domingo, 31 de julho de 2016

COISA DE CRIANÇA

George Bernard Shaw foi um dramaturgo, romancista, contista, ensaísta e jornalista irlandês. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1925. Era também um fantástico autor de frases e aforismos inteligentíssimos. Na web consta ser ele o autor desta frase:
Alguns homens veem as coisas como são, e dizem "Por quê?". Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo "Por que não?"

Bacana, não? Mas não é ele o assunto de hoje. Essa frase genial apenas serve de conexão com o tema do post. Se você admira a criatividade sem limites, se você reverencia quem consegue pensar de forma absolutamente livre, continue a ler este texto. Caso contrário, você só achará que o tema é coisa de criança ou de adulto infantilizado e aí talvez seja melhor assistir uma partida de futebol ou um filme sobre zumbis na TV.


Desde sempre, desde que me entendo por gente (chavão, chavão!), gosto de desenhos animados e histórias em quadrinhos. Quando era criança algumas "autoridades" afirmavam que a leitura de revistinhas (ou gibis, como se dizia) poderia impedir o gosto pela boa literatura contida nos livros. No meu caso, pelo menos essa foi mais uma dessas bobagens ditas de forma solene que se vê por aí. Na prática, tracei tudo o que me caiu nas mãos. E o que aprendi é que algumas histórias em quadrinhos são infinitamente mais inteligentes e criativas que romances escritos por medalhões.

Por que estou dizendo essas coisas? Porque esse é o assunto de hoje. Há muito tempo, penso que o sucesso obtido pelas primeiras histórias em quadrinhos e os primeiros desenhos animados deveu-se ao fato de serem feitos para adultos. As crianças podiam gostar também (e gostavam!), mas as sutilezas, as citações e o humor eram basicamente “iguarias” para adultos.

Meus desenhos prediletos eram o Picapau (Woodpecker), a dupla Tom e Jerry e o Pernalonga. Em seu início, eram personagens totalmente incorretos: o Picapau era quase um psicopata, Tom e Jerry eram puro sadismo e o Pernalonga um mestre da enganação, da falsidade e do estelionato. Depois, foram sendo suavizados e infantilizados. Aí parei de ver.

Mais tarde vieram a Pantera Cor de Rosa (Pink Panther), os Simpsons e os meninos escrotinhos do South Park. Desenhos geniais, engraçadíssimos e totalmente incorretos (o que é ótimo). Às vezes ainda assisto algum desses, mas não tenho mais tanto interesse. Velhice, talvez.

Mas, dias atrás, descobri um novo desenho que honra os grandes criadores e roteiristas dessa área. No Brasil tem o nome de “O incrível mundo de Gumball”. A primeira vez que vi (passa no canal a cabo Cartoon Network), fiquei pasmo com a farra criativa que ele apresenta. Um de meus filhos disse que os criadores deviam estar sob efeito de drogas alucinógenas quando o criaram.

O desenho é de uma simplicidade total e as histórias são bastante bobinhas, mas o aspecto gráfico é alucinante: os cenários, feitos com recursos de computação gráfica, parecem saídos de um programa de decoração, de tão realistas. Isso quando não utilizam fotografias mesmo. Os personagens, entretanto são o máximo do delírio: excluídos os principais, é possível encontrar um Tiranossauro Rex hiper realista conversando com uma nuvem; ou um balão (bexiga) de gás; ou uma impressão digital, ou um floco de neve, ou um amendoim com chifres, ou um sorvete ou...

Cada um desses personagens com uma técnica diferente, com uma textura diferente, com um acabamento diferente. O que se pode dizer de um kit de bateria com problemas respiratórios, que quando tosse faz a caixa (tambor) rufar? Só para dar mais uma pista dessa maluquice divertida, peguei na internet uma relação de personagens e escolhi alguns:

· Gumball: protagonista da série, é um gato azul do sexo masculino, tem 12 anos
· Darwin: peixe de estimação, adotado como filho pela família de Gumball.
· Carrie: uma fantasma deprimida de 12 anos de idade.
· João Banana: uma banana (de verdade, mas com olhos  e boca feitos de massinha de modelar (que é também personagem).
· Masami Clouder: uma nuvem muito sentimental.
· Tina Rex: um Tiranossauro Rex hiper-realista. É a valentona da escola. 
· Teri Pauline: uma ursa feita com papel amassado.
· Tobias Wilson: um arco-íris que estuda no colégio de Gumball.
· Alan: um balão verde (fotografia com olhos de hidrocor) cheio de gás hélio. Outro colega do gato.
· Carmen Cactus: um cacto fêmea que é a paixão de Alan (o balão)·
· Anton Toast: pão de forma torrado (imagem real de uma fatia, com olhos feitos a caneta).
· Sal Left Thumb: uma impressão digital que é um "perigoso" assaltante.
· Enfermeira Lady Angelica: um band-aid. E por aí vai.

Não tenho mais o que dizer, a não ser sugerir que vejam o desenho só para curtir sua criação caótica e seus personagens alucinógenos.


4 comentários:

  1. Uma vez vc me recomendou que eu assistisse, acho que esqueci de comentar que achei realmente interessante. Seus últimos textos andam muito bem redigidos, não posso deixar de dizer.
    "J"

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    1. Preciso fazer uma confissão constrangedora: a estatística do blog indicou baixíssima visualização dos dois posts em que abordo minha infância e juventude. Fiquei tão frustrado que interrompi a sequência de lembranças pessoais e divulguei esse último texto. Quanto à avaliação generosa, lembro que são textos escritos em 2010. A partir de hoje (amanhã, à zero hora), só textos do Blogson (os últimos, só para lembrar). Obrigado, mais uma vez pelos acessos constantes.

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  2. Esse desenho é meu velho conhecido, JB. Tenho um filho de 6 anos, logo, sou expert em desenhos animados atuais, querendo ou não.
    Recomendo mais dois para você, que são transmitidos pelo mesmo canal do Gumball : Titio Avô e Steven Universe.

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