segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

BANHEIRO QUÍMICO

Já contei esta história aqui antes. Mesmo assim, vou contá-la de novo, só para criar um cenário ou pano de fundo ao que quero dizer. A história é a seguinte: um conto de Monteiro Lobato que li há milhares de anos mostra Deus e o arcanjo Gabriel olhando “lá para baixo”, observando a vida existente naquele planetinha colorido. Gabriel vai perguntando e Deus explicando, etc. Em determinado momento o arcanjo tem sua atenção voltada para uma fila de “formigas” estranhas, barulhentas, animaizinhos que se destacavam das demais espécies e pergunta o que é aquilo. E Deus responde:

- Aqueles são os seres humanos em sua caminhada pela vida. Eles creem ter sido criados à minha imagem e semelhança.
- E por que emitem tão grande variedade de sons?
- Pois é... Cada grupo criou sua própria língua, diferente das demais.
- Ah, mas eles conseguem entender o que os outros dizem?
- Claro que não! Esse é um dos motivos de viverem se estranhando.
- Que horrível!
- Mas um dia um homem tentou resolver esse problema de forma definitiva.
- Acabou com todas as línguas!
- Não, criou mais uma.
 
Como não tenho memória fotográfica, com exceção das duas últimas frases os diálogos foram obviamente criados por mim. Mas o sentido da história é esse mesmo. E a língua criada é o esperanto.
 
Montado o cenário, vamos ao que (não) interessa. Quando não estou pensando em alguma idiotice para publicar no Blogson, gasto meu tempo em tentar organizar o blog, mudar sua estrutura, revisar posts, etc. Creio agir assim por ter o desejo de que ele seja lido e acessado mesmo quando eu tiver parado de fazer novas postagens ou quando eu "tiver sido desligado". O nome disso é vaidade (“eu me amo, não posso mais viver sem mim!”).
 
Nas muitas idas e vindas já acontecidas por conta desse desejo de perpetuidade, o que sempre restou depois de mais uma “organização” foi o surgimento de um novo marcador (ou "seção", como gosto de chamar). Essa a razão de ter contado a história do esperanto. A mais recente ideia de jerico nesse sentido foi pensar na criação de novo marcador para abrigar os posts de péssima qualidade já produzidos, independente da temática. Seria uma espécie de “banheiro químico” do blog. Os posts muito ruins seriam movidos definitivamente para a nova seção (o risco seria de mover todo o blog!).
 
Antes que alguém acredite que essa seria mais uma das grandes asneiras que marcam a vida do blog da solidão ampliada, preciso lembrar que essa mudança funcionaria como um neutralizador da ansiedade que volta e meia esguicha de alguns textos produzidos em momentos mais depressivos, pois tratar-se-ia de avaliar os mais de dois mil posts já produzidos.
 
Mas aí a ficha caiu e eu percebi que isso seria de uma burrice capaz de tornar-me apto a assumir a presidência do país. E o motivo é simples: de nada adiantaria dragar o fundo do blog, pois os posts remanejados continuariam desconhecidos da maioria dos onze amigos virtuais (que o blogger teima em chamar de seguidores. Parêntese: não sendo exemplo de vida para ninguém, considero extremamente pedante chamar alguém de “seguidor”. Parêntese fechado).
 
E foi justamente pensando nesses amigos virtuais que cheguei à solução salomônica para organizar e modernizar o velho Blogson. Não será criada nenhuma nova seção ou marcador (aleluia!), mas os posts que eu entender que valem a pena ser trazidos para a superfície do blog serão progressivamente movidos para os dias atuais, com o cuidado de indicar a data original de sua publicação. Assim, o lixo do blog e os posts com data de validade vencida continuarão mantidos nas profundezas do Blogson.

E mesmo que eu ainda tenha em estoque seis posts novinhos em folha, essa movimentação do “melhor do peor” aliviará a pressão para criar novos textos. Ao tomar esta decisão, acabo de me tornar gigolô de mim mesmo!

2 comentários:

  1. Olha, o nome "seguidores" pode ser alterado, bastando ir ao layout do blog e clicar em editar. Aí, você coloca o nome que achar mais legal.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se minha ignorância permitir, vou tentar fazer isso, embora tire a oportunidade de sempre mencionar que são amigos virtuais. Valeu! A propósito, gostou da ideia? O próximo post talvez seja escolhido nas profundezas de 2014. O problema é que quando eu escrevo alguma coisa eu sempre acredito que é genial, blablabla. E eu estou com seis posts novos programados, três desses que eu considero "geniais". Mas, claro, que além de mim, ninguém achará ("que grande artista...")

      Excluir

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...