segunda-feira, 11 de abril de 2022

ANTENADO

 
Ao longo da minha vida (e põe “ao longo” nisso!) fui testemunha visual das transformações tecnológicas que aconteceram em uma velocidade cada vez maior, fazendo-me lembrar da nave do filme Spaceballs, do diretor e ator Mel Brooks (“SOS - Tem um louco solto no espaço”). O filme é hilário e satiriza vários filmes de ficção científica (Star Wars, Planeta dos Macacos, etc.). E a nave do herói consegue atingir velocidades estonteantes, sendo a maior de todas a “velocidade absurda”, superior à da luz (já viu, né?).
 
Pois bem, a evolução tecnológica atingiu alguma coisa parecida com a velocidade absurda. Quando eu nasci, não existia televisão no Brasil (ouviu o ronco do tiranossauro? Pois é...). Em BH a televisão só pôde ser assistida no final de 1955 (eu tinha mimosos cinco aninhos). A TV colorida surgiu em 1972, quando eu já estava na faculdade, tentando rodar um programa idiota em um computador IBM 1130, um monstrengo quase do tamanho de uma sala de escritório e que precisava de ar condicionado para funcionar, mas com capacidade de processamento infinitamente menor que o mais vagabundo dos smartphones de hoje em dia.
 
No início da década de 1980 meu colega Pintão comprou e levou para a empresa onde trabalhávamos o primeiro microcomputador que eu vi, um Digitus DGT100, que serviu apenas para que ficássemos jogando joguinhos super, super básicos, gravados em fita cassete e acessados através de um pequeno gravador.
 
Depois disso e sem que eu conseguisse acompanhar e entender adequadamente essa evolução, surgiram PCs, notebooks, tablets e smartphones com tantas funções e aplicativos que até me surpreendo que possam ser também utilizados como telefone. Sem falar nos smartwatches, geladeiras inteligentes e todo tipo de traquitana tecnológica que fazem um sujeito analógico como eu pirar.
 
A perplexidade que sinto em relação à evolução da tecnologia também se manifesta com a evolução dos costumes, valores e comportamentos. E olha que eu sou um sujeito que procura manter-se antenado (com bombril na ponta da antena). Mas não sei se por rabugice, desagrado, impaciência ou só velhice mesmo, algumas novidades simplesmente não descem, não dá para engolir.
 
Nessas horas eu preciso reconhecer que não sou mesmo de esquerda, pois detesto o universo politicamente correto, a caça às bruxas etimológicas e, mais recentemente, ao revisionismo histórico, o que faz com que eu me lembre da letra da musica “Ouro de Tolo”, na parte que diz “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado (...) eu  acho tudo isso um saco.”
 
Quer saber o que eu estou tentando dizer? Vai ter de esperar até amanhã, pois meu pescoço começou a incomodar. Como diria o roqueiro pré-histórico Bill Haley, See you later, alligator!

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