segunda-feira, 4 de setembro de 2023

OS TRÊS FALARES DE MINAS GERAIS - ARNALDO SILVA

 
“Palavras são palavras, nada mais que palavras”, era o bordão do personagem Valfrido Canavieira, interpretado pelo genial Chico Anísio. E as palavras, seu sotaque, sua pronúncia, os dialetos de seus paises de origem são o tema deste e do(s) próximo(s) post(s). Gostou? Ótimo! Tem boas expectativas? Bom, nesta altura do campeonato já não tenho como garantir nada.
 
O pontapé inicial nesse jogo de várzea foi dado por um artigo muito curioso que recebi através do zap. Não tenho muita coisa a comentar, até por ser deselegante "cuspir no prato que se come", pois o texto é um pouco mal escrito (um matuto logo diria que é o "porco falando mal do toucinho"), alguns erros de português são encontrados e o final tinha tanto ufanismo que eu não resisti, cortei o que me incomodava (ufanismo dá azia!). Mesmo assim, resolvi transcrevê-lo em sua quase totalidade, pois, podem não acreditar, Blogson Crusoe também é cultura e a favor de sua disseminação (mesmo que ninguém leia).
 

Em Minas Gerais são 20 milhões de mineiros vivendo em 853 municípios, 1712 distritos e milhares de pequenos povoados, distribuídos em 13 regiões geográficas e 70 regiões intermediárias. É a segunda maior população do Brasil e quarto maior estado brasileiro em extensão territorial, com uma área total de 586.513,983 km².
 
Além disso, 54% do território mineiro é formado pelo bioma Cerrado, na porção centro ocidental mineira, 40% pelo bioma Mata Atlântica, na porção oriental e 6% pelo bioma Caatinga, no extremo Norte do Estado, na divisa com a Bahia.
 
O grande número de regiões, extensão territorial, biomas, origens e formações diferentes dos povos regionais mineiros, são responsáveis pelas diferenças regionais presentes na gastronomia, cultura, religiosidade, jeito de vestir, nas tradições religiosas e folclóricas e principalmente no modo de falar.
 
Não temos um dialeto em Minas e sim três dialetos. O mais falado, em 50% do território mineiro é o Montanhês. Esse dialeto é falado na Região Central, Centro-Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Leste de Minas. Outro dialeto presente em Minas é o Caipira, falado em 33% do Estado especificamente nas regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Noroeste e Triângulo Mineiro. E em 17% do território mineiro, no Norte de Minas e parte do Vale do Jequitinhonha e Noroeste, o dialeto falado é o Geraizeiro.
 
No mapa linguístico acima, do estado de Minas Gerais, estão os três falares de Minas Gerais e sua distribuição territorial, segundo o trabalho: Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (EALMG), da Universidade Federal de Juiz de Fora MG, de 1977.
 
Diferença entre sotaque e dialeto
Sotaque é a característica própria de um linguajar de região específica com a substituição de letras que modifiquem a fonética de uma palavra e frase como por exemplo o “X” do modo de falar do carioca. Dialeto é a forma como a língua oficial de uma determinada região é falada, tendo como base a assimilação de outras línguas e uso de palavras e letras diversas, não específicas, gerando pronúncias fonéticas variadas.
 
O modo de falar do mineiro é dialeto e não sotaque. Isso porque o falar mineiro é uma mistura de palavras da língua oficial com línguas nativas e também introduzidas. No caso de Minas Gerais, de línguas faladas na região da Costa da Mina, na África e entre povos indígenas, com a língua portuguesa, com o regionalismo da região do Minho, em Portugal. Por isso os falares mineiros serem diferentes, exatamente pela origem dos povos que os formaram serem diferentes, devido às regiões geográficas específicas de cada um desses povos.
 
Outras regiões brasileiras receberam portugueses e africanos de outras regiões de seus próprias, com cultura, dialeto e tradições diferentes. Entre os povos indígenas, há línguas, dialetos, cultura, culinária, rituais diferentes de outras tribos, devido a diferentes etnias indígenas.
 
Isso explica a diversidade das culturas, arquiteturas, religiosidades, músicas, folclores, vestimentas, dialetos, tradições e gastronomias diferentes entre os Estados Brasil, devido aos diversos povos de regiões diferentes do Brasil, da Europa e África, com etnias indígenas diferentes.
 
Conhecendo os falares de Minas Gerais
 


O falar Geraizeiro
É um dialeto falado em 17% do território mineiro. O termo Geraizeiro é usado desde o século XIX. Refere-se ao povo mineiro que vive do Cerrado com sua história e cultura ligadas a esse bioma, bem como ao seu modo próprio de falar. É uma região que compreende todo o Norte de Minas e boa parte do Noroeste Mineiro e Vale do Jequitinhonha, estendendo-se até a área de transição do Cerrado para a Caatinga, na divisa com a Bahia. (fotos acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
 
São os nativos dos Gerais, que é o sinônimo de Cerrado. É um povo formado por homens e mulheres do Cerrado e com ligações familiares e históricas com este bioma. Por esse motivo, são chamados de Guardiões do Cerrado. É o povo que preserva a identidade cultural e histórica dos geraizeiros do norte mineiro.
 
Os Geraizeiros, que tem o sangue dos Gerais nas veias, não destroem a vegetação nativa, ao contrário, a respeita. Criam o gado solto, não retiram da natureza o que não podem tirar e quando tiram, respeitam os limites da terra e seus ciclos. Quando colhem os frutos do Cerrado, catam apenas os frutos já maduros, que caíram no chão. Não arrancam a fruta ainda verde no pé.
 
Retiram o mel silvestre, colhem ervas e raízes medicinais, espalham sementes dos frutos do Cerrado, ajudando na propagação e preservação da flora dos Gerais, bem como preservam e vivem em harmonia com a fauna nativa.
 
Originalmente, o Geraizeiro era um povo formado por povoadores vindos de São Paulo e da parte norte da Região Central Mineira, com povos indígenas habitantes da região e africanos, que constituem a maioria da origem dos Geraizeiros. Em sua origem, viviam nas partes altas e baixas da região, geralmente às margens de córregos e rios. Com o crescimento da região, a cultura, linguajar e influência dos primeiros geraizeiros foram se expandindo, passando o termo a ser usado para definir o dialeto, culinária, cultura e estilo de vida norte mineiro.
 
Os Geraizeiros tradicionais vivem da pesca, da agricultura e dos frutos do Cerrado. Vivem do trabalho e comem do que plantam. Em suas terras cultivam arroz, feijão, mandioca, cana, amendoim, dentre outras culturas, além dos frutos nativos.
 
É um povo com identidade própria, tanto no linguajar, quanto no estilo de vida e culinária, que ao longo dos anos, foi se aprimorando em um estilo de cozinha, com base nos frutos do Cerrado e peixes de água doce, mesclando a tradição culinária dos povoadores paulistas, mineiros, indígenas e africanos, à vida e cultura do Cerrado e Caatinga.
 
Os Geraizeiros são chamados ainda de catrumanos, e de baianeiros, pelo jeito de falar um pouco parecido com o falar baiano, embora o dialeto Geraizeiro seja mais próximo do dialeto Montanhês, do que o do falar baiano, baseiam-se na proximidade da região com a Bahia e com algumas palavras do falar baianos incorporados ao dialeto Geraizeiro.
 
A partir de 2007, foi agregada à Constituição de 1988, a definição de povos tradicionais, além dos povos indígenas e quilombolas, outros povos, que preservam o modo de vida tradicional desde suas origens. Entre os vários povos inseridos neste quesito, está o povo dos Gerais, o Geraizeiro. Desde 2011, comemora-se em Minas Gerais o Dia dos Gerais, especificamente na cidade de Matias Cardoso, no Norte de Minas, por ser a primeira povoação criada em Minas Gerais em 1660, bem a matriz da cidade, dedicada a Nossa Senhora da Conceição erguida em 1664.
 
O falar Caipira
É um dialeto falado em 33% do território mineiro. O dialeto falado no Triângulo Mineiro, Noroeste, Oeste, Sul e Sudeste de Minas é o dialeto Caipira, além de influência do dialeto Montanhês. Essa região mineira está na área de influência da Paulistânia Caipira, uma área geográfica e cultural com origens em São Paulo no século XVI e expandida por uma imensa área territorial brasileira pelos tropeiros e bandeirantes paulistas ao longo do século XVII e XVIII.
 
A influência da Paulistânia Caipira está presente em partes de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. A Paulistânia Caipira não se limita apenas ao dialeto, mas também no modo de vida, na culinária, na vestimenta, nas danças, nos instrumentos musicais e na música.
 
Como o assunto é o falar caipira, vamos nos ater a isso. O dialeto caipira é uma variante dialetal da língua tupi antiga, com o português arcaico. O arcaísmo é quando uma palavra ou expressão deixou de ser usada em uma determinada língua. Desde o descobrimento do Brasil, palavras da língua portuguesa vem sendo modificadas em constantes revisões ortográficas, algumas até deixando de existir ou mudando sua escrita, consequentemente mudando a fonética, devido à exclusão de letras e acentos.
 
A própria palavra caipira é uma corruptela da palavra tupi “caapora” que significa “morador do mato”. São as pessoas ou grupos que viviam longe das grandes cidades em pequenos povoados. É estilo de vida e falar do povo do interior, da área de influência da Paulistânia.
 
Palavras faladas nos séculos XVII, XVIII, XIX e início do século XX são hoje arcaicas, mas ainda presentes no dialeto Caipira. Boa parte das palavras do dialeto Caipira, tidas hoje como erros ortográficos e de pronúncias, nada mais são do que a preservação do português antigo e medieval da mesma forma que era falado e pronunciado no português arcaico. O que era correto escrever e pronunciar no português antigo, é hoje escrita e pronuncia errada.
 
É o caso por exemplo de algumas palavras arcaicas que hoje tem a fonética e grafia diferente do português medieval, como exemplo fruta. No português medieval era escrita e pronunciada “fruita”. Outra palavra é escutar, escrita e pronunciada “escuita”, no português medieval. O “i” foi excluído em uma das várias revisões ortográficas da língua portuguesa, mas continuaram sendo faladas na área da Paulistânia Caipira. Ou seja, o dialeto Caipira preservou a escrita a fonética do português antigo.
 
Outro exemplo da preservação da forma arcaica da fonética e escrita do português no dialeto Caipira é o uso do “R” retroflexo, ou seja, pronunciado duplamente com fonética arrastada “rr”, além da substituição da letra L pelo "r”.
 
A forma fonética do uso constante do “erre” e a troca do L pelo “r”, muda a escrita e a fonética da palavra. Como exemplo: almoço, fica “armoço”, blusa fica “brusa”, calça, fica “carça”, flauta fica “frauta”, anel fica “aner”, Cláudio fica “cráudio”, pastel fica “paster”, globo fica “grobo”, chiclete fica “chicrete”, claro fica "craro", etc. Na gramática atual é erro sim, mas na história e formação fonética do dialeto Caipira, não. É a preservação de uma tradição, de uma forma de falar histórica, da fonética, expressão e grafia do português medieval e tupi antigo.
 
Outra característica do dialeto Caipira é a substituição das letras LH quando antecedem a vogal “a”. Nesse casa, as duas letras são substituídas pela vogal “i”. Por exemplo, telha, fica “teia”, trabalhar, fica “trabaiá”, tulha fica “tuia”. Quando o R é no final de uma palavra que antecede uma vogal, o “r” é simplesmente excluído. Por exemplo: comer, fica “comê”, engolir, fica “engoli”, bater fica “batê, gemer fica “gemê”, suprir fica “supri.
 
Além disso, singular e plural no dialeto caipira são ausentes, sem concordância verbal alguma. No dialeto Caipira, plural e singular compõem uma mesma frase. Por exemplo, as colheres, no dialeto caipira é escrita e pronunciada “as colher”, nas mesas, é “nas mesa”, etc. É erro ortográfico, hoje sim, claro, mas faz parte da fonética e expressão do dialeto Caipira tradicional, arcaico. É comum quem vive na influência da Paulistânia Caipira pronunciar “as casa”, “as mulhé” “as carne”, “as pessoa”, etc.
 
São pronunciadas naturalmente, devido o dialeto ser uma cultura transmitida por gerações e falado pelo povo da região da influência caipira, no caso das regiões mineiras, desde o século XVIII.
 
O dialeto Caipira é simplesmente a preservação das características fonéticas da língua portuguesa medieval falada no Brasil em tempos antigos.
 
O falar Montanhês
É o dialeto falado em 50% do território mineiro. Também chamado de falar mineiro, o Montanhês é o dialeto original de Minas Gerais surgido no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro.
 
É formado pela influência linguística regional dos povos que deram origem ao povo mineiro. O português, em sua maioria, da antiga região portuguesa do Minho, na época uma região de mineração, dai a maioria dos portugueses que vieram para Minas serem dessa região, porque já atuavam nessa atividade.
 
O africano, em sua maioria da região Costa da Mina no Continente africano, hoje formada pela Nigéria, Gana, Togo e Benin. Era uma antiga região mineradora, ou seja, os habitantes dessa região africana já trabalhavam na exploração mineral e tinha experiência na escavação de minas. Por esse motivo, foram os escolhidos para o trabalho nas minas mineiras. E ainda povos indígenas de diferentes etnias que viviam em território mineiro por ao menos 12 mil anos, com seus idiomas, cultura e tradições de acordo com as comunidades indígenas existentes na época, foram o tripé da origem do povo mineiro e seu modo de falar.
 
Africanos e portugueses que vieram para o Brasil, não vieram de um único lugar em seus países e sim de vários lugares e regiões local com tradições e culturas diferentes, se espalhando pelo Brasil, de acordo com os interesses dos colonizadores portugueses.
 
Cada região, tanto de Portugal e da África, possui línguas, dialetos, sotaques e tradições diferentes, embora mesmo sendo em um único país, como Portugal, que é formado pelas regiões do Alentejo, Madeira, Norte, Centro, Lisboa e Algarve. Entre os africanos, a mesma coisa. Países com regiões e dialetos diferentes, além de costumes, tradições e religiosidades diferentes, bem como os povos indígenas, por serem povos formados por várias etnias com variações em suas línguas, costumes, culinária, etc.
 
Esses povos, com suas tradições, culturas regionais e dialetos se espalharam
Em relação a Minas, durante o Ciclo do Ouro, além dos paulistas, vieram ainda brasileiros de outras regiões brasileiras como do Nordeste e Sul do país, principalmente do Rio Grande do Sul, para trabalhar na mineração.
 
O nome original era Montanhês, isso desde o final do século XVIII. Era como eram chamados os habitantes da região Central, onde se concentrava e ainda concentra, maior parte da exploração mineral do Estado.
 
Por ser uma região montanhosa e seus habitantes viverem em povoados no sopé das montanhas ou no topo das serras e morros, eram chamados de Montanhês. O povo mineiro era conhecido como Montanhês antes de existir Minas Gerais como capitania, província e estado. Bem antes mesmo de existir o gentílico “mineiro”.
 
O povo montanhês trabalhava nas minas de extração mineral. Eram mineiros, como profissão. Quem não trabalhava nas minas, exercia atividades, que de alguma forma estava ligada a mineração, portanto, eram chamados de mineiros também. Por isso o jeito de falar Montanhês passou a ser chamado também de falar do mineiro, literalmente, os trabalhadores das minas de ouro.
 
O jeito Montanhês de falar começou no final do século XVII, com a chegada de bandeirantes e formação de povoados. No século XVIII passou a receber a influência dos portugueses que chegaram da região do Minho, dos africanos e brasileiros de outras regiões que vieram em massa para Minas. No século XIX, recebeu a influência de povos de outros países como dos ingleses, que vieram em grande número para Minas Gerais a partir de 1825.
 
O falar Montanhês ou Mineiro é diferente dialeto Caipira e do dialeto Geraizeiro, embora esses dois dialetos tenham influência do Montanhês, o falar do mineiro Montanhês é bastante diferente, não apenas em relação aos outros dois falados no Estado mas também no Brasil. É um dialeto único e longe de se limitar apenas ao uai, sô e trem. É bastante abrangente e amplo.
 
O Montanhês tem como característica principal o ritmo forte, pronuncias rápidas de uma frase, com fonéticas acentuadas e abertas, que podem ser em tons de afirmação, exclamação ou interrogação. Outra característica do Montanhês é encurtar ao máximo uma palavra e principalmente uma frase, além de fazer catira (trocar) entre vogais.
 
Como exemplo a vogal E pelo I ou o O pelo U ou até excluindo palavras na pronúncia. Como exemplo: esporte que se pronuncia “sporti”, estranho, que é pronunciado “strain” e por aí vai. Ao pronunciar uma palavra, já no diminutivo, que termine com as letras HO, são suprimidas de imediato. Por exemplo? pãozinho, fica “pãozin”, Paulinho fica “paulin”, pouquinho, fica “pouquin”, passarinho fica “passarin”, todinho fica “todin”, baixinho fica “baixin”etc.
 
Palavras no aumentativo raramente são usadas no dialeto Montanhês, pela simples tendência do próprio estilo em falar rápido, cortando palavras e as diminuindo. É raro uma expressão ou frase pronunciada no dialeto Montanhês sem diminutivos.
 
No Montanhês, os hiatos podem ter vogais repetidas e faladas longamente como exemplo: pavio que passa a ser “pavii”, frio que passa a ser “frii”, navio passa a ser “navii”.
 
Nesse dialeto, certas palavras pronunciadas bem rápido, perdem mais que a metade das letras. Usa-se a primeira letra e mais uma ou duas e ai sai a palavra e todo mineiro entende. Por exemplo, ônibus fica “ons”; senhora fica “sá”; senhor fica “sô”. Outras palavras, são literalmente pronunciadas pela metade. Como exemplo: desce fica “des”; você fica “ocêfica” ou “cêfica”; pra você fica “procê”.
 
Uma frase inteira pode ser diminuída e entendida perfeitamente, pelo menos pelo povo mineiro. Como exemplo: Espere, ouça-me um pouco por favor, ficaria assim: “Péra, só mais um cadim viu!” Ou: Venha até a mim senhor!, seria assim: “vem cá sô!”.
 
Pode ser também uma palavra, meia frase ou frase inteira para não dramatizar tais questões como ao se referir a um lugar muito longe, fala-se assim somente para animar: “Né longe não sô, é logo ali ó, cê chega rapidin!”
 
Palavras que terminem em TE e DE são palatalizadas, com o E na fonética de “i”. Como exemplo: horizonte fica “horizonti”, visconde fica “viscondi” com pronuncia bem forte no “I”. No caso de Belo Horizonte, a pronuncia fica “belorizonti” ou ainda, “belzonti”.
 
Se for hoje à Belo Horizonte, não ouvirá essa pronúncia e sim Belo Horizonte ou no máximo “belorizonti”, “Beagá” ou “BH”. “Belzonti” era mais pronunciado pelo Montanhês da região Central, nos anos 1960 e 1970.
 
Não era erro de português e sim, estilo de pronunciar palavras na característica própria do dialeto Montanhês. Os nomes compostos, sejam de pessoas, cidades ou lugares, sofriam drásticas perdas de letras para facilitar a pronúncia de forma rápida. E é assim até hoje, desde a origem do dialeto Montanhês no século XVII.

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