Depois da criação do blog, a fase adulta de minha vida já foi exposta em vários textos, desenhos, "poemas" e outras
frescuras. Mas, ao contrário de algumas pessoas que conheço, o grande barato
para mim é expor meu lado ridículo, grotesco e até condenável, por acreditar que é muito
mais risível e atraente. Para mim, Mr. Hyde será sempre muito mais interessante
que o Dr. Jeckyl, assim como o South
Park é mais divertido que a Turma
da Mônica ou o Clube
do Mickey.
Após ter escrito as poucas lembranças que guardo da família de meu pai, depois de ter contado casos sobre meus avós maternos e de seus filhos, dei uma passeada também sobre lembranças da minha infância e juventude. Como já disse outras mil vezes, esses textos foram originalmente escritos para meus filhos. Com a criação do Blogson, fui, aos poucos, perdendo o pudor e postando esses textos, curiosamente os preferidos por quem acessa o blog.
Para "fechar" minha série pessoal, achei que precisava de um texto que falasse de minha vida de adulto jovem e solteiro (encerrada aos vinte e quatro anos). É claro que essa fase tem alguns casos mais "polêmicos" (o termo correto é "ridículos"), que mereciam ser esquecidos. Mesmo assim, resolvi abrir o Raul, ou melhor, o baú. E o título do post não poderia ser mais explícito. Porque a partir de agora, o assunto é Sexo, Drogas e Rock and Roll. Som na caixa!
ROCK AND ROLL
Começarei pela parte mais fácil, até por já
ter falado sobre isso no post "Trilha Sonora". Em 1954, quatro
anos depois de eu ter nascido, Bill Halley gravou "Rock Around the
Clock", que é considerado por muita gente boa o primeiro rock
and roll. Sem me preocupar com datas e se é ou deixou de ser o primeiro ou
o quinto rock (esse assunto é controverso), o que sei é que minha vida sempre foi
marcada pela batida desse ritmo. Aliás, um ritmo que, na sua origem, lembrava a
batida acelerada do coração. Basta ouvir os rockões do Chuck Berry, por exemplo.
Como já disse antes, eu gostei do rock de
imediato, não precisei de intermediários. Na casa de minha avó, casa de gente
festeira e animada, o som que se ouvia era das músicas boas para dançar de
rosto (quase) colado: boleros, tangos, fox-trots. Embora tivesse disco (78 rpm)
de baião, não tinha disco de samba, um ritmo talvez exótico para quem nasceu no
interior. E rock, claro, nem se conhecia.
Imagino que Bill Halley e Elvis Presley eram
tocados no rádio, sem jabá, apenas como uma curiosidade, muito esporadicamente.
O que me deixava puto, pois eu queria ouvir aquele som. Então fico tranquilo ao
dizer que o rock é mais natural e espontâneo em minha vida que o samba, que
tive de aprender a gostar.
Foi o rock também que fez com que eu quisesse
me enturmar com gente fora do meu bairro (pois lá eu só via cachaceiros e
barangas). Além disso, o desejo de reproduzir minhas músicas prediletas me
mostrou a necessidade de aprender a tocar (espancar) violão, pois meu sonho era
ser guitarrista solo de uma banda, e poder tocar para uma multidão que me
amaria (as meninas) e admiraria (os marmanjos).
Essa conjunção de fatores (insegurança,
carência afetiva crônica, tendência ao exibicionismo social), alguns típicos da adolescência e outros de fabricação própria, me direcionou para o próximo
tópico destas lembranças. Mas, antes, só para fechar este tema, reproduzo o
final do post “Trilha Sonora”:
E o rock, que surgiu em meados da
década de 1950, daqui a algum tempo será apenas mais uma das curiosidades
surgidas no terceiro planeta que orbita uma dos bilhões de estrelas que existem
na Via Láctea, ela própria uma dos bilhões de galáxias que existem no Universo.
Poeira de estrelas, portanto. Assim como eu.
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