segunda-feira, 21 de novembro de 2022

PASSANDO RIDÍCULO NO DÉBITO E NO CRÉDITO

Alguém de sobrenome Marx já disse que “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Não se foi o Karl, o Groucho ou até mesmo a Patrícia – e não estou nem aí, porque a história que vou contar aconteceu duas vezes, mas revestida do mais absoluto ridículo e sentimento de vergonha. E vou ter de explicar isso.
 
Centenas de anos atrás, quando eu ainda era criança, conheci uma senhora idosa, rica e solteirona, que se apegou ao filho de uma antiga empregada, a quem tratava como filho. Não sei o que aconteceu com esse jovem, mas foi alguma coisa que mereceu que fizesse uma pequena aparição na TV Itacolomi para falar de sua estadia na Febem ou instituição semelhante.
 
No dia e horário em que ele iria surgir na tela de um dos poucos aparelhos existentes então, essa senhora já naturalmente tímida, não se aguentou de tanta vergonha que estava sentindo: deixando apenas os olhos à mostra, escondeu-se atrás da cortina só para ver o sujeito falar. Impossível imaginar situação mais ridícula, concordam? Errado!
 
Ontem minha mulher soltou um “Ai, meu Deus, que coisa ridícula!” e me chamou para ver um vídeo tik tok gravado por uma nossa conhecida, onde aparece de blusa e bandana verde-amarelas, em frente a uma unidade do exército, convidando/convocando amigos e amigas para juntar-se a ela e a outros idiotas que continuam a pedir intervenção militar. Morri de pena dela e vergonha de mim mesmo. Logo ela, uma pessoa que conhecemos há mais de 40 anos, normalmente bem humorada, risonha e que gostava de tocar violão e cantar em festas de família!
 
Nascido e criado em uma família conservadora, religiosa e moralista (apesar das inúmeras traições e corneamentos perpetrados por meu avô materno, filhos e genros), nunca senti vergonha por ser de direita (uma direita bastante moderada, mas sempre direita). Isso agora mudou.
 
Já faz um bom tempo que eu venho dizendo aqui no blog e para quem me escuta "ao vivo e a cores" que defendo as bandeiras econômicas da Direita e as bandeiras sociais da Esquerda. E, sinceramente, nunca vi incoerência nisso. Na prática, eu sempre me vi, sempre me considerei de direita; direita moderadíssima, mas direita. Para ser sincero, também já me apresentei aqui no blog como alguém de centro, às vezes centro-esquerda, às vezes centro-direita.
 
Mas, desde o início do período eleitoral eu tenho sentido vergonha e receio de ser confundido com a matilha da extrema direita. É tanta escória, são tantas as pessoas detestáveis e desprezíveis que se agruparam em torno do Bozo que fica difícil não sentir vergonha de me declarar de direita. E nem preciso dizer os nomes dessa malta, dessa súcia. E tem "de um tudo", desde padre que se recusa a celebrar missa para petistas até ex-cantor de antiga "boy band" e fabricante de fake news. Sem falar nos financiadores dos bloqueios de caminhoneiros. É sério, dá muita vergonha dizer que sou de direita! 
 
Na verdade, diante das recentes notícias divulgadas pela mídia (enforcamento e quase assassinato de criança de sete anos que disse “Lula lá", assassinato de eleitor do Lula, estradas e avenidas bloqueadas por débeis mentais, invasão com direito a agressão de ônibus de estudantes, etc.) o que eu mais tenho sentido é medo mesmo, medo dos jagunços de "terno e gravata" e donos de carrões que ameaçam ou agridem fisicamente quem manifesta apoio ou alegria pela eleição do Lula (ou pela não reeleição do Bolsonaro). Poderia dizer que agem como se fossem capachos ou capangas do Bozo, mas, como têm muitos velhos e velhas no meio, talvez estejam mais para capengas.
 
E me espanta que os inconformados mais radicais continuem a fazer manifestações com pedidos descabidos e de apoio a um sujeito que "o Tribunal Militar definiu, em 1988, como homem que 'revelou comportamento aético e incompatível com o pundonor militar e o decoro da classe'."
 
Então é isso. Depois de ver minha amiga defender risonhamente o retorno do que viveu durante os governos militares, fico tentado a pensar que ela teve seu cérebro lavado e e muito bem enxaguado. E o sabão utilizado seria da marca Brilhante Ustra, aquele que não deixa nenhum sinal de sujeira. Só pode!

 

 

 

 

 

 

 

4 comentários:

  1. Sei não, meu caro. Coincidentemente, notei hoje no blog do Ozymandias que esta postagem em que estamos comentando não estava aparecendo, emboora já publicada. Seria um filtro ideológico desconhecido aplicado pela direita ou esquerda radical? Prefiro pensar que isso é só um delírio, pois duvido que exista alguém da ultra esquerda lendo o meu blog. Já o oposto... Mas, tudo bem, ou melhor, foda-se. Já acabei com este blog umas três ou quatro vezes. Por falta do que fazer e de vergonha na cara ressuscitei o bruto. Mais uma "morte", definitiva, não me incomoda. O post de hoje à noite fala de limpeza do blog. Muda alguma coisa? Não.

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  2. Rapaz, que história é essa do meu blog em cima do seu?

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  3. Essa foi a pergunta feita pelo Fabiano. Segundo ele, como o Blogson não tem(?) restrições como o Marreta e o segundo blog dele, a sua lista de blogs deveria estar atualizada com as publicações mais recentes e ficar em destaque. No entanto, o Blogson estava nocauteado debaixo do Marreta (ainda bem que só o blog!). Notei também que no blog do Ozymandias sua lista de blogs mostrava apenas o penúltimo post publicado. Até pensei se não estaria sendo usado algum filtro "ideológico" para que meus posts malhando o Bozo ou os acampamentos e bloqueios não fossem vistos. Mas estou pouco cagando para isso.

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