quarta-feira, 14 de setembro de 2016

MINHA VIDA NO FACEBOOK - 03

Como disse antes, uma coisa que me deixou invocado foi descobrir que muitas pessoas têm perfil no Facebook mas estão pouco se lixando para isso. Um dos meus primos, a quem não vejo desde a morte de seu pai ou de minha mãe, nem me lembro mais, passado um mês da minha entrada barulhenta na rede disse apenas (depois de aceitar minha solicitação de amizade, lógico): - “Oi, Sr. Zé”. É mole? E eu que estava pensando em compartilhar lembranças e fotos com meus parentes!

E outras surpresas foram acontecendo: no lado oposto a isso, alguns amigos são tão obsessivos que compartilham cinco ou mais posts por dia, todo dia (bem, prefiro fazer uma mea culpa, pois já fiz isso com e-mails e tenho que me segurar para não compartilhar tudo que entra em minha “página inicial”). Como diria minha mãe, “é o porco falando do toucinho”.

Mas o mais inesperado foi perceber que tipo de coisas esse pessoal compartilha (quando compartilha, é óbvio). Eu já conhecia os posts de gatinhos (gato no Facebook faz “meow”), florzinhas, vídeos caseiros de criancinhas fazendo peraltices (boa essa) e toda sorte de viadagem que parece ser a alegria de muita gente.

O que realmente me espantou foram os posts radicais malhando a Dilma, o PT, o “comunismo”, elogiando o idiota do Bolsonaro ou, no sentido contrário, os posts falando em “golpe” (contra a Dilma, contra a “democracia”), “golpistas” e congêneres, tudo isso saindo diariamente, às vezes de forma repetida (nem todos os meus amigos se conhecem). E, para aumentar o espanto, todo tipo de orações, mensagens de autoajuda, frases do Chico Xavier psicografadas pelo Voltaire ou Einstein (acho que o inverso é que deve estar correto). Uma loucura.

Neste ponto algumas pessoas poderão perguntar: - “o que este idiota está fazendo nesse antro?” E a resposta é simples: divertindo-me pra caramba. Minha primeira postagem foi um link de uma música magnífica que busquei no Youtube. O mesmo aconteceu nos dias subsequentes. Só que em lugar de simplesmente colar o link, resolvi contar alguma curiosidade sobre o intérprete ou sobre a canção. E sempre buscando divulgar músicas que pouca gente conhece, numa espécie de apostolado musical.

E tome Joe Cocker cantando "Cry me a River" em ritmo de rock total, Duke Ellington interpretando "Take the 'A' Train", Tom Jobim fazendo uma pegadinha em cima do Roberto Carlos com a música (lindíssima) "Ligia", Eric Clapton, Norah Jones, Tulipa Ruiz, samba de raiz, "O Guarani" em ritmo de ska (sensacional), uma verdadeira salada de estilos, épocas e origem. Depois de me ambientar com esse “aplicativo” (seria o Facebook um aplicativo?), comecei a colocar textos de minha autoria. Mas isso fica para outra hora.

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