino).

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  7. Uma coisa você pode ter certeza, tudo o que eu resolver mudar para a época atual tem o "selo Jotabê de qualidade". Como diria o personagem Sheldon na série "The Big Bang Theory", bazinga!". Ou seja, isto é só uma ironia. Já percebi ou suspeito de que eu e você rimos de coisas diferentes. Não sei definir que tipo de humor te atrai, mas o meu é do tipo idiota, non sense ou de quinta série (como definiu um dia o desaparecido GRF). Hoje, relendo o que escrevi lá no início, percebo ter produzido um mar de mediocridade com lixo e até preconceito de todo tipo. Eventualmente percebo alguma coisa menos ruim boiando. São alguns desses posts que pretendo continuar fazendo a migração. Mas uma coisa é certa: parafraseando os Roling Stones ("I know, it's only rock and roll but I like it"), eu diria que eu sei que são apenas bobagens e tolices, mas eu gosto delas. Hoje eu sei, tenho certeza de que escrevo melhor que 90% ou mais da população brasileira, mas em um país de analfabetos funcionais isso nada significa. Se eu mostrasse a um escritor tipo Drummond o que eu já escrevi e pedisse sua opinião, certamente ele diria algo como "Vai, Zé, vai ser engenheiro na vida". Hoje eu reconheço minha mediocridade, mas é muito tarde para me arrepender do que escrevi. Mais fácil é migrar e tentar salvar o que me deu prazer de publicar. Como escreveu o genial Rubem Braga a respeito de suas crônicas, "com o tempo a gente fica menos ansioso e mais humilde e se as vezes contempla a filharada toda com aborrecimento pelo menos não a despreza mais por amor dos recém–nascidos, que já sabemos que não são grande coisa". É por aí. (escrito às 4h da madruga, depois de ter o sono interrompido três vezes).

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  8. Obrigado pelo comentário, Fabiano. Eu sou o maior crítico do que escrevo, mas é uma crítica sincera, surgida depois de muitas leituras e releituras do que escrevi. Achei interessante você mencionar o que escrevo no Marreta. Por serem comentários eu me deixo levar pela ironia e sacanagem que não consigo mais colocar nas postagens do blog. Talvez eu seja mais o que mostro no Marreta que no Blogson, pois lá ainda me permito ser leve, idiota, provocador (como quando converso com pessoas do mundo real). Valeu!

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  9. Hoje eu passei o dia escrevendo o texto que sua postagem me inspirou a escrever. Escrevi, reli, apaguei, reescrevi, apaguei de novo, comecei do zero, etc. Foi uma boa diversão. Mas só sairá na terça feira. À meia noite de hoje sairá a republicação de um texto que gostei de escrever, uma autêntica viagem na maionese dirigida aos ateus que conheço.

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  10. eu sempre fiz isso e ainda há erros (imagine se não fizesse). Boa noite.

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