terça-feira, 8 de novembro de 2022

NUNCA VI – MARKU RIBAS

 
Nunca curti muito a música do Marku Ribas, falecido cantor e compositor mineiro, com quem tive talvez três minutos de conversa, tempo suficiente para considerá-lo convencido e chato. Pode ser que não fosse nada disso, mas essa é uma impressão que terei dificuldade para desfazer (o cara morreu, pô!).

A outra curiosidade é que Marku Ribas tocou bateria em uma gravação do Mick Jagger. Se alguém quiser conferir, siga este link. https://www.youtube.com/watch?v=-4yGr0_zleI, onde ele aparece de relance.

Mas não são suas qualidades percussivas o motivo deste post e sim uma música que compôs com o "mago" Paulo Coelho, parceiro de todas as horas de Raul Seixas. Ouvi no rádio, achei curiosa e resolvi postar no Blogson. O motivo? Eu sempre achei estranhos os nomes ou apelidos com referências a títulos nobiliárquicos em países republicanos, tipo Prince, Duke Ellington, Count Basie, etc. E os primeiros versos da música ironizam essa mania no Brasil. A seguir, letra (meia boca, diga-se) e link da música: 


Nunca vi país democrata Para ter tanto rei
Rei do rock Rei do samba Rei da bola
Enquanto o rei da juventude enrola
Cantando coisas para a gente sofrer
 
Nunca vi país de machista Para ter tanto gay
Rosalinda Margarete Agenir
Enquanto isso ela não se conforma
E passa fome sem ninguém pra comer
 
Falei Silicone, sutiã, paetê Falei
 
Nunca vi país sem história Pra ter tanta novela
Que resume A cultura Da Nação
Tarcísio Meira descobriu o Brasil
E Cajarana inventou o avião
 
Nunca vi país tão difícil Pra falar português
Ora pois Oh my brother Wind surf I love you
Ninguém se arrisca em vender angu
Porque X-Burger agrada mais ao freguês
 
Falei Os Bee Gees, the rock-and-roll, dancin’ days Falei
 
Nunca vi país tão decente Onde todos reclamam
Uns se xingam, uns se esganam
Filho disso Vá pra aquilo É você
E a gente aprende a se controlar
Senão é nossa mãe que pode sofrer
 
Nunca vi país tão católico Pra ter tanta fé
Na umbanda No terreiro Candomblé
Iemanjá, meu Deus, Nossa Senhora
Vê se me tira esta corrente do pé
 
Salve Salve Ogum, Maracatu, Zabelê


 

2 comentários:

  1. Interessante, essa letra. Sobretudo, na saudade inconsciente e atávica que temos da monarquia. Rei do pão de queijo, rei dos colchões, império da tintas etc.

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    1. Foi exatamente isso que chamou minha atenção, pois já pensava isso antes. Agora, falando sério, ao ler o corretíssimo uso da palavra "atávica" eu percebo o quanto a minha linguagem empobreceu (ou talvez tenha sido sempre assim), pois nunca me lembraria de usá-la. Sinceramente falando, sinto que meu vocabulário adquirido através de leituras parece estar se perdendo, permanecendo apenas o vocabulário mais básico. Se bobear, daqui a pouco estarei só na base do grunhido.

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