domingo, 8 de outubro de 2023

GORGULHOS E PRECONCEITO

 
Já devem ter notado que o título idiota e sem sentido deste post é só uma brincadeira com o livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen (que não li), né? Então, vamos lá:

Acho curioso, engraçado, ridículo ou tudo isso junto, como os radicais e os donos da verdade gostam de dar palpites na vida dos outros, seja manifestando sua intolerância nos supermercados, nas igrejas e até mesmo em blogs(!). Como é difícil conviver com o que agride nossa ignorância (ou nossa "Síndrome da Divindade Adquirida)!
 
A mídia divulgou recentemente três casos de intolerância religiosa que são exemplares. O primeiro deles foi protagonizado por um casal evangélico que resolveu hostilizar mulheres vestidas com roupas de candomblé ou umbanda em um supermercado do Rio. O mais engraçado é que o evangelicão chegou a dizer que fazia aquilo porque “estava preocupado com a alma delas”. Elas deveriam ter retrucado: “E alguém pediu sua ajuda para nos salvar? E salvar de quê?”
 
O outro caso é mais triste por envolver ato criminoso: um fanático, vândalo ou louco invadiu uma igreja do Vale do Ribeira em São Paulo, arrancou e destruiu imagens quase centenárias do altar onde estavam, espalhou hóstias pelo chão e ainda deixou uma picareta cravada em uma das imagens. A pergunta que vem à mente é “Em que te agride uma fé ou crença diferentes das suas?”
 
E o terceiro é o caso de um pastor que chamou a mãe de Jesus (a quem tanto deve clamar e “orar”) de “Satanás fantasiado de azul”. E o motivo foi a colocação de uma estátua representando (eu disse representando) Nossa Senhora Aparecida, na entrada do município de Bastos, em São Paulo. O pastor reclamou dessa colocação e ainda completou:
 
“A escultura na entrada da nossa cidade não nos representa. Aquela imagem não nos representa. Não tem nada a ver com a gente. Eu estou indignado. (...)
 “Põem ovo, põem galinha, põem o que quiserem. Mas não vem por o satanás fantasiado de azul na entrada da cidade. Só traz maldição pra nossa cidade. Eu não aceito”.
 
Na minha modestíssima opinião, “maldição” é ter gente que pensa assim! O livro Macunaíma traz esta frase: “Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são!”. Aproveitando sua estrutura, eu poderia fazer uma paráfrase dizendo “Pouca tolerância e muita ignorância os males do Brasil são!”
 
Não sofro de falsa humildade, talvez sofra de excesso de vaidade, mas uma coisa eu posso dizer, por ser documentada: sou inteligente, mais precisamente muito inteligente. Apesar disso, cada vez mais caminho na mesma direção da frase “só sei que nada sei”, atribuída a Sócrates. Hoje, por exemplo, morro de vergonha ao reler os comentários sobre política que fui publicando no blog.
 
Como fui presunçoso! Como fui venal e preconceituoso! Disse coisas e defendi pontos de vista que jamais ousaria fazer hoje. Imagino que essa minha visão equivocada é que tenha atraído tantos direitistas ao Blogson, acreditando que eu seria um deles, que pensaria como eles, que defenderia seus valores. Não sou, nunca fui, não penso nem defendo nenhuma de suas visões conservadoras e moralistas, pois hoje, em termos de fé sou cada dia mais ateu (que é outra forma de fé, a crença na descrença). Em termos de política tudo o que eu desejo é que os governantes de plantão, sejam eles de esquerda ou direita (jamais de extrema direita ou extrema esquerda) pensem mais no povo que em suas convicções políticas e ideológicas.
 
Creio que hoje o único radical que tolero é meu amigo virtual Marreta e o motivo é simples: ele é culto, inteligente, engraçado e sarcástico, qualidades que considero fundamentais. Por isso, às vezes perco tempo em comentar sobre alguma visão de que discorde. Mas para aí. Seus leitores em geral compartilham de sua visão política e isso me leva a descartar ou desprezar o que dizem na maioria das vezes.
 
Para terminar esta goma, dois comentários que encontrei na internet sobre visão política e crença religiosa:
 
O medo do desconhecido pode levar as pessoas a desconfiar e a serem intolerantes em relação a grupos ou culturas que não entendem ou com as quais não têm familiaridade. Isso muitas vezes resulta em estereótipos negativos e preconceito (que pode ser expresso até em línguas mortas!).
 
Em alguns casos, as igrejas podem ensinar doutrinas muito rígidas que afirmam a superioridade de sua fé sobre todas as outras religiões. Essa doutrinação pode levar os membros a acreditarem que todas as outras crenças estão erradas ou são pecaminosas.

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