O mais recente post do blog “A Marreta do Azarão” apresenta uma piada
gráfica sobre “números não binários”, feita por ele com o auxílio de
Inteligência Artificial. Graças à minha crescente dificuldade de raciocínio e
de pensar de forma criativa, “fora da caixa”, confesso não ter entendido porra
nenhuma da ironia e humor presentes no desenho publicado. Pior, precisei pedir
a ele que me explicasse a piada!
Essa situação constrangedora e lamentável me
fez recordar de um post publicado em 2014, no qual transcrevi trechos de uma
crônica encontrada na revista VEJA, de autoria de Sérgio Rodrigues. E por me
enquadrar hoje no grupo das pessoas com dificuldade de entender a ironia, decidi
transcrever trechos desse post publicado em uma época em que eu conseguia
captar e me divertir com a ironia e o humor refinado produzidos por outras
pessoas e até mesmo por mim. Eu era feliz e não sabia! Olhaí:
A
IRONIA É ELITISTA
O riso
é um mecanismo de seleção. Une as pessoas, mas também as separa. Quanto menos
física se torna a comédia, quanto mais se afasta do pastelão e da careta na
direção do outro extremo do arco, o espírito puro, o wit, a ironia fina, mais
gente exclui do seu campo. Passa a depender pesadamente da linguagem e exige um
grau de domínio de meios de expressão e referências culturais – e até uma certa
predisposição ideológica para captar “a mensagem” – que costumam vir associados
a uma boa formação educacional.
Ser
sutil pode ser necessário aos espirituosos, mas é também um perigo. Multidões
não pescam ironia. (...) Ao se defender, alegando que quis dizer o contrário do
que disse, que a isso chamam ironia e tal, o irônico irrita ainda mais quem já
estava furioso com ele. Agora o sujeito se sente escalado no papel de palhaço:
a piada que uma pessoa descobre não ter entendido sempre lhe parece feita
também às suas custas.
Hoje, a ironia tem que ser explicada antes da piada, sob risco até de um processo judicial para o "engraçadinho ".
ResponderExcluirCaso tenha a Netflix, procure por um stand-up de um inglês chamado Rick Gervais, o título é Supernatural. Esse cara aborda muito bem essa questão da ironia.