Comentei no post anterior minha tristeza pela extinção recente do Yagán, língua indígena colombiana. Esse sentimento gerou algumas consultas e descobertas na internet, onde acabei encontrando artigos muito interessantes no site da BBC (os links estão no final deste texto). O mais legal de todos fala de Ghil'ad Zuckermann, um professor de linguística em Israel, filho de um sobrevivente do Holocausto, e especialista em análise do renascimento da língua hebraica. A seguir, trechos extraídos do artigo citado:
Para isso, adaptaram a antiga língua da Torá para que ela pudesse se adequar à vida moderna. Por fim, se tornaria a língua materna de todos os judeus do então criado Estado de Israel, fundado em 1948”.
Ao longo de gerações, essas diversas variantes se misturaram e moldaram a língua à sua forma moderna. E de acordo com Zuckermann, isso não deve ser visto como um problema. Essas mudanças são naturais e necessárias no processo de ressuscitar uma língua.
‘Presto mais atenção ao falante do que ao idioma em si. Um falante de iídiche não consegue se livrar da lógica do idioma, mesmo que odeie o iídiche e queira falar hebraico. Mas no momento em que a pessoa entende a importância do falante nativo em detrimento do purismo linguístico e da autenticidade da língua, essa pessoa pode ser um bom revivalista’, explica”.
Assim, estabeleceu pela primeira vez o campo transdisciplinar de pesquisa chamada Revivalistics, que se concentra em apoiar a sobrevivência, renascimento e revigoramento de línguas ameaçadas e extintas em todo o mundo. São idiomas que vão do hebraico ao galês, passando pelo córnico e irlandês - sem mencionar os falados na América do Norte, como Wampanoag e Myaamia, entre muitos outros.
O ponto de partida de Zuckermann foi um dicionário escrito em 1844 por um missionário luterano chamado Robert Schürmann. Em 2011, Zuckermann começou a realizar viagens regulares ao território de Barngarla para oferecer oficinas de renascimento linguístico.
Com ajuda e orientação de Zuckermann, a comunidade recorreu ao conhecimento armazenado no dicionário de 1844 de Schürmann. Além disso, muitos também compartilharam o que puderam lembrar das palavras que ouviram de seus pais e avós. (...)
O resultado é a moderna Barngarla, uma língua que renasceu sendo a mais próxima possível do Barngarla falado antes que seu último falante nativo morresse. No entanto, inevitavelmente, como no caso do hebraico moderno, nunca será totalmente a mesma.
Muito tempo se passou e houve uma influência considerável da língua colonial, neste caso o inglês, para o Barngarla de hoje ser uma cópia do original. Trata-se, assim, de uma língua híbrida, mas que a comunidade Barngarla pode se sentir orgulhosa de falar mais uma vez. (...)
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