Existem coisas que você nunca aprenderá
assistindo aos filmes bundões da sessão da tarde. Em compensação, poderá ficar
sabendo de fatos surpreendentes nos filmes que assiste nas madrugadas insones
(sinceramente falando, “madrugadas insones” é uma boa imagem!).
E foi o que aconteceu esta noite. Ao ser acordado lá pelas quatro e meia da madruga tive minha atenção voltada para um filme ambientado talvez nas décadas de 1930 ou 1940. As roupas, os penteados e os automóveis fizeram com que eu fosse aos poucos despertando. E descobri tratar-se de um filme sobre o criador da Mulher Maravilha (que para minha alegria não apareceu hora nenhuma).
Éramos recém-casados quando a Globo começou a exibir um seriado com esse personagem, interpretado pela atriz Lynda Carter. Confesso nunca ter assistido nenhum dos episódios, e por dois motivos: Lynda por Lynda, preferia muito mais a lynda menina com quem me casei. Além do mais aquela roupa ridícula e uns superpoderes esquisitos vistos nas chamadas da emissora só provocaram a mais absoluta rejeição e aversão. Mas o filme da noite passada fez com que eu entrasse na internet para ter mais informações sobre o autor, ele sim um “senhor maravilha”. Calma, que eu explico!
Quando inventou a Mulher Maravilha William Moulton Marston já era um psicólogo e escritor famoso, criador do primeiro protótipo do detector de mentiras (polígrafo) e do teste de pressão arterial sistólica entre outras mumunhas. Usando o pseudônimo de Charles Mouton escreveu as histórias de sua heroína entre 1941 e 1947, ano de seu falecimento. E aí é que o enredo começa a ficar interessante.
Ícone feminista, a Mulher Maravilha era uma amazona que obrigava as pessoas a contar a verdade com seu laço mágico. Ela era uma figura controversa na década de 1940 por causa de sua sexualidade aberta e sua ligação com a escravidão. Seu traje foi inspirado no interesse de Marston pela arte erótica pin-up.
Ao falar de seu livro “A História Secreta da Mulher Maravilha”, Jill Lepore, uma professora de Harvard e colaboradora da New Yorker disse em entrevista:
"Fiquei fascinada por essa história porque sou uma historiadora política e me pareceu que havia uma história política realmente importante que havia sido perdida e que é basicamente tão invisível quanto o jato da Mulher Maravilha".
“Não há uma história simples aqui. Há muitas pessoas que ficam muito chateadas com o que Marston estava fazendo: 'Este é um projeto feminista que deveria ajudar as meninas a decidirem ir para a faculdade e seguir uma carreira, ou isso é apenas como pornografia leve?'“
E agora o desfecho (que o filme mostrou e que me fez dar uma pesquisadinha básica na internet):
O psicólogo usou o pseudônimo de Charles Moulton enquanto escreveu as histórias da Mulher Maravilha. “Marston estava interessado no movimento pelo sufrágio feminino e em Margaret Sanger, a ativista do controle de natalidade e dos direitos das mulheres - que também era tia de sua amante”.
Amante? Epa! O homem por trás da heroína de quadrinhos mais popular de todos os tempos viveu uma vida secreta: William Moulton Marston tinha uma esposa – e uma amante. Na verdade, para mim pelo menos, ele teve duas esposas, com quem teve quatro filhos. Todos viveram juntos, felizes e secretamente em Rye, Nova York.
Marston desenvolveu a Mulher Maravilha junto com suas duas esposas, em quem se inspirou. Ele defendia a utilidade dos gibis tanto como arte quanto para fins pedagógicos.
Como o criador de um instrumento de medição crucial para o desenvolvimento do polígrafo, Marston concluiu por suas experiências de que as mulheres eram mais honestas e confiáveis do que os homens. E pôde trabalhar com seu personagem mais eficientemente.
Daí, "a Mulher Maravilha é a propaganda psicológica para o novo tipo de mulher que deve governar o mundo", Marston escreveu. Para ele a heroína que criou seria representante de um modelo particular do poder feminino. O Feminismo discute que as mulheres são iguais aos homens e devem ser tratadas como elas são. Na mente de Marston, mulheres possuem o potencial não somente de serem tão boas quanto homens: podiam ser superiores a eles. E eu concordo integralmente com essa visão!
O lado cômico desse trisal é o fato de o inventor do detector de mentiras mentir sobre seus vínculos com Olive, sua ex-aluna de psicologia. Para quem perguntasse ele dizia que a amante (ou segunda esposa) era sua cunhada viúva. Durante os anos em que a “cunhadinha” morou com o psicólogo e sua esposa Elizabeth ela usou, em vez da aliança de casamento, um par de pulseiras. Especula-se que essas pulseiras tenham inspirado as algemas usadas pela Mulher Maravilha.
Mas não posso deixar de viajar um pouco nessa mentira. Um dos muitos personagens que o teatrólogo Nelson Rodrigues criou foi "Palhares, o Canalha", “que era tão canalha que quando beijava a cunhada, era no pescoço”. O Nelson dizia que todo mundo invejava o beijo na cunhada e que o Palhares era feito de todos os brasileiros. Pode ser...
Só sei que o psicólogo americano cometeu uma espécie de ato falho ao dizer que a amante era sua cunhada, talvez por saber que a maioria dos homens já pensou em comer sua cunhada gostosinha (menos eu, claro).
Para finalizar, depois da morte de seu poliamoroso companheiro, Elizabeth Holloway e Olive Byrne continuaram morando juntas até o fim da vida. Olha elas aí, já bem velhinhas:
E foi o que aconteceu esta noite. Ao ser acordado lá pelas quatro e meia da madruga tive minha atenção voltada para um filme ambientado talvez nas décadas de 1930 ou 1940. As roupas, os penteados e os automóveis fizeram com que eu fosse aos poucos despertando. E descobri tratar-se de um filme sobre o criador da Mulher Maravilha (que para minha alegria não apareceu hora nenhuma).
Éramos recém-casados quando a Globo começou a exibir um seriado com esse personagem, interpretado pela atriz Lynda Carter. Confesso nunca ter assistido nenhum dos episódios, e por dois motivos: Lynda por Lynda, preferia muito mais a lynda menina com quem me casei. Além do mais aquela roupa ridícula e uns superpoderes esquisitos vistos nas chamadas da emissora só provocaram a mais absoluta rejeição e aversão. Mas o filme da noite passada fez com que eu entrasse na internet para ter mais informações sobre o autor, ele sim um “senhor maravilha”. Calma, que eu explico!
Quando inventou a Mulher Maravilha William Moulton Marston já era um psicólogo e escritor famoso, criador do primeiro protótipo do detector de mentiras (polígrafo) e do teste de pressão arterial sistólica entre outras mumunhas. Usando o pseudônimo de Charles Mouton escreveu as histórias de sua heroína entre 1941 e 1947, ano de seu falecimento. E aí é que o enredo começa a ficar interessante.
Ícone feminista, a Mulher Maravilha era uma amazona que obrigava as pessoas a contar a verdade com seu laço mágico. Ela era uma figura controversa na década de 1940 por causa de sua sexualidade aberta e sua ligação com a escravidão. Seu traje foi inspirado no interesse de Marston pela arte erótica pin-up.
Ao falar de seu livro “A História Secreta da Mulher Maravilha”, Jill Lepore, uma professora de Harvard e colaboradora da New Yorker disse em entrevista:
"Fiquei fascinada por essa história porque sou uma historiadora política e me pareceu que havia uma história política realmente importante que havia sido perdida e que é basicamente tão invisível quanto o jato da Mulher Maravilha".
“Não há uma história simples aqui. Há muitas pessoas que ficam muito chateadas com o que Marston estava fazendo: 'Este é um projeto feminista que deveria ajudar as meninas a decidirem ir para a faculdade e seguir uma carreira, ou isso é apenas como pornografia leve?'“
E agora o desfecho (que o filme mostrou e que me fez dar uma pesquisadinha básica na internet):
O psicólogo usou o pseudônimo de Charles Moulton enquanto escreveu as histórias da Mulher Maravilha. “Marston estava interessado no movimento pelo sufrágio feminino e em Margaret Sanger, a ativista do controle de natalidade e dos direitos das mulheres - que também era tia de sua amante”.
Amante? Epa! O homem por trás da heroína de quadrinhos mais popular de todos os tempos viveu uma vida secreta: William Moulton Marston tinha uma esposa – e uma amante. Na verdade, para mim pelo menos, ele teve duas esposas, com quem teve quatro filhos. Todos viveram juntos, felizes e secretamente em Rye, Nova York.
Marston desenvolveu a Mulher Maravilha junto com suas duas esposas, em quem se inspirou. Ele defendia a utilidade dos gibis tanto como arte quanto para fins pedagógicos.
Como o criador de um instrumento de medição crucial para o desenvolvimento do polígrafo, Marston concluiu por suas experiências de que as mulheres eram mais honestas e confiáveis do que os homens. E pôde trabalhar com seu personagem mais eficientemente.
Daí, "a Mulher Maravilha é a propaganda psicológica para o novo tipo de mulher que deve governar o mundo", Marston escreveu. Para ele a heroína que criou seria representante de um modelo particular do poder feminino. O Feminismo discute que as mulheres são iguais aos homens e devem ser tratadas como elas são. Na mente de Marston, mulheres possuem o potencial não somente de serem tão boas quanto homens: podiam ser superiores a eles. E eu concordo integralmente com essa visão!
O lado cômico desse trisal é o fato de o inventor do detector de mentiras mentir sobre seus vínculos com Olive, sua ex-aluna de psicologia. Para quem perguntasse ele dizia que a amante (ou segunda esposa) era sua cunhada viúva. Durante os anos em que a “cunhadinha” morou com o psicólogo e sua esposa Elizabeth ela usou, em vez da aliança de casamento, um par de pulseiras. Especula-se que essas pulseiras tenham inspirado as algemas usadas pela Mulher Maravilha.
Mas não posso deixar de viajar um pouco nessa mentira. Um dos muitos personagens que o teatrólogo Nelson Rodrigues criou foi "Palhares, o Canalha", “que era tão canalha que quando beijava a cunhada, era no pescoço”. O Nelson dizia que todo mundo invejava o beijo na cunhada e que o Palhares era feito de todos os brasileiros. Pode ser...
Só sei que o psicólogo americano cometeu uma espécie de ato falho ao dizer que a amante era sua cunhada, talvez por saber que a maioria dos homens já pensou em comer sua cunhada gostosinha (menos eu, claro).
Para finalizar, depois da morte de seu poliamoroso companheiro, Elizabeth Holloway e Olive Byrne continuaram morando juntas até o fim da vida. Olha elas aí, já bem velhinhas:
Esse filme é muito interessante. E eu bem que senti falta da Mulher Maravilha, a da Linda Carter.
ResponderExcluirMarreta do Azarão.
Eu não o assisti todo, pois ao acordar ele já estava mais para o final. O curioso é que o garanhão deu duas opções de escolha para sua mulher (real): ou aceitava a amante na mesma casa ou ele a abandonaria. (psicólogo é foda!). Agora, falando sério, sempre achei a Lynda Carter sem nenhum atrativo, pois para mim a pior combinação é cabelo preto e olhos verdes (acho feio demais).
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