Hoje, bem cedo, a melancolia natural da família de
meu pai apareceu aqui em casa. O dia estava amanhecendo quando chegou; e foi entrando sem nem tocar a campainha
ou pedir licença. Talvez por isso eu esteja hoje com sessenta e seis anos
completos. No corpo, na alma, na mente. Cabelos despenteados, olhos
congestionados por um resfriado que já dura uma semana, vestindo calça de
moletom e blusa de manga comprida. Meias nos pés e chinelos completam a
indumentária de idoso.
Como sempre faço quando não tenho nada a fazer (e
nunca há nada a fazer), olho os posts do blog. Reviso e às vezes altero a data
dos programados, releio alguns dos já publicados – e sinto-me infantil, inadequado,
inoportuno, impertinente, indesejado.
Hoje, depois de
reler alguns, comecei a sentir frio. Achei que poderia ser febre, mas não, era
só vergonha o que eu sentia. Eu sempre faço questão de me expor ao ridículo
mais absoluto, porque isso me diverte (claro que meus filhos devem odiar). O
problema é perceber que sempre erro a mão, sempre ultrapasso limites. Por isso,
em vez de achar graça (sou muito autoindulgente), o que senti foi vergonha,
pois continuo teimando em escrever como se fosse um colegial (pelos erros
gramaticais rotineiramente cometidos, talvez até lembre mesmo um pouco).
Mas tenho sessenta
e seis anos – no
corpo, na alma, na mente – e preciso aproveitar o momento para me desculpar com
quem lê este blog de nome ridículo e infantilizado, pela graça forçada, pela
falta de assunto, pela irrelevância, pelas “piadas” desnecessárias e inadequadas. Mas,
principalmente, pela recusa em aceitar-me como efetivamente sou, um idoso de
sessenta e seis anos. Hoje, no corpo, na alma e na mente.
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