terça-feira, 9 de agosto de 2016

CODA

Escrevo este texto no dia 01/11/2015 (é sério!), para um post que não tem graça nenhuma, nenhuma originalidade (e isso é a cara do Blogson!). Mas, antes de continuar, preciso perguntar: você sabe o que significa o título que escolhi para esta maluquice? Não? Vai saber agora.

CODA é um sinal gráfico colocado ao final de uma partitura musical para indicar que a música termina ali. Há mais algumas sutilezas, mas vou ficar nesta definição. Então, este post é o coda do blog. Simples assim.

É estranho escrever isto, mas este post é realmente o último que sairá no Blogson. A ideia de fazer isso surgiu há um tempo que não sei precisar. Claro, não é? Até porque estou escrevendo para o futuro. E esse pensamento é o mesmo que motivou o texto "Ruínas na Selva". Mas, enquanto aquele era só uma divagação, este é definitivo.

Talvez as pessoas que acessam com alguma frequência esta bagaça achem estranha minha atitude. Talvez algum psicólogo diga que isso indica o desejo de ter controle sobre minha vida ou sei lá o que. Pode ser, não recuso esta ideia. Conheci superficialmente um sujeito que era cunhado de uma amiga da família de minha mulher. Esse cara morreu de câncer. Embora não tenha ido ao velório, fiquei sabendo de alguns detalhes: pouco antes de morrer, deixou pronta uma programação a ser observada em seu enterro e, como adorava música clássica, escolheu e gravou algumas peças dentre os inúmeros CDs que possuía, para serem reproduzidas durante todo o velório. Não bastasse isso, escreveu uma carta explicando essas escolhas musicais. A carta, um DVD com essas músicas e um retrato seu (o retrato na capa e a carta na contracapa do DVD) foram entregues a cada pessoa presente ao velório. Essa nossa amiga deu-me o que ganhou (e que nunca ouvi). Alguns podem ter achado a lembrança uma coisa meio mórbida, uma esquisitice do morto, mas eu achei bem legal a ideia. Mesmo que se tratasse de uma comunicação impossível. Como agora.

O fato é que quando alguém ler este post saberá que é realmente o último suspiro do Blogson Crusoe, o velho blog da solidão ampliada. Certamente surgirá em um ou outro o desejo de saber por que isso aconteceu. Por que parou? Parou por quê? Neste momento pelo menos, lamento não conseguir satisfazer essa curiosidade., mas vou arriscar, fazendo uma lista de possibilidades: surtei; o saco encheu; fiquei com Alzheimer ou morri. Bom, se o motivo é minha morte, talvez possa ter morrido de câncer, infarto fulminante, derrame cerebral, acidente ou o que quiserem imaginar. Foda-se, não estou nem aí, ou melhor, não estarei nem aí.

Mas o motivo deste post é transmitir meu mais profundo sentimento de gratidão, carinho e amizade às pessoas que leram alguma coisa que escrevi aqui. Não são muitas, eu sei. Posso até arriscar-me a identificar os "2,3" leitores do blog.

Começaria pelos que fizeram comentários por escrito ou de viva voz: minha para sempre amada Eliane, mulher linda em todos os sentidos; os geeks puro-sangue Gustavo e sua amada Fernanda, donos do ótimo blog Casal Geek, Daniel, dono do premiado blog Mixidão e sua amada Cláudia; meu amigo Mauro Condé, dono do blog O Blog do MaLuCo; o "Azarão", amigo virtual (de quem nunca soube o nome) e dono do blog hardcore A Marreta do Azarão, minha irmã Maria e seu filho Gabriel.

Mesmo que alguns tenham desaparecido há tempos, consigo identificar também os simpaticíssimos e sempre bem-vindos leitores Fabiano, "Lord Wilmore", "J", Renato Perim, Andrea, Agostinho e meu sobrinho Lucas. Pensando bem, deu até para encher uma Kombi!

Além dessa "confraria", agradeço a meus filhos, noras, sobrinhos, amigos e a cada anônimo que acessou o blog pelo menos uma vez, talvez por engano, talvez fisgado por textos, títulos e nomes de gente famosa. Não importa. Obrigado a todos, de verdade.

Criar e alimentar o Blogson com minhas bobagens foi uma das experiências mais fascinantes que tive em toda a vida. Todo tipo de sentimento foi vivenciado por conta dos textos e desenhos que divulgava: ansiedade, frustração, esperança, alegria, orgulho (vejam vocês, até isso!), raiva, tristeza, saudade, amor, ódio. Pedindo desculpas pelo chavão, foi mesmo um turbilhão de emoções!

O blog foi também um excelente espelho para mim. Hoje eu sei que as coisas que divulguei não tem qualidade nenhuma, são apenas produções amadorísticas, algo assim como uma peça teatral encenada por mal ensaiados alunos de ginásio. Mesmo assim, foi uma experiência incrível. Através do blog, descobri defeitos e qualidades insuspeitadas (mais defeitos que qualidades, na verdade), tais como um TOC moderado, vaidade exacerbada, preconceitos nunca admitidos, medos ocultos, carência afetiva patológica, um universo de sensações, enfim.

Descobri também que escrevo legalzinho (mas morreria de fome se precisasse ganhar a vida escrevendo profissionalmente). Claro está que isso só aconteceu em virtude dos comentários (ou sua inexistência) dos "2,3" leitores mais constantes. Neste caso, acredito que a medalha de ouro do estoicismo deve ser entregue ao "Marreta", tão diferente e tão parecido comigo, pois esse leu (e comentou) quase todas as bobagens contidas neste blog!

E se este é o último post, podem até fazer comentários, mas talvez não haja ninguém para aceitá-los e responder (talvez eu esteja morto, esqueceram?). Como duvido que alguém tenha lido todos os posts, sugiro - seguindo o exemplo do sujeito do velório citado no início - que leia os demais. Como (ainda) estou vivo, essa ideia me atrai e conforta. Depois, isso não significará nada, concordam?

Neste blog eu falei de mim o tempo todo, de forma explícita ou só nas entrelinhas. No início, procurei preservar minha identidade de forma quase doentia. Depois, fui relaxando e expondo os casos de família e a quase totalidade do meu nome. Acho que agora é o momento ideal para divulgar o que faltava. Dentro da linha de que as pessoas permanecem "vivas" enquanto alguém se lembra delas, aí vai (de forma definitiva!) meu retrato mais recente, onde ostento uma barba que deixei crescer aos sessenta e cinco anos, só para  tirar uma foto.

Aliás, essa é só mais uma maluquice Jotabê, pois deixei crescer a barba em apenas três ocasiões, espaçadas uma da outra por vinte anos (aos 22, aos 42 e aos 65 anos). Um verdadeiro "TOC de longo curso", concordam? Olhaí.



Como é? Não está identificável? Claro que está! A mancha escura do lado direito da foto, logo abaixo do olho, é a pinta (nevo) que tenho no rosto. Além disso, olha as rugas na testa, o pé de galinha do olho e a barba quase totalmente branca. Tá tudo aí!

Para ser sincero, não me animei a vencer a barreira do anonimato (a última) que desejei manter desde o início do blog. Isso foi o máximo que me permiti divulgar, um retrato mais parecido com uma silhueta, pois o desejo de permanecer incógnito venceu o exibicionismo. Mas a pinta está lá.

Bom, agora chega de enrolação. Como disse o Vinícius de Moraes em uma de suas letras, "ciao, goodbye, auf wiedersehen”. Fui!!!

6 comentários:

  1. Tenho certeza de que esse texto não será o último, você vai conseguir ficar um tempo longe, mas vai bater aquela vontade de escrever de vez em quando e aí você volta. Certeza que volta.
    E meu nome é Ricardo.
    abraços e até a sua próxima postagem, ou a minha.

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    1. Um mês e meio depois de ter escrito este post (17/12/2015), postei um que tem o título "Meu nome é Ricardo". No seu comentário você disse que se chama Ricardo. Eu poderia ter corrigido o último post, mas resolvi não mexer em nada, pois é um post sincero e emocionado, para ser lido algum dia por alguém. Não tinha prazo para ser divulgado, por isso a referência a morte, Alzheimer, etc. Eu realmente não sabia o que viria pela frente. Hoje eu sei. O blog morreu de anemia, por falta de "clientes" (de assunto também). Vendo-me como dono de armazém, diria que nenhuma birosca sobrevive se não tiver um mínimo de "clientes". De outra forma, como "pagar o aluguel"? E o Blogson sofreu isso. Em vez de crescimento, o que aconteceu foi a queda de visualizações. Culpa minha, lógico, culpa da qualidade em queda. Por isso acabou. Mas continuarei lendo suas maluquices, tomando o cuidado de evitar as putarias muito explícitas (questão de gosto, lógico). Mas deixo claro minha profunda gratidão às avaliações positivas que fez das bobagens que publiquei. Como disse no "Coda", somos muito parecidos, apesar de radicalmente diferentes. E isso é que foi bacana: descobrir um "igual" em sentimentos e visceralidade. Valeu, amigo (sincero) Ricardo. Zé

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    2. Santo Alzheimer, Batman, ops, JB. Você disse que eu nunca havia lhe dito meu nome e eu não me lembrei de que já, sim.
      E foi justamente na sua postagem Meu Nome é Ricardo, veja lá os comentários:
      http://blogsoncrusoe.blogspot.com.br/2015/12/meu-nome-e-ricardo.html
      Olha, quanto a você não ter mais assunto, acredito que se refira a assuntos "intimistas", a assuntos que tratem apenas de você mesmo. Pois esses, eu também os esgotei com dois anos e pouco de blog, aí me meti pelo filão de comentar notícias que considero curiosas e que dão margem às minhas, como você diz, putarias.
      Aliás, esse tipo de postagem até acaba atraindo mais público. Se você, por exemplo, consegue escrever um bom texto sobre um assunto que está em evidência, as pessoas, sem querer, acabam caindo no seu blog.
      Como exemplo, cito um texto que escrevi após a primeira derrota do Anderson Silva, que teve quase duas mil visualizações em coisa de dois ou três dias.
      http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2013/07/the-spider-esta-morto-viva-anderson.html
      Outro exemplo, um texto que já tem, no momento, 12339 visualizações desde que foi publicado e que ainda me rende umas trinta ou quarenta por semana, é o Cu da Sandy, quando a irmã do Júnior disse que gostava de soltar o rabicó.
      http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2011/08/o-cu-da-sandy.html
      É só uma dica, uma sugestão para sua falta de assunto. Dê uma descansada do blog e pense a respeito.
      abraço

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    3. Um esclarecimento: o texto "Coda" foi escrito em 01/11/2015 e o texto "Meu nome é Ricardo" foi escrito em 17/12/2015. Foi nesse texto que você disse chamar-se Ricardo, ou seja, um mês e meio depois do "Coda" estar pronto. O que eu quis dizer é que não quis mudar nem uma vírgula do que escrevi em novembro de 2015. Por isso é que saiu a frase "de quem nunca soube o nome". Quanto às visualizações, é covardia comparar. Até hoje, o TOTAL de visualizações computadas pelo blogger é de pouco mais de 23.000. O post mais visualizado (recordista absoluto) é um texto da Lia Luft com mil e poucas visualizações. o recordista escrito por mim tem 75 visualizações (setenta e cinco). Entendeu o que eu quis dizer com anemia? Seu blog é um blockbuster. Melhor dizendo, um blogbuster. Já o Blogson, coitado, é do MSL (Movimento dos Sem Leitores). Essa foi sua causa mortis.

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  2. Respostas
    1. A piração é a mesma, mas a ansiedade diminuiu. Mas ficou mais chato.

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