Não sou administrador de empresas nem
economista. Sou só um gastador contumaz, avesso a qualquer tipo de economia
(duh!). Esse começo idiota é apenas introdução para o registro de outro
pensamento idiota. Idiota e banal. Recentemente, ouvi alguém lamentar não
receber o mesmo tipo de atenção e afeto que dedica a seus familiares. Aí voltou
um pensamento que sempre orbita minha cabeça:
Não seja sovina quando o assunto é
demonstração de afeto, amor ou amizade. Jamais deixe um abraço, um afago para
depois.
Essa certeza foi adquirida por conta de um
fato ocorrido há muito tempo. Até me casar, eu morava na casa de minha avó
materna. Embora separado de minha avó, meu avô também morava lá. “Sô Chico” –
como eu o chamava sem nenhuma cerimônia – gostava muito de mim (e eu dele). Às
vezes dizia coisas como –“esse aí me puxou!” (o discernimento dele era péssimo).
Depois que me casei, ficava às vezes até um
mês sem ir à casa de minha avó. “Sô Chico” reclamava com minha mãe que eu não
ia vê-lo, essas coisas. E eu sempre prometia visitá-lo com mais frequência, uma
promessa sempre descumprida, até porque ainda não tinha carro.
Um dia, recebi a notícia de que ele havia
sido atropelado e estava no CTI. Morreu alguns dias depois, sem eu ter tido a
chance de vê-lo outra vez. Aquilo me doeu muito (creio que ainda dói), ainda
mais porque eu realmente pretendia visitá-lo no fim de semana que se aproximava.
Desde então e cada vez mais, passei a
esbanjar elogios (sinceros), gestos e palavras de carinho, amor, abraços e
beijos, dirigidos às pessoas que mais amo. E é simples, é fácil agir assim:
basta relaxar e deixar fluir, basta deixar a timidez e a introversão de lado.
Porque você pode economizar dinheiro, é sensato ser controlado e cauteloso com
os gastos que faz. Você também deve ser
avaro com seu tempo disponível; você
precisa otimizar e planejar o seu uso, para conseguir fazer mais atividades que tragam algum benefício ou prazer.
Com emoções, isso não funciona; você precisa
ser mão aberta, esbanjador,
dissipador com os sentimentos, pois ninguém
consegue fazer estoque de emoções, de carinho, afeto ou amor que não demonstrou
por alguém. Pelo contrário!
É bobo e desnecessário escrever essas coisas,
pois toda a minha família já sabe o que penso sobre isso. Mas só lamento que
muita gente não se dê conta do absurdo prazer de escancarar o coração, da
imensurável alegria de ganhar ou dar um abraço em quem você ama, sem
nenhum motivo nem data especial, mas só por que isso é ótimo.
(escrito em 15/01/2015)
Isso é uma atitude sincera ou um habito que nasceu da culpa?
ResponderExcluirEu não consegui captar exatamente o trecho que provocou seu comentário, mas tudo o que eu disse é super sincero, pois é assim que eu ajo. Eu confesso ter um comportamento meio neurótico, pois ao mesmo tempo em que me afasto das pessoas quando há aglomeração (aniversários, natal, etc.), eu sinto um enorme prazer em abraçar as pessoas e faço isso de forma intensa - o que a maioria das pessoas não faz. Talvez eu me comporte assim por gostar de contato físico, de ser abraçado. Eu me defino como ogro por me sentir exatamente assim, arredio, isolado, na minha, mas um ogro carinhoso que gosta de tratar bem as pessoas e demonstrar carinho por elas. Isso talvez explique o sucesso que fazia com as pessoas mais velhas, pois todo mundo me adorava e elogiava, pelo simples fato de não ter vergonha de demonstrar carinho por elas. Talvez a morte de meu avô tenha apenas acelerado isso. Se não respondi ao que me perguntou, manda outra. Abraços.
ExcluirEu continuo exatamente assim, pois adoro abraçar meus filhos. A pequena diferença é que hoje os abraços são mais demorados, mais apertados. Abraço é bom, melhor que presentes. Quanto aos "emotivos verbais" você tem razão. Mas hoje eu deixo claro e digo que o "Zezim" gente boa é irmão gêmeo de um ogro pouco solidário. Bom dia!
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