sábado, 10 de setembro de 2016

QUEM É MORTO SEMPRE APARECE

Meu amigo virtual Marreta (hoje eu sei que seu nome é Ricardo, mas permita-me continuar falando “Marreta”) estava (parcialmente) certo em sua previsão, pois resolvi reativar o Blogson. 

Como poderiam dizer os espíritas, "quem é morto sempre aparece".E a explicação para essa ressurreição é simples: como gosto de guardar qualquer idiotice que eu crio e imagino, até pensei em criar um novo blog de uso restrito para colocar nele as bobagens que continuo a escrever e pensar, mas vi que seria idiotice, pois a decisão de “matar” o Blogson foi minha, apesar de um dos filhos insistir para que eu não o fizesse. Apenas sei que fiz bem quando me decidi a acabar com o blog, pois passei a dormir melhor e até criei um perfil no Facebook, para me reconectar com primos, parentes e amigos com quem nunca encontro.

Como a relação de amigos e parentes é majoritariamente de gente mais velha (e careta), às vezes coloco alguma piadinha mais recatada tirada do Blogson. Ao fazer isso, tenho quebrado um "protocolo" informal, adotado pela maioria, de apenas “curtir” e “compartilhar”. E o mais engraçado é que arranjei um pequeno fã-clube de amigos, a maioria de meia-idade, que estão adorando as besteirinhas que posto. Assim, meu ego tem sido massageado um pouco. Então, não tenho sentido nenhuma falta do Blogson nem falo dele com ninguém.

Mas, há uma significativa diferença entre o “blog da solidão ampliada” e esse Blogson ressurreto. Como li na crítica de um filme de terror publicado na Veja algum dia desses (tentei achar o texto, mas não consegui), não há mais lugar entre os vivos para um morto que volta a viver, ou seja, não dá para voltar a ser como era antes. Elevando um pouco o raciocínio, reproduzo uma frase atribuída ao Karl Marx: “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

Parafraseando o Karlinhos, pode a história do blog até ter continuidade, mas se na primeira vez ele foi um botequim de rua de pouco movimento e baixa clientela, na segunda ele será apenas um depósito. Com isso quero dizer que ele funcionará mais como uma “blogoteca”, onde postarei as bobagens que pensar, sejam elas textos longos ou apenas frases isoladas, sem me preocupar se estou agradando ou não, pois cheguei à conclusão de que não tenho muita coisa mais para falar. 

Comentar as notícias recentes é um saco, não me ocorre nenhum tema para desenvolver algum tipo de ficção, não sei fazer poemas nem consigo imaginar que tipo de casos antigos ainda tenho para contar. Por isso, sobram-me as piadas sem graça, os diálogos idiotas e as observações sem noção. E até para isso tem-me faltado inspiração.

Em virtude dessa safra perdida (não há entressafra), pensei também em acabar com as seções “Reverência”, Religare”, “Compostagem” e “Vintage”. Na prática, continuarão existindo mas não serão mais “alimentadas”. Outra mudança é que o blog não será mais apenas autoral. Tudo o que for de outro autor e que eu quiser postar por ter gostado, entrará em seção a ser ainda nomeada, mas sem nenhum comentário. Será um blog para passar o tempo e amenizar o tédio enquanto fico "esperando a morte chegar" (citando Raul).

O mote ou slogan do blog chegou a merecer uma avaliação mais detalhada. De cara, pensei em substituir a frase "o blog da solidão ampliada" por outra mais condizente com as "novidades" que  esse retorno traria, pois a ideia é mudar mesmo. Viajei com essas hipóteses (padrão Jotabê, lógico):

- "Quem é morto sempre aparece";
- “A volta dos que não foram”;
- “Agora sob nova direção”;
- “Em nova direção”.

Escolhi a sóbria opção "Em nova direção", mas acabei desistindo de mudar, pois o Blogson é mesmo e cada vez mais "o blog da solidão ampliada". Pois bem, o que eu posso dizer é que talvez aconteça com o Blogson o mesmo que acontece com alguns restaurantes e bares “sob nova direção”. Quando novos proprietários assumem, a tendência é mudar o layout, o cardápio e até o horário de funcionamento, imaginando que manterão a clientela antiga e conquistarão novos fregueses. Muitas vezes, acontece justamente o contrário: os clientes antigos estranham a mudança e desaparecem e os novos nunca surgem.

Se isso acontecer com o velho Blogson, paciência, pois espero não mais acordar de madrugada para ver se alguém viu e comentou as “maravilhas” que postei. O Facebook já está cumprindo essa função. E se eu me cansar do Facebook vou fazer outra coisa qualquer. Se bobear, até crochê.




Comentário: a propósito dos "clientes" do Blogson, tenho vontade de rir (hoje estou de bom humor) ao lembrar a quantidade de visualizações que um post do Marreta obteve. Até a época de um comentário feito por ele no texto "CODA", 12.339 era o total de acessos ao post sobre o "cu da Sandy" (isso me lembra a velha piada de que "por um bom cu qualquer um perde a cabeça"). Ora, ora, Marreta, isso representa a metade de todas as visualizações alcançadas até hoje (24.174) para os 700 posts do antigo Blogson. Que posso dizer? Recolho-me à minha insignificância.

2 comentários:

  1. Eu sabia que você voltava!
    Agora, fazendo sucesso no feicibúqui? Que viadagem é essa, meu velho.
    E blog da solidão ampliada, como diria o ex-ministro Rogério Magri, é imexível.
    Bem-vindo de volta.

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  2. Você esteve pertíssimo de se enganar. Se não fosse a mania de guardar tudo o que me vem à cabeça, nunca mais voltaria. E a despreocupação sobre se alguém lerá ou não está clara na desova em um mesmo dia das bobagens que fui guardando em arquivo word. E nem é pelo Facebook, pois descobri que não há aplicativo, programa ou mídia que acabe com minha carência afetiva congênita e progressiva. O próprio Facebook já está cansando. A vantagem que ele tem sobre o blog é que é muito divertido para quem tem mania de ficar tirando "conclusões" sobre tudo. Em algum post eu escreverei sobre isso.

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