Já devem ter notado que o título idiota e sem sentido deste post é só uma brincadeira com o livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen (que não li), né? Então, vamos lá:
Acho curioso, engraçado, ridículo ou tudo
isso junto, como os radicais e os donos da verdade gostam de dar palpites na vida
dos outros, seja manifestando sua intolerância nos supermercados, nas igrejas e
até mesmo em blogs(!). Como é difícil conviver com o que agride nossa
ignorância (ou nossa "Síndrome da Divindade Adquirida)!
A mídia divulgou recentemente três casos de
intolerância religiosa que são exemplares. O primeiro deles foi protagonizado
por um casal evangélico que resolveu hostilizar mulheres vestidas com roupas de
candomblé ou umbanda em um supermercado do Rio. O mais engraçado é que o evangelicão chegou a dizer que fazia aquilo porque “estava
preocupado com a alma delas”. Elas deveriam ter retrucado: “E alguém pediu sua ajuda para nos salvar? E
salvar de quê?”
O outro caso é mais triste por envolver ato
criminoso: um fanático, vândalo ou louco invadiu uma igreja do Vale do Ribeira em São
Paulo, arrancou e destruiu imagens quase centenárias do altar onde estavam,
espalhou hóstias pelo chão e ainda deixou uma picareta cravada em uma das
imagens. A pergunta que vem à mente é “Em que te agride uma fé ou crença diferentes das suas?”
E o terceiro é o caso de um pastor que chamou
a mãe de Jesus (a quem tanto deve clamar e “orar”) de “Satanás fantasiado de azul”. E o motivo foi a colocação de uma
estátua representando (eu disse representando) Nossa Senhora
Aparecida, na entrada do município de Bastos, em São Paulo. O pastor reclamou
dessa colocação e ainda completou:
“A
escultura na entrada da nossa cidade não nos representa. Aquela imagem não
nos representa. Não tem nada a ver com a gente. Eu estou indignado. (...)
“Põem ovo, põem galinha, põem o que quiserem. Mas não vem por o satanás fantasiado de azul na entrada da cidade. Só traz maldição pra nossa cidade. Eu não aceito”.
Na minha modestíssima
opinião, “maldição” é ter gente que pensa assim! O
livro Macunaíma traz esta frase: “Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil
são!”. Aproveitando sua estrutura, eu poderia fazer uma paráfrase dizendo “Pouca tolerância e muita ignorância os
males do Brasil são!”
Não sofro de falsa humildade, talvez sofra de
excesso de vaidade, mas uma coisa eu posso dizer, por ser documentada: sou
inteligente, mais precisamente muito inteligente. Apesar disso, cada vez mais
caminho na mesma direção da frase “só sei
que nada sei”, atribuída a Sócrates. Hoje, por exemplo, morro de vergonha
ao reler os comentários sobre política que fui publicando no blog.
Como fui presunçoso! Como fui venal e
preconceituoso! Disse coisas e defendi pontos de vista que jamais ousaria fazer
hoje. Imagino que essa minha visão equivocada é que tenha atraído tantos
direitistas ao Blogson, acreditando que eu seria um deles, que pensaria como
eles, que defenderia seus valores. Não sou, nunca fui, não penso nem defendo
nenhuma de suas visões conservadoras e moralistas, pois hoje, em termos de fé
sou cada dia mais ateu (que é outra forma de fé, a crença na descrença). Em
termos de política tudo o que eu desejo é que os governantes de plantão, sejam
eles de esquerda ou direita (jamais de extrema direita ou extrema esquerda)
pensem mais no povo que em suas convicções políticas e ideológicas.
Creio que hoje o único radical que tolero é
meu amigo virtual Marreta e o motivo é simples: ele é culto, inteligente,
engraçado e sarcástico, qualidades que considero fundamentais. Por isso, às
vezes perco tempo em comentar sobre alguma visão de que discorde. Mas para aí.
Seus leitores em geral compartilham de sua visão política e isso me leva a
descartar ou desprezar o que dizem na maioria das vezes.
Para terminar esta goma, dois comentários que
encontrei na internet sobre visão política e crença religiosa:
O medo do desconhecido pode levar as pessoas
a desconfiar e a serem intolerantes em relação a grupos ou culturas que não
entendem ou com as quais não têm familiaridade. Isso muitas vezes resulta em
estereótipos negativos e preconceito (que pode ser expresso até em línguas mortas!).
Em alguns casos, as igrejas podem ensinar
doutrinas muito rígidas que afirmam a superioridade de sua fé sobre todas as
outras religiões. Essa doutrinação pode levar os membros a acreditarem que
todas as outras crenças estão erradas ou são pecaminosas.
“Põem ovo, põem galinha, põem o que quiserem. Mas não vem por o satanás fantasiado de azul na entrada da cidade. Só traz maldição pra nossa cidade. Eu não aceito”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário