terça-feira, 31 de outubro de 2023

A PORTA


Não sou comentarista de notícias bizarras ou irritantes. Sou apenas um contador de casos que gosta de contar casos. Por isso vou contar um caso que ouvi de um conhecido. Tem toda cara de ter sido inventado, mas gostei da história e pedi que me contasse de novo para que eu pudesse gravar. É a conversa entre dois amigos velhos, dois velhos amigos que estão sentados em um banco de praça.
 
- Compadre, que você acha da morte?
- Pergunta besta, compadre, não acho nada.
- Será que morrer dói?
- Ah, sei lá! Só sei que você vai morrer, todo mundo um dia vai morrer, e até eu, infelizmente, vou morrer.
- E será que demora?
- Demora o quê?
- Para nós dois morrermos, uai!
- Eu não gosto de pensar nisso, mas espero que demore.
- Como deve ser a morte?
- Não sei, pois quem a conheceu nunca quis me contar.
- Será que ela tem uma foice?
- Conversa ruim, heim compadre? Sei lá, deve ter.
- Dizem que é uma mulher feia, muito magra e vestida de preto...
- Você deve estar vendo muito filme de terror!
- Perguntei porque  eu acho que a morte não é uma pessoa
- Ah é?
- Para mim a morte é só uma porta
- Porta? E aí? Você entra e não sai mais?
- Não sai mais, nunca mais.
- Compadre, você tem cada ideia! Acho melhor jogar uma partida de dama. 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

CHECK-UP (COMO CUSTEI A ME LEMBRAR DESTA EXPRESSÃO!)


Minha mente tem oscilado tanto quanto oscila meu corpo quando ando. Meus joelhos rangem emperrados tanto quanto parecem estar minhas circunvoluções cerebrais.

Todo dia, em todos os dias eu percebo que meu vocabulário tem diminuido e que lembrar de palavras que expressem adequadamente os sentimentos ou ideias que pretendo expor tornou-se um exercício de paciência muda enquanto espero que o cérebro se digne a finalmente reagir.

O sentido da minha vida lembra hoje uma placa de beira de estrada que a ferrugem e a falta de manutenção tornaram ilegível e que o mato crescido à sua volta ocultou.

Minha tristeza embaraçou-se com a alegria como se fosse o cipó que enlaça e asfixia a árvores onde se instalou.

A dor emocional – embora quase insuportável – não se rivaliza com a dor física que traz consigo o desejo de estar morto.

E a esperança que antes iluminava os sonhos, desejos e objetivos a alcançar resume-se hoje à vontade de que a vida passe mais rápida, que não demore a se acabar. 

 


sexta-feira, 27 de outubro de 2023

MIOPIA EM MARKETING

 
Os comentários super bem vindos a respeito do post “Preciso de novo atacadista” atiçaram minha vontade de propor uma nova teoria "miojo" (aquela que etc.), uma teoria pseudo psico sócio antropológica instantânea sobre o público dos blogs.
 
Então, esta é a ideia: as pessoas que acessam este ou aquele blog têm algum interesse em comum com quem alimenta os blogs com suas postagens. Se fizermos uma lista de desejos dos autores e leitores podemos dizer que:
 
um blog é um instrumento de comunicação;
o bicho-homem sente necessidade de comunicar-se com os da sua espécie;
ninguém ou quase ninguém está interessado em saber o que o outro pensa, todos querem apenas dizer o que pensam, dar sua opinião;
textos autorais precisam ser muito bons e atraentes dentro da linha escolhida por quem os escreve;
se o autor não é uma personalidade conhecida é pouco provável que atraia muitos leitores;
o que a maioria quer hoje em dia é a simplicidade das imagens publicadas nas redes sociais;
para muitos, saber o que um famoso come ou o que veste é muito mais interessante que a leitura de um comentário inteligente sobre assuntos da atualidade;
ler exige concentração e um mínimo de intimidade com  o vocabulário utilizado nos textos escritos;
Uma antiga propaganda de aparelhos para surdez trazia este slogan: "para você que escuta mas não entende bem as palavras”. Hoje, basta mudar a palavra “escuta” para “lê” que fica perfeito: para você que lê mas não entende bem as palavras. Porque o analfabetismo funcional é hoje uma realidade no país.
 
Em 1976 ganhei do diretor da empresa onde trabalhava uma cópia do famosésimo artigo Miopia em Marketing, de Theodore Levitt. Nesse artigo ele dizia basicamente que muitas empresas se deram mal e até fecharam as portas por não entender qual era efetivamente a essência última de seu negócio. Creio que citava o caso dos fabricantes de carruagens e carroças, que praticamente desapareceram por não entender que seu verdadeiro negócio era o transporte de passageiros, não a fabricação de veículos com tração animal.
 
Se transportarmos esse conceito para os blogs, talvez possamos dizer que o “negócio” que se espera de um blog não são textos belamente escritos ou lindamente ilustrados. O que os leitores que os acessam esperam mesmo é diversão, mesmo que essa diversão possa se apresentar de formas diferentes, seja em um blog que publica poemas, seja em um que privilegia o sarcasmo e até naquele que divulga as últimas novidades sobre jogos e filmes de ação.
 
Creio que essa especialização pode ser a responsável pelo maior ou menor número de seguidores e/ou visualizações. Comparando, por exemplo, o público do Blogson Crusoe, um blog que alterna temas sérios com poesias de pé quebrado, desenhos que lembram pintura rupestre e humor de baixíssima qualidade com o recém descoberto “Pensamentos e Devaneios Poéticos” pode-se perceber a importância da exploração de “nichos de mercado”. O nicho do blog “Pensamentos e Devaneios Poéticos” é a excelente poesia escrita por seu titular, refletindo-se nos 744 seguidores do Ryc@rdo. Já o lixo de mercado (perdão, eu queria dizer nicho) ocupado pelo velho e alquebrado Blogson estimulou apenas 14 malucos a seguir sua produção errática e esquizofrênica.
 
Então esta é a mensagem: se você quer mais leitores tente entender o que a maioria deseja. Se estiver de acordo com os seus interesses, ótimo. Se não, aprenda a conviver com duas visualizações diárias. Ou então, bem dentro da linha instagram, transforme seu blog  em um replicador de fofocas e fake news.
 
E uma boa fofoca é o que todo mundo sempre ama escutar. Hoje e sempre. Em seu livro Sapiens o escritor Yuval Noah Harari expôs a teoria se que o principal motivo da evolução da linguagem e sua complexidade foi a fofoca. E há trechos divertidíssimos onde ele detalha um pouco mais essa teoria:

“Não é suficiente que homens e mulheres conheçam o paradeiro de leões e bisões. É muito mais importante para eles saber quem em seu bando odeia quem, quem está dormindo com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro”.
(...) Você acha que quando almoçam juntos professores de história conversam sobre as causas da Primeira Guerra Mundial, ou que físicos nucleares passam o intervalo do café em conferências científicas falando sobre partículas subatômicas? Às vezes. Mas com muito mais frequência eles fofocam sobre a professora que flagrou o marido com outra, ou sobre a briga entre o chefe do departamento e o reitor, ou sobre os rumores de que um colega usou sua verba de pesquisa para comprar um Lexus”.
 
Captou a mensagem? Não? Vou sintetizar: O que todos buscam em um blog é diversão, entretenimento. E é isso que tentei o tempo todo mostrar neste post, que ficou uma merda!

 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

PRECISO DE NOVO ATACADISTA

 

Pouco depois de criar o Blogson encontrei e fui encontrado pelo blogbuster Marreta do Azarão, um verdadeiro blockbuster dos blogs. Esse encontro foi extremamente benéfico para mim, pois graças ao “imprimatur” que me foi concedido por ele, novos leitores começaram a chover na horta do blog, fazendo com que o Blogson ficasse mais visível, mais visitado e mais comentado. Esses novos leitores até me fizeram enxergar o Marreta como um atacadista de blogs, pois não fosse ele talvez eu não tivesse insistido em descolar assuntos e postagens interessantes para o público que chegou, que eu chamaria hoje de “a Turma do Marreta”, gente totalmente alinhada com sua forma pouco moderada de ver a vida.
 
Por eu ter a mania de contestar e criticar os poderosos de plantão aconteceu de ficar em sintonia com esses leitores do Marreta e fui até convidado a publicar textos em um blog, etc. Essa construção começou a rachar e a desmoronar quando continuei a criticar os poderosos de plantão, só que agora os plantonistas eram outros. E aí eu vi a quantidade de acessos começar a minguar, etc. Mesmo tendo acontecido um hiato, o Marreta foi o único que continuou a acessar o blog.
 
Hoje, entretanto, descubro que ele está de saco cheio e que talvez até pare de postar, pois não consegue mais tirar prazer de seu poderoso Marretão (estamos falando do blog, ok?).
 
Por isso, preciso encontrar com urgência um novo atacadista de leitores e visualizações. A merda toda é que meu perfil moderadíssimo parece não atrair novos leitores, pois já notei que blogs autorais não são atraentes para a legião de internautas que privilegia selfies e boquinhas de cu compartilhadas nos instagrams da vida.
 
Por isso, mesmo que tente competir com esse pessoal, minha idade provecta e perfil friwílico me coloca sempre em desvantagem. Acho que esta é minha sina – nasci pobre de dinheiro, morrerei pobre de leitores. O tempora, o mores!
 
E para que ninguém diga que este texto está uma merda total, terminarei escrevendo belas frases em latim (mesmo sem saber seu significado), sempre adequadas para dar um pouco de nobreza e classe a textos mambembes que muita gente escreve.
 
Veni Vidi Vinci, Carpe Diem, In Vino Veritas, Quo Vadis? Sacer Locus Puer Extra Mingit! Sine Qua Non, Rebus Sic Stantibus, E Pluribus Unum, Honoris Causa, Semper Fidelis, Et Coetera, Et Coetera, Et Coetera.

E AGORA, QUEM PODERÁ ME DEFENDER?

 
Tomei a frase emprestada de personagens do antigo seriado “Chapolin Colorado” só para chamar a atenção dos incautos para uma situação real que está me incomodando.
 
O Blogson Crusoe é um blog super anêmico, mas nunca chegou à invisibilidade de que padece hoje. Na verdade ele não está invisível, ele está transparente e eu não sei o que fazer para corrigir isso.

Explicando melhor: existem dois blogs que incluíram  o velho blogson em sua lista de blogs, o que me deixa muito feliz. O problema é que não há atualização das publicações que faço. Pondo os pingos nos is, nas duas listas a postagem mais recente do Blogson tem este título: “Santo Graal”. O problema é que depois disso já foram publicados três posts, a saber: “Trocando em miúdos”, “Sacando a rolha” e “Século dezenove vírgula sete”!!!
 
E agora, “quem poderá me defender”? Ou melhor, quem poderá me dizer o que devo fazer para acabar com toda essa transparência, toda essa invisibilidade?

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

SANTO GRAAL

 
Este desenho é o Santo Graal de todas as bobagens que imaginei para usar em estampas de blusas. E Santo Graal por sido o que mais gostei de imaginar e o que mais necessitaria de uma arte final competente. Para quem nunca ouviu ou não curte a música universal dos Beatles, é um desenho inspirado na capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Só que além do Sargento Pimenta, todos os outros são também pimentas.
 
Achei dificílimo acertar o desenho de acordo com as cores originais das roupas usadas pelos Beatles. Além disso, fiquei na dúvida sobre o bumbo da bateria do grupo. Seria mesmo um bumbo ou um vidro de molho de pimenta? Nesse caso, conseguiria fazer a perspectiva do vidro? E qual seria o nome da “banda”, pintado no bumbo ou vidro? Aí guardei os esboços e nunca mais pensei no assunto. Até agora. Mas chega de desenhos infantis e mal executados.





domingo, 22 de outubro de 2023

ALI SIR NO BLOG DAS MARAVILHAS

 
Anteontem, contando para uma cunhada a associação que fiz de uma lemniscata com o Big Bang e o “pré Big Bang” ela me perguntou como eu conseguia pensar essas idiotices. Disse-lhe não saber, pois essas associações surgem sem que eu tenha controle sobre elas. Ontem, por exemplo, talvez por culpa de uma overdose de leite com toddy depois das 22 horas, acordei de madrugada, saindo de um sonho/pesadelo onde tentava associar os blogs com a história de Alice no País das Maravilhas.
 
Hoje, durante o café da manhã e já completamente desperto, resolvi viajar pesado na maionese, para tentar “materializar” a ideia maluca surgida. O que sairá eu sinceramente não sei, mas vou bancar a versão masculina da Alice, um "senhor Ali" ou Ali sir (com este trocadilho horroroso o texto já começou mal!) e mergulhar na toca do coelho apressado, mesmo com a certeza de que não sairá disso nenhuma maravilha. Bora lá.
 
O que um blog, o que os blogs têm em comum? Um blog normal tem textos publicados, comentários de leitores sobre esses textos, número de visualizações por texto, quantidade de seguidores, seguidores que nunca se manifestam, seguidores que resolvem deixar de sê-lo e leitores que muitas vezes aparentam ser pessoas exóticas ou até de difícil convivência, alegrias e decepções. Acho que esses são os componentes de um blog.
 
No caso do País das Maravilhas, usando meu conhecimento da versão Disney da história, temos uma toca de coelho onde Alice resolve entrar. A partir daí se depara com um mundo novo, inesperado, pois além do coelho sempre apressado acaba convivendo com uma lagarta que fuma narguilé, cogumelos que fazem quem os come crescer ou diminuir, um chapeleiro louco, um gato que desaparece e reaparece, a rainha, o rei, a morsa, as ostras, os soldados de carta de baralho, etc. Como costurar esses retalhos para produzir uma colcha é o desafio.
 
Para começar, eu vejo a toca do coelho branco como o próprio blog, um lugar onde se entra sem saber o que acontecerá depois. O coelho apressado – pensando em mim mesmo – seria o blogueiro, sempre angustiado para criar novas postagens, sempre preocupado em publicar com a máxima frequência.
Os cogumelos que fazem crescer e diminuir poderiam ser as visualizações do blog em geral ou de um post em particular. No caso do Blogson esses “cogumelos” só fazem diminuir, não há Viagra intelectual que faça isso mudar:
 
A lagarta tabagista e o chapeleiro louco poderiam ser associados aos leitores que acessam o blog e comentam alguma coisa, comentários muitas vezes enigmáticos ou até aloprados. Já o gato que some e reaparece – além de ter copiado o sorriso da Gal Costa - poderia muito bem representar a transitoriedade da presença dos seguidores, pois um dia você tem x seguidores, no dia seguinte tem x menos um. C’est la vie...
 
Quanto aos demais personagens vou me abster de traçar paralelos com o blog, pois o efeito do leite com toddy passou e já estou de saco cheio de falar bobagens.
 
Para finalizar, o que posso dizer é que os blogs parecem mesmo tocas de coelho que levam seus titulares a mundos alternativos e surreais, às vezes até com algum efeito alucinógeno - tal como os cogumelos da história - e se prestar a diversas interpretações psicológicas (como parece já ter já acontecido com a história da Alice). Mas não sou psicólogo, sou apenas um blogueiro ansioso para divertir os dois ou três leitores que ainda acessam esta bagaça. Mesmo acreditando não ter conseguido.

GOSTOSO!

 
Tem cara que é assim: na hora do banho, depois de pendurar a roupa no cabide, fica fazendo poses peladão diante do espelho, se achando o máximo. E a roupa no cabide só pode ser um rou pão (para uma salsicha de hot dog queria o quê?).



sábado, 21 de outubro de 2023

JAMES!

A questão é a seguinte: se o Brigadeiro Eduardo Gomes foi homenageado e "emprestou" sua patente para dar nome ao brigadeiro, docinho de festa que todos adoram, por que o rei da soul music não poderia também ser lembrado através de um brownie, ou melhor, do "James Brownie"? Olha aí.


sexta-feira, 20 de outubro de 2023

EPPUR SE MUOVE


Eu não quero saber o que pensa
Eu só quero que saiba o que eu penso
Pouco me importa sua opinião
Pois não erro e sei que estou co'a razão
 
Talvez fosse essa a crença
Do juiz que lavrou a sentença
Para Galileu retratar-se
 
Sem saber, sem perceber
Que nenhum espelho reproduz
A certeza que a alguém seduz
 
Pois reflete pelo avesso
Sua imagem e pensamento torto
Onde o que parece ser sim vira mis
E o oblíquo, o esconso aparenta ser orto
 

FRANGO COXINHA

A ideia desta estampa seria a de um frango assado onde as coxas naturais fossem dois salgados em forma de coxinha. Nada muito non sense, fabuloso ou minimamente criativo. O problema real é que eu nunca me senti capaz de reproduzir em um desenho a pele brilhante e deliciosamente crocante de um frango assado real. Por isso, fiz apenas uma montagem toscona só para não esquecer a piada.



quinta-feira, 19 de outubro de 2023

FALANDO DE VICKYS, ZULUS E CLEONICES

 
Nunca pude ter um cachorro quando era criança, mesmo que fosse louco para ter um. Morávamos na casa de minha avó materna, uma casa pequena onde convivíamos com oito tios e tias. Gato então, nem pensar. E a vontade de ter um companheiro com quem brincar acabou passando, como tudo tem de passar.
 
Ao entrar na adolescência meu interesse voltou-se para as gatas, um tipo especial de gatas, mas eu era feio, tímido, bobo e inexperiente. Por isso, sempre que eu tentava me aproximar de alguma era ignorado, desprezado e até ridicularizado. Isso só mudou quando uma gata lindíssima de olhos ainda mais lindos se interessou em ouvir o que aquele sujeito bobo, tímido, feio e inexperiente tentava lhe dizer.
 
Entre 1976 e 1987 nasceram nossos quatro filhos. Assim, durante vinte anos tivemos crianças em casa, muitíssimo mais adoráveis que qualquer animalzinho de estimação. E foi justamente o filho mais novo o responsável por uma grande mudança em nossas vidas.
 
Depois de finalmente convencer a mãe a lhe deixar ter um cão, pediu para a madrinha um labrador de presente. Graças ao bom senso da madrinha, ganhou um filhote de dachshund, uma cadelinha de pelo preto e focinho cor de caramelo, que recebeu o nome de Vicky, uma referência indireta à vitória da persistência de nosso filho.
 
Essa cadelinha foi aos poucos minando as resistências à sua presença em nossa casa e conquistando o coração de todos os moradores. Ou quase todos, pois talvez por eu ter crescido sem nenhum contato com algum pet, não dava muita confiança à Vicky.
 
Um dia, alguns anos depois, fruto de nossa inexperiência, ela ficou com as patas traseiras paralisadas. Ficamos mortificados por essa novidade, mas a situação agravou-se ainda mais e fomos obrigados a sacrificá-la. Meu sobrinho nos levou a uma clínica veterinária, onde fiquei com ela no colo até que a retirassem definitivamente de nosso convívio.
 
Enquanto fazia carinho em sua cabeça e corpo sentia meu peito ardendo, a boca seca e uma vontade imensa de chorar, o que fiz muito ao voltar para casa sem ela. Todos também choraram, especialmente minha mulher, que pediu para nunca mais ter um bichinho de estimação em nossa casa.
 
Um dia, já casado, nosso segundo filho perguntou se poderia deixar seu Staffy Bull alguns dias em nossa casa, pois estava de mudança para outra cidade, etc. O aloprado Zulu ficou nove anos, mas também vítima de nosso desconhecimento acabou sendo sacrificado. Sentimos muita falta dele, mas ninguém chorou dessa vez.
 
Hoje não temos mais e talvez nunca mais tenhamos um animal de estimação para nos irritar, sorrir e nos fazer companhia. Talvez seja melhor assim.

QUARTO SEGURO, TERRA INSEGURA

Reflita comigo: para viver de acordo com suas crenças religiosas, identificação cultural ou étnica você aceitaria morar em um lugar onde as residências precisam possuir um “quarto seguro” – um quarto feito de concreto reforçado com portas de aço herméticas e janelas projetadas para suportar ataques de mísseis? Minha resposta é: Não! Não mesmo, nem pensar!
 
Dito de outra forma e por ser este um post de vida efêmera, reproduzo trechos de um poema que escrevi em 2017, muito antes desta desgraceira atual:
 
Desconfio de leis imutáveis, 
Incomodam-me ritos e rituais
Rejeito dogmas e tradições
E seitas fundamentalistas
 
Resumindo, o que eu quero mesmo é morar à beira da praia, uma praia brasileira semi-deserta, só para ficar vendo o vai e vem das ondas, sem ter medo, sem pensar, sem saber de bombas, mortes e tragédias.

MEIO DEPRÊ

 
Às vezes o peso da Vida pode nos deixar um pouco deprimidos, não é mesmo?



quarta-feira, 18 de outubro de 2023

O RETORNO DOS NACIONAIS

Tenho aproveitado o Blogson para desovar alguns desabafos e teorias miojo em posts de vida efêmera, pois são logo excluídos justamente para não contaminar o blog com minha visão cada vez mais desencantada da Vida. Este é um deles.
 
O desespero de centenas de brasileiros para sair de Israel ou da Faixa de Gaza para a segurança do Brasil fez com que uma ideia antiga voltasse a circular na minha mente: afinal, na prática (desconsiderada a legislação que trata disso), quem pode ser considerado brasileiro/a?
 
Conheço vários jovens que se mudaram para os Estados Unidos, cada um com seu motivo particular, mas duvido que estivessem interessados no american way of life. A maioria, provavelmente, foi em busca de grana, mesmo que para ganhá-la tivessem de executar trabalhos braçais que jamais aceitariam realizar se estivessem no Brasil. Muitos desses jovens conseguiram esconder sua condição de imigrantes ilegais e até prosperaram na terra do Tio Sam. Conheço pedreiros, faxineiras, pizzaiolos e motoristas de taxi que estão lá até hoje, vinte, trinta anos depois de deixar o Brasil, alguns até casados com americanos/as.
 
Se lhes perguntarem se têm vontade de voltar, a maioria provavelmente responderá que sim, mas certos de que não conseguiriam aqui a mesma remuneração que recebem no exterior. Para mim, essas pessoas são apenas brasileiros que moram em outro país. Agora, quando há motivação religiosa, cultural ou étnica para que alguém se mude do lugar onde nasceu a coisa muda de figura.
 
Voltei a pensar nisso em virtude da tragédia em andamento no Oriente Médio e nas centenas ou milhares de brasileiros tentando voltar para o Brasil com medo dos horrores da guerra entre palestinos e israelenses. Sinceramente falando, mesmo que tenham nascido aqui, mesmo que tenham dupla cidadania, não consigo vê-los como “brasileiros”.
 
Por isso, sempre discordo quando vejo alguém ser considerado “brasileiro” apenas por ter nascido e vivido algum tempo no país. Ah, o senhor ou a senhora segue a religião judaica e por isso resolveu viver na “terra prometida”? Amigo/a, você é israelense antes de tudo! Você tem parentes na Faixa de Gaza e resolveu viver na terra de seus antepassados? Você é palestino/a! O mesmo acontece com nisseis ou sanseis que resolvem fazer o caminho de volta para o Japão. Nasceram no Brasil mas são japoneses de corpo e alma.
 
Na minha opinião sincera, quem troca de país movido por laços parentais, afinidade cultural, étnica ou religiosa não é realmente brasileiro. Usando uma palavra dita por um embaixador ao referir-se ao pessoal que está louco para sair da região em guerra, seriam no máximo “nacionais”. E para eles o Brasil seria apenas uma válvula de escape, um porto seguro em caso de extrema necessidade.
 
Mas há um caso curioso e que talvez seja do conhecimento de poucas pessoas (só quem gosta de cultura inútil descobre essas coisas). Peter Medawar, filho de pai libanês e mãe britânica,  nasceu em Petrópolis e viveu alguns anos no Brasil, quando foi mandado para a Inglaterra para estudar. Para encurtar a conversa, estudou, foi professor e pesquisador em algumas universidades e ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1960. Bacana, não?
 
Então temos um Prêmio Nobel nascido no Brasil mas que viveu e fez seus estudos e pesquisas na Inglaterra (onde morreu)? Lamento dizer que Sir Peter Brian Medawar não pode servir de motivo de orgulho para os brasileiros, justamente por não ser brasileiro (provavelmente estava pouco se lixando para isso). No caso dele, isso é verdade total, pois perdeu a nacionalidade brasileira ao não prestar o serviço militar obrigatório na Terra de Santa Cruz. E o Brasil perdeu a chance de ter um prêmio Nobel para chamar de seu. 

terça-feira, 17 de outubro de 2023

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

SELEÇÃO DESNATURADA

Santa Inquisição, Onze de Setembro, Holocausto, massacres no Camboja, Armênia, Ruanda, Holodomor na Ucrânia, Guerra dos Trinta Anos, genocídios, assassinatos isolados ou em massa, estupros, degola de inocentes, limpeza étnica - o que essas tragédias têm em comum? Para mim, a crueldade, intolerância e o sadismo, disfarçados ou camuflados em crenças fundamentalistas, ideologias, mitos religiosos, fanatismo e radicalismo exacerbado.
 
Hoje, pensando em todas as atrocidades que o ser humano é capaz de fazer, toda a maldade que consegue exibir em comportamentos hediondos e tragicamente frequentes, cheguei à conclusão de que a evolução não nos trouxe uma inteligência privilegiada, superior à de todos os animais.
 
Ao longo da minha vida e na minha "velhitude" atual - que só não avança a passos mais largos porque os joelhos não permitem - eu fui tomando conhecimento de disputas sanguinolentas em nome dessa ou daquela fé, dessa ou daquela ideologia.
 
Matutando sobre isso cheguei à conclusão de que, ao contrário do que muitos acreditam, a evolução do Homo Sapiens não trouxe a Inteligência como “produto” aprovado pela seleção natural. As características que nos diferenciam dos outros animais - e que Dona Seleção chancelou – são a Estupidez e a Maldade. Na nossa espécie a Inteligência parece ser só um "defeito colateral". 

CÉU DE BRIGADEIRO


"Céu de brigadeiro" é uma expressão criada para indicar um céu azulzinho, sem nuvens e sem turbulência, adequado para não atrapalhar a leitura ou o cochilo das altas patentes durante o vôo. Resumidamente, é aquele céu mamãozinho com açúcar. Quando aprendi o significado dessa expressão já imaginei logo um balão non sense feito de que mesmo? Brigadeiro, obviamente. Olhaí mais uma estampa.


domingo, 15 de outubro de 2023

LENDAS BRASILEIRAS


Quando o jovem titular do blog Mixidão pediu que eu criasse alguns desenhos para estampar camisetas que pretendia vender através de seu blog, a primeira imagem que surgiu foi a combinação de duas lendas brasileiras em um mesmo desenho. No caso, um personagem de folclore e uma lenda da política brasileira, ou melhor, um docinho criado e batizado em homenagem a um brigadeiro da aeronáutica, (morra de inveja, Bozo!).
 
Sendo mais explícito, o desenho seria a união do Saci Pererê com o badaladíssimo e delicioso brigadeiro (conhecido fora do Brasil como “trufa brasileira”). Talvez muita gente não saiba, mas o brigadeiro tem sua origem em uma homenagem ao patrono da Força Aérea Brasileira e candidato duas vezes derrotado à presidência da república.
 
Meu irmão chama-se Eduardo em homenagem a ele, ao brigadeiro Eduardo Gomes, de quem minha mãe era fã. E não era só ela. Parece que o mulherio da época se derretia de amores pelo militar sarado e bonitão. Para arrecadar fundos para sua campanha presidencial algumas senhoras inventaram o docinho feito com leite condensado e chocolate, que se não foi patenteado acabou ficando conhecido pela patente do militar (esse jogo de palavras foi foda).
 
Mesmo não conseguindo se eleger, o Brigadeiro ficou “imortalizado” com essa homenagem. E bacana mesmo é o slogan criado para sua campanha: “Vote no Brigadeiro. Além de bonito, é solteiro.” Pois é...
 
Quanto ao Saci nem precisa dizer que talvez seja o personagem mais simpático do folclore tupiniquim, pois ganhou um ótimo livro infantil escrito pelo Monteiro Lobato (O Saci), uma revista em quadrinhos desenhada pelo genial Ziraldo (Turma do Pererê) e um disco do Tom Jobim (Matita Perê).
 
Por essas qualidades dos homenageados, saiu este desenho toscão, adequado para guloseimas de festinhas infantis ou estampa de camisetas:


sábado, 14 de outubro de 2023

INANIMADOS MUITO ANIMADOS - 06

(10/12/2018)

Resolvi postar hoje o desenho original que fiz para um grande e querido amigo (apesar da diferença de idade entre nós). Hoje em dia gosto mais de conversar com gente mais jovem que eu (fácil, pois todo mundo é mais jovem que eu!), pois esse pessoal tem a mente mais aberta, são mais civilizados e cultos que a maioria dos velhos que conheço (mas estou fugindo do assunto).

A ideia do desenho é puro non sense, pois trata do amor impossível entre um quindim e um ovo estrelado (frito). Não se explica uma piada (pois deixa de ser uma), mas, para mim, a graça maior está na “semelhança” entre o papel decorado onde o quindim se apoia e a forma da clara do ovo, toda esparramada.



Este desenho de hoje já foi apresentado aqui no Blogson em sua versão “industrializada”, pois o jovem a que me referi acima fez um carimbo a partir do original que dei a ele. Para quem se interessar em (re)ver a imagem do carimbo, este é o link:

https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2017/06/amor-impossivel.html

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

A TRAGÉDIA DE UMA MENININHA

Estou lendo um livro que lembra mais anuário estatístico que um livro normal, tantos são os números, porcentagens e resoluções publicadas. O título é "Catástrofe" e foi escrito em plena epidemia de covid. Mas algumas coisas ficam retidas na mente. Uma delas é uma frase atribuída ao ditador Stalin, um dos maiores genocidas que este mundo já produziu. A frase é mais ou menos assim (não consegui localizar no livro):

A morte de uma pessoa é uma tragédia, a de milhões é uma estatística. Mesmo que não tenha sido ele quem disse, esta frase resume a maldade de que os homens são capazes de fazer.

Ontem, em algum portal de notícias que não consegui mais identificar saiu a foto de uma menininha limpando as lágrimas. Tem a idade provável das minhas netas de cinco anos. Aquela foto me destruiu emocionalmente, justamente por ver naquela criança uma menininha que poderia ser minha neta e brincar e rir como minhas netas. Mas lá estava ela, a imagem da desolação, da tristeza e do sofrimento.

Fiquei pensando nisso, com o coração dolorido, tentando entender a origem de tanta maldade, tanta crueldade, tanta violência. Não preciso e dispenso textos e artigos explicativos que exponham além dos fatos a visão ideológica ou religiosa de que os escreveu. O que eu gostaria mesmo de entender é como surgiu a maldade e intolerância em um bando de primatas lá do início dos tempos.

Israel, Hamas, Israel, Palestina, Hamas, terra prometida... Uma ciranda, uma cilada com milhares de mortos, milhares de feridos, milhares de sonhos destruídos. Mas são só estatísticas. Gostaria de saber quem conseguirá trazer esperança para uma menininha indefesa que chora de dor, medo ou tristeza diante de uma tragédia que talvez nem compreenda e que teve a má sorte de nascer em uma terra onde todo tipo de maldade e intolerância acontece, isso é o que eu gostaria de saber.

HOT HOT DOG

 
(17/01/2022)

Para falar do post de hoje preciso falar primeiro de quem o tornou possível. Estou falando do Daniel, um jovem publicitário multitalentoso que é amigo de meus filhos. Muito antes do Blogson ser criado ele já possuía um blog de sucesso, o Mixidão. Esse blog ensina a fazer comidinhas bem transadas (e bem testadas!) e é muito indicado para  toupeiras culinárias como eu, que não sabem nem fritar um ovo. 
 
Segundo ele, tudo começou por gostar de cozinhar (ele manda super bem nesse assunto), e para não esquecer as receitas que ia testando e preparando (fui seu “piloto de provas” várias vezes), começou a desenhar o passo a passo. Daí a começar a postar esses roteiros culinários desenhados foi um clique. Quando me disse a quantidade de visualizações que cada nova receita provocava eu quase caí duro de inveja, pois os acessos se contavam aos milhares. O detalhe interessantíssimo é que as receitas são lindamente desenhadas e colorizadas. (vejam este exemplo: https://mixidao.com.br/receita-ilustrada-de-esfiha-arabe/).
 
Um belo (ou feio) dia, ficou de saco cheio e parou de postar receitas novas. Acredito que o motivo é o mesmo que já me fez acabar três ou quatro vezes com o Blogson: o que era diversão passou a ser obrigação. Mas, antes disso, ganhou um prêmio nacional pela inovação trazida pelo blog e publicou dois livros com suas receitas (“Quer que desenhe?”). O primeiro volume esgotou-se rapidinho, mas o segundo ainda pode ser comprado através do blog. E é livro de profissional, ideal para presente (se ele souber que estou aqui falando sobre seu livro vai ficar muito puto comigo, pois ele é um caso bizarro de publicitário que odeia fazer publicidade de sua criação!).
 
E agora é que entra o assunto de hoje: um dia perguntou-me se eu gostaria de criar alguns desenhos de humor com motivos culinários. Parece que a ideia era vender camisetas ou posters através do blog. Topei na hora (sem pensar em ganhar nada, é bom deixar claro), pelo puro prazer de tentar criar alguma maluquice. Esses desenhos foram feitos, mas só um virou estampa de camiseta. O motivo, creio, foi seu desinteresse em continuar se dedicando ao blog (eu conheço histórias como essa e o entendo).
 
Como ele não dá sinal de ainda querer aproveitar os rascunhos que fiz, resolvi publicar mais um aqui no blog. Creio que ele não se importará. Mas, antes de postar o desenho, fica a sugestão de que visitem seu blog Mixidão. Se alguém se interessar, ele está em meu blogroll e tenho certeza de que curtirão muito, pois é bonito pra caramba.
 
Agora, vamos ao desenho jotabélico: uma salsicha em posição "sexy", vestida com um pão de cachorro quente  já comido pela metade, guardando ainda as marcas das dentadas. Em resumo, um hot hot dog toscamente desenhado (queria o quê?).





quinta-feira, 12 de outubro de 2023

DESIGN ITALIANO (DA TOSCANA, LÓGICO)

(31/08/2021)
 
Scant, meu amigo virtual e “coach de otimismo” sugeriu que eu “continue desenhando”, atividade a que os pacientes de Alzheimer também se dedicam para passar o tempo. Creio ainda não ser este o meu caso, mas, sei lá, vá saber!  Pelo sim pelo não, tentarei seguir sua proposta, pois ainda que não tenha a manha do traço bonito, gosto de imaginar desenhos que, mesmo não conseguindo realizar de forma minimamente razoável, ficam espetaculares em minha mente (acho que isso é autoindulgência).
 
Apesar de nunca ter mencionado sobre isso aqui no blog, tenho vários desenhos prontos que fiz há um bom tempo para um conhecido transformar em estampas de camisetas. Por isso, sempre achei que não deveria divulgá-los (mesmo que nunca tenham sido aproveitados). Alguns são bonzinhos, outros bem fraquinhos. O que os une é uma releitura meio non sense do cotidiano. Os desenhos das torres de pizzas pertencem a esse pacote. A propósito, o motivo de tê-los publicado foi a falta de outro assunto, qualquer assunto. Esse também é o motivo de publicar mais um desenho dessa fase - além do fato de já estar meio démodé. Não gostou do “démodé”? Pois eu achei um luuuxo! (neste ponto meu amigo virtual GRF diria - com toda razão e propriedade - que eu continuo a fazer humor de quinta série. Já o Marreta, outro amigo virtual provavelmente dirá "que viadagem é essa, Jotabê?). Olhaí.



ESTA MENSAGEM TAMBÉM SE AUTODESTRUIRÁ EM 24 HORAS

 
O terrorismo – seja ele motivado por princípios religiosos ou ideológicos - é o ápice, o suprassumo, o nec plus ultra do radicalismo, da intolerância e do fundamentalismo. E se eu já odeio e abomino toda forma de radicalismo e de fundamentalismo, que dizer do terrorismo?
 
Nessas horas eu sempre me lembro de uma lei da física formulada pelo Newton (que também serve para as relações humanas):
 
“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos”.
 
Por isso, quando eu vejo a intolerância, o fundamentalismo e o radicalismo saírem da intoxicação mental que os alimenta e serem postos em prática, eu sempre me lembro da frase que aprendi com meu filho:
 
“O ser humano é um equívoco da Natureza”.
 
E o pior é que o asteroide Apophis que passará perto da Terra em 2029 não tem chance de cair aqui. O 2023DW só tem uma chance em dez de cair aqui, e assim mesmo só no ano 2046. Resumindo: a Natureza fez merda ao criar o homem mas fica enrolando para limpar a sujeira. Foda!

 

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

TORRE DE PIZZA

(17/08/2021)

Há algum tempo, talvez por desemprego ou outro motivo qualquer um conhecido abriu uma micro pizzaria no bairro onde moro, funcionando quase como delivery, pois só tinha uma ou duas mesas e nenhum garçom. O problema é que também não tinha motoboy para entregar. Com essa precariedade toda não durou muito, o que é uma pena, pois sempre me compadeço das pessoas que ousaram materializar um sonho e acabaram tendo pesadelos reais. Se ele tivesse pensado em algo parecido no início da pandemia, talvez tivesse dado certo.
 
Mais recentemente, talvez por estar pensando em encarar uma pizza margherita, comecei a viajar no molho de tomate (porque margherita não leva maionese!), E imaginei que seria engraçado se a micro pizzaria desse conhecido tivesse adotado o nome de "Torre de Pizza", um trocadilho horroroso, para ser sincero. Como sempre é possível piorar um pouco o que já está ruim, acabei fazendo um desenho (com a ajuda de uma folha de papel vegetal e do Google Maps, claro) com essa ideia, para ilustrar um possível cardápio, um avental ou a parte da frente de uma camiseta. Mas fiquei sem graça de mostrar para ele, pois ´como ensina o ditado: "não se deve falar de corda em casa de enforcado". E como continuava embalado com a idéia das pizzas, fiz ainda outro tosquíssimo desenho com o mesmo tema. A título de curiosidade, a cada alteração de sabor corresponde um nível diferente. Hoje, por estar sem nenhum assunto e inspiração, resolvi guardá-los aqui no cada vez mais evanescente Blogson. Olhaí.







STRIP TEASE DE PERSONALIDADE

 
Testes de inteligência, de personalidade, psicotécnicos, quaisquer tipos de teste, eu traço todos. Se bobear, até teste de gravidez eu faço. Esta é uma característica que eu e o Marreta do Azarão temos em comum: nós gostamos de fazer testes.
 
E foi justamente no blog do Marreta que vi um teste sobre tipos de personalidade. Como dizia meu pai, isto é o mesmo que dar milho a bode. Traduzindo para uma linguagem urbana do século XXI, simplesmente i-r-r-e-s-i-s-t-í-v-el! (calma, Jotabé, não desfaleça de emoção!).
 
E aqui está o resultado encontrado. Antes, preciso dizer que durante toda a minha vida, participando de concursos, fazendo provas de múltipla escolha ou simplesmente me divertindo com testes de revistas femininas e jornais, sempre respondi as questões na velocidade máxima (e quase sempre me dei bem). Dito isto, eis meu strip tease de personalidade: meu tipo de personalidade é Lógico (INTP-T).
 
 Segundo o teste, os Lógicos são inventores criativos, com uma sede insaciável de conhecimento. Mas a coisa não fica por aí, pois sou 61% introvertido e 39% extrovertido, 81% intuitivo e 19% realista, 54% analítico e 46% emocional, 60% desbravador e 40% planejador, 82% turbulento e 18% assertivo. Não sei o que isso significa no mundo real, mas suspeito que esteja sempre viajando na maionese graças a meu lado 81% intuitivo. Agora, turbulento? Eu? Sou uma dama de tão calmo e contido!
 
O teste também apresenta “dezesseis lógicos famosos”. No meu caso, apesar de lógico, esses dezesseis são dezenove, numa falta absoluta de lógica, vá saber por quê. Apesar dessa falta de lógica, eilo-los:
 
Bill Gates
Kristen Stewart
Albert Einsten
Avicii
Stanley Crouch
Isaac Newton
Rene Descartes
Ellliot Page
Blaise Pascal
Lord Varys (Game of Thrones)
Neo (The Matrix)
Marshall Flinkman
Bruce Banner (Hulk)
Aemon Targaryen (Game of Thrones)
Leslie Winkle (The Big Bang Theory)
Chloe O’Brian
Alexandre Mahone (Prison Break)
Abed Nadir (Community)
Jack Ryan (Jack Ryan Series)
 
Tirando cinco gênios famosos e oito personagens de ficção, não faço a mínima ideia de quem são os demais. e usando minha porção 61% introvertido não quero nem saber.
 
Finalizando, o teste ainda entrega que:
Os Lógicos (INTP) se orgulham de ter perspectivas únicas e grandes habilidades intelectuais (Confere!).
Imaginativos e curiosos, os indivíduos com a personalidade do Lógico têm um fascínio sem limites pelo funcionamento da própria mente (Confere!).
Ironicamente, nem sempre se pode confiar na palavra de um Lógico. Apesar de quase nunca terem a intenção de ser desonestos, com uma mente tão ativa, ideias e teorias não totalmente analisadas transbordam. Eles podem mudar de opinião sobre qualquer assunto, do plano para o fim de semana até um princípio moral fundamental, sem sequer perceber que já tinham uma ideia previamente definida a respeito. Além disso, gostam de bancar o advogado do diabo para manter um debate interessante fluindo (Fazer o que, não é mesmo?).
Para os Lógicos, as melhores conversas são como sessões de brainstorming, com ampla liberdade para explorar pensamentos não convencionais e hipóteses fora do comum (Confere!).
Os indivíduos com esse tipo de personalidade querem entender o universo como um todo, mas uma área em particular costuma ser um desafio: a natureza humana. Como o próprio nome sugere, os Lógicos se sentem mais à vontade no reino da lógica e da racionalidade. Consequentemente, podem se sentir perplexos diante da forma ilógica e irracional através da qual os sentimentos e emoções influenciam o comportamento das pessoas, incluindo o deles (Esse cara sou eu!).

 


terça-feira, 10 de outubro de 2023

ESTAMPAS DE CAMISETA

Eu sinceramente espero e desejo que quando tiverem minha idade nenhum dos três leitores deste blog sinta ou tenha as emoções que tenho vivenciado, pois estou com a sensação de ter sido atropelado e deixado sem socorro à beira de uma estrada sem movimento, tão abissal e difusa a tristeza que me atingiu. E é uma coisa apenas minha, não contaminada nem ampliada por problemas familiares.

Não sei explicar direito, mas a essa tristeza juntou-se a falta de qualquer expectativa positiva para o que resta da minha vida, além de uma perda de fé cada vez maior, uma sensação absurda de vazio, de inutilidade e de nulidade, algo que nunca imaginei sentir com tanta intensidade. Mas já aviso que agradeço e dispenso conselhos e palavras de consolo, pois o registro de meu estado de espírito atual é apenas isto: registro.
 
Buscando amenizar a sensação de estar vestindo uma pele que não é minha, a pele de alguém menor que eu, resolvi tentar me divertir com o Blogson, talvez a última coisa, lugar ou situação em que posso mexer à vontade, apagar, criar, excluir ou movimentar o material publicado.
 
O dono do excelente blog “Mixidão” (https://mixidao.com.br) um dia me perguntou se eu não gostaria de criar desenhos divertidos para estampar camisetas que ele pensava em vender através de seu blog. Por ser um blog de dicas e receitas culinárias lindamente ilustradas por ele, os desenhos deveriam ser inspirados em doces, comidinhas e alimentos em geral.
 
Achei boa a sugestão e comecei a tentar rabiscar as ideias que iam surgindo, mas a coisa parou por aí, por algumas razões de ordem prática: para realizar essas vendas seria necessária a criação de um estoque mínimo com modelos, cores e tamanhos diferentes. O preço de venda mais frete projetado para produção terceirizada de produtos de boa qualidade mostrou-se elevado e provavelmente pouco atraente para eventuais compradores.
 
Além disso, o dono do Mixidão desinteressou-se de continuar alimentando seu blog com as receitas culinárias lindamente ilustradas e testadas por ele. E, finalmente, havia ainda a qualidade dos desenhos, tudo muito tosco, mal feito e precisando de cores e de um trabalho de edição digital que eu não sei fazer nem ele estava com tempo para isso.
 
Resumindo, guardei minha viola no saco, ou melhor, guardei os desenhos em um envelope e a coisa parou aí. Mas eu sou neurótico. Além de neurótico, tenho um tamagotchi virtual que atende pelo nome de Blogson Crusoe a alimentar. Aí comecei a publicar aqui e ali alguns desses desenhos.
 
Lembrando-me disso, resolvi desovar no blog os desenhos ainda guardados. Antes, entretanto, decidi remanejar todos os desenhos desse pacote já publicados para o momento atual, para obter uma unidade temática com os ainda inéditos No caso, desenhos para estampas de camisetas. Mas se alguém espera qualidade, pode esquecer, pois Eu Não Sei Desenhar! Além disso, o humor e criatividade (que não tenho mais) são tipicamente jotabélicos. E isto nunca foi um elogio.
 
Se isso vai melhorar o meu astral eu não sei. Só sei que talvez azede o fígado dos leitores deste blog bipolar. Mas o aviso está dado.

 


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

CARTAS PARA A REDAÇÃO

Essa é mais uma ideia para a qual não encontro respaldo teórico, o que significa que é outra teoria miojo (aquela que fica pronta em três minutos e o resultado é sempre uma merda). Vamos lá:

A Igreja Católica, com seus dois mil anos de idade, foi adquirindo uma série de símbolos e rituais. E, para falar a verdade, alguns são bonitos demais, cheios de uma solenidade majestosa. Por exemplo, quer coisa mais bonita e solene que o canto gregoriano? Ou o momento da Consagração, na missa? Lembro-me de um padre holandês, que se emocionava tanto (e me emocionava também) nessa hora, que sua voz mudava, ficava mais grave e profunda ao dizer – “tomai, todos, e comei...”. Já velhinho, parece que a emoção aumentou ainda mais, pois era batata: ao elevar a hóstia, dizia gaguejando: - “to-tomai e...” E era o único momento em que isso acontecia. Excelente Padre Henrique!

Pois bem, pensando nisso, fico imaginando que esses rituais e símbolos foram extremamente importantes para a manutenção de fieis ou para a conversão de novos participantes. Claro, não se discute que algumas autoridades religiosas fizeram muita merda em seu tempo. Só para citar alguns, temos os lascivos Bórgia, a Inquisição, os padres pedófilos e por aí vai.

Mas os rituais são o diferencial. Tenho pensado que a humanidade precisa de rituais e símbolos para facilitar a sua compreensão do mundo e da vida. Os rituais e símbolos seriam como teclas de atalho, como ícones da área de trabalho de um computador (acho que essa é uma boa imagem).

O Edir Macedo, que é experto pra caramba, deve ter percebido em seus fieis essa aprovação e esse desejo por símbolos. Tempos atrás, a Universal começou a vender "brinquedinhos" religiosos pela televisão, em seus programas da madrugada: espadinha (de plástico) de não sei quem, miniatura da “arca da aliança” (idem). Depois, foi a vez da utilização de candelabros judeus em suas igrejas, alguns telepastores usando uma espécie de batina, a água e o suco de uva consagrados pelo telepastor e, recentemente, a maluquice de usar quipá, barba grande e um manto cerimonial judaico (tudo isso eu já vi na televisão, mesmo sem ser evangélico).

O que ele pretende com isso? Em minha opinião, suprir a carência de ritos em suas igrejas e em suas cerimônias, aquela liturgia solene e milenar que a Igreja Católica tem de sobra.

Agora, tem uma coisa que me deixa confuso: os ateus jamais deveriam se preocupar com ritos e símbolos. Entretanto, outro dia li alguma coisa sobre uma cerimônia de “desbatismo”.

Que merda que é essa? É a conversão para outro tipo de crença? Não faz sentido, mesmo que eu já tenha brincado ao dizer que ateu é o sujeito que acredita na descrença. Seria isso a prova de que até os ateus precisam de ritos e símbolos?

Para encerrar, vou deixar uma dúvida bem no estilo “realidade alternativa” ou “teoria da conspiração”: tendo já usado tantos truques e artimanhas para aumentar seu “povo”, seria o Edir Macedo um ateu disfarçado? Cartas para a redação.

25/01/2015

domingo, 8 de outubro de 2023

GORGULHOS E PRECONCEITO

 
Já devem ter notado que o título idiota e sem sentido deste post é só uma brincadeira com o livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen (que não li), né? Então, vamos lá:

Acho curioso, engraçado, ridículo ou tudo isso junto, como os radicais e os donos da verdade gostam de dar palpites na vida dos outros, seja manifestando sua intolerância nos supermercados, nas igrejas e até mesmo em blogs(!). Como é difícil conviver com o que agride nossa ignorância (ou nossa "Síndrome da Divindade Adquirida)!
 
A mídia divulgou recentemente três casos de intolerância religiosa que são exemplares. O primeiro deles foi protagonizado por um casal evangélico que resolveu hostilizar mulheres vestidas com roupas de candomblé ou umbanda em um supermercado do Rio. O mais engraçado é que o evangelicão chegou a dizer que fazia aquilo porque “estava preocupado com a alma delas”. Elas deveriam ter retrucado: “E alguém pediu sua ajuda para nos salvar? E salvar de quê?”
 
O outro caso é mais triste por envolver ato criminoso: um fanático, vândalo ou louco invadiu uma igreja do Vale do Ribeira em São Paulo, arrancou e destruiu imagens quase centenárias do altar onde estavam, espalhou hóstias pelo chão e ainda deixou uma picareta cravada em uma das imagens. A pergunta que vem à mente é “Em que te agride uma fé ou crença diferentes das suas?”
 
E o terceiro é o caso de um pastor que chamou a mãe de Jesus (a quem tanto deve clamar e “orar”) de “Satanás fantasiado de azul”. E o motivo foi a colocação de uma estátua representando (eu disse representando) Nossa Senhora Aparecida, na entrada do município de Bastos, em São Paulo. O pastor reclamou dessa colocação e ainda completou:
 
“A escultura na entrada da nossa cidade não nos representa. Aquela imagem não nos representa. Não tem nada a ver com a gente. Eu estou indignado. (...)
 “Põem ovo, põem galinha, põem o que quiserem. Mas não vem por o satanás fantasiado de azul na entrada da cidade. Só traz maldição pra nossa cidade. Eu não aceito”.
 
Na minha modestíssima opinião, “maldição” é ter gente que pensa assim! O livro Macunaíma traz esta frase: “Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são!”. Aproveitando sua estrutura, eu poderia fazer uma paráfrase dizendo “Pouca tolerância e muita ignorância os males do Brasil são!”
 
Não sofro de falsa humildade, talvez sofra de excesso de vaidade, mas uma coisa eu posso dizer, por ser documentada: sou inteligente, mais precisamente muito inteligente. Apesar disso, cada vez mais caminho na mesma direção da frase “só sei que nada sei”, atribuída a Sócrates. Hoje, por exemplo, morro de vergonha ao reler os comentários sobre política que fui publicando no blog.
 
Como fui presunçoso! Como fui venal e preconceituoso! Disse coisas e defendi pontos de vista que jamais ousaria fazer hoje. Imagino que essa minha visão equivocada é que tenha atraído tantos direitistas ao Blogson, acreditando que eu seria um deles, que pensaria como eles, que defenderia seus valores. Não sou, nunca fui, não penso nem defendo nenhuma de suas visões conservadoras e moralistas, pois hoje, em termos de fé sou cada dia mais ateu (que é outra forma de fé, a crença na descrença). Em termos de política tudo o que eu desejo é que os governantes de plantão, sejam eles de esquerda ou direita (jamais de extrema direita ou extrema esquerda) pensem mais no povo que em suas convicções políticas e ideológicas.
 
Creio que hoje o único radical que tolero é meu amigo virtual Marreta e o motivo é simples: ele é culto, inteligente, engraçado e sarcástico, qualidades que considero fundamentais. Por isso, às vezes perco tempo em comentar sobre alguma visão de que discorde. Mas para aí. Seus leitores em geral compartilham de sua visão política e isso me leva a descartar ou desprezar o que dizem na maioria das vezes.
 
Para terminar esta goma, dois comentários que encontrei na internet sobre visão política e crença religiosa:
 
O medo do desconhecido pode levar as pessoas a desconfiar e a serem intolerantes em relação a grupos ou culturas que não entendem ou com as quais não têm familiaridade. Isso muitas vezes resulta em estereótipos negativos e preconceito (que pode ser expresso até em línguas mortas!).
 
Em alguns casos, as igrejas podem ensinar doutrinas muito rígidas que afirmam a superioridade de sua fé sobre todas as outras religiões. Essa doutrinação pode levar os membros a acreditarem que todas as outras crenças estão erradas ou são pecaminosas.

COMEÇA HOJE!

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