Há um pensamento que volta e meia surge na
minha mente. Eu já o enxotei algumas vezes, mas hoje ele voltou meio elétrico,
atropelando minha tranquilidade. Aí não teve jeito. Antes de “psicografar” essa
idiotice, preciso fazer uma declaração: esse Blogson está me dando um trabalhão
dos diabos, pois quase todas as tranqueiras que escrevo surgem de maluquices
ligadas à cultura mais inútil, cultura de orelha de livro.
Pois bem, como dizia, por conta dessas “pérolas”, preciso pesquisar e me aprofundar em algum assunto. Escrever dá trabalho, meu! E a pesquisa auxiliar deste post é apresentada a seguir, antes do tema original. Vamos lá:
Pois bem, como dizia, por conta dessas “pérolas”, preciso pesquisar e me aprofundar em algum assunto. Escrever dá trabalho, meu! E a pesquisa auxiliar deste post é apresentada a seguir, antes do tema original. Vamos lá:
“(...) o positivismo é uma
doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como
desenvolvimento sociológico do iluminismo, das crises social e moral do
fim da Idade Média e do nascimento da sociedade
industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa”.
“A conformação atual da bandeira
do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira
lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da
divisa comteana ‘O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso
por meta’, representando as aspirações a uma
sociedade justa, fraterna e progressista”.
“Auguste Comte - por meio da
obra Sistema de Política Positiva (...) institui a Religião da
Humanidade. Após a elaboração de sua filosofia, Comte concluiu que deveria
criar uma nova religião: afinal, para ele, as religiões do passado eram apenas
formas provisórias da única e verdadeira religião: a religião positiva. Segundo
os positivistas, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos
"deuses", mas sim pela busca da unidade moral humana. Daí a
necessidade do surgimento de uma nova religião que apresenta um novo conceito
do Ser Supremo, a Religião da Humanidade”.
Talvez já se tenha percebido que Auguste
Comte, filósofo francês que viveu no século XIX, foi o principal idealizador do
Positivismo. E, pelos textos transcritos, percebe-se que a ele só faltava fazer
chover. Até religião criou!
Aparentemente, ele era muito bom em frases de
efeito, como esta: “Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto".
Fico pensando se o Barão de Itararé – humorista genial já reverenciado neste
blog – não teria se inspirado nessa frase para escrever que “tudo é
passageiro, exceto o condutor e o motorneiro”.
Para os mais novos vai uma explicação: condutor e motorneiro eram
respectivamente o cobrador e o “piloto” do bonde. O bonde, antes do advento
do funk, era apenas um veículo elétrico urbano para transporte de passageiros,
que andava sobre trilhos.
Depois de tanta cultura e material para
reflexão (Blogson também é cultura!), chegamos finalmente ao tema de hoje. E o
mote do textículo (por favor, não queira passar o corretor ortográfico neste
neologismo, pois o resultado não será legal) é uma frase do Auguste Comte que
será citada ao final (só para criar um pouco de suspense nesta sopa rala, sem
tempero e sem molho).
Olha só, nas conversas do dia a dia usamos e
ouvimos frases e expressões metafóricas, alegóricas, baseadas em artefatos e
objetos já em desuso, obsoletos, verdadeiros fósseis vocabulares ou
linguísticos. Exemplos?
- “Agora é que caiu a ficha!” – tem
origem na ficha metálica usada em telefones públicos, antes do surgimento dos
cartões;
- “Estou bem na fita” e “Rebobina a
fita” – expressões
relacionadas às fitas VHS;
- “Lado B” – Exemplo: "você
só conhece o lado B desta história!" (essa é antiga) refere-se à
música gravada no lado “B” ou “dois” de um compacto simples
(disco de vinil). Normalmente, o lado “A” continha a música destinada a
tocar no rádio;
- “Vira o disco, pô!” – indicada
para quando se deseja mudar de assunto, também tem origem nos discos de vinil.
Que tal? Certamente devem existir outras
expressões do mesmo tipo, que deixei de lembrar. E outro dia, pensando nessas
expressões, fiquei matutando que a continuidade de seu uso (das expressões,
né?) decorre de um comportamento "positivista", tudo por conta de uma
frase (lida há muito tempo), de autoria do Auguste Comte, pela justeza de sua
definição (pelo menos neste caso).
“Os vivos são sempre e cada vez mais
governados necessariamente pelos mortos".
E o velho e bom Barão de Itararé, em sua
época, emendou de primeira, com a frase:
“Os vivos são cada vez mais governados
pelos mais vivos”.
Que continua valendo até hoje.
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