segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

ESPASMOS DA DEPRESSÃO

 
Não sei se é perceptível, mas, em virtude (nenhuma virtude, para ser verdadeiro) de ser emocional e eternamente imaturo, sempre gostei de fazer piadinhas e graçolas sobre quase tudo usando um humor de quinta série e um comportamento proposital e inescapavelmente gaiato, brincalhão, "galhofeiro" e inconsequente (que continua até hoje, apesar dos atuais setenta anos). Talvez tenha sido esse traço de (falta de) personalidade que me fez querido pelo pessoal da terceira idade quando eu era mais jovem, talvez também tenha me protegido e blindado parcialmente nas empresas onde trabalhei. Afinal, eu era o "simpático", um sujeito de sorriso fácil, bom humor permanente, inofensivo na aparência, afável, sempre bem disposto, sempre tentando criar um clima descontraído, sempre desejando ver as pessoas sorrindo.
 
Ultimamente, por mais que eu tente nunca despir essa fantasia, esse uniforme de Super-Simpático, está cada vez mais difícil exibir esses sub-poderes. Esta é uma explicação (des)necessária para o entendimento do clima dos próximos quatro posts, pois são retratos, flashes da depressão vivida em momentos recentes – esquizofrenicamente escritos de forma alternada com textos de "humor".
 
Para finalizar esta colcha de retalhos mal alinhavada e costurada, repito este  recado: a partir de amanhã, quatro posts escritos em momentos de extrema tristeza e desalento. Mesmo que surgidos em momentos distintos, resolvi encadeá-los, “enfileirar” um após o outro. Assim, meu amigo virtual Scant – que fica escandalizado com o baixo astral que às vezes me invade – não precisará ler nenhum. E só mais um comentário: quando eu quero fingir que não sou eu mesmo que estou "ali", eu também finjo escrever versos. Dupla mentira: nem são versos de verdade e sou eu mesmo que estou ali, no cu da depressão. Fui.
 

 

7 comentários:

  1. Respostas
    1. Pois é, meu amigo, eu torço para que a velhice (ainda tão, mas tão distante!) seja um fardo leve para você. E digo isso porque ela é mesmo um fardo, nunca deixa de se ser. Talvez a mamoninha assassina tenha tornado esse fardo um pouco mais pesado para mim. Ainda está muito cedo e você certamente esquecerá, mas procure sempre ter prazer em viver. Hoje, para mim, o ideal de prazer seria morar em uma cidade litorânea, para ir à praia todos os dias, mesmo que fosse apenas para ficar olhando o vai e vem das ondas. Mas eu não tenho grana para fazer isso (sem contar os laços afetivos que me prendem por aqui). Abraços.

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    2. Vc estava morando em um lugar desses antes da pandemia?

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    3. Quem me dera! Sou um matuto mineiro (que ficou 40 anos sem pisar em uma praia).

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    4. Outra ideia que me atrai muito (mas agora, como cantou a Carole King, "It's too late") seria morar na Austrália ou Nova Zelândia.

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    5. em MG tem várias cidade turisticas
      já pensou em morar pate do ano em uma delas
      passar a velhice viajando por elas pode ser interessante durante alguns meses do ano
      são lourença, por exemplo, tem aguas medicinais

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    6. Agradeço a sugestão, meu caro Scant, o problema (ou os problemas) são os laços afetivos, tão intensos que nunca consegui trabalhar fora de BH (se quisesse iria solteiro ou separado). Além do mais cidades turísticas tem custo de vida alto. Por isso, ainda sonho (apenas sonho) em uma praia mais deserta, menos procurada nas férias.Tenho uma amiga que mora atualmente em Trancoso, na Bahia. Nunca tinha ouvido falar ou prestado atenção. Imaginei que a vida lé deveria ser baratinha, mas dancei. Parece que é super badalada e cara. Enfim, como cantou o Juca Chaves na época em que existia a revista Manchete: "Quem nasceu pra Manchete nunca chega a Paris Match". Abraços.

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