quarta-feira, 27 de abril de 2022

NINE - LA DISPUTE

Uma das coisas que acho mais legais no Blogson são os comentários que algum post provoca. Segundo as estatísticas disponíveis, os quase dois mil e quatrocentos textos ou dezénhos publicados receberam em torno de dois mil comentarios. Em um blog de baixa visualização como é o caso deste (média de 21 visualizações por post), qualquer comentário sempre é motivo de comemoração. Mas alguns se destacam por enriquecer os textos que os provocaram, seja pelo bom humor, seja pela delicadeza ou pertinência do comentário.

Maju é uma moça de grande sensibilidade e dona do blog Latíbulo Inefável, onde publica textos bem legais. Além disso, é uma das amigas virtuais do Blogson Crusoe. Um dia, ao comentar alguma coisa que leu no blog da solidão ampliada, sugeriu que eu ouvisse a música de uma banda da qual nunca tinha ouvido falar (grande novidade!). Não me lembro mais qual post provocou esse comentário. Só sei que por ter gostado tanto do que ela escreveu, guardei um trecho do que disse para aproveitá-lo em novo post. Que por acaso é este. E o trecho que guardei serve para apresentar a música que ela sugeriu. Em tempo: é dela a tradução. Olhaí, Maju:
 
“Eu conheci num momento marcante da minha adolescência, e nunca a esqueci. Ouço somente quando é realmente importante, necessário. Não é aquele tipo de música que se pode ouvir de bobeira - é necessário coragem, muita coragem pra mergulhar em todas as sensações, lembranças (vividas ou imaginárias) e sentimentos que ela traz. Eu me arrepio sempre. Peço que ouça. É verdadeiramente linda”. 

Lembro-me de uma vez nos degraus da igreja,
Quando me movi para beijar seu peito,
Como demos uma atenção tão grande
Para cada respiração doce e gaguejada,
Eu deveria ter parado de pintar a nossa imagem,
Capturado pura e honesta afeição,
Apenas para documentar a diferença
Entre atração e conexão.
 
Eu posso ver todos os meus amigos e
Eu arrombo prédios vazios,
Quando a costa estava limpa,
Com mochilas cheias de cervejas,
Nós jogávamos nossas garrafas de cima dos telhados
Nesta cidade, que parecia interminável.
Acho que eu ainda não vejo a diferença
Entre real propósito e a urgente adolescência.
 
E eu me lembro em um porão, partilhando suor
Com todos esses meninos e meninas estranhos,
"Nós vamos mudar o mundo!" Cantamos,
"Nós vamos mudar o mundo!" Mas,
Nada parece mudar e
Eles dizem que nenhum deles vão ouvir,
Mas ainda vejo muito mais força naquele porão
Do que em políticos sem coração.
 
E se levarmos uma surra deste inverno,
Se formos estrangulados pelo remorso, apenas
Deixe nosso amor pela vida e a tensão
Arfar em respirações doces e gaguejadas, e
Peça-lhes para deitar-nos em um porão,
Estraçalhar algumas garrafas no chão, e
Dizer que não pudemos notar a diferença
Entre o sentimento e o som.
 
Lembre-se não das nossas peças defeituosas,
Lembre-se não das nossas partes enferrujadas,
Não são as muitas imperfeições que nos definem, mas
A forma como guardamos nossos corações,
E a maneira como nós mantemos nossas cabeças,
Espero que eles escrevem seus nomes ao lado do meu
Na minha lápide quando eu estiver morto.
E quando estivermos mortos deixe as nossas vozes continuar
Para encontrar uma melhor canção.
Para encontrar uma melhor canção e cantar junto





4 comentários:

  1. Fiquei alguns dias sem conferir a lista de leitura. Tava lendo os títulos, cheguei nesse post e pensei: "caraca, essa música!". Kkkkk
    Tinha até esquecido desse comentário e recomendação. É uma música explêndida! Merece mesmo um post só pra ela. ♥

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  2. E, aliás, ouça também essa versão: https://www.youtube.com/watch?v=-SaNWWEj7WM
    Eu, pessoalmente, prefiro essa.

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