Como disse antes, uma coisa que me deixou
invocado foi descobrir que muitas pessoas têm perfil no Facebook mas estão
pouco se lixando para isso. Um dos meus primos, a quem não vejo desde a morte
de seu pai ou de minha mãe, nem me lembro mais, passado um mês da minha entrada
barulhenta na rede disse apenas (depois de aceitar minha solicitação de
amizade, lógico): - “Oi, Sr. Zé”. É
mole? E eu que estava pensando em compartilhar lembranças e fotos com meus
parentes!
E outras surpresas foram acontecendo: no lado
oposto a isso, alguns amigos são tão obsessivos que compartilham cinco ou mais
posts por dia, todo dia (bem, prefiro fazer uma mea culpa, pois já fiz isso com e-mails e tenho que me segurar para
não compartilhar tudo que entra em minha “página inicial”). Como diria minha
mãe, “é o porco falando do toucinho”.
Mas o mais inesperado foi perceber que tipo
de coisas esse pessoal compartilha (quando compartilha, é óbvio). Eu já
conhecia os posts de gatinhos (gato no Facebook faz “meow”), florzinhas, vídeos caseiros de criancinhas fazendo
peraltices (boa essa) e toda sorte de viadagem que parece ser a alegria de
muita gente.
O que realmente me espantou foram os posts
radicais malhando a Dilma, o PT, o “comunismo”, elogiando o idiota do Bolsonaro
ou, no sentido contrário, os posts falando em “golpe” (contra a Dilma, contra a
“democracia”), “golpistas” e congêneres, tudo isso saindo diariamente, às vezes
de forma repetida (nem todos os meus amigos se conhecem). E, para aumentar o
espanto, todo tipo de orações, mensagens de autoajuda, frases do Chico Xavier
psicografadas pelo Voltaire ou Einstein (acho que o inverso é que deve estar
correto). Uma loucura.
Neste ponto algumas pessoas poderão
perguntar: - “o que este idiota está fazendo nesse antro?” E a resposta é
simples: divertindo-me pra caramba. Minha primeira postagem foi um link de uma
música magnífica que busquei no Youtube. O mesmo aconteceu nos dias
subsequentes. Só que em lugar de simplesmente colar o link, resolvi contar
alguma curiosidade sobre o intérprete ou sobre a canção. E sempre buscando
divulgar músicas que pouca gente conhece, numa espécie de apostolado musical.
E tome Joe Cocker cantando "Cry me a River" em ritmo de rock total, Duke Ellington interpretando "Take the 'A' Train", Tom Jobim fazendo uma pegadinha em cima do Roberto Carlos com a música (lindíssima) "Ligia", Eric
Clapton, Norah Jones, Tulipa Ruiz, samba de raiz, "O Guarani" em ritmo de ska (sensacional), uma verdadeira salada de
estilos, épocas e origem. Depois de me ambientar com esse “aplicativo” (seria o
Facebook um aplicativo?), comecei a colocar textos de minha autoria. Mas isso
fica para outra hora.
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