domingo, 24 de janeiro de 2021

UM PERFIL PARA O BLOG

Se alguém mais ignorante ainda que eu me perguntasse como criar um "Perfil para o facebook" ou em outra rede social, eu simplesmente diria que não sei. Não sei como isso funciona, pois quem criou meu perfil no Facebook foi minha mulher (deve ter-se arrependido bastante depois disso). Só sei que o Marquinho (Zuckerberg) sabe muito sobre mim. Sabe o dia em que nasci, tem meu retrato, meu nome, sabe quais e quantos “amigos” eu tenho e mais um mundão de coisas. Pior, não só sabe como cisma de ser meu coach, meu tutor. Direciona e exibe para mim os artigos e postagens que imagina que eu deva ler, faz sugestões de novas amizades (em regra geral, recuso todas), avisa que “hoje” tal amigo faz aniversário (“Escreva na linha do tempo dele/dela...”). Enfim, é um mala sem alça.
 
Mesmo assim, talvez intoxicado pelo ar pestilento que se respira naquela rede hoje em dia, resolvi seguir esse exemplo e também detalhar meu perfil no Blogson. Afinal, tenho hoje onze amigos virtuais e mais uma meia dúzia de incautos que às vezes esbarra no blog da solidão ampliada, fenômeno inexplicável que transforma os rotineiros dois ou três acessos por post publicado em verdadeiros sucessos editoriais, blockbusters (ou blogbusters) que atingem espantosas vinte a trinta visualizações em algumas postagens especiais, “fora da curva”.
 
E o motivo de detalhar meu perfil depois de tanto tempo me debatendo aqui no blog é que não quero criar falsas impressões nem falsas expectativas nos atuais (especialmente nos mais recentes) e nos improváveis futuros novos amigos virtuais. Então, vamos ao detalhamento do meu perfil (de quibe):
 
Nome de batismo:
José Botelho Pinto... (um nome desses poderia até servir de título para uma série tipo “Better call Saul”. Já pensou? “Bettter call Botelho Pinto”. Mas provavelmente seria pornô). Quem foi registrado com um nome assim merecia ter um desempenho sexual de touro reprodutor, mas houve falha na programação original. Talvez por esse nome quase impublicável, alguém teve a apreciadíssima e simpática ideia aqui no velho Blogson de me chamar de JB ou Jotabê.
- Data de nascimento:
07 de junho de 1950 (é pra chorar!).
- Gênero (antigamente falava-se “sexo”):
Masculino, heterossexual (quase 100% convicto).
- Estado civil:
Casado (há inacreditáveis 46 anos)
- Amigos:
Não os tenho no mundo real, pois nunca consegui assimilar esse conceito adequadamente. Tenho simpatia por muita gente, gosto de muitas pessoas, mas não tenho turma, não bebo, não saio com ninguém para jantar fora, não convido ninguém para me visitar e ainda deploro o pensamento de muitos conhecidos. Resumindo, Ogro. Mas suave no trato, risonho, cordial e gentil.
- Traços de personalidade:
Portador de carência afetiva congênita, evasivo, dissimulado, neurótico, imaturo e rancoroso. Humor cada vez mais oscilante com pitadas de transtorno obsessivo compulsivo (TOC) moderado. Permanentemente irônico e auto-depreciativo.
- Preferências e preconceitos:
Apesar de criado na década de 1950 em família tradicional mineira, tenho uma cabeça mais aberta - graças às influências positivas dos filhos. Por isso, mesmo que faça piadas politicamente incorretas (e faço sempre - apesar das críticas dos filhos), abomino e condeno radicalmente o racismo, a homofobia, a ignorância, a truculência, a grossura, a falta de educação e de cultura, a negação da Ciência e todo tipo de fundamentalismo, seja ele ideológico, político, religioso ou comportamental. Nem preciso explicitar que sinto desprezo e que sou radicalmente contra os mitos e deuses da política e contra também seus apoiadores/adoradores/seguidores incondicionais, sejam eles radicais de direita ou de esquerda (não quero citar nomes para não datar e, principalmente, para não sujar o texto). Além disso, totalmente a favor do direito ao aborto, do casamento gay e do feminismo.
- Assuntos prediletos:
Música (não confundir com axé, sertanejo, funk e gospel), Humor (sempre!), livros, HQ de humor, cultura inútil, História (de qualquer época), Arte, Literatura, assuntos científicos e “cultura pop”.
- Sonhos de consumo:
Ser vacinado contra a Covid, poder abraçar e beijar as pessoas que amo (inclusive as netinhas, nunca abraçadas nem beijadas), morar à beira de uma praia mais deserta só para ver e ouvir o eterno vai e vem das ondas.
- Estado de espírito atual:
Desespero, irritabilidade, tristeza, ódio, desalento, depressão, vontade de sumir.
- Expectativa de vida:
Quê? Não entendi bem a pergunta! 

14 comentários:

  1. Rapaz, seu senso de humor é ótimo. Ri muito em algumas partes do texto. :) Abração!

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  2. "quase 100% convicto" é o mesmo que 50% e também o mesmo que 1% de convicção; estatística da vida, meu velho

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  3. Eu também havia notado o quase 100% convicto, mas achei melhor não comentar.

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  4. Nada como uma boa provocação para provocar reações espantadas! Eu já estava nas bicas de publicar, só estava dando uma última relida (das cinquenta que às vezes faço) quando bati o olho na frase e pensei comigo: "Vou sacanear!" Não deu outra. Mas, como dizia meu amigo Pintão ao citar os calcanhares de Aquiles, "meus calcanhares estão bem defendidos".

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  5. Além do mais, a "vacina" já estava no próprio texto: "Permanentemente irônico e auto-depreciativo".

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  6. texto memorável
    abandone o facelixo

    abs!

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    1. Pois é Scant. O Ivan Lins compôs belas músicas na época em que se separou da Lucinha Lins. Uma delas, manjadíssima, diz assim: "você foi saindo de mim devagar e pra sempre, de uma forma sincera, definitivamente". A letra do Vitor Martins captou bem a dor de corno sentida. E é mais ou menos isso que está acontecendo comigo em relação ao Facebook. Depois de cancelar a amizade com seis amigos bolsonaristas-raiz, percebi que tinha ficado quase invisível, pois os 154 amigos remanescentes não postam nem curtem nada do que compartilho. Sei que ainda tenho amigos bolsonaristas, mas estão silenciosos. Dos demais, um morreu de câncer, uma está hospitalizada (tumor na cabeça) e o resto só fica na moita. Quem realmente vê o que publico ou compartilho é um grupinho de seis ou sete pessoas, aí incluídos dois filhos e minha mulher. Então, também estou saindo do Facebook "devagar e pra sempre".

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    2. bem, crítica política acaba cansando
      não adianta, não vai mudar
      o próximo pode ser ainda pior

      "um morreu de câncer, uma está hospitalizada (tumor na cabeça) " - é o fim do show da vida, faz parte

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    3. É verdade. O astrônomo Carl Sagan teria dito que "Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar". Mas eu não fico só malhando. Algumas das horripilantes piadinhas que posto aqui no Blogson nasceram no Facebook.

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