É foda! Estava eu gozando as delícias(?) de um
fim de semana prolongado, quando ouvi as sirenes alertando para a iminência de mais
um ataque aéreo. Como não estamos em guerra com ninguém nem temos sirenes
antiaéreas, fiquei sem saber se estava delirando pela overdose de leite com
toddy que acabara de beber ou se era só frescura, só um pré-texto idiota (esse trocadilho ficou horrível!) para começar mais um texto também idiota.
Se alguém acha que eu irei "entregar o ouro para os bandidos", vai dançar, pois este é um texto da categoria "Sem noção", só para zoar.
A questã
é a seguinte: hoje, dando carona para um filho, vi passar na rua uma pessoa
muito, muito gorda que me lembrou duma menina que conheço extra
superficialmente. Como a vi apenas de relance, tive a impressão de que estava
com barba. Barba? Perguntei a meu filho se era sua amiga que tinha passado.
Respondeu-me que sim. Comentei que estava gorda pra caralho e fiquei sabendo
que um dos motivos é o fato de essa menina estar tomando hormônio masculino
para fazer sua transição de gênero.
Apesar da surpresa, achei o maior barato essa
mudança, pois imagino a imensa determinação e coragem necessárias que alguém
deve ter para encarar todo tipo de preconceito que essa decisão pode trazer (e que quase
certamente trará).
Imagino que nem todo mundo teria essa
coragem, mas, tenho que admitir, Herr Präsident tem. É óbvio que não estou
insinuando que ele um dia
vá se preocupar em “pagar peitinho”. Todos
sabemos que Herr Präsident é macho
das antigas, mais grosso que tronco de mogno cortado ilegalmente na Amazônia e tão delicado quanto engate de vagão com locomotiva ou trombada de
carroça com trator. Resumindo, o homem é bronco mesmo, fala o que quer e tenta
fazer o que deseja. E é aí que mora o perigo.
Herr Präsident é um poço de
contradições (por mais clichê que seja essa expressão), pois adora falar uma
coisa e fazer outra. Por exemplo, passar a impressão de que é católico. Ele diz
que é (católico), mas aceitou ser batizado no rio Jordão por um pastor
evangélico. Isso, para mim, é como um jogador ser revelado em um time e ser contratado por outro: não adianta dizer que o coração é curintiano se
está jogando pelo Parmera, entende?
Mas isso é o mínimo. Pior mesmo é quando Herr Präsident surpreende, decepciona,
irrita ou deixa consternados todos os cidadãos de bem que o ouvem defender o
torturador Brilhante Ustra. Isso até daria uma piada gráfica: imagine uma
montagem com el señor presidente segurando em uma das mãos um pedaço de sabão em
barra da marca Ultra e na outra uma
caixa de sabão em pó da marca Brilhante;
de sua boca sai um balão com a frase: “só
Brilhante e Ultra para sumir com a sujeira”. Acho que ficaria bacana.
Voltando à seriedade (este blog tem a mania
de fazer piadas de quinta série com notícias de quinta categoria, é uma
tristeza!), Herr Präsident adora
dizer e tentar fazer as pessoas acreditar que é um defensor da democracia.
Será mesmo?
- Em algum momento de suas frequentes rusgas
com os ministros do STF disse que poderia atuar “fora das quatro linhas da
Constituição”;
- Demonstrou total desprezo e desapreço por
normas e decretos não criados por ele, como ao circular sem máscara na época
mais severa da pandemia;
- Decretou sigilo de 100 anos sobre a
situação de seu cartão de vacinação(!);
- Endossou em 2021 a realização de um desfile
de veículos militares, cuja função, segundo assessores da presidência, era intimidar
o Judiciário e o Legislativo e “demonstrar” o apoio das Forças Armadas a Herr Präsident;
- Decretou sigilo de 100 anos sobre seus
recentes encontros com os pastores lobistas do MEC e ainda “cagou na cabeça” de um internauta que lhe perguntou pelo Twitter o
motivo de tanto sigilo: “Presidente, o
senhor pode me responder porque todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu
mandato, você põe sigilo de 100 anos? Existe algo para esconder?”
A resposta foi puro deboche: “Em 100 anos saberá”
- A mais recente demonstração de descaso pelo
cumprimento de normas veio quando, durante a mais recente de suas motopiadas, Herr Präsident fez um discurso em que criticou
o acordo do Whatsapp e TSE (cujo
objetivo é combater a desinformação e as informações falsas no período pré-eleitoral).
Entre outras coisas, disse ser chefe do Executivo federal “por uma missão de Deus” (se ele não for reeleito, de quem será a
culpa? Deus? O Diabo?) e criticou o acordo (que prevê que uma nova
funcionalidade do WhatsApp, que permite a criação de comunidades com milhares
de pessoas, só seja implementada no Brasil após a conclusão das eleições, em
outubro): "Não
vai ser cumprido esse acordo que porventura eles tenham feito com o
Brasil" (...). "Isso não existe. Ninguém tira o direito de vocês, nem
por lei”. Detalhe: pelo que consta, ele não tem poderes para dar pitaco nesse acordo (só ao "jus esperneandi"). Por isso, esse chilique é só mais uma exibição de seu temperamento autoritário, de quem acha que pode mandar em tudo. Não pode.
Resumindo, o cara diz ser a favor da
democracia - mas só se ela atender todas as suas vontades, todo o seu
autoritarismo. Agora estou entendendo por que não consegui chamá-lo de “Senhor Presidente”. Todas as vezes em
que tentei, a expressão era traduzida para outra língua. Por isso, acho que todos os maneciclistas
que ouviram seu discurso e gritaram slogans e palavras de ordem, deveriam ter dito no encerramento da motopiada alguma coisa parecida com isso: “Sigo o rei, sigo o rei!” Talvez até combine com o perfil absolutista do orador.
Em um país onde defendem e comemoram abertamente figuras como Mariguela (que ganhou até filme, mudando sua etnia e tentando reinventar sua história), Che Guevara, Lenin (que o próprio PSOL estava comemorando seu centenário, Stalin (com professor de história, "guru" do Caetano Veloso mandando o "veja bem, Churchil também não é boa peça, mas exaltam bastante ele, vamos falar das coisas boas que Stalin fez", Mao, Getúlio Vargas e tantos outros, acho engraçado esse "pavor" que as pessoas sentem com o nome do Ustra. Eu nem sabia que o sujeito exista, até ser citado por ele na votação do impechement da Dilma (mesma sessão que exaltaram o Mariguela antes, mas disso ninguém fala...). Um tio meu comprou o livro "Verdade Sufocada", escrito pelo suposto demônio em pessoa, contando seu lado da história. Vou um dia ler para ver se por mais tortura e mortes que ele tenha praticado, ele consegue se equipar a qualquer um dos citados no meu comentário, que hoje são normatizados.
ResponderExcluirFalando sinceramente, detesto todos os que citou (com exceção do Churchill, a quem admiro bastante), justamente por serem radicais. Sendo de esquerda, pior ainda. Mas os radicais de direita são tão odiosos quanto. Eu também não conhecia esse Ustra, mas acho inadmissível que alguém o defenda justamente por ter feito o que fez (ele foi condenado, não é suposição!). Tortura é sadismo no mais alto grau, é coisa de psicopata, não é "instrumento" para defender nada nem ninguém. Esse é o ranço. Ser de direita é uma coisa, ser de extrema direita é outra. Abraços.
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