terça-feira, 12 de julho de 2016

AUGUSTE, COMTE-ME OUTRA!

Há um pensamento que volta e meia surge na minha mente. Eu já o enxotei algumas vezes, mas hoje ele voltou meio elétrico, atropelando minha tranquilidade. Aí não teve jeito. Antes de “psicografar” essa idiotice, preciso fazer uma declaração: esse Blogson está me dando um trabalhão dos diabos, pois quase todas as tranqueiras que escrevo surgem de maluquices ligadas à cultura mais inútil, cultura de orelha de livro.

Pois bem, como dizia, por conta dessas “pérolas”, preciso pesquisar e me aprofundar em algum assunto. Escrever dá trabalho, meu! E a pesquisa auxiliar deste post é apresentada a seguir, antes do tema original. Vamos lá:

“(...) o positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa”.

“A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana ‘O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por meta’, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista”.

“Auguste Comte - por meio da obra Sistema de Política Positiva (...) institui a Religião da Humanidade. Após a elaboração de sua filosofia, Comte concluiu que deveria criar uma nova religião: afinal, para ele, as religiões do passado eram apenas formas provisórias da única e verdadeira religião: a religião positiva. Segundo os positivistas, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos "deuses", mas sim pela busca da unidade moral humana. Daí a necessidade do surgimento de uma nova religião que apresenta um novo conceito do Ser Supremo, a Religião da Humanidade”.

Talvez já se tenha percebido que Auguste Comte, filósofo francês que viveu no século XIX, foi o principal idealizador do Positivismo. E, pelos textos transcritos, percebe-se que a ele só faltava fazer chover. Até religião criou!

Aparentemente, ele era muito bom em frases de efeito, como esta: “Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto". Fico pensando se o Barão de Itararé – humorista genial já reverenciado neste blog – não teria se inspirado nessa frase para escrever que “tudo é passageiro, exceto o condutor e o motorneiro”.

Para os mais novos vai uma explicação: condutor e motorneiro eram respectivamente o cobrador e o “piloto” do bonde. O bonde, antes do advento do funk, era apenas um veículo elétrico urbano para transporte de passageiros, que andava sobre trilhos.

Depois de tanta cultura e material para reflexão (Blogson também é cultura!), chegamos finalmente ao tema de hoje. E o mote do textículo (por favor, não queira passar o corretor ortográfico neste neologismo, pois o resultado não será legal) é uma frase do Auguste Comte que será citada ao final (só para criar um pouco de suspense nesta sopa rala, sem tempero e sem molho).

Olha só, nas conversas do dia a dia usamos e ouvimos frases e expressões metafóricas, alegóricas, baseadas em artefatos e objetos já em desuso, obsoletos, verdadeiros fósseis vocabulares ou linguísticos. Exemplos?
“Agora é que caiu a ficha!” – tem origem na ficha metálica usada em telefones públicos, antes do surgimento dos cartões;
“Estou bem na fita” e “Rebobina a fita” – expressões relacionadas às fitas VHS;
“Lado B” – Exemplo: "você só conhece o lado B desta história!" (essa é antiga) refere-se à música gravada no lado “B” ou “dois” de um compacto simples (disco de vinil). Normalmente, o lado “A” continha a música destinada a tocar no rádio;
“Vira o disco, pô!” – indicada para quando se deseja mudar de assunto, também tem origem nos discos de vinil.

Que tal? Certamente devem existir outras expressões do mesmo tipo, que deixei de lembrar. E outro dia, pensando nessas expressões, fiquei matutando que a continuidade de seu uso (das expressões, né?) decorre de um comportamento "positivista", tudo por conta de uma frase (lida há muito tempo), de autoria do Auguste Comte, pela justeza de sua definição (pelo menos neste caso).
Os vivos são sempre e cada vez mais governados necessariamente pelos mortos".

E o velho e bom Barão de Itararé, em sua época, emendou de primeira, com a frase:
“Os vivos são cada vez mais governados pelos mais vivos”.
Que continua valendo até hoje.







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