segunda-feira, 22 de abril de 2024

A IRONIA CONTINUA ELITISTA

 
O mais recente post do blog “A Marreta do Azarão” apresenta uma piada gráfica sobre “números não binários”, feita por ele com o auxílio de Inteligência Artificial. Graças à minha crescente dificuldade de raciocínio e de pensar de forma criativa, “fora da caixa”, confesso não ter entendido porra nenhuma da ironia e humor presentes no desenho publicado. Pior, precisei pedir a ele que me explicasse a piada!
 
Essa situação constrangedora e lamentável me fez recordar de um post publicado em 2014, no qual transcrevi trechos de uma crônica encontrada na revista VEJA, de autoria de Sérgio Rodrigues. E por me enquadrar hoje no grupo das pessoas com dificuldade de entender a ironia, decidi transcrever trechos desse post publicado em uma época em que eu conseguia captar e me divertir com a ironia e o humor refinado produzidos por outras pessoas e até mesmo por mim. Eu era feliz e não sabia! Olhaí:
 
A IRONIA É ELITISTA
O riso é um mecanismo de seleção. Une as pessoas, mas também as separa. Quanto menos física se torna a comédia, quanto mais se afasta do pastelão e da careta na direção do outro extremo do arco, o espírito puro, o wit, a ironia fina, mais gente exclui do seu campo. Passa a depender pesadamente da linguagem e exige um grau de domínio de meios de expressão e referências culturais – e até uma certa predisposição ideológica para captar “a mensagem” – que costumam vir associados a uma boa formação educacional.
 
Ser sutil pode ser necessário aos espirituosos, mas é também um perigo. Multidões não pescam ironia. (...) Ao se defender, alegando que quis dizer o contrário do que disse, que a isso chamam ironia e tal, o irônico irrita ainda mais quem já estava furioso com ele. Agora o sujeito se sente escalado no papel de palhaço: a piada que uma pessoa descobre não ter entendido sempre lhe parece feita também às suas custas.
 

Um comentário:

  1. Hoje, a ironia tem que ser explicada antes da piada, sob risco até de um processo judicial para o "engraçadinho ".
    Caso tenha a Netflix, procure por um stand-up de um inglês chamado Rick Gervais, o título é Supernatural. Esse cara aborda muito bem essa questão da ironia.

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FOLHA DE PAPEL

  De repente, sem aviso nenhum, nenhum indício, nenhum sinal, você se sente prensado, achatado, bidimensional como uma folha de papel. E aí....