terça-feira, 19 de setembro de 2023

MEIA CULPA

A criação deste blog permitiu-me usar a tranqueira que venho escrevendo já faz algum tempo para fazer posts diários. Antes do blog, eu enviava obsessivamente essa “produção” para o e-mail de algumas poucas pessoas. Já deu para perceber o alívio e a tranquilidade desse pessoal agora, né?

Tanto a postagem atual como os e-mails podem ser interpretados como egocentrismo, vaidade, superficialidade. Concordo com tudo isso em 50%. Os outros cinquenta decorrem de meu temperamento tímido, arredio e introspectivo (não, não estou fazendo piada). 

A vida inteira, lutei para não ser tímido e introvertido, mas perdi a luta. Então, tenho dificuldade de conversar com pessoas fora do meu círculo familiar, sinto-me deslocado em festas com mais de 20 pessoas, não fico em bares ou restaurantes com amigos (até porque detesto bebida alcoólica). 

É bom também lembrar que não tenho amigos antigos ou ex-colegas de serviço com quem queira conviver. Em resumo, sou um eremita, um urso hibernando. Talvez alguém complete: um sujeito com sérios problemas de convivência social.

Por isso, depois de aposentado, comecei a escrever sobre minhas inquietações, minhas dúvidas e incertezas. Para quem ou para que? Para mim mesmo – simultaneamente o primeiro leitor e primeiro personagem. 

Para não ficar exclusivamente trancado em mim mesmo, mandava alguma coisa (olha a sacanagem!) para meus filhos, noras e amigos dos meus filhos, pois (olha a vaidade!) até gosto do que escrevo. E, pra disfarçar a depressão, a timidez e introversão, ficava fazendo piadinhas e trocadilhos infames.

Mas, por dentro, acho que sou parecido com a frase de uma música do Toninho Horta que o Milton Nascimento canta: "quem olha pra mim, me vê feliz, não sabe o que é duvidar".

escrito em 21/08/2014

2 comentários:

  1. Esse texto foi escrito em 2014, quando o Blogson tinha zero acessos. Entendeu agora que eu nunca menti sobre minhas emoções no blog? Eu sou exatamente assim (e por isso sou reservado, não forneço e-mail, etc. etc.)

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4