quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

SEM RIMA, SEM POESIA

Minha vida é uma vida vazia
De significados e de sentido.
Vida real, sem rima ou poesia,
Um vazio tão abrangente e absoluto
Que lembra o avanço de u’a pandemia
Pois não há cerca ou controle
Nem vacina que imunize contra meu dia
Dia que se repete como se clonado fosse
De outro dia, de outro dia, de outro dia.
Não há mandinga, reza brava ou magia
Que me salve da repetição, monotonia 
Acordo quando a claridade anuncia
O alvorecer de novo dia, mas não
É só mais um recomeço da diuturna agonia
restrita às tarefas que se reiniciam
Como de Prometeu o fígado regenerado.
Levanto-me e solto o cachorro
Que teima em dormir na cozinha,
Que alonga o corpo e abana o rabo
Em claro sinal de "bom dia!” 
Ainda sonarento engulo três medicamentos
Preventivos para prefixos antagônicos
Hipo tiroidismo, hiper tensão e, claro, arritmia.
Ligo o computador e logo acesso
Meu perfil do Facebook
Ou os portais que noticiam
As notícias do dia anterior - comida fria
- pois já lidas à meia-noite, quando, sonolento
Cabeceio tentando não dormir, ficar atento
A imaginar um novo texto,
Ideias gastas, velha e triste ironia
Que perpetuo a cada dia em desalento
Pregado na roda da rotina que me esmaga
Me tritura e asfixia.

 

Um comentário:

  1. Riscando fósforos como quem risca os dias
    Queimando dolorosamente devagar

    Se a gente pudesse começar de novo Morrer, morrer e morrer
    Até chegar na vida que sonhamos ter
    (Um dia)

    Às vezes eu toco meu próprio rosto e nao sinto quem me toma

    Eu posso engolir minha língua e rasgar seus lábios
    Será a dor o que torna tudo real pra você?

    Se eu brinco no escuro
    De voltar ao limbo
    E me encontro em paz
    Quando enfim nao sou mais ninguém

    Que sentido há em fazer tudo outra vez?

    ...

    Oi, Jb. Como tem passado? Escrevi esse texto hoje. Se quiser pode publicar, vai ser uma honra.
    Abraço, da sua velha amiga

    "J"

    ResponderExcluir

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...