sábado, 16 de julho de 2016

CÉREBRO ELETRÔNICO - GILBERTO GIL

Minha reverência de hoje é para o Gilberto Gil. Que é que eu posso falar dele? Que ele já compôs melodias incríveis, que escreveu letras lindíssimas; que na década de 1960 pagou o maior mico ao participar de uma marcha contra o uso da guitarra elétrica na música brasileira (antes de “Domingo no Parque”, bem entendido), é pai da Preta Gil (você pode substituir pela Bela Gil, se quiser), foi ministro da cultura no governo Lula e “esqueceu” que o Tom Zé foi um dos integrantes do Tropicalismo. Ou seja, se o compositor é genial, o homem pisou em alguns tomates ao longo da vida (como todas as pessoas fazem). Mas quem compôs “Flora” merece todo o perdão do mundo. 

Mesmo sendo lindíssima, não é essa a música que escolhi para reverenciá-lo. Escolhi “Cérebro Eletrônico”, composta e gravada antes de ele ser exilado na Inglaterra. Quase ninguém conhece e já está meio passada. Apesar de algumas expressões terem ficado anacrônicas, as sacadas ainda são muito boas. Vê aí.

O cérebro eletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo

O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda

Só eu posso pensar se Deus existe, só eu
Só eu posso chorar quando estou triste, só eu
Eu cá com meus botões de carne e osso, hum, hum
Eu falo e ouço, hum, hum
Eu penso e posso

Eu posso decidir se vivo ou morro por que
Porque sou vivo, vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Em meu caminho inevitável para a morte

Porque sou vivo, ah, sou muito vivo e sei
Que a morte é nosso impulso primitivo e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus olhos de vidro

Quem quiser ouvir, siga o link:

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