quinta-feira, 21 de julho de 2016

VIRA-LATA

Minha nora diz que por eu não gostar de futebol, não tenho como entender a paixão provocada por ele. Pode ser. O que sei é que há um cachorro apavorado que sempre tenta se esconder debaixo da mesa onde fica o computador, traumatizado pelo barulho de centenas de foguetes que alguns idiotas gostam de soltar em dias de jogo no estádio do Independência, próximo o suficiente para enlouquecer um cachorro bacaninha e sem noção.

Por isso, fiquei pensando que os fanáticos de qualquer time devem ser pessoas complexadas, mal amadas, mal resolvidas e com auto-estima baixa. Resumindo: devem ter complexo de vira-lata. Não estou querendo ofender ninguém ao dizer isso, mas vejo uma ponta de irracionalidade e muito recalque nessas comemorações.

Um exemplo desse complexo de vira-lata aconteceu durante a festa de um casamento onde fomos convidados. Imagino que a recepção (muito boa, diga-se) foi bancada pela noiva já meio velhusca. Pois bem, ela é torcedora de um time mineiro e o marido comprado (perdão, saiu sem querer) torce para o arqui-rival. A certa altura da festa, o noivo toma a palavra e diz que fará uma homenagem. Na hora, achei que a pessoa homenageada seria a noiva e até fiquei com boa impressão do gigolô (perdão, de novo), a quem não conhecia. Que nada! O homenageado foi o pai do insensato. E qual foi a homenagem? Um bando de malucos cantando o hino do time do coração de pai e filho. E a noiva, coitada, com aquele sorriso forçado e cara de vaca.

Pensem bem, o que tem um casamento com um "grito de guerra” esportivo? Tudo bem que o noivo iria depois entrar com bola e tudo, mas isso é outra história. Fiquei pensando que falta de gosto (do noivo), de gentileza (com a noiva), de bom senso e de classe estava acontecendo ali.  A festa era para comemorar a união do casal, mas o que se viu e se ouviu foi uma provocação à noiva e aos convidados que torcem por outros times. Uma verdadeira baixaria. E o barulho de latas de lixo sendo reviradas.


2 comentários:

  1. Também abomino a veneração ao futebol. Nunca gostei, para a (uma das)decepção do meu pai, torcedor contumaz do Palmeiras e do Comercial, aqui de Ribeirão.
    Quanto ao noivo comprado, é um fenômeno que está a se tornar cada vez mais recorrente. Conheço, pelo menos, três professoras, senhoras respeitáveis de meia-idade, descasadas, que compraram seus jovens e atuais companheiros. E olha que o salário de professora nem é lá essas coisas. A coisa não tá fácil pra ninguém. Os homens estão botando o pau a juro, JB.

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  2. A coisa está tão feia que esse noivo já foi casado antes, é quase da minha idade e uma bagaceira só (pau a juro foi uma boa sacada - sem trocadilho).

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